Lágrimas e Lágrimas. escrita por Pudding


Capítulo 10
Eu amo você




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- Quem é? – perguntei.

- É a mãe do Matt, tudo bem querida?

Por um momento meu coração ficou agonizado. Mas quando vi que era a mãe dele, me tranqüilizei. Aquilo acelerou minha pulsação, e realmente percebi o quanto ele era importante. Eu não suporto a idéia de viver sem ele. Fiquei um pouco em silêncio e ela chamou meu nome algumas vezes.

-Me desculpe, oi. Eu não estou muito bem, mas não importa. O Matt está?

- Ele chegou em casa há umas horas atrás, ele estava muito mal. Vocês brigaram? Aconteceu algo?

Eu via o tom preocupado na voz de sua mãe. Ela não entendia nada do que Matt fazia, não entendia porque ele estava agindo daquela maneira.  Eu entendia, mas não queria aceitar que ele estava agindo assim. Como eu iria explicar para ela, briguei com ele pois beijei outro garoto? Não. Apenas consegui dizer:

- Sim, preciso muito falar com ele.

- Eu não sei onde ele está querida, ele saiu de casa estressado, não levou seu celular e disse que não tinha hora para voltar. Eu estou preocupada, por favor, pense onde ele pode estar e encontre-o.

- Sim. É o que vou fazer – disse e desliguei o celular. Sai correndo e arrumando minhas coisas para sair. Phantom me interrogou:

- O que foi?

- Vou sair

- Você vai procurá-lo.

Não foi uma pergunta, Phantom parecia estar afirmando isso. Apenas abaixei a cabeça e continuei a me arrumar para sair.

- Eu moro aqui perto, vou para casa, amanhã posso vir aqui para nos vermos?

- p-pode – respondi meio receosa.

- Ok.

Ele se aproximou para me beijar. Aqueles olhos mexiam comigo. Eu não posso continuar com isso. Ficou no passado, e tem que ficar lá. Nas lembranças e nada mais.

- Phantom... não.

- Porque você é tão rígida comigo? – ele dizia frustrado.

- Eu não sei. O passado... o presente... são realidades muito diferentes. Vamos com calma.

- Mas o que realmente estamos fazendo? Você quer...

- Somos amigos. Certo?

Ele abaixou a cabeça. Como se não fosse aquilo o que ele queria ouvir.

- Vamos ficar juntos. – disse e o abracei. Ele me retribuiu o abraço como alguém que não queria me deixar partir.

- Parece estar sofrendo – ele disse.

Olhei para meus cabelos. Estavam pretos. Era algo que eu não podia mais esconder.

- Eu estou – respondi. – Phantom, eu...

Ele levantou a cabeça e olhou para mim. Eu me sentia perdida quando ele fazia isso. Era o mesmo olhar de anos e anos atrás. Eu realmente queria que as coisas fossem mais fáceis.

- Vá procurá-lo.

Ele abaixou a cabeça novamente e deixou que aquele sentimento se transformasse. As lagrimas voltaram a correr por seu rosto. Era muito ruim vê-lo assim.

- Me desculpe – disse meio sem jeito. Mas pelo quê eu estava me desculpando? Nem eu mesma estava entendendo as palavras e as coisas naquele momento.

Sai correndo e fui para a praça onde costumávamos ir quando queríamos um tempo para conversar e esquecer de todo o mundo. E lá estava ele. Quieto, deitado olhando para o céu, debaixo da grande copa de uma árvore, com suas folhas secas do outono, a imagem perfeita. E o garoto perfeito. Tentei chegar silenciosamente, mas as folhas secas quebravam debaixo dos meus pés, e ele percebeu, mas não se moveu. Seu olhos pretos pareciam refletir o azul do céu e se misturavam aos pontos laranjas das folhas secas caindo lentamente da arvore. A brisa bagunçava seus cabelos. Aquela imagem era como o garoto dos sonhos. Pelo menos para mim.

- Oi.

Um pequeno silêncio pairou ali entre nós mas logo ele respondeu:

- Oi.

Ele falava com uma voz rouca, e seus olhos pareciam estar inundados de algum sofrimento, mas não consegui decifrar. Eles estavam cheios de lagrimas e vermelhos, parecia que ele já havia chorado muito. Ao seu lado estava sua bolsa, e muitas cartas e papeis. Ele guardou tudo quando cheguei, então perguntei com certa curiosidade:

- O que são esses papéis?

- Não interessa – ele respondeu grosso.

- O que houve com você?

- Nada, eu estou bem.

- Não está.

- O que veio fazer aqui afinal? E ele?

- O quê? – disse tentando entender melhor a pergunta.

- Isso mesmo que você ouviu. Eu vejo o jeito que você olha para ele.

- Mas você não o vê!

- Mas eu vejo você! E eu acredito em você, se você diz que ele existe, eu acredito! E eu vi você o beijando, era impossível não ver.

- Deixe me explicar... – disse sentando ao seu lado. Ele não ousou nem me tocar, mas quando meus cabelos e olhos estavam ficando vermelhos, ele segurou em minhas mãos e manteve o olhar sempre fixo em meus olhos. Fiquei contando a historia do Phantom, contei o que ele representava pra mim, contei que éramos criaturas iguais e que... precisávamos nos amar para quebrar a maldição.

- Se amar? – ele disse em um tom de voz rouco e muito baixo.

Então apenas deixei com que as lágrimas corressem.

- Eu amo você.

O silêncio invadiu o ar. E ali ficamos. Parados.


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Notas finais do capítulo

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