A Lâmpada escrita por Ciborgue Folks


Capítulo 1
Almost away, almost near


Notas iniciais do capítulo

Almost away, almost near não tem, definitivamente, nada haver com essa história, mas fazer um trocadilho com o nome do Near tomou o meu juízo afinal, ou tio Ōba gostava mesmo desse nome, ou ele digitou no Google tradutor: perto do rio. E aí ficou.



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     “Mello?”

     “Que é Matt?”

    “Você já pensou na probabilidade de que você tenha AR?”

    “Se você não parar de fazer essas perguntas idiotas, eu vou tirar todo o ar de seus pulmões.”

    “Eu não estou falando de ar seu idiota, estou falando de AR: amor reprimido.”

    “Matt, eu já te disse que eu não usei o seu dinheiro para comprar chocolates... Você que não sabe onde guarda.”

    “Mello! Louro eu já sabia, mas burro é novidade.”

    “Que droga, Matt! Qual é o seu problema hoje, hein?”

    “Que tal você depois de ter suas briguinhas de comadre com o Near descontar em mim?”

    “E o que tem haver amor reprimido com isso?”

    “Isso que dá ser ateu... Presta atenção Mello... Mello?... Mello caramba, para de viajar na maionese e presta atenção! Eu acho que você está gostando dele.”

    “DELE? Como assim dele? Do... Near?”

    “É uma hipótese”

    “Quer ouvir uma melhor, Matt? A menos que ele tenha te enganado muito bem, Near é um homem sabia?”

    “Isso nunca foi problema para o Fred Mercury.”

    Okay, okay Matt. Naquele dia, pelo menos, você não saiu com nenhuma lesão grave daquele quarto. Quem sabe você não tenha a mesma sorte.

    Sinceramente... Eu nunca fui de me preocupar com pessoas alheias, por isso eu realmente não sei explicar essa insistente mania de tentar esfregar na fuça daquele louro estúpido o que ele vê, mas teima em não compreender.

    O que eu posso dizer? Mello nunca foi uma pessoa fácil de convivência. Preferencialmente nos últimos dias, minha luta pela sobrevivência se tornou um pouco mais fácil, mas nada que cause um impacto significante. Talvez seja esse o motivo para que eu tenha coragem de dizer coisas que, provavelmente, um número muito específico de pessoas diria – associe esse número a L. E aí que surge o “x” da questão. Dizer uma coisa que poucas pessoas diriam é relevante, sua vida não está em jogo. Mas como dizer algo que absolutamente NINGUÉM diria?

    Vamos Matt! Abra essa porta e seja homem!

    E que diabo de porta! Essas estruturas velhas são uma praga para quem não deseja ser notado tão vulgarmente, mas NÃO, Roger tinha que não investir um único centavo nessas porcarias.

    Mello estava dormindo. Estava. Depois que a maldita porta rangeu feito um porco que ronca, não restou nem um ínfimo resquício de sono para que eu tivesse a chance de retroceder. Agora que seus olhos me viam, não tinha nem como eu sair correndo dali ou me enfiar de baixo da cama. Enfim... Eu tinha que encarar. A pessoa que eu procurava estava ali, certo? Esticado em seu leito feito uma lagartixa no sol e coberto de embalagens douradas. Pelo menos o chocolate excessivo poderia surtir um efeito positivo de tranqüilidade, o que seria uma vantagem.

    Isso Matt! Agora vai lá e termina o que você começou.

    - Matt? – ele se sentou na cama – Que cheiro é esse?

    Se minha produção de adrenalina não tivesse sobrecarregando o meu corpo, quem sabe eu não saberia distinguir o tal olor?

    - Que cheiro é esse de que? – uma das perguntas mais bem colocadas da história.

    - De chocolate. – respondeu num tom óbvio – Você não está sentindo.

    Ele se levantou, fungando no ar como um lunático. Logo ele já estava praticamente com o nariz emaranhado em meus cabelos.

    E que porra que eu fui usar aquela porcaria de xampu de chocolate!

   - É o seu cabelo.

    Jura?

    - Mello... Dá pra parar de fungar na minha orelha? Tá me deixando nervoso.

    Ele usou de seu bom senso – graças ao Deus que eu desacredito – e foi sentar-se em seu lugar como um menino afável, BEM LONGE do meu cabelo e de tudo que se relacionava a mim.

    Vamos Matt! Abra essa boca!

    - Então Mello... Eu preciso falar um negócio com você e... SENTA AÍ CARALHO E ME DEIXA FALAR!

    Geralmente era o Mello quem gritava, quem se descontrolava e se debatia como um velho dando convulsão, mas eu estava tão nervoso que nem podia reconhecer minha própria voz. Claro que aquela sua obsessão característica pelo meu xampu estava acabando com todo o meu controle emocional. Tudo bem que meu comunicado não era lá essas coisas todas e eu diria isso numa boa se eu não tivesse culpa no cartório.

     Tudo bem Mello... Agora que você já torrou a minha paciência...!

    - É chocolate mesmo?

    - Claro! Eu sou todo de chocolate... Pode me comer se quiser.

    - Não, obrigado.

    - Continuando... Sabe aquela conversa que a gente...

    - Por que essa lâmpada não está funcionando? – perguntou imergido em completo tédio.

    Okay... Vamos fazer um legítimo salto para os finais.

    - Não interessa.

    - Tudo bem... – suspirou – Continue.

    - Mello... Você é gay?

    - Tá bom eu não vou mais te interromper, satisfeito? Pode continuar.

    - Não olha! Eu estou falando sério.

   - Eu sei.

   - Acho que você não entendeu a minha pergunta... Mello, v-o-c-ê é g-a-y?

   - Como?

    Eu bem conhecia aquela cara de quem diz: “repete que eu acabo com a sua raça”, mas a catástrofe já estava formada. Se fosse pra morrer, morreria com honra.

    - Você é gay?

    - Como assim gay?

    - Você gosta de homens?

    - Eu SEI o que é gay Matt! – era incrível como ele reagia quando alguém insinuava que ele não sabia de algo.

    - Então por que perguntou?

    - Eu não perguntei nada.

    - Mas deu a entender.

    - Deu a entender o cacete! DE ONDE VOCÊ TIROU ESSA IDÉIA?

    - Dá pra você responder e parar de gritar?

   Eu enchi a cara só pra te perguntar isso, cara.

    - Qual é o seu problema?

    - Mello... É melhor você responder antes que eu comece a ficar desconfiado.

    Claro! Era só uma hipótese no começo, e essa foi a razão de meu medo. Eu sabia que o “não” iria chegar, mas não sabia como. Agora imagine o meu desespero quando aquele conhecimento que jazia no fundo de meu consciente de que “Mello não tinha nada de gay” e que aquilo era só para “perturbá-lo um pouco mais” pareceu estar totalmente errôneo quando ele não disse, simplesmente, “não”?

    - Por que você não fala que não?

    - Não.

    - O que? Você não quer falar não?

    - Eu estou falando que eu NÃO SOU GAY IDIOTA... Não que eu não quero falar não.

    - Ah!

    Enfim... Eu ainda estou vivo.

    - Então vou mudar a pergunta. Mello... Você é pedófilo?

    Um OVNI acertou em cheio a minha testa e acredite, não era um ET ou algo do tipo... Era apenas objeto voador não identificado. Poderia ser um sapato. Enfim, eu estava dando mais atenção há minha sobrevivência e não nas armas que Mello usava para destruí-la.

    - Pedófilo? – sua incredulidade fez-me rir.

    - Uma pessoa que gosta de criancinhas que gostam de ficar cercadas de brinquedos.

    Não era para ser irônico, mas, mesmo sem querer, eu havia acabado de descrever o calo de Mello. Não demorou muito para que outro sapato voasse em minha direção, do qual eu esquivei perfeitamente. No entanto não tive a mesma sorte quando o suspeito pedófilo se jogou em cima de mim esmagando meu pescoço com suas mãos.

    - PEDÓFILO?

    - Não parecia problema para o Michael Jackson. – respondi quase sem voz.

    - Você ainda não desistiu daquela idéia de que eu... Que eu... AHHH CARAMBA!

    - Se você me deixasse falar...

    Ele me largou. Pude perceber que não havia nada de contido em seu ato, mas pelo menos ele pensou com clareza e decidiu que me matar estava fora de questão.

    - Cinco minutos.

    Tudo bem. Seriam os cinco minutos mais longos de minha vida.

    - Sabe aquele dia que eu estava falando sobre AR?

    - Hm... Na aula de biologia?

    Fiquei quieto deixando que o silêncio gerasse uma camada fina de reprovação. Mello era esperto, claro que era, mas nunca foi um bom ator. Fingir-se de bobo, então, não era uma das coisas que ele sabia fazer bem.

    - Ah sei. – murmurou.

    - Você considerou essa hipótese...?

    Quando percebi, uma blusa foi jogada contra mim, cobrindo totalmente a minha visão. Livrei-me da dita cuja, tomando um susto que provocaria o despertar de minha impaciência ao ver Mello sem camisa e com um sorriso matreiro no rosto.

    - AAAHHHH... Já chega tá legal? Eu tentei ser gentil! Eu tentei, mas não! Você tinha que tirar onda de macho alfa. Você não sabe que eu sei que você sabe que eu sei que VOCÊ, Mihael Keehl, TEM UM CASO COM O NEAR?

    - O QUE VOCÊ DISSE?

    - Naquele dia eu saí daqui com um olho roxo, mas foi por uma boa causa. – agora que eu tinha a atenção de Mello, minha impaciência não parecia tamanha – Consegui colocar uma escuta nessa sua roupinha – o complemento seria “de mulher”, mas aí seria brincar com a própria sorte – Claro que você trocou de roupa antes que eu ouvisse o que eu devia ouvir, mas eu sei que você se encontrou com Near um tempo depois e falou pra ele que eu tinha descoberto. Há-há.

    Um minuto de silêncio engoliu o recinto com seu gargalo exorcizado. Na expressão de Mello apenas uma névoa de tédio e decepção. O estranho era que ele deveria estar me estrangulando e não me olhando com aquela cara de... De quem sabe de todos os mistérios do universo.

    - Eu estava falando sobre o seu dinheiro, Matt. – um sorriso triste lhe brotou na face – Eu usei pra... Para dar um presente de aniversário para o Near. Só não queria que você descobrisse.

    Esse é o mau em achar-se muito esperto. Por um lado não sabia sobre o meu dinheiro e isso acabou me deixando... Sei lá... Mais tranqüilo em saber que Mello não o usou para alguma coisa... Maléfica. Até que eu entendia a preocupação dele. Saber que Near ganhara um presente de aniversário DELE era um carma.

     - Quer que eu acredite nisso?

    - Se você acreditou que eu era gay, por que não vai acreditar nisso?

    Fazia sentido.

    - Eu não sei não hein...

    - Pense Matt... Você não acha que já teriam descoberto se fosse verdade?

    - Mello, o quarto do Near é em cima do nosso. Quem poderia ouvir?

    - Você, só pra começar. – fiz uma expressão de descrença – Tudo bem, acredite no que quiser.

    - Tudo bem... Mas ainda me deve vinte dólares.

    - Meus chocolates acabaram. – comentou meio rabugento – Pode ficar aí na penumbra se não quiser trocar a lâmpada.

    Esses prédios velhos...

    - Mas tem certeza que isso não é um começo?

    Uma calça me atingiu, novamente cobrindo minha visão. Quando tirei aquela porcaria do rosto, não vi nada mais que um pedaço de Mello indo para fora.

    - E foi isso Linda. Mello não tem absolutamente nada com o Near.

    A garota me olhava com uma das mãos apoiando a cabeça enquanto eu tragava longamente.

    - Que estranho Matt... Você não acha que isso está com cara de desculpa?

    - Só entre nós. Andei monitorando o Mello nesses últimos dias, porque eu também não acreditei na desculpa esfarrapada que ele deu. Na verdade eu nem sei por que ele fez essa caridade. Ainda continua enchendo o saco do Near como sempre.

    - Hm, você tem razão. É meio tosco pensar que o Mello é gay.

    - Eu te disse.

   Linda deu um suspiro meio decepcionado, mas não questionou em sair do nosso quarto. Creio que ela tropeçou em alguma coisa por causa da falta de luz, uma vez que eu ainda estava tentando inventar uma boa desculpa para arranjar uma lâmpada nova.

    Era entendível quando se dizia que após o “primeiro” e o “segundo” não restavam muitas opções. Eu não queria esconder nada de Linda, mas se ela não entendia, o problema já não era mais meu.

   Será que ela não se perguntou nem um segundo de quem era aquela calça que Mello jogou em mim, uma vez que ele até poderia ter a coragem de sair por aí sem camisa, mas sem calças era pouco provável? Se perguntasse quem sabe eu não lhe responderia que esta era dum algodão macio, esbranquiçado, e, claro, bem menor do que as de Mello.

    O que eu posso fazer? Sem dúvida Keehl era bem mais esperto que eu. Se eu soubesse que meu quarto estava cheio de escutas eu nem teria encostado nesse assunto. E talvez fosse mesmo por isso que ele me interrompeu uma centena de vezes, e, de nervoso, acabei despercebido. Mas não! Deve ser por isso que Mello escolhera Near. Mulheres são problemáticas. Em vez de parar com a paranóia e confiar meu próprio melhor amigo a mim, ela usou suas próprias táticas. De qualquer jeito ela poderia ter descoberto se fosse um pouco mais esperta, mas, assim como eu já mencionei, o problema não seria meu.

Ela não teve nenhuma curiosidade em perguntar sobre o mistério da lâmpada quebrada?

    - Aaaah... Mellooooo... Maaais...

    Pensando melhor... Ainda bem que ela não perguntou.

    Esses malditos prédios velhos...


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Notas finais do capítulo

Não se preocupem colegas… Depois dessa fanfic eu passei por diversos exames neurológicos, e adivinhem? Eu não estou louca (ainda). No entanto foi detectado um troll-pervert devorando o meu cérebro (aham, aham), então histórias quentes, trocadilhos idiotas e anedotas pouco sofisticadas vão surgir.
Bem... se alguém quiser me ameaçar de morte: Review.
Outros motivos igualmente homicidas: Review.
E para as pessoas que tem misericórdia da minha alma: Reviews e mais reviews.