Acordei sentindo ainda o sabor dos lábios dele nos meus, parecia ter sido um sonho, e eu me sentia nas nuvens, será que fora verdade ou minha imaginação tinha sido tão bela e feliz pra me fazer sonhar com isso? Olhei o quarto e senti-me em casa novamente, o brilho da lua passava por entre a sacada e a janela aberta, o vento fresco de Londres enchia o quarto deixando meus sentidos aguçados e arrepiados, tinha sido um sonho?

Levantei ainda cambaleante procurando meus remédios de anemia, precisava das minhas pílulas de ferro, achei em cima da pia do banheiro do quarto, olhei-me no espelho conforme tomava meu medicamento, meus cabelos estavam bagunçados, meus olhos inchados e minha boca manchada pelo batom que antes usava. Ainda vestia a roupa da viagem e descalça caminhei de volta ao quarto olhando as horas no relógio, passava da meia noite e mesmo com um pouco de dor procurei uma camisola pra vestir, como todas as formais estavam na mala optei por uma sensual que não fazia diferença mesmo, era uma camisola preta quase transparente da parte de baixo dos seios ate a minha bunda por ser tão pequena, a divisória trançada do lado era de fita vermelha conforme os detalhes da parte de cima, e tinha alguns laços nas alças, era totalmente sensual, mas agora eu só estava com fome e não preocupada em comer outro tipo de coisa.

Entrei na silenciosa cozinha com meu estomago reclamando, abri a geladeira e olhei todas aquelas guloseimas que desejava, catei o primeiro bolo que achei sentindo o aroma do chocolate ainda saboroso da cobertura quando uma voz rouca assustou-me chamando meu nome, soltando o prato com o grito preso na garganta vi a porcelana quebrar no chão levando junto meu bolo, que droga!

-        Que droga Dorian! – reclamei olhando pro chão todo sujo – Você vai limpar isso, é culpa sua!

-        Como queira princesa. – sorriu ele prestes a rir da minha cara.

-        Não faz essa cara não, idiota você me assustou. – disse virando-me para ele, percebendo suas vestes – Uau!

-        Que foi? – perguntou quando fechei a boca praticamente babando por aquele corpo.

-        Você... Você esta sem camisa. – disse olhando seu tórax definido e os pequenos pelos sumindo ate a cintura da calça de moletom.

-        Estava deitado quando ouvi um barulho no andar de baixo. – confessou dessa vez olhando os meus trajes. – Não tinha nada mais discreto pra vestir?

-        Minhas camisolas decentes estão na mala, e costumo usar o que quero, sempre que gosto. – reclamei cruzando os braços, mau sinal, a camisola ficou mais curta deixando transparecer ainda mais minhas pernas – Você vai limpar isso, ou não?

-        Claro, princesa. – disse ele parando de olhar minhas pernas caminhando para a bancada onde tinha uma porta de limpeza escondida.

-        Andou malhando? – perguntei encostando-me ao seu lado, vendo suas costas torneadas.

-        Que tipo de pergunta é essa? – questionou ele levantando, vendo-me sentada na bancada com as pernas cruzadas – O que pensa que esta fazendo?

-        Sentada vendo você limpar minha bagunça. – sorri sinicamente, estava quase babando por aquele abdômen tanquinho. Ô céus!

-        Você esta me provocando garota. – rugiu quando descruzei as pernas em sinal de desconforto.

-        Droga Dorian! – reclamei olhando seu corpo – Você é a tentação aqui, não eu!

-        Você usa uma camisola provocante e fica de sedução pra cima de mim e sou eu que sou a tentação aqui? – soltou fazendo-me sorrir por dentro.

-        Quem esta em abstinência por mais tempo sou eu. – retruquei sorrindo verdadeiramente agora – O que não falta pra mim é fogo, só falta mesmo alguém pra apagar.

Não precisei dizer mais nada, pois Dorian já devorava meus lábios com os seus, era um beijo intenso e muito, mas muito quente, pelo visto não era só eu que estava em abstinência por um bom tempo. Aproveitei a oportunidade e deixei minhas mãos vagarem por aquelas costas deliciosamente esculpidas, senti-o tremer entre meus dedos afundando minhas unhas quando ele mordeu meu lábio sensualmente. Enrosquei minhas pernas em sua cintura deixando suas mãos levantarem a base do tecido nas minhas coxas, apertando com suas mãos grandes e poderosas, o céu, desse jeito ia rolar ai mesmo, mas quem disse que eu me importava? Seus beijos foram para meu pescoço deixando as alças da camisola escorregar mais pra baixo, sentindo seu hálito quente tocar a pele exposta, traçando caminhos de fogo por onde encostava, quando estava prestes a tirar a camisola, seus lábios pararam afastando-se sem nenhum motivo, olhei atônita pra ele, quando seu sinal alertou quem alguém se aproximava.

-        Droga! – disse pulando da bancada tentando achar um lugar pra fugir.

-        Porta a direita dá pro jardim. – informou serio.

Corri pra lá me encostando-se ao vidro pra poder ver quem vinha pra minha surpresa e irritação os cabelos ruivos como fogo, anunciara Tânia parando na frente de Dorian, olhando-o com cobiça, resmunguei baixinho, aquela vadia ia aproveitar o fogo que esquentei! Estava preparada pra entrar quando decidi apenas observar, ele sabia que estava sendo vigiado, só esperar sua reação.

Conversaram algo conforme ela se aproximava cada vez mais, Dorian continuava estático, serio e frio. Tânia vagou pelas mãos nas costas dele tocando as marcas vermelhas que deixei, seu rosto se virou repentinamente procurando alguém, eu. Com um reflexo incrível escondi-me a tempo dela não me ver, respirando fundo voltei minha atenção pra os dois, segurando o pulso dela com força, a vaca aproximou-se dele tocando sua nuca, prestes a beijá-lo, mas será que ele permitiria isso? Sim. Segurando as lagrimas controlei meu coração quando o vi beijando-a com fúria, sedento, marcante, pra mim.

Limpando as lagrimas que teimavam em cair conforme meu coração quebrava em pedaços caminhei sem sentido dando a volta no jardim, procurando a porta da frente, parei petrificada, sentindo tudo se esvair, olhei o céu e lembrei-me de antigas palavras que tinha dito há mim mesma anos atrás, quando cair levantarei mais uma vez disposta a dar valor ao que realmente importa pra mim, e mesmo que doa esquecerei as magoas e seguirei meu caminho, deixando que a vida me mostre o certo, darei valor aqueles que me dão valor.

Levantei minha cabeça e segui de volta ao quarto, antes de entrar na casa novamente Ackel apareceu sorrindo pra mim, vendo meu olhar serio e as lagrimas que mancharam meu rosto seu sorriso desapareceu.

-        O que aconteceu? – perguntou não se importando com minhas roupas, mas sim com meus sentimentos.

-        Meu amor morreu. – disse friamente – Não vou lutar por algo que não merece a mim.

-        Dorian? – questionou confuso.

-        Não a vida, cansada de fingir e sofrer, agora darei valor a quem gosta de mim de verdade. – afirmei levantando a cabeça – Agora dormirei como um anjo, mas eu sou o demônio.

Dizendo isso caminhei decidida para o quarto, passei discretamente pela cozinha vendo Dorian levantar a cabeça, estava sozinho, e vai ficar assim, sem mim, de agora em diante os príncipes vão ser minha prioridade, eles podem conquistar meu coração.