Lágrimas e Lágrimas. escrita por Pudding


Capítulo 20
Maldito guardião, maldito guardião (...)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150967/chapter/20

- O quê? – disse Matt.

- Você não o vê, não é?

- Vejo... Mas seu tom parece calmo demais para estar falando com ele.

- Já me acostumei com esse inútil.

- Olhe bem como fala de mim, seu insolente – disse o guardião, soltando uma risada maldosa depois de algum tempo.

Ele se aproximou dos dois, e recostou uma mão no ombro de Phantom, e a outra no ombro de Matt, que rapidamente se encolheu.

- Isso dói, seu idiota! – exclamou Matt indignado com o comportamento imbecil do guardião.

- Oh princesa, me desculpe – ele disse e gargalhou maldosamente.

- O que quer dessa vez mestre? – disse Phantom retirando a mão nojenta do guardião de seu ombro e levantando-se.

- Só vim dar uma olhada nas coisas. Mas vejo que nada mudou, não é mesmo? Vocês são tão idiotas, um bando de cegos inúteis. Eu devia matar todos vocês, isso é entediante.

- Se não está satisfeito com seu joguinho, livre-nos – Matt disse levantando-se e suspirando de cansaço. Olhou para Phantom, e depois para o guardião, que gargalhou. Afinal, se não estava divertido, por que ele não ia procurar outras vítimas e nos deixava em paz? O que ele pensa? A questão é que isso está ficando cada vez pior.

- Como podemos nos livrar de algo que nem sabemos por onde começar? – Matt disse objetivo. “Eu preciso arrancar alguma informação hoje. Farei isso pelo bem da Anne, eu a amo e quero acabar com isso logo” pensou ele.

- Isso é problema de vocês – o guardião disse e pegou uma torrada na bandeja de Matt.

- Escute. Nós não sabemos o que fazer, não poderia ao menos nos ajudar, nós estamos dispôs-

- Isso é bom! Tem mais na cozinha? – a criatura disse interrompendo-o.

- Tem – Matt bufou. – Pegue mais lá.

Era um bicho estranho. Alto, e tinha um fedor horrível. Não era possível descrevê-lo, apenas quem era amaldiçoado podia ver as criaturas, e ninguém nunca ousou oferecer relatos deles à polícia, não havia lendas e nenhum dado que conferia com o que eles presenciavam. Era algo completamente novo, e assustador, na opinião de Matt. Ele comia loucamente as torradas, engolindo uma porção delas numa bocada, sem nem ao menos mastigar. Era medonho.

- P-posso continuar? – gaguejou Matt.

- Isso é realmente bom – o guardião disse, ignorando-o. Phantom apenas assistia e ria discretamente para si mesmo.

- Acho que posso ir embora não é amigos? – ele disse quando as torradas chegaram ao fim.

- Você não vai ir embora enquanto não me responder, inútil.

- Oh princesa, pergunte-me.

“Ele é nojento” pensou Matt. Mas não importava, Matt já sabia a estratégia que iria usar.

- Nós não sabemos por onde começar, sendo assim não vamos chegar a lugar algum. Você nos deu algumas cartas, com avisos idiotas dos quais todos nós já havíamos deduzido. Você realmente não quer cooperar, quer que adivinhemos tudo. Desculpe, somos breves mortais. Ou pelo menos nossa mente é de breves mortais. Estamos andando em círculos, e isso é tedioso. Eu acho que precisa de um pouco de emoção, não acha guardião? – ele tirou uma torrada do bolso – quer isto?

- Torrada!!

- O que devemos fazer guardião?

- Me dê essa torrada logo idiota.

Matt jogou a torrada e o guardião apanhou-a numa bocada rápida.

- Diga algo.

Ele bufou, e o fedor se espalhou mais ainda. Ele fez uma breve pausa, pensativo. E depois, sussurrou:

- É só o meu casal se amar, só isso.

- Anne e Phantom? Isso está fora do possível, mestre – disse Phantom, desanimado.

- Nossa, até você foi tomado pelo tédio – o guardião sussurrou enquanto olhava desapontado para o pacote vazio de torradas.

- Acho que isso é uma perda de tempo – bufou Matt.

- Já que por esse caminho parece impossível, vamos mudar. Emoção?

- Qualquer coisa – disse Matt fingindo estar desinteressado.

Eles se sentaram, enquanto a criatura pôs-se a andar de um lado para o outro. Quando concluiu seus pensamentos, começou a falar.

- As cartas não são inúteis. Vocês realmente são uns imbecis – ele riu.

-Continue mestre – Phantom disse, interessado pela primeira vez.

- Elas contêm mensagens subliminares, se vocês não perceberam. São ilegíveis, se vocês não tiverem os códigos. Vocês precisam de alguns números, para poder depois, decifrar a mensagem subliminar. E a única maneira de conseguir esses números é...

- Matando – disse Phantom concluindo as palavras do guardião.

- Você já sabia, Phantom? E não nos contou nada?

- Tinha ordens expressas do guardião para manter segredo. Ele mesmo queria contar a você, porque você entrou na maldição... a partir do momento em que decidiu ficar junto à Anne.

- Matar? – disse Matt quase inaudível.

- Sim! – disse o guardião entusiasmado com a idéia de morte. Afinal, essa era a maior função dele e das suas vítimas: a morte.

- T-tudo bem – Matt acrescentou – o que preciso fazer?

- Torne-se um de nós, e depois de cumprida a missão que eu lhes der, todos vocês estarão livres. A não ser que queiram ficar assim para sempre...

- Nunca – Matt disse firme.

- Não é tão ruim assim – Phantom disse e soltou uma leve risada, que pairou pelo ar fedorento que invadia a sala.

- Vamos logo com isso, então.

O guardião tirou uma pedra azul-claro do bolso, poliu-a com a ponta da manta negra que ele vestia, e entregou-a para Matt. Ele recuou a princípio, mas depois fechou os olhos e se aproximou.

- Não! Matt, não!

Ele virou rapidamente e avistou Anne, na porta da sala. Ele correu e abraçou-a, não sentiu dores, pois ela estava neutra. Ela percebeu o que ele ia fazer, e não queria aquilo.

- Matt, o que pensou que ia fazer? Ia acabar com a sua vida também?

- Ora ora, vamos andar logo com isso. Vai deixar essa pirralha impedir o seu futuro? - a criatura disse num tom irritado.

- Olha como você fala dela, desgraçado.

Matt sentiu um arrepio pelo corpo, e uma leve dor na cabeça.

- O que está fazendo, pare!

Matt sentia a cabeça latejar, e as dores iam tomando-o aos poucos. Ele soltava um grito abafado, tentando não parecer fraco diante daquele idiota.

- Pare com isso mestre, deixe de ser idiota! - Phantom gritou.

Matt caiu no chão e pareceu desmaiar, a pele estava gelada e a pulsação acelerada.

- Pare com isso guardião, por favor! - pediu Phantom.

- Tudo bem - ele sorriu e caminhou na direção de Matt.

- Não!!! Você não vai fazer isso! Eu não permitirei!!!

Anne pulou na direção do guardião, atravessando-o. Era uma fumaça, era impossível tocá-lo. Pelo menos naquelas circunstâncias, era impossível.

Anne voltou e entrou na frente de Matt, para que o guardião não pudesse tocá-lo. Mas sabia que no fundo, era uma inutilidade.

- Saia, ou morrerá.

- Pare de ser infantil, mestre, não faça qualq-

- Cale a boca Phantom, eu sou seu mestre e eu faço o que eu bem entender!

Ele estava gritando, estava totalmente descontrolado. Phantom correu na direção de Anne, mas não deu tempo. Ele arremessou Anne na cozinha, com uma bofetada que explodiu nos ouvidos. O sangue se espalhou pelo chão da cozinha, e depois ele atingiu Phantom, que conseguiu segurar um pouco a batida, mas mesmo assim foi jogado a alguns metros dali.

- Matt... não, não...– sussurrou Anne ainda tentando se levantar, mas estava fraca demais para se mover.

"Maldito guardião, maldito guardião, eu te odeio!" Phantom pensou.

Então tudo perdeu o controle... não havia mais como impedir. Então, aconteceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem u.ú