“Querido humano!

 Sou muito bondoso com você. Estou te avisando de tudo antes. Mas você não vai poder impedir nada. Apenas estou comunicando a tragédia que vai acontecer em sua vida. Considere se amaldiçoado. Não vou te amaldiçoar, mas conhece método “atinja pessoas que ele ama” ? Então, eu sou esperto. Você vai pagar por isso, me desculpe amigo, estou me divertindo um pouquinho. Cuide dela, ela precisa de você. Só que não se esqueça de que você ainda é um humano mortal. Você pode mudar isso se quiser, mas terá de descobrir. Tem de ficar junto com eles, para desfazer a maldição. Se você quiser claro. Está tudo em suas mãos. Você não é como um deles, mas decidi que faz parte do meu mundo sim. Você é parte dela, então tive de acrescentar mais uma vitima na minha historia divertida. Existem muitos segredos e detalhes ocultos escondidos em cada canto e em cada acontecimento de suas vidas, fiquem espertos! Eu vou te ajudar, não é a toa que me chamam de guardião... mesmo não sendo do bem. Ah! A noite tudo pode mudar. É na escuridão, o lugar do meu mundo, que você pode ser como quiser, alterar o destino de algumas pessoas, e ate mesmo o seu. Mas o que exijo de você é uma só coisa, e se você não cumprir pagará um preço por isso. Você, agora que faz parte de tudo, tem de estar sempre perto dela. Se você se distanciar por muito tempo... o preço irá ser cobrado. Boa sorte e... cuidado. Muito cuidado!”

Ele dobrou o papel lentamente e me abraçou firme. De repente as dores tomaram conta de si e ele me soltou.

- Não sofra amor.

- É horrivelmente ruim Matt. Eu sofro muito. Quando estou sofrendo tenho vontade de te abraçar e receber seus consolos, mas nem isso posso fazer, mataria você.

- Então me mate.

- Jamais! Não vou te matar!

- Me mate! Faça como diz a carta.

- Como assim?

- “Ame, ame muito. Ele sente o mesmo”, eu te amo. É só você me amar. Nem que eu tenha de morrer, eu faria isso por você!

- Pare com isso, eu não vou te matar! Que ideia é essa?!? Nem pense. Não.

- Vamos conversar sobre a carta amor – ele disse percebendo que aquele assunto estava me incomodando.

- Ok – respondi.

Ele me olhou, um pouco paralisado, não consegui perceber se ele estava receoso ou com medo do que ele mesmo tinha a dizer. Sinceramente, a essa altura do jogo, se é que isso é um jogo, eu não entendo mais as coisas direito.

- Existem coisas que não estão na carta – ele disse receoso.

- Me diga.

- Eu.. eu não posso – ele respondeu em meio a algumas lagrimas.

- Por que Matt? Você não quer me falar, é isso?

- Não! Não é questão de querer falar, eu não posso falar.

- Mas por quê?

Ele fez uma pausa e agora sim, as lagrimas evidentemente rolavam pelo seu rosto. Ele mordia os lábios, como se tivesse algo que queria, mas não podia falar. Enfim, ele disse.

- Eu não posso falar antes que aconteça. Você quer que aconteça?

- Como eu vou lhe responder se quero ou não, se não sei do que esta falando? – respondi confusa. Ou melhor, muito confusa.

- Se eu lhe falar qualquer coisa, já vai acontecer.

- Isso fará mal a você? – perguntei segurando sua mão.

Ele rapidamente segurou firme na minha mão, e vi que a dor estava o tomando. Eu o soltei, para que aquilo não continuasse o torturando.

- Não, isso não fará mal a mim. Mas...

- Eu não concordaria – disse completando o que ele queria dizer. Ele apenas assentiu e suspirou fundo.

- Tudo bem.

- Ãn? – ele repentinamente soltou um ar de surpreso.

- Faça o que tem de fazer.

- Mas...

- Faça logo! Eu não suporto mais!

Então eu comecei a chorar. Eu não suporto mais não entender tudo isso, ele não pode me falar se não... afinal o que pode acontecer? Eu quero entender, nem que isso custe a vida...

- Isso vai custar uma vida – ele disse praticamente completando meus pensamentos.

- Se for a sua, não vou deixar que aconteça.

- Desculpe amor, você não vai me impedir – ele disse e saiu andando.