- Estou cansada – falei dando um suspiro em seguida.

Rapidamente, uma mesa com duas cadeiras apareceu.

- É melhor se sentar então... – ele falou com o maldito sorriso irônico – vai ser uma longa conversa...

- Cretino... – murmurei enquanto me sentava na cadeira – fale logo.

E como as mesas, duas xícaras de café apareceram.

- Beba... – falou – irá te manter acordada...

- O que colocou na bebida? – perguntei desconfiada e ele reprimiu uma risada – Não estou brincando, Nott! Você colocou algum sonífero?

- Sonífero? – perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

- É! Pra me dopar e fazer.... – me calei rapidamente e ele riu.

- Por que eu faria isso? – perguntou e se debruçou sobre a mesa aproximando seu rosto do meu – se eu posso te seduzir enquanto esta acordada?

E como se houvesse uma força magnética, fui atraída para mais perto dele.Olhei dentro daqueles olhos que agora não estavam mais negros.Estavam azuis, azuis claríssimos como o mar.

Aproximei mais o meu rosto do dele, atraída por aquele azul profundo mas minha mão esbarrou na xícara a nossa frente.Ela tombou na mesa, fazendo com que o café manchasse a camisa de Theodore.

- Merda! – ele murmurou se afastando de mim e olhando o estado da sua camisa.

- Me desculpe... – falei e peguei um pano úmido que acabara de aparecer e andei até o seu lado.

Me agachei perto dele e com cuidado tirei o excesso da bebida.

- Não adianta... – ele falou afastando o pano úmido – já manchou.

E em um movimento ágil e rápido ele tirou a camisa.Aquele simples ato bastou para que eu quase tivesse um mini-ataque cardíaco e o ar faltasse em meus pulmões.

Seu corpo era magro, porém forte e musculoso.Seus braços que eram escondidos pela camisa eram grandes e fortes.

Seu ombro também era largo e seu abdômen era bem definido.

- Perdeu alguma coisa? – fui tirada dos devaneios pela pergunta em tom de deboche.

Pisquei varias vezes tentando ao máximo evitar olhar para o seu corpo.

- O que? – perguntei como uma demente.

- Às vezes parece que você perdeu muita coisa em mim – falou.

- O que? – perguntei novamente.

- Sabe....toda vez que olho para você, você esta me encarando... – ele disse e em seguida deu de ombros, voltando a se sentar na cadeira – Continuando de onde estávamos...

Andei vagarosamente de volta para o meu lugar e tentei me concentrar apenas em seu rosto.

- Agora...me responda uma coisa – ele falou voltando a ficar extremamente sério – Por que esta fazendo isso?

- Fazendo o que? – perguntei.

- Me ajudando! – ele exclamou – Perdendo noites de sono para me trazer a maldita poção!

- Estou fazendo isso por que...Madame Pomfrey me pediu – falei.

- Não...você não esta fazendo por isso... – ele cerrou os olhos – Me responda, Elizabeth! Por que esta fazendo isso?!

- Esta me trancando aqui apenas para ter essa resposta? – perguntei e ele permaneceu em silêncio – Certo....admito! Estou fazendo isso por que tenho pena de você!! Satisfeito?

No primeiro momento em que eu disse aquilo, me senti bem, senti como se eu estivesse dando um tapa na cara daquele mesquinho e estúpido do Theodore Nott.Mas em seguida, me arrependi quando vi sua face se tornar triste.

- Bom...se é por esse motivo... – ele falou se levantando – não quero que me traga mais a poção!

- O que? – perguntei incrédula.

- Não quero que sintam pena de mim! – ele gritou de repente – Não suporto quando as pessoas me olham com pena! Me dizem que sentem muito pela morte de minha mãe, apenas por.....pena!

- Theodore... – eu tentei mas ele me interrompeu, andando em minha direção, enquanto eu recuava alguns passos.

- Se você for continuar a fazer isso por pena....então...eu não quero isso! – ele exclamou.

- Eu quero te ajudar! – foi a minha vez de gritar – eu quero saber o que esta havendo com você!

- Ninguém pode me ajudar! – de repente seus olhos brilharam e pensei por um momento que fossem lágrimas – NINGUÉM!

Segurei seus braços.

- Por que? – perguntei – Me diga! Por que ninguém pode lhe ajudar?

- Por que....- ele olhou para o chão com os punhos cerrados – não é uma missão do qual qualquer um pode ajudar...

- Me diga qual é ela, então! – eu exclamei e ele voltou a me encarar.

- Não posso... – sussurrou, simplesmente.Seu rosto bonito estava contorcido por uma expressão de sofrimento, dor, angustia...desespero...

Não gostava de vê-lo daquela maneira.Por algum motivo, não suportava ver aquela expressão em seu rosto, não queria que ele sofresse...

A pouco tempo eu já me sentia conectada a ele, como se eu sentisse tudo o que ele sentia.Me sentia...íntima dele...

- Eu quero ajudá-lo, Theodore... – sussurrei.

- Você não pode fazer nada... – ele sussurrou de volta – Agora...você pode ir...

Ouvi a porta mais ao longe ser destrancada, porém, não me movi.Continuei a sua frente.

- Vá... – ele comandou e eu balancei a cabeça negativamente.

- Não até você me dizer qual é a sua missão – falei.

- Não irei dizer... – ele disse.

- Bem...teremos que ficar aqui então...- falei dando de ombros e ele me encarou.

- Não estou brincando, Elizabeth... – ele falou segurando meu braço.

- Nem eu... – falei e ele continuou a a segurar meu braço, usando mais força – me solte, Theodore...

Novamente, senti sendo empurrada contra a parede.Ele apoiou suas mãos na parede, em cada lado do meu corpo e pela primeira vez eu o vi de forma ameaçadora mesmo que soubesse que ele não faria nada de mal a mim.

- Não se meta nisso... – falou entre dentes mudando rapidamente o seu tom de voz – fique longe disso...

Sentia o calor reconfortante emanar do seu corpo, um calor sufocante mas ao mesmo tempo me trazia paz.

Seu rosto se aproximou do meu, e quando pensei que ele me beijaria, ele tocou seus lábios frios no meu pescoço.

Um choque elétrico veio seguido de outro arrepio.

Odiava aquelas mesmas reações que Theodore Nott causava em mim.Como por exemplo, os arrepios, ninguém nunca causou arrepios como aqueles.

Ou a falta de ar, como se alguém tivesse tomado todo o ar dos meus pulmões.Apenas Theodore Nott conseguia fazer aquilo...

Ele levantou seu rosto e olhou para a minha boca.Estava perto, tão perto que mais uma vez nossas respirações se misturavam.

Suas mãos já estavam sob minha camisa, acariciando minhas costas com os dedos frios, me causando mais uma crise de arrepios.

- Sonhe comigo... – sussurrou, antes de se afastar repentinamente, enquanto com agilidade vestia a camisa manchada e colocava por cima a capa da Sonserina.

E quando tentei falar algo, ele já havia ido.Me apoiei na parede com a respiração acelerada.

Odiava também quando ele me causava aquelas reações e do nada se afastava de mim.

É...eu odiava muitas coisas em Theodore Nott....mas ao mesmo tempo...eu gostava....