Mudanças escrita por Ace_San_Fanfick


Capítulo 1
Fria noite de Sábado


Notas iniciais do capítulo

Bom... Espero que possam aproveitar este capítulo introdutório cujo objetivo é iniciar a trama desta longa e difícil história de amor.



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O pequeno quarto escuro, o aparelho de ar condicionado ligado e as convidativas cobertas emaranhadas sobre a cama eram o local perfeito. Ele estava deitado, aproveitando um dos ambientes mais confortáveis que tinha a sua disposição. Olhava no relógio do celular, que marcava vinte e três horas e quarenta minutos, e sabia que já era hora de ligar para sua namorada.

Discou o número rapidamente e com os fones de ouvido aguardava a resposta da ligação. Duas chamadas perdidas e ele resolvera esperar. Havia acabado de chegar da casa de um velho amigo. Havia se banhado rapidamente, escovara os dentes e estava ali a esperar. Entre pensamentos vagos e uma leve sensação de sono, misturada com um leve conforto que o quarto proporcionava, o celular começara a vibrar tocando a velha música romântica que marcara o início de seu namoro.

Ele atendera ao telefone com o velho e carinhoso cumprimento de sempre: - Boa noite meu amor. – Dizia com certo tom de empolgação. A bela moça que falava do outro lado da cidade respondia também com ânimo e explicara o motivo das chamadas perdidas. Entre um assunto e outro, risadas, comentários e opiniões pessoais debatidas com ares de brincadeira.

Após alguns minutos e vários outros assuntos, ela evitara tocar em um assunto, esquivando-se. – Não vamos tocar neste assunto hoje. Não hoje, por favor. – Ele sabia que havia algo de errado e este era um de seus mais obscuros e devastadores medos.

Antes dela, a vida que ele levava era fria, cinzenta, pacata. Ele nunca foi um rapaz de grande auto-estima ou muitos amigos. A vida fizera dele um ser frio, indiferente, pseudo-auto-suficiente.

Ela o mudara, ou pelo menos causava movimentos de mudança.
Desde o início ele se tornara feliz. As dores que carregava sozinho já não existiam. Os dias difíceis sempre terminavam com uma palavra de carinho da mulher que ele mais amava. Ele já não olhava para si com desdém, mas sim se valorizava cada vez mais buscando aumentar seu potencial. Começara a mudar seu estilo de roupa, abrira seu gosto musical para novos horizontes, mudava o que podia em si para agradá-la e experimentava de forma verídica aquilo que os seres humanos passaram a chamar de amor. Ela finalmente dera algum sentido para a vida tão desnorteada que ele protagonizava.

Assim como em todo e qualquer relacionamento, nem tudo era tão perfeito e tão pouco poderia ser. Mesmo mudando gradativamente e buscando a perfeição, ainda sim, em alguns momentos a frieza se manifestava. Por nunca ter recebido, visto ou se acostumado com o que chamam de afeto, ele tão pouco sabia ofertá-lo para aqueles que amava.

Sua amada, mais do que todas as outras, notava isso e tentava de alguma forma suportar. Ela esperava em silêncio, criava expectativas, esperava a mudança.

 Eles já haviam falado sobre esse aspecto em uma difícil conversa anterior. Ele pensava e tentava planejar de todas as formas o que fazer para enfim demonstrar o amor tão forte que sentia, porém, quando se deparava com ela, surgia a insegurança, o medo de não agradar e a simples falta de coordenação. Ao se despedir dela, durante todos os encontros, ele se sentia idiota. Não entendia porque todas as idéias eram tão maravilhosas em sua mente, mas infelizmente não se materializavam no presente.

Durante a conversa, ela tentava não tocar no assunto, não naquele dia. Por outro lado, ele estava preocupado, queria encontrar uma forma de resolver o problema. –Você tem certeza que quer isso agora? Hoje? – O tom dela mudara e demonstrava ares de estresse.

Ele pensava e seu coração palpitava ainda mais. Sim ou não, o não poderia ser fatal, ele pensava. –Sim – Disse ele tomando coragem para de vez encarar a delicada situação.

A partir daquele momento, ele seria arrebatado por um sentimento tão angustiante que o faria engolir seco. Ela desabafava, todas as suas decepções com a falta de afeto dele o atingiam violentamente. A cada palavra ele se sentia pior, em uma dor sem descrição ou amargura conhecida. – Eu preciso de afeto. – Ela dizia entre todas as outras frases.

 Ele, dentro do quarto, deitado sobre a fria cama, olhava para a escuridão e sentia-se como uma das piores pessoas imagináveis. A cada palavra que ela dizia, sua voz entristecia e ela mostrava claramente seu desgaste.

 Sem saber o que dizer, ou ao menos o que pensar, ele estava imóvel. Olhando para a fria escuridão, tentando encontrar uma saída, uma solução. – Me dá apenas uma última chance... Eu não posso te perder assim... Eu não posso perder a mulher que eu amo... Apenas uma última chance é o que eu te peço. – As palavras deles se entrelaçavam em uma conturbada e triste sonoridade

-- Eu peço apenas um tempo, a próxima oportunidade que tivermos juntos, eu vou fazer o meu melhor, eu tenho de fazer o meu melhor. – Ele dizia enquanto as palavras engasgavam em sua boca. Naquele momento, o mundo seu redor desmoronara completamente.

– Eu não quero te machucar, nem quero me machucar mais. – Ela dizia entristecida. 

– Eu não ligo. não me importo de me machucar. Eu só quero você. Resolver tudo isso e realmente te fazer feliz completamente. Eu te amo. – Indaga va o rapaz com pesar no coração tentando desesperadamente salvar o amor da sua vida.

-- Eu não sou perfeita. Eu sou cheia de defeitos. Sou controladora e existem muitas outras pessoas por aí melhores que eu. - Ela dizia.

-- Eu não quero saber das outras e nem de ninguém. Tão pouco me importo com as coisas que você chama de defeitos. Eu te amo e para mim não existe outra no mundo igual a você. Eu quero apenas você. Apenas confie em mim, uma última vez. Eu só preciso de um pouco da sua confiança e do seu amor. Só isso. Por favor, me deixa te provar que eu consigo. – Suplicava o garoto segurando as lágrimas em seu rosto.

Aquela noite de sábado havia virado o dia deles de cabeça para baixo. No fundo, por mais dolorido que se tornara aquela experiência, era um mal necessário. As coisas não poderiam permanecer da forma como estavam.

-- Sairemos na terça-feira. Uma hora da tarde. No cinema do Plaza Shopping. – Apresentava para ele a sua chance de acertar tudo de uma vez. Ele concordara ainda desnorteado com tudo.

- Como vão ser as coisas até lá? – Ela perguntava calmamente, em uma calma que jamais combinara com a personalidade agitada dela.

- Eu queria que nós permanecêssemos da forma como estávamos. Normalmente. Sem estranhezas. Mas, somente se você desejar. – Respondeu lentamente o rapaz, que ainda olhava para o escuro tentando reconstruir sua mente e suas emoções.

- Tudo bem. Preciso dormir. Amanhã nos falaremos normalmente. Durma bem e veja se não fica até tarde acordado. – A garota encerrava com suas últimas palavras.

- Durma bem você também. Nos falamos amanhã então...e... Eu só queria dizer que... Não sei como você vai encarar isto, mas...  Eu te amo. – Ele tentava expressar o seu sentimento da forma mais sincera que sabia fazer até o momento.

Um silêncio longo e frio como a mais fria das noites permaneceu por alguns minutos.

- Sabe o que eu queria? – Ele perguntava, descontraído, tentando camuflar toda a angustia dentro de si.

- O que? – Retrucou a garota.

- Queria ver o seu rosto nesse momento. – Ele disse soltando uma leve e boba risada que tentava combater todas as lágrimas que já escorriam pelo seu rosto sem a sua permissão.

- Eu pensei a mesma coisa, - Disse ela soltando uma pequena risada. -- mas... você não gostaria de ver o meu rosto agora. – Continuou nos momentos finais daquela longa ligação.

Ele não respondeu nada, mas a verdade é que ele queria ver o rosto de sua amada, mesmo sabendo que talvez não fosse o que ele esperava. Na sua imaginação, ele pensava que iria fazer o que estivesse ao seu alcance para mudar a expressão daquele possível rosto triste.

- Boa noite, durma bem então. Até amanhã. – A despedida recíproca encerrava ali as palavras de ambos naquela madrugada.

Com lágrimas nos olhos, sem voz e  com a alma despedaçada em pequenos fragmentos que traziam imensa angústia, ele olhava o vazio.

- Eu não vou perder a mulher que eu amo. Não posso deixar isso acontecer. Isso vai mudar. Eu vou virar o jogo. – Esta era a única frase a mente dele conseguia focalizar.

Ele tinha a motivação para reconquistar sua amada, porém, precisava reconstruir-se, reconstruir seus sentimentos, reconstruir suas perspectivas e assassinar aquele antigo sujeito.

O antigo sujeito inseguro, ainda frio que não conseguia mostrar com atitudes tudo o que expressava por palavras.

Naquela madrugada, falecia o antigo sujeito, enquanto nascia um novo homem, que precisava de sua garota ao seu lado. A madrugada seria longa e dura, mas ele ainda tinha esperanças.

 Uma oração, um suspiro e um “eu te amo” solitário. Iniciava-se ali um domingo de renovação. Iniciava-se uma verdadeira e violenta mudança.  


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Notas finais do capítulo

Espero que os leitores possam deixar seu review ao final. Fico grato desde já por acessar minha fanfic e obrigado pelo seu tempo. Agradeço desde já. Ace-san



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