Ela era perfeita em sua imperfeição, uma garota no corpo de mulher, audaciosa e birrenta, Eva era estranha em pensamento, mas perfeita sem comparação. Um sentimento novo que afligia meu peito, uma garota que mexia comigo, algo impossível de se acontecer. Mas ao pensar em seu sorriso, seus lábios vermelhos, o olhar alegre, tudo isso fazia minhas barreiras desmoronarem ao olhar pra ela, ao ver ela me olhar daquele jeito, sorrir pra mim, ate mesmo brigar comigo. Como um homem da minha idade poderia se deixar encantar por uma garota de dezoito anos? Agora não era hora de pensar nisso, eu precisava achá-la antes que seja tarde de mais.

O chamado falso havia mobilizado todos os guardas para o Chateau, achando que a rainha estava sobre perigo corremos para tentar socorrer, mas quem verdadeiramente estava em perigo era a princesa. Quando chegamos encontraram o amigo dela chamado Ian jogado em um beco escuro com a cabeça sangrando, levara uma coronhada dos seqüestradores, um fato a mais para agravar a situação, felizmente era superficial e não morreria por causa disso, agora estávamos à procura de Eva, mas ninguém nesse maldito hospital viram quando a levaram.

-       Equipe tática um para nordeste do hospital, perguntar em todos os pontos se viram algum furgão ou carro fechado, alguma informação que seja, vão agora! – ordenei bravo.

-       Acalme-se Dorian, nós vamos achar a garota, a rainha não te culpa por isso. – tentou reconfortar Tânia.

-       Não estou me culpando, mas só não consigo acreditar que caímos em uma cilada, e deixamos a princesa indefessa e naquele estado! – reclamei olhando-a serio – Já era pra você também ter dito alguma noticia, vá à central e tente algum dado das câmeras de segurança, aposto que saíram pelos fundos.

-       Certo, mas ate agora não sabemos nada, pode ser ate que ela esteja...

-       Não ouse dizer isso, obedeça minhas ordens. – rugi friamente.

-       Você anda muito nervoso por causa dessa garota. – disse ela ainda especulativa.

-       Você deve fazer seu trabalho, não se meter em meus assuntos, nem na minha vida. Agora vai! – ordenei furioso.

Saindo brava ela deixou a porta bater, enquanto eu me corroia por dentro, a ultima vez que havia falado com Eva, tínhamos brigado, como sempre, por causa da sua cabeça dura e como dissera pra mim, por minha frieza. Ela não conseguia entender que não podia me apaixonar pela neta da rainha, eu um simples chefe dos guardas, só que agora era impossível enganar meu coração, eu estava amando aquela menina mimada e birrenta, estava apaixonado pela princesa Eva.

-       Capitão! – chamou um dos guardas, Ackel – Um casal avistou um furgão preto quando dois homens carregavam uma garota com as mesmas descrições da princesa, disseram que estava inconsciente, também havia uma mulher, estavam vestidos de médicos.

-       Leve-me ate onde estão eu mesmo irei interrogar eles. – disse serio – É a nossa única pista.

De fato o casal só havia visto o que Ackel dissera, não dera tempo deles identificarem a placa, o que não devia ter. Uma mulher de cabelos negros e dois homens, um moreno e o outro loiro nada que servisse de muita garantia de identificação, qualquer um poderia ter levado Eva, agora já faziam mais de três horas depois de seu desaparecimento.

-       Diga que tem alguma noticia! – implorou a senhora Claudia, mãe de Eva.

-       Nada senhora, a única pista foi o que o casal disse, vasculharam a parte de trás do hospital aonde eles virão o furgão sair, mas nem ao menos conseguimos digitais, nem identificação, não existe câmeras naquela parte do prédio. – disse andando de um lado para o outro – Precisamos de algo mais concreto.

-       Temos uma boa imagem de quem são os seqüestradores. – disse Ackel entrando no escritório cansado – Uma câmera do corredor onde era o quarto de princesa pegou uma imagem de três pessoas entrando no quarto, todas com as descrições que o casal informou.

-       Onde esta o vídeo? – perguntou a rainha também preocupada.

-       Aqui vossa alteza, esta gravado em CD. – informou colocando na TV de tela digital – Esses são os seqüestradores.

-       Reconhece algum deles? – questionou a mãe de Eva.

-       Nenhum, mas essa tatuagem no braço do moreno. – comentei aproximando mais da tela – Esse é o símbolo da Conspiração Cobra.

-       Aqueles que...

-       Matam e torturam suas vitimas apenas para depois expor em rede mundial a derrota de algum grande poder mundial. – sussurrou a rainha Charlotte – Precisamos achar Eva o mais rápido possível!

-       Minha filha. – lamentou a senhora Claudia chorando.

-       Eu irei achar ela, nem que precise dar a minha vida em troca. – disse verdadeiramente – Eu juro pela minha alma que a vossa filha será salva.

-       Faça de tudo para trazê-la sã e salva. – implorou ela pegando minhas mãos enquanto tremia – Ela é a minha vida.

-       A minha também. – pensei antes de responder – Sim senhora.

Saímos à caça dos membros da Conspiração, dois dos mais importantes membros do Consulado de Madri, estavam metidos nessa organização, chegamos ate eles com fúria, mas nada eles sabiam, chegaram a pedir misericórdia para não os denunciarmos, já era tarde de mais, ate o final da noite eles já estariam presos por conspirar para o seqüestro da princesa de Gales.

Com mais duas horas de espera, algo inesperado acontece, uma ligação, anônima para a central do consulado de Gales, uma informação de onde seria o cativeiro da princesa, onde Eva estaria presa. Numero privado, voz codificada e apenas a informação, verdadeira ou não precisávamos averiguar.

Era um lugar deserto afastado de Londres, rodeado de mata e arvore impossível de se identificar a distancia, uma equipe tática de trinta homens a cercar o local, uma antiga fortaleza, uma das mais antigas clinica psiquiátrica de Londres, o lugar correto para torturar e matar seus pacientes sem levantar suspeitas, nem desconfianças na região, tudo estava silencioso, silencioso de mais. Assinalei para dez homens se aproximarem mais enquanto eu seguia na frente, a porta estava escancarada, o cheiro de umidade e sangue enchia o lugar, recepção vazia alguns vidros quebrados, marcas de tiros.

Seguimos em frente, cada sala estava vazio, nenhum sinal de ninguém, apenas capsulas de tiroteio e alguns cacos de vidro no caminho, até avistarmos, sangue, um caminho de sangue, para uma das antigas salas de segurança máxima, com armas em punho, caminhamos ate o local, três corpos, uma mulher e dois homens, todos mortos com tiros certeiros na cabeça, no meio dos olhos, sangue para todo lado.

Entrei na câmara secreta, completamente silenciosa a principio, nada se movia nem mexia, em um pequeno corredor a avistei, presa em uma cadeira de aço, cabeça abaixada, apenas seus cachos dourados caindo sobre o rosto. Eva.

Abaixei a arma correndo para socorrer a ela, mas meus passos morreram quando a avistei inteiramente, os braços sangrando, pernas marcadas e cortadas, ela estava... Não, não poderia acontecer isso. Corri novamente agora tocando seus pulsos cortados, respiração leve, batimento lento fraco, viva, estava viva. Graças a Deus!

Peguei-a com cuidado, tentando não agravar ainda mais seus ferimentos, mãos e pés manchados de sangue vermelho, seu corpo pálido como papel e os olhos fechados, cansados de sofrer, carreguei para fora da câmara, enquanto os outros homens procuravam mais seqüestradores, pelas informações eram apenas os três que estavam mortos. Só que agora só o que me importava era Eva, minha Eva.

Carreguei para fora, com ela em meus braços, meu coração se apertava por ver ela assim, sempre tão linda, arrumada, bela em todo seu ser, agora aqui em meus braços, com sangue marcando sua pele pálida, cortes em todos seus braços, pernas com pequenos furos vermelhos e machucados. Ainda carregando-a, Eva abriu os olhos lentamente, com tanto cuidado por causa da dor.

-       Oi Dorian. – sussurrou com a voz rouca – Demorou...

-       Pra que? – questionei aproximando meu rosto tentando escutá-la direito.

-       Pra me salvar. – sorriu tocando meu rosto com os dedos ensangüentados – Chegaram antes.

-       Quem chegou? – perguntei não entendendo.

-       Estou segura agora? – pediu com lagrimas nos olhos.

-       Esta. Estou com você, não vou deixá-la. – disse com a voz embargada.

-       Que bom. – sorriu antes de fechar os olhos novamente.

-       Eu te amo. – sussurrei beijando sua testa – Pra sempre.