A Sala de Pelúcia escrita por abandonedpole


Capítulo 2
Capítulo 1: Hazel


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo dos nossos bichinhos de pelúcia sádicos, mas dessa vez, com nosso verdadeiro protagonista, já que muitos me incentivaram a continuar. ^^
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/151324/chapter/2

   Acordou no breu total.

   Desorientado pela súbita escuridão abissal, o garoto coçou e arregalou os olhos, tentando enxergar a silhueta da própria mão. Inútil, não se enxergava nada. Era como se estivesse dentro de um cubo, sem pequenas frestas por onde poderia passar alguma luz, mesmo que noturna.

   Estava deitado em um chão frio. Provavelmente feito de mármore. Sentou-se devagar e bocejou, cansado. Seus músculos estavam meio rígidos pelo tempo deitado no chão, e o calor de seu corpo havia sumido.

   - Olá...? – chamou, ouvindo a própria voz ecoar no escuro como se houvesse gritado.

   - Já acordou, menino? – várias vozes vieram de todas as direções, agudas e maldosas, seguidas de risadinhas insanas.

   - Quem é?! – se assustou, mas respirou fundo, se controlando para não entrar em pânico, levantando lentamente, ficando de pé com dificuldade, procurando algo ou alguém, sem conseguir ver nada.

   - Para que a pressa em nos conhecer? – mais risadinhas, e agora algo escamoso começava a se enrolar em suas pernas com força descomunal. Uma cobra. – Se for um bom menino, não vamos te fazer mal...

   - O que querem comigo? – caiu sentado no chão, tendo as pernas e os braços imobilizados pela cobra, sentindo a ponta de sua cauda deslizando por seu rosto, como que gravando os contornos.

   - Estamos recrutando um exército... Quer se juntar a nós?

   - Mas não sou guerreiro... Só tenho treze anos – ficou confuso, ainda assustado com a situação. Minutos antes havia estado correndo de seu primo louco, tropeçara e... E agora acordara ali, num lugar mais escuro do que qualquer outro que estivera em toda a sua vida, conversando com... Coisas que nem sabia o que eram.

   - Não achamos uma boa ideia você declinar... – outra vez as risadinhas conjuntas. – Nosso mestre quer muito novos recrutas, mas o que queremos mesmo é devorar almas...

   - Devorar almas?! Vocês são algum tipo de demônio?

   - Não, tolinho... Mas uma vez já tivemos uma alma pura como a sua. Agora somos seres corrompidos, sujos e ansiosos por uma alminha de criança... – as risadas ficaram mais insanas e histéricas e a cauda da cobra, que passeava por seu rosto, de repente adentrou sua boca, servindo de mordaça, tentando sufocá-lo.

   O garoto tentou se debater e gritar, mas se engasgou com a cauda da cobra, e continuava fortemente imobilizado, então tudo o que conseguiu foi se sufocar e ficar com ânsia de vômito.

   - Realmente... Nosso mestre não errou quando disse que você parece ter uma alma deliciosa... – algumas risadinhas de repente soaram próximas demais, e ele sentiu coisas macias e felpudas escalando seu corpo, acariciando seu pescoço, roçando coisas afiadas em sua pele.

   - Hmm...! – tentou gritar de raiva, receoso de demonstrar seu pavor, porém ainda completamente imobilizado e com a cauda na boca, só saiu um gemido raivoso.

   - Sarah! Renan! Corine! Lavínia! Jèrry! Saiam de cima dele! – uma voz grave e rouca ecoou como trovão pela sala, meio demoníaca. De repente, dois pontinhos vermelhos brilharam na escuridão, aumentando de tamanho a medida que passos ecoavam no escuro, em sua direção.

   Chiados foram ouvidos, e as coisas felpudas deixaram seu corpo, caminhando em direção aos passos.

   - Sim, mestre! O que deseja? – cinco vozes perguntaram em uníssono, seguidas de risadinhas que ecoaram no escuro absoluto.

   - Me deixem falar com o menino – sua voz havia ficado mais humana, parecendo mais suave e gentil. Quem seria o mestre das criaturas risonhas?

   - Com todo o prazer... – e as risadinhas se afastaram do menino, retornando às outras, que chiavam ou davam algumas risadinhas baixas, observando seu mestre ir de encontro ao menino.

   Os dois pontos luminosos vermelhos desceram, até ficarem no mesmo nível que os olhos do prisioneiro, e foi então que ele concluiu que não eram luzes; eram os olhos do mestre.

   - Seu nome é Hazel, não é mesmo, garoto? – o hálito quente do homem bateu nos lábios do menino, e pareceu-lhe que este prendia a respiração enquanto falava, pois não o sentiu respirar. Por qual motivo?

   A cobra tirou a cauda de sua boca para que pudesse responder.

   - Sim, me chamo Hazel... – tossiu, ofegando para recuperar o ar, normalizando a respiração aos poucos. – Mas como sabe meu nome?

   O homem soltou uma pequena risada, que parecia vagamente com as risadinhas de seus subordinados, e ajeitou uma mecha dos cabelos de Hazel atrás de sua orelha. Tinha garras afiadas, que arranharam de leve perto de sua orelha.

   - Hazel, Hazel, Hazel... Sou o dono desta passagem, e da dimensão à qual ela leva. Estou recrutando novos guerreiros. Se não soubesse seu nome e sua vida, como poderia saber que você vai servir direitinho ao meu propósito?

   O menino não gostou do contato, muito menos das palavras do outro, e tentou se encolher, mas a cobra não deixava, e ele foi obrigado a continuar fitando aqueles olhos rubros que brilhavam.

   - Não sou um guerreiro – declarou, entredentes, tentando assim mascarar o medo que estava sentindo. Sem enxergar nada, era difícil manter a calma.

   - Ah, eu sei, meu menino, eu sei... – sua risada era debochada, e ele cheirou os cabelos de Hazel, passando as mãos em seu pescoço, como se procurasse algo. – Por isso preciso que aceite. Vou te mandar para a dimensão certa, e será treinado pelo meu braço direito, Auriol... E, como minhas crianças já devem ter mencionado, não seria uma boa declinar...

   - Mas... Como me tornará um guerreiro? Para quê? – estava confuso, e sentia calafrios toda vez que as garras afiadas do outro passeavam em um ponto próximo de sua orelha. Dava vontade de se remexer de agonia, mas continuava preso.

   - Isso você só descobrirá aceitando... – riu de forma meio psicótica agora, arranhando de leve bem no lugar onde Hazel sentia calafrios.

   - O-ok! Eu aceito! Mas para de mexer no meu pescoço! – falou sem pensar, quase ofegando de agonia.

   - Certo... – beijou sua testa. – E agora vou fazer algo doloroso, porém necessário... Mas não se preocupe. Você não lembrará de nada.

   Hazel só teve tempo de engolir em seco e tomar fôlego, pois logo em seguida sentiu duas fileiras de coisas afiadíssimas perfurando-lhe a pele do pescoço, cravando-se fundo, praticamente atingindo-lhe a alma, e uma dor que nunca havia sentido na vida espalhar-se por seu corpo todo, tomando-o.

   Usou todo o ar que tinha para dar um berro de agonia, e perdeu a consciência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Well... Que acharam? Reviews? q
Beijos :*
Suh