Gemialidades

- Vocês fiquem onde estão! – Vociferou a Sra. Weasley.

Enquanto Harry e Rony subiam para o quarto os gêmeos encolhiam os ombros e seguiam para a cozinha onde sua mãe já os esperava. A mulher de baixa estatura estava com o rosto vermelho e seus cabelos pareciam fogo, acentuando sua raiva.

- Como vocês puderam fazer isso?! – vociferou mais uma vez. Os irmãos se entreolharam e já abriam a boca para falar algo, mas foram interrompidos – O garotinho é um trouxa! Não poderiam pelo menos ter escolhido um bruxo?!

- Mas mamãe... – disseram juntos.

- Sem “mas”. Que vergonha... Vocês planejaram tudo, não foi?

- Molly, querida... Os meninos já entenderam o recado, não já? – Fred sorriu inocentemente, enquanto Jorge concordava com um aceno de cabeça – Viu? Não vai mais acontecer.

- Você é muito brando com eles, Arthur, eu realmente esperava que...

Os gêmeos não escutaram o resto da frase, pois assim que o Sr. Weasley entrou na conversa, ou sermão, eles logo trataram de sair da cozinha. Foram até o jardim ao lado da casa onde seus irmãos Gui e Carlinhos arrumavam a mesa para o jantar; ou pelo menos fingiam que arrumavam, já que estavam mais interessados em brincar com as mesas.

- Quanto a língua dele cresceu? – Carlinhos perguntou descontraído.

- Papai disse que quando conseguiu fazer os trouxas o deixarem concertar, a língua do menino já estava ultrapassando um metro! – Jorge disse empolgado.

- Impressionante – Gui exclamou.

- Com certeza – Jorge concordou sorrindo satisfeito.

O jantar entre os Weasley e os dois convidados, Harry e Hermione, seguiu bem. Sem gritaria contra os gêmeos por conta das brincadeiras com o pequeno – levando em consideração a idade – Dursley. O céu já estava escuro quando o jantar ia acabando e as pessoas iam subindo para dormir depois das ordens da Sra. Weasley.  Fred e Jorge entraram em casa deixando seus pais e irmãos mais velhos para trás, e seguiram até o quarto de Rony, onde ele e Harry já dormiam. Agora que Carlinhos e Gui estavam de volta por causa da copa mundial de quadribol, os gêmeos tiveram que abrir mão do quarto para os irmãos. Acomodaram-se na cama feita cuidadosamente sobre o chão e quando seus olhos se cruzaram uma risada baixa escapou de seus lábios.

- Eu queria tanto ter visto a língua daquele pateta – Confessou Fred.

- Eu também. Ver nosso esforço dando tão certo depois que a mamãe acabou com todos os nossos formulários.

- Tem certeza? – Fred sussurrou com um sorriso crescendo no canto de seus lábios.

- Fred... não me diga você...

- Eu tinha feito umas cópias antes, por precaução. Eu sou um gênio, não sou Jorge? Nossas gemialidades precisam ser protegidas.

- É por isso que você é meu gêmeo – Jorge disse um pouquinho alto e então abraçou desajeitadamente o irmão. – Não posso nem acreditar nisso!

Quando se separaram daquele abraço Jorge se sentiu um pouco constrangido pelo olhar de seu irmão, os olhos dele estavam fixos em seu rosto, pareciam analisar os mínimos detalhes dos cabelos ruivos e pele com algumas sardas.

- O que foi? – perguntou Jorge num sussurro.

- Não é nada, Fred.

- Calma ai, você é o Fred – Franziu as sobrancelhas num sussurro.

- Ah, é mesmo. Acho que me confundi.

Jorge riu com a piada do irmão enquanto ele apenas soltava uma risada rápida e abaixava a cabeça. Ficaram alguns minutos assim, apenas escutando a respiração um do outro, até que Fred ergueu a cabeça e sussurrou: - Você acha que eles estão dormindo? Ron e Harry?

- Devem estar. Por que? Quer fazer alguma coisa com eles? – Jorge perguntou animado. Seus olhos brilhavam com uma excitação repentina.

- Não, seu maldoso – Riu balançando a cabeça negativamente. Devia suspeitar que o irmão pensara nisso, de sacanear os garotos, principalmente o Rony, já que ele mesmo pensaria isso se fosse o irmão naquele momento. – Eu queria tentar... uma coisa.

- O que?

Fred não respondeu a pergunta do irmão, apenas riu nervosamente e se aproximou de Jorge. Já havia algum tempo que queria fazer aquilo, só faltava a coragem. E ali, no quarto do seu irmão mais novo no qual este e seu amigo Harry dormiam, a coragem pareceu eletrizar o seu corpo. Percebeu enquanto o irmão franzia o cenho não entendendo muito bem o que estava acontecendo, mas resolveu ignorar isso. Ele logo entenderia. Quando estava suficientemente perto para sentir a respiração de Jorge bater em seu rosto, Fred finalmente fez o que tanto queria: juntou seus lábios com o do irmão. Apenas os juntou. Apenas os juntou para ver como ficariam juntos, se encaixariam, se eram quentes. E eram, os lábios do irmão eram do jeito que imaginava ser. Macios e quentes.

- Por que... – Jorge sussurrou estático.

- É como beijar um espelho. Só que você não é duro nem gelado – Riu de leve e acabou fazendo o irmão rir rapidamente. Fred ainda podia ver nos olhos do irmão o quão confuso ele ainda estava, mas se sentiu grato por ele não fazer perguntas. Jorge sabia que Fred precisava daquele contato, então para o quê as perguntas serviriam?