Lágrimas e Lágrimas. escrita por Pudding


Capítulo 16
Perdida na chuva, encontrei o que não precisava.


Notas iniciais do capítulo

Grandes emoções, espero que goste, e por favor não chorem :P



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– Matt!

Saí correndo atrás dele para tentar impedi-lo antes que algo acontecesse. A última coisa que quero é que ele morra! Matt me disse que isso custaria uma vida, e... eu preciso impedir isso de qualquer jeito.

Chovia forte naquela noite, e eu não sabia mai direito o que eu estava fazendo ali. Eu o perdi de vista, e minha cabeça parecia girar, mas estava vazia. Olhei para meus cabelos, estavam vermelhos. Mas o que houve... eu pintei o cabelo? O que está havendo?

Eu fazia muito esforço para conseguir lembrar de algo, até que lembrei que estava ali por causa de Matt, e que precisava encontrá-lo. Junto com essa vieram às lembranças do lugar onde nós dois costumávamos e gostávamos de ir juntos. Olhei meu relógio, que por sinal estava encharcado, e não funcionava mais. Ele estava parado em 22h00, então pensei que aquela altura, já deviam ser por volta das 23h00. Minhas roupas estavam coladas ao corpo, os cabelos pingavam e a chuva escorria pelo meu rosto, mas não estava cansada. Eu não conseguia pensar direito, a cabeça estava vazia e lembrava de poucas coisas, mas fui tentando seguir em frente. Tentei subir em algum lugar alto, pra avistar algum ponto de referencia e me encontrar naquela noite escura. Me pendurei no galho de uma arvore baixinha e consegui avistar uma luz fraca e amarelada, o lugar parecia ser um bar ou algo do tipo, então fui até lá. Chegando no local, encontrei figuras estranhas, velhos fumando e bebendo alguma coisa com forte cheiro de álcool. Havia um que tocava uma sanfona velha e todos cantavam algo com as vozes embebedadas, nem eu pude entender.

Um deles se aproximou de mim, e o cheiro de álcool aumentou, acho que era o mais bêbado de todos.

– Eeei linda, o que ta fazendo aqui hein? - disse ele sorrindo malicioso com os poucos dentes podres que lhe restavam. Ele se aproximou mais e me puxou com força pelo braço, me arrastando pra dentro do bar. Automaticamente o empurrei, mas eu não sabia da situação em que estava lidando e coloquei toda minha força naquele empurrão. Ele me soltou e logo soltou um grito alto, que ecoou no bar, e pelas ruas também. Nós dois caímos no chão, eu bati contra uma parede e ele caiu em cima dos outros bêbados. Ele ainda gritava e se retorcia, e os outros perguntavam o que estava acontecendo.

– Ela... ela...

Lentamente aquele homem foi enfraquecendo, parando de tremer e de gritar e seus olhos iam se fechando. Os demais ficaram ali parados sem entender porque ele desfalecia ali, quase que sem motivos. Afinal, ele só foi empurrado por uma adolescente! Mas não por alguém comum.

– Você...

Me virei e vi que a voz vinha dos fundos do bar. Era o dono do mesmo, o único que não estava bêbado e que limpava o balcão e arrumava a bagunça.

– Você o matou?

Vi que ele estava, agora paralisado, com os olhos arregalados e segurava firme em uma garrafa de cerveja vazia, a ponto de que a quebrou alguns segundos depois. O sangue escorreu lentamente entre seus dedos e os cacos se espalharam pelo balcão. Eu não respondi, o que eu iria dizer? Confirmar a morte dele? Nada do que eu falasse iria justificar ou me ajudar em alguma coisa, então apenas perguntei:

– Por favor... onde fica a praça central? – e fui me aproximando um pouco.

– É... é seguindo essa rua, mais 3 quarteirões.

Ele me fitava com olhos amedrontados, pensei em chegar um pouco mais perto, pensei de novo e de novo... mas no fim me aproximei. Os bêbados ainda estavam lá em volta do corpo, mas nem se importavam mais. Cheguei mais perto do balcão e o homem suava frio, apertava os cacos nas mãos e assim se cortava cada vez mais, o sangue começou a escorrer pelo balcão e formou uma pequena poça.

– Pare com isso! – disse preocupada, estava cada vez pior.

Ele não disse nada e repuxou as mãos quando tentei tocá-lo.

– Por que medo?

– Não sei, você tem algo que me parece estranho – disse então soltando os cacos e escondendo as mãos atrás do balcão.

– O que foi?

Ele pegou meu pulso e ainda assim manteve uma das mãos escondida. Ele soltou rapidamente e falou um palavrão, em tom baixo e surpreso, pela dor que eu havia lhe causado. Ele pode ver a tatuagem em meu pulso e então seus olhos ficaram fixos em mim, ele pareceu estar convencido do que já estava pensando e do que pretendia fazer.

– Peguem ela, é uma criatura do mal, peguem ela!

Ele gritou, olhando na direção dos homens, mas nenhum deles se moveu, começaram a rir e bater nas mesas, chutar as garrafas e cantarolar piadas idiotas. Aquilo pareceu enfurecer o dono do bar de tal maneira que ele chorava de tanto ódio. Daquele momento comecei a sentir uma sensação estranha, e depois daquilo as coisas mudaram em questão de segundos.

Foi nessa hora que pude ver tudo se passar como se estivesse em câmera lenta. Ouvi o leve engatilhado, o suspiro do homem e os movimentos ágeis dele se tornaram lentos aos meus olhos.

– Te vejo no inferno – eram como suas ultimas palavras.

Senti três baques fortes, que explodiram no meu peito e lentamente entraram no meu corpo. Aquela sensação ruim aumentava e meus pensamentos estavam voltando.

– Matt!!! – gritei desesperadamente por algum socorro.

A visão ficou embaçada e podia sentir o liquido quente escorrendo pelo meu corpo, encharcando mais ainda minha roupa e aos poucos fui ficando tonta e não conseguia me segurar em pé. Desta vez, vi a figura novamente, agora podia ver muito menos, apenas borrões e as vozes pareciam distantes, bem distantes. A arma apontada, o sangue pingando da arma e os tintilados dos cacos de vidro, ele esmagava a arma e podia ouvir os pequenos barulhos. Levantei a mão com as forças que tinha, em sinal de apelo, mas ele interpretou como se eu fosse atacá-lo, então senti o ultimo baque. Eu podia ouvir a voz de Matt, eu podia vê-lo sorrindo e me beijando pela ultima vez. O corpo cansado, a mente ocupada pelo amor de Matt. Ali fiquei, machucada, magoada e paralisada.


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