O sol começava a se pôr em Nova York. Eu corria na rua, querendo chegar lá antes que fechassem os portões.

No meio da correria que estava, escutei meu celular tocando. Trombando com as pessoas, peguei-o, afobada, e atendi no terceiro toque.

- Alô?

- ANNABETH! Onde você está? Ele está ansioso para te ver.

- Não grite no meu ouvido, e desculpe Thalia, mas você sabe que dia é hoje.

Escutei um suspiro no outro lado da linha.

- Sim, eu sei que dia é hoje - ela hesitou. - Só não demore Annie, ele está realmente impaciente, já faz dois dias que não te vê.

Eu sorri.

- Em meia hora eu chego.

No caminho, encontrei uma banca com flores lindas, e decidi comprar dois lírios vermelhos, como ele gostava.

Ao chegar lá, os portões ainda estavam abertos, e me direcionei à esquerda, onde eu sabia que ele estaria.

Lá estava, todo cheio de flores, exceto em um pequeno vaso em frente ao seu nome, o que desconfiei ser obra de Afrodite. Eu sabia que os deuses também o homenageavam.

Coloquei os lírios no vasinho vazio, com os olhos cheios de lágrimas. A dor de não tê-lo mais não era tanta, mas a saudade que eu sentia era muita.

- Eu ainda não me conformo com isso, sabia? Digo, sua morte e tudo o mais. É tudo tão injusto. Mas já superei aquela dor aguda, e como você, bem, me escreveu, eu não te esqueci meu amor - coloquei a mão em cima do nome escrito em grego, Perseu Jackson. - Eu te amo.

Me afastei com os olhos úmidos. Eu precisava entrar em casa com uma cara melhor para vê-lo, afinal, ele não gostava de me ver chorando.

Depois de andar por dez minutos, eu estava abrindo a porta de meu apartamento, e logo dois bracinhos circularam minha perna.

- Mamãe!

- Oi, meu amor.

Peguei-o no colo e sorri para Thalia parada atás dele, que me olhava cuidadosamente, com a testa franzida.

- Obrigada por cuidar dele esses dias Thalia, - ela continuou me olhando. - Eu estou bem, juro. Volte para sua senhora e as Caçadoras.

Thalia olhou em meus olhos e deu um sorriso triste. Eu sabia que ela também sentia saudades de Percy.

- Ele faz uma falta, não é? - Disse ela, acariciando os cabelos de meu filho. Vi seus olhos azuis elétricos se encherem de lágrimas. Thalia é a pessoa mais fria que eu conheço, mas a morte ainda lhe emocionava.

- Muita falta. - Olhei para o pequeno Percy em meus braços. Eu o encontrei abandonado na rua com apenas dois anos, sua mãe, depois de ser atacada por uma fúria, o largou em um beco escuro. O pequeno não sabia nem mesmo seu nome, mas quando olhei em seus grandes e brilhantes olhos verde-mar, soube que era filho de Poseidon, e o Tridente que apareceu em cima de sua cabeça comprovou minha teoria. Desde então, eu lhe dei um nome e o registrei como meu filho. Hoje ele tem sete anos. - Eu vou contar uma linda história para você hoje - encostei meu nariz ao dele, que riu abertamente.

Thalia deu um beijo em sua testa e me abraçou apertado, antes de se afastar e sair apressada pela porta, com as mãos no rosto. Ela odiava chorar na frente dos outros, mesmo depois de anos.

- Mamãe, eu quero a história! - Percy puxou meu rosto para si. Iria contar a história do único homem que amei em toda minha vida. Sorri, e me sentei no sofá, com ele em meu colo.

- Era uma vez um garoto chamado Percy Jackson...