Last Week escrita por Hideyuki


Capítulo 1
Único; The pain is in me


Notas iniciais do capítulo

Usei uma música do Miyavi, mas só porque escrevi a one ouvindo-a, sem querer.
Se quiserem, acho que fica legal: Miyavi - Tsurezure naru hibi naredo ( http://www.4shared.com/audio/IJPC5clK/10_Tsuredzure_naru_hibi_naredo.html? )
Só tive que pular um trecho, o penúltimo, senão ficaria muito grande e sei lá...
Enjoy ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/151264/chapter/1

Last Week-Way

The pain is in me

Nunca saberíamos quanto tempo teríamos, era sempre uma incerteza sem fim. Nunca sabíamos quando ele ia acordar, e se acordaria. Vivíamos sempre nas suposições. E se... E se... E se... Não podíamos contar com a sorte, não podíamos perder tempo. Não podíamos nada.

                   – Gee... – ouvi sua voz rouca novamente.

                   – Não se esforce, pequeno – sussurrei pegando sua mão fria contra as minhas.

                   A aparência débil e tão fraca, a palidez anormal, a falta daquele brilho em seu olhar, a força em suas palavras e gestos... Tudo nele faltava.

                   – Queria lhe pedir algo.

                   Cheguei mais perto para que ele não precisasse falar tão alto.

                   – Prometa que não vai deixar isso lhe atrapalhar.

                   – Não posso prometer – senti o típico nó na garganta. Há tempos não chorava de verdade, como vinha acontecendo. Mas tomava cuidado para que ele não me visse neste estado. A última coisa que precisava era me ver assim, sabia que ele sofreria e isso não podia acontecer.

                   Mais do que ele já vem sofrendo...

                   – Por favor, meu último pedido...

Nande ikiteru no ka? nande shindeku no ka?

Porque você está vivo? Porque nós iremos morrer?

Nante kusa ya hana doubutsu mo mina, wakaranai mama

Como grama, flores, animais e todas as coisas, ainda assim eu não compreendo

Sore demo seiippai tada tada hisshi ni ikiteru

Ainda estamos energicamente vivendo desesperados

Queria mais do que tudo dizer que ele ficaria bem e que sairia desta, que em pouco tempo estaríamos voltando para casa, estando completamente recuperado. Era meu maior e único desejo que ele melhorasse.

                   Mas sabia que era irreversível.

                   Sabia que não havia mais o que esperar. Não sabia até quando ele suportaria essa dor, o sofrimento e tudo mais. Era egoísta mantê-lo assim, e por quanto tempo mais? Quanto tempo mais um ser humano consegue sobreviver naquelas condições? No meio de tanta dor e angustia?

                   O medidor de frequência cardíaca indicava os baixos batimentos de seu fraco coração. E cada novo som me dava ainda mais desespero. Sua vida era mantida por equipamentos, só por isso. Se ele não agüentasse mais, bastava desligá-los.

                   No começo, não conseguia acreditar que isso estava avançando, que estava saindo do nosso controle. Foi muito rápido, mais rápido que qualquer um pudesse imaginar.

                   Simplesmente não havia mais controle. Os tratamentos convencionais não ajudavam de forma alguma. Por um tempo, pareceu diminuir um pouco a intensidade da doença, mas foi só superficial. A quimioterapia não ajudava, nada que tentavam fazia efeito. Era desesperador, nada o ajudava, ele só sentia mais dor.

                   No entanto, a única coisa que pareceu surtir efeito foi interná-lo e ligá-lo a aparelhos para prolongar um pouco mais o tempo que lhe restava.

                   Mas é idiotice. Para que ele precisava de mais tempo para sobreviver daquele jeito?

                   E dói lembrar a conversa que tive com o médico que estava cuidando dele.

Kuri kaesu hibi doudou meguri no nichijou de

Repetindo todos os dias, indo e vindo

Shinu tame dake ni ikiten jyanai

Não estamos vivendo apenas a fim de morrer

Mata ikiru tame ni shindekun da

Ainda não estamos morrendo, a fim de viver

Mina soko ni imi wo sagashi na kara

Todo mundo, eu ainda procuro o significado em tudo isso

*________________________*

Flashback on

– Ele não vai suportar muito mais, é só o que podemos fazer, infelizmente – disse de forma pesarosa.

                   – Ainda sim é doloroso – suspirei.

                   – Quando chegar a hora, quando ele não suportar mais isso, teremos que desligar tudo, você sabe.

                   – Sei. Mas quanto tempo ainda vai durar?

                   – Não sei dizer, infelizmente.

                   – E é certo fazer isso? Prolongar tanto sua dor e seu desespero?

                   – É um desejo dele.

                   – E o que ganhamos com isso? O que eu ganho com isso? É horrível vê-lo daquela forma. Não posso mais suportar, sei que sua hora está chegando e tudo mais, mas não consigo mais suportar. Não há mais medicamento que faça efeito, estou simplesmente destruído por dentro.

                   – Olhe, sei que a ocasião é complicada e delicada, mas não há outra alternativa. Você sabe que tentamos tudo, e foi você mesmo quem quis repetir todos os tratamentos possíveis e mesmo assim não surtiu efeito.

                   – Sei o que fiz e o que deixei de fazer.

                   – Não sei o que não fez, Gerard. Mas só o que nos resta é o pouco tempo que ele suporta assim.

                   – Okay... – suspirei.

                   Não havia mais remédio que fizesse efeito. Antidepressivos, calmantes e essas coisas não pareciam mais tão eficazes quanto um dia foram. Não havia nada que me alegrasse, porém, tentava não demonstrar isso na frente do pequeno.

                   Era um dia de cada vez, suportando tudo e agradecendo os minutos que passavam e ele estava são.

                   – Mas você tem que estar ciente do que vai acontecer quando não der mais para mantê-lo – ele quebrou o silêncio novamente.

                   – Já sei muito bem o que terá de ser feito.

                   – É complicado um assunto desses, não me agrada perder uma vida desta forma, mas o que se há de fazer?

                   – Desculpe, mas seria melhor me deixar sozinho.

                   E assim foi.

                   Poderia ser naquela noite, ou no dia seguinte. Sabia que isso um dia aconteceria, que haveria o momento em que ele não suportaria mais continuar e teriam que simplesmente desligar tudo que o deixava vivo. Só não conseguia entender porque fazê-lo sofrer ainda mais. Havia algum motivo que desconheço? Havia algo que quisessem testar nele e que não estou sabendo? Se fosse eu, já teria pedido para que isso terminasse.

                   E novamente as lágrimas.

Kurushii dake ga jinsei jyanai kedo

Embora a vida não seja apenas dolorosa

Tanoshii dake no jinsei mo nai

Também não é somente agradável

Yama areba tani mo aru

Se existem montanhas, também há vales

Umi mo sora mo boku mo koko ni irusa

O oceano, o céu, e eu também estou aqui

Nige dashitai yoru mo aru darou kedo

Embora eu pense, às vezes a noite eu também quero fugir

Akenai yoru ha nai

Não há noites sem a madrugada

Dakara bokura ha asu ni yume mite

Por isso estou sonhando com o amanhã

Aruiteku aruiteku

Eu continuo andando, eu continuo andando

Keshiki to issho ni ano natsu no omoide mo iro aseteku

Juntamente com a paisagem, as memórias daquele verão estão desaparecendo

kie nai de kie nai de to negaitte mite mo

Não desapareça, não suma, eu ainda estou tentando pedir

omoide ha awa no you ni hajiketeku

As memórias arrebentam como bolhas

*________________________*

Flashback off

Suspirei pesadamente.

                   Seus olhos estavam fechados, a única coisa que me dava à certeza de que continuava vivo era o medidor cardíaco. Tirando isso, parecia estar em paz e a dor ter acabado.

                   Mas havia algo errado ali. Não parecia tão vivido quanto antes estivera. O coração parecia falhar algumas batidas, o que me desesperava.

                   – Não podemos mais deixá-lo assim – sussurraram ao meu lado.

                   Assenti, mas não me movi.

                   – Precisa de um minuto?

                   – Por favor – sussurrei praticamente sem voz alguma.

                   Então nos deixaram sozinhos. Não queria acordá-lo, deveria ser mais fácil se fosse com ele dormindo.

                   – É isso, meu amor... O nosso tempo acabou... Você foi tão forte e valente... Não sei o que teria sido de mim sem você ao meu lado todos os minutos.  O que teria sido da minha vida sem você? Cada momento que passamos juntos, cada palavra, cada carinho... Jamais poderei esquecê-los, meu amor, não me permitirei esquecer a mísera palavra. Quero que saiba que sempre me lembrarei de você, exatamente como era: meu pequeno brincalhão, tão forte e corajoso, sempre pronto para ajudar quem precisasse e sempre disposto a secar minhas lágrimas.

                   Não pude mais aguentar, comecei a chorar enquanto me despedia. Estava sentado ao lado de sua cama, segurando sua mão e afagando o rosto frio e lívido.

                   – Eu te amo, sempre amei e para sempre amarei.

                   Não sai de perto dele, no entanto. Acompanhei cada movimento dos enfermeiros e dos médicos. O quarto tinha um clima pesado e funesto, mas tudo isso piorou quando ouvi o medidor cardíaco não registrar mais nenhum batimento. Sua vida se fora, ele se fora. Porém fora melhor assim.

                   Não que me orgulhe de não ter conseguido salvá-lo, de ter que matá-lo ao final de uma luta constante entre a vida e a morte. Contudo, é bem melhor que ele não sofra mais, que não precise sentir mais dor e nem ver ninguém sofrendo ao seu redor. Ele jamais gostou que sentissem pena de si.

                   – Está feito – senti uma mão em meu ombro.

                   Assenti minimamente.

                   – Quando precisar, estaremos aqui.

moshi itsuka kono uta ga todoi tanara

E quando essa canção alcançar você

ano koro mitaku issho ni waraeru kana

Neste momento eu tentarei rir com você

ano koro to kawarazu ni fuzake atari

No momento em que isto não mudar

kudaranai joudan to ka mo ii aeru kana

Talvez você possa me contar uma piada?

                   Depois de um tempo, o quarto ficou vazio. Mas não quis sair de perto dele. Era tudo o que eu mais precisava. Minha vida dependia da de Frank. Pode parecer idiotice de casal apaixonado, mas era assim. Não vou negar que tenho problemas psicológicos e que vivo na base de remédios. Porém, quando conheci Frank, ele se tornou o remédio mais forte que pudessem me receitar. Ele era o motivo da minha alegria e dos meus sorrisos. Desde que o conheci, há oito anos, não precisava mais de drogas fortes para manter-me são e racional. E há oito longos e belos anos fui verdadeiramente feliz.

                   Infelizmente, quando descobrirmos o câncer, já era tarde demais, por isso não conseguíamos efeito nos tratamentos. Mas o grau da doença também não ajudou muito. Destruiu-o em tão pouco tempo que mal era possível de acreditar.

                   É assim a vida... Só não saberia como continuar.

                   A única certeza que me restara era que não queria mais continuar vivendo em um mundo onde tudo me lembrava o pequeno. Era doloroso demais.

                   Olhei para o lado distraidamente, a visão drasticamente alterada pelo sono e pelas lágrimas pesadas e densas. Havia uma caixa de medicamentos ali. Altamente controlados, por sinal.

                   Sempre ouvi falar que existe um remédio que pode lhe matar sem que se sinta dor.

                   E ali estava ele, bem visível no meio de tantos outros que eu bem conhecia pelos nomes, componentes e efeitos.

                   É o que se ganha por ser perturbado.

                   Ainda haviam dois comprimidos restantes.

                   Para que continuar vivendo se sei que não vou mais encontrar a felicidade?!

                   Sem o mínimo instante de torpor, engoli-o a seco. Aos poucos, o cansaço foi sendo maior. Uma dor de cabeça infernal, além de meu corpo não responder mais aos meus comandos. A falta de ar foi maior que tudo, aliás.

                   Repousei ao lado do corpo sem vida de meu amado e entreguei-me para o mesmo destino que ele tivera anteriormente.

                   Paz finalmente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, o que custa mandar um review? Mesmo se for para dizer que eu tenho sérios problemas de personalidade.
Kissus. Way :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Last Week" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.