Devorar-te-ei: Memórias póstumas de um amor escrita por Nayou Hoshino


Capítulo 7
E a linda dama se transforma em príncipe....




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Acordei com o som de uma carruagem se aproximando, levantei-me e fui até a janela verificar. Logo pude ver uma linda dama vestida de vermelho descer da carruagem, sendo recepcionada por Sebastian na entrada da mansão.

Bocejei e caminhei até meu armário, peguei um vestido e me vesti da melhor forma que consegui — fazia um certo tempo que eu não me arrumava sozinha. Pouco depois eu já estava descendo as escadas.

— Então esta é a sua dama, Sebastian? — a mulher de roupas vermelhas analisou-me, logo sacudiu os longos cabelos ruivos — É... até que não é tão ruim...

— Perdão — disse, ignorando o comentário que acabara de ouvir — Acho que ainda não nos conhecemos. Me chamo Luna Kyotsu, sou a dona desta mansão.

— Bem, no momento você pode me chamar de Alice, senhorita Kyotsu... -ela riu.

Como assim "no momento"? Será que ela é uma daquelas fugitivas que vivem mudando de nome? pensei, logo olhando para Sebastian. Ele estava num canto, aparentemente rindo da minha confusão, enquanto preparava o chá.

Resolvi ignorá-lo e voltei a prestar atenção em Alice, que tagarelava sem parar sobre as roupas e joias da Grécia.

Eu vi Marye se aproximar, trazendo consigo algo parecido com uma torta — certamente ela tinha ficado sozinha na cozinha sem a supervisão de Sebastian, já que aquilo sequer parecia ser comestível. Infelizmente ela acabou por tropeçar na aba do tapete, derrubando "a coisa" em cima de nossa convidada, que se levantou fazendo biquinho enquanto batia as mãos aonde estava sujo.

— E lá se vai meu vestido Marianne... — Alice lamentou

— Nunca ouvi falar deste modelo... — disse pensativa, enquanto ajudava Alice a limpar seu vestido — Venha, vou lhe dar algo para que possa se trocar.

— Eu não acho que seja uma boa ideia my lady... — Sebastian comentou, enquanto ajudava Marye a limpar a bagunça.

— Eu vou ajudá-la Sebastian. Acho que consigo fazer isso. — disse, um pouco sarcástica.

Alice riu e nós subimos as escadas. Assim que chegamos no meu quarto eu abri o armário e peguei o único vestido vermelho que possuía.

— Tome. Percebi que a senhorita gosta de vermelho... Acredito que vá ficar bem em você...

Me virei por alguns instantes para poder limpar minhas mãos em uma toalha e, assim que olhei para Alice, dei um grito, afastando-me.

À minha frente, se encontrava uma "Alice" apenas de cueca e sem seios se admirando enquanto analisava o vestido sujo.

— O que foi? — "ela" perguntou sorrindo

— V-você é-é um ho-homem??! — gritei, me afastando ainda mais.

— My lady! O que-

Sebastian entrara correndo no quarto, logo ele olhou para o homem ruivo e pouco depois já havia derrubado-o no chão.

— Eu avisei para se comportar... — Sebastian olhava com raiva para o homem ruivo e logo em seguida olhou para mim. — Ele lhe machucou?

— N-não... — eu falei, ainda confusa e nervosa

— Você sabe que eu só tenho olhos para você Sebas-chan! — o homem disse sorrindo, enquanto se levantava

Sebastian suspirou e veio andando até mim, logo pegando a toalha que eu segurava e jogando no homem.

— Não é educado ficar se expondo para uma dama...

Mas é isso que você sempre faz... pensei

— O nome dele é Grell Suttclif, my lady. Ele é...

— Um Deus da Morte! DEATH! — o ruivo riu, fazendo um sinal com a mão e dando uma piscadela.

— É. Isso também. — Sebastian deu de ombros e voltou a olhar para mim. — De toda forma, ele só veio nos avisar de que o acordo que fizemos com Claude está prestes a ser quebrado.

— Ele é um espião? — perguntei, olhando para Grell, que agora estava se olhando no espelho e limpando o sangue de seu rosto (mas afinal, quando ele havia se machucado?!)

— Não exatamente... Só está me fazendo um pequeno favor... — Sebastian arrumava a pequena bagunça que Grell tinha feito, logo virou-se de volta para mim novamente e continuou — Vamos para o escritório. Preparei um chá delicioso para você, my lady... E lá poderemos te explicar melhor o que está acontecendo.

Yes! Vamos logo Sebas-chan! — Grell saltitou, fazendo com que sua cueca balançasse com os seus movimentos, até Sebastian, que o recebeu com um chute.

— Você fica. Se vista e volte a ser um homem e só depois vá para o escritório, iremos lhe aguardar. Entendeu bem?

Sebastian encarava Grell de uma forma ameaçadora, até mesmo eu, que já estava acostumava com as caras de Sebastian, fiquei com medo.

Eu e ele saímos do quarto e fomos caminhando calmamente até o escritório. Eu me sentei em minha cadeira e Sebastian parou ao meu lado como de costume. Ele arrumava algumas pilhas de papel quando suspirei, escorregando um pouco na cadeira.

— E como Kyro está? Ele não estava lá embaixo...

— O conde Tokudaiji está no quarto, eu mesmo tratei dos ferimentos dele e...

— Espera. Você, Sebastian Michaelis, tratou dos ferimentos do meu noivo, uma das pessoas que você mais odeia? — Eu praticamente pulei na cadeira, encarando-o com olhos arregalados

— Sim, my lady. — Sebastian falava normalmente, com o mesmo rosto sem expressão de segundos atrás.

— Hum... — Eu ainda olhava desconfiada para Sebastian, mais tarde teria que ir até o quarto onde Kyro estava para ver se ele realmente estava bem. Talvez Sebastian o tivesse envenenado ou sei lá... — Mas enfim, como ele está?

— Ele estava com algumas costelas fraturadas e um ferimento na perna. O resto eram só arranhões... — Sebastian olhou para mim perguntando se deveria continuar. Eu ainda o encarava, então ele suspirou e prosseguiu. — Os ataques não foram causados por nenhuma arma humana. Parecem ter sido causados por garras, ou uma lâmina tão afiada quanto a de um Shinigami.

— Um SM talvez?

— Provavelmente...

Eu fiquei em silêncio pensando no porquê de o ataque ter acontecido durante a festa. Sebastian também se calou e apenas ficou de pé ao meu lado aguardando. Nós dois continuamos calados, até que eu quebrei o silêncio.

— Por que você não me contou sobre “aquilo”? — falei em voz baixa, ainda fitando o chão, decidida a mudar de assunto.

— Sobre o Grell? Eu tentei lhe avisar...

— Não sei você, mas eu acho que dizer "não é uma boa ideia" não é um bom aviso... — olhei para ele séria.

— Grell disse que iria interpretar Alice hoje. — ele disse, enquanto enchia uma xícara de chá para mim.

— Interpretar? Mas ele não é um Deus da Morte?

— Digamos que Grell seja um pouco diferente.

— Mesmo assim. Pensei que seres como ele fossem urubus carniceiros que matam os humanos por puro prazer... — comentei, dando uma golada no chá quente, fazendo uma careta logo em seguida

— A senhorita está nos confundido com demônios.

Eu olhei para trás de Sebastian e pude ver um homem um pouco mais velho que ele — na aparência pelo menos — e bem mais sério que o Grell. Ele ajeitou os óculos usando um tipo de arpão ou bastão que ele segurava.

— Me chamo Willian. Vim buscar um certo shinigami que andou fugindo de seus serviços para visitar seus amiguinhos.

— Own... Mas já Will-sama? — Grell apareceu no escritório choramingando. — Eu ainda nem pude me divertir...

— Você é um shinigami. "Se divertir" não está na sua lista de tarefas. — Ele disse sério, puxando Grell pelo casaco. — Ou está?

Grell ficou em silêncio, fazendo Willian rir

— Foi o que pensei. — ele disse por fim, desaparecendo com Grell logo em seguida.

Eu virei para Sebastian, que apesar de tudo isso ainda estava com uma aparência bem tranquila.

— Você pode me explicar o que diabos acabou de acontecer?! — gritei, fazendo com que Sebastian risse.

— Primeiro vou lhe informar o que Grell me contou da mansão Trancy. Aqui, — ele me entregou alguns papéis — Todas as informações sobre as atividades da mansão Trancy estão aqui.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— Acontece que eles tem recebido a visita de Lady Bucket regularmente. E, como my lady bem sabe, ela é suspeita de ter relações com SM's — ele completou, sério.

— Ela é a ponte do mundo humano com os SM's, certo?

— Exato. Acredito que Claude a esteja usando para investigar my lady, a senhorita sabe que ele nunca a perdoou desde o incidente com o Sr. Alois... Mas infelizmente ainda não pude recolher mais informações....

— Entendo... — eu fiquei séria por alguns instantes... analisando a informação que acabara de receber. Olhei para Sebastian e completei. — E quando poderemos matá-la?

Sebastian, que estava sério até agora, sorriu. Certamente ele tinha gostado da ideia de derramar o sangue de um SM. Já que fazia bastante tempo ele não se alimentava tão bem...

Eu apenas olhei para meu mordomo por alguns segundos. Fiquei encarando aquele sorriso cruel que lhe brotara nos lábios, logo sorri e voltei a ler os papéis sobre minha mesa.


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