Lágrimas e Lágrimas. escrita por Pudding


Capítulo 9
O guardião




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- Ora ora, o meu casal está junto – exclamou uma voz intensa e grave.

- Phantom se afastou rapidamente e seus olhos, em uma fração de segundo, que antes estavam perfeitamente verdes, se transformaram num vermelho de causar medo.

Me virei mas não vi nada. De repente vi um vulto escuro e Phantom me abraçou e disse:

- Você não vai conseguir vê-lo nitidamente, ele é como um fantasma. É o nosso guardião.

Continuei a procurá-lo até que ele parou em minha frente. Era como uma fumaça, via mal definido uma forma meio humana, era a criatura mais estranha que vi em minha vida. Ops, eu não tenho mais vida, sou uma morta, até me esqueci.

- Olá, você deve ser meu guardião – disse olhando pra ele.

- Oh, sou sim. O Phantom te explicou direitinho tudo né? – disse ele olhando e sorrindo com uma cara irônica e cheia de intenções, que não pareciam muito boas.

- Ele me explicou um pouco sobre o que é ser o que nós nos tornamos.

- Acho que posso ir embora – o guardião disse virando se e desapareceu num vulto de fumaça.

- Guardião? – exclamei chamando por ele.

- Sim – ele respondeu gravemente.

- Tenho algumas duvidas. Posso lhe perguntar?

- Hum... sim.

- Quais são as regras para se livrar da maldição?

- Não existem regras certas. Você tem que descobrir seu próprio jeito. No seu caso, você tem de amar quem estiver com o par que completa sua pedra. Mas se o amor não for verdadeiro, nunca irá se livrar da maldição.

- Mas, depois que se livrarmos, ainda precisamos continuar nos amando?

- Não necessariamente, mas é meio difícil amar uma pessoa apenas para se livrar de algo, isso não seria amor. A única coisa que lhes restou foram os sentimentos, eu estou tentando testar vocês.

- Espere... você acabou com nossas vidas pois queria testar???

- Sim! – disse ele soltando uma risada medonha.

- Acho que já respondi a muitas perguntas. Só lembre de uma coisa, é algo que escrevi na carta. “Ame, ame muito. Ele sente o mesmo.”

- Mas amar a quem?

- Isso é por sua conta princesa.

- Mas eu não faço idéia por onde começar. Eu preciso de ajuda.

Ele riu ironicamente e se aproximou ao meu rosto. A fumaça de seu semblante invadia minhas narinas e seu cheiro era estranho. Não conseguia ver seu rosto, era muito mal definido. Parecia uma caveira, onde seus olhos eram dois pequenos pontos quase invisíveis. Sorriu e disse, com um tom irônico e uma voz maldosa:

- É tão simples... você tem de amar o Phantom, só isso.

- Mas eu não o amo –disse sem nem pensar se isso traria alguma conseqüência.

- NÃO!- gritou Phantom derrubando todas as coisas que estavam em cima da mesinha do computador. Lápis, porta- retratos e papéis, tudo foi se ao chão e os vidros se estilhaçaram, cortando as mãos de Phantom.

Ele começou a chorar, e aquele choro parecia traduzir raiva e sofrimento. Raiva do guardião, por ele ter feito aquele “joguinho” com nossas vidas, e sofrimento por não ter mais o meu amor. Pelo menos foi o que eu consegui pensar naquele momento.

- ELA NÃO ME AMA! VOCÊ NÃO ENTENDE SEU IDIOTA? – ele gritou ao guardião.

- Não mexa comigo, seu pirralho insolente. Phantom começou a gritar, agora ele se retorcia e chorava, assim como Matt fazia quando eu o tocava.

- O que você está fazendo?!? – exclamei olhando na direção do guardião.

- Ele vai sentir um pouquinho de dor – ele disse sorrindo ironicamente.

- Pare! – disse empurrando. Mas minhas mãos atravessaram aquela fumaça cinzenta e ele não se moveu.

- Pare, por favor. – disse tentando me acalmar. De repente Phantom gritou arduamente e parou. Caiu em seu choro ensurdecedor e o guardião apenas disse:

- É muito fácil querida, apenas ame o Phantom. Você pode matar o Matt se quiser. Assim o caminho será mais fácil. E você vai fazer isso, pois se não fizer, eu mesmo o farei.

- Não encoste em Matt, seu monstro.

Ele sorriu disse:

- Tudo bem, não tocarei nele. Só que daqui para frente, as coisas ficarão mais difíceis. Foi você que escolheu. Agora o caminho será mais longo.

E ele desapareceu num vulto esfumaçado.

- Eu disse, ele não conversa muito, e também vai demorar a voltar – disse Phantom sentando em minha cama, enxugando as lágrimas e arrumando o cabelo. Me sentei ao seu lado e levei aos mãos à cabeça. Minha vida estava muito turbulenta, muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. O Phantom, sofrendo muito com tudo isso, o Matt em perigo, e esse guardião maldoso... eu não consigo nem se quer pensar. Phantom ainda chorava um pouco apenas o abracei e ele retribuiu o abraço intensamente, como uma criança desamparada, com medo. Lembrei de Matt, então peguei o celular e liguei para ele. Ele merece uma explicação, se é que vou conseguir me explicar.

- Alô? – uma voz de mulher atendeu o celular dele.

Fiquei um pouco em silêncio, mas aquela voz não me era estranha.


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