Devorar-te-ei: Memórias póstumas de um amor escrita por Nayou Hoshino


Capítulo 9
O primeiro de muitos fragmentos da verdade...




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— Pronto, my lady... Não falei que as trovoadas logo iam parar?

Eu mantinha minha cabeça colada ao peito de Sebastian, escutando atentamente o vazio que estava no lugar das batidas de seu coração... Isso mesmo, Sebastian é um demônio... Às vezes eu me esqueço disso... Principalmente quando seus lábios frios tocam os meus e fazem com que meu corpo se esquente assim.

— My lady? — ele passou a mão em meus cabelos, fazendo com que eu me arrepiasse — Vamos levantar?

— Ah, h-hai... — eu me soltei do abraço dele e me levantei apressada; passei a mão no meu vestido e esfreguei meu rosto com a manga para livrar-me das marcas de lágrima, aproveitando para me recompor do beijo — Vamos continuar? Quero acabar logo com os estudos para ir até a mansão dos Trancy. Tenho que resolver alguns negócios com meu primo...

— Mas... Já está tarde, my lady. — ele se levantou, ajeitando o uniforme. — Além disso, a chuva ainda não parou e, se ela piorar, podemos ficar presos na estrada principal...

Mas você é um demônio, então isso não faz diferença, pensei.

Eu ergui minha mão, indicando que Sebastian se calasse.

— Se não quer que eu vá é só falar...

— Muito pelo contrário, my lady, se a senhorita deseja algo eu darei minha vida para conseguir... — ele começou, com a mão em frente ao peito como sinal de lealdade

— Você não tem vida, é um demônio... — eu bufei, percebendo tarde demais como fui rude

— Perdão, my lady, mas a senhorita está enganada neste ponto. — ele sorriu tristemente, apenas por educação. — Até mesmo nós podemos morrer. Agora, se my lady me dá licença, irei preparar o jantar.

Ele fez uma reverência e saiu, deixando-me sozinha e confusa na biblioteca. Será que eu o magoei? Será que demônios ficam magoados? E como assim "até nós podemos morrer"? Eu suspirei, são muitas questões para um dia só...

Joguei-me no pequeno sofá e desviei minha atenção para as gotas de chuva que se chocavam suavemente contra a janela. Quase caí no chão de susto quando vi a imagem de Sebastian no vidro à minha frente, olhei para trás só para confirmar que estava sozinha e logo voltei à janela, Sebastian ainda estava ali.

— M-mas o que... — gaguejei, confusa de mais para terminar a frase

— My lord, não acha estranho que a família Tokudaiji esteja oferecendo tanto pela mão da senhorita Luna? — a voz vinha do reflexo, parecia despertar algo dentro de mim...

A voz do meu pai se fez presente, eu senti um arrepio percorrer meu corpo e logo vi sua imagem no vidro ao lado de Sebastian.

— É exatamente por isso que amanhã, logo pela manhã, eu vou até a mansão deles para conversarmos.

Meu pai ajeitava a gravata enquanto Sebastian dobrava algumas roupas que estavam sobre a cama.

Levantei-me devagar, ainda tentando entender o que era tudo aquilo e, por impulso, toquei a janela fria com a ponta dos meus dedos, fazendo com que a cena imediatamente desaparecesse. Eu continuei parada, observando meu reflexo no vidro. Ficava assim sempre que encontrava um fragmento de memória.

Eu estava bem concentrada olhando a chuva, pensava em cada detalhe daquela cena, não era sempre que via meu pai em minhas memórias...

— Luna?

Virei para trás e vi Kyro de pé vestido com um robe, provavelmente para esconder o peito coberto de ataduras.

Eu me levantei e sorri para ele, tentando confortá-lo

— Está se sentindo melhor?

— A-ah... Sim, estou. Sebastian é muito bom com cuidados médicos...

— Sim, ele é bom com muitas coisas. — eu ri, logo olhando para a janela. — Assim que a chuva parar, pedirei que alguém te leve para casa. Se bem conheço sua mãe, ela já deve estar surtando e gritando para algum serviçal te trazer de volta.

Kyro riu com o comentário, eu gostava de quando ele ria. A risada dele parecia com a do meu pai...

— Err... Luna... Tem algo que eu queria te perguntar...

— Hum? O que foi Kyro? — eu voltei a olhar para ele, que estava olhando para o chão enquanto enrolava uma mecha de cabelo com os dedos.

— Depois que você e Sebastian saíram, eu achei ter visto você trancando a porta que leva à saída do jardim... Na hora eu não entendi muito bem e pensei ter me enganado já que você estava com uma roupa diferente... Mas, parando para pensar um pouco, tenho certeza de que te vi lá.

Eu olhei assustada para Kyro, como assim ele me viu lá?

Quando eu ia perguntar sobre o que ele estava falando, ele me segurou pelos pulsos, os olhos olhando bem no fundo dos meus.

— Diga a verdade Luna, foi você que organizou o ataque da outra noite?


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