Pov. Demi

Sentia meu coração bater forte, assim como o dela. Estava mais quente, mais fraca e mais apaixonada. Como seus beijos podem ser tão bons? Como não se viciar?

- Por favor, para... – pediu, mas ainda estava abraçando minha cintura.

- Você quer que eu continue – aprofundei ainda mais o beijo. Tanta nostalgia em apenas dois corpos, incrível e delicioso.

- Por que você não respeita minha vontade?

- Por que esta não é sua vontade – afasto-me em seguida.

- Não podemos ficar juntas. Deus. Será que não consegue entender? – seus olhos encheram de água, ela segurava o choro, mas não sei se conseguiria por muito.

- Por que você insiste em falar essas coisas. Para de ir contra tudo, não negue felicidade Selena. Não me negue, por favor.

- Não daríamos certo Demetria.

- Por que não? Você não me ama? – durante um tempo esperei por uma resposta, mas nem me encarar nos olhos ela fazia, não devia ter apelado.

- Diga que você não me ama Selena, e então eu irei embora – desmanchou-se olhando para o chão, chorou mais uma vez por mim.

- Estou cansada de amar você.

Não queria e não podia lhe causar mais dor. Não tinha escolha, não posso a obrigar ficar comigo.

- Queria que todo o meu amor fosse o suficiente para nós ficarmos juntas – pranteei, tanto que embaçou minha visão – Eu nunca quis te perder.

- Desculpa Demi, mas eu tenho que ir – tentou andar e ignorar o que eu disse.

- Então é assim Selena? – segurei suas mãos novamente, talvez a sentindo pela última vez.

- E o que você quer que eu faça?

Puxou suas mãos de mim andando de um lado para o outro, confusa e um tanto desesperada. Quem sabe não estivesse pensando em uma maneira sutil de me dar mais um fora, quem sabe não estivesse pensando em nos dar mais uma chance, ou quem sabe não estivesse pensando em nada.

- Quero que você não deixe tudo acabar assim.

- Tudo o que? Você não entende – senti-me como uma louca que fica correndo atrás da ex-namorada lhe implorando para reatarem o namoro, espera, eu estava fazendo isso.

- Não, eu não entendo. Eu juro que tento, mas não consigo entender o porquê de você esta fazendo isso com a gente

- Eu não estou fazendo nada, merda! Eu sou tão sua, que droga!... Amo tanto você que tenho medo de me arriscar e te perder de novo, voltar a sentir aquela sensação horrível que senti quando você me deixou.

Sorri, feito uma boba ridícula. Senti tanta falta dessa frase nos últimos meses, eu sabia que ouvir isso de qualquer outra pessoa não seria nada comparado ao efeito que era ouvir tais palavras vindas dela.

- Você não irá me perder outra vez, eu prometo...

- Pare de prometer as coisas, passei a não gostar nem um pouco de promessas.

- Apenas me deixe te fazer feliz?

- Demi, agora não é o momento para isso.

- Eu lhe darei o tempo que for preciso, Selena. Mas, por favor – supliquei? Talvez.

- Eu tenho que ir... – desnorteada saiu andando, me deixando ali e sabia que não seria o certo segui-la. Meu corpo pulsava, minha cabeça doía devido ao choro. Conhecendo-a como conheço, sei que tudo isso mexeu muito com ela.

- Não importa o quanto tempo leve, estarei aqui, te esperando minha princesa – um pouco louco dizer isso para o nada, eu sei.

Não sentia mais frio, toda aquela dor que eu estava em mim fazia meu corpo esquentar, pingar de suor. Queria ela aqui, matar a saudade de capa parte do seu corpo, sentir o cheiro que eu tanto amava o sorriso tímido ou aquela voz sexy, qualquer coisa que seja dela, ela fazia a diferença.

***

Andei, acho que mais de quatro quilômetros. Se meus pés estavam doendo? Eu nem os sentia mais. Estava atrás de alguma direção, um lugar certo para onde ir e não encontrava, quem sabe estivesse perdida, ou sei lá, a ultima coisa que eu estou fazendo é me importando com o lugar a onde eu estou nesse momento. Só se via armações de arvores por todo lado e uma estrada que parecia não ter um final.

Enfim, após mais uns vinte minutos caminhando, avisto o lago perto da casa de Philip. Dou graças a deus por estar tão perto. Se quisesse poderia ter esperado Clarisse, mas queria passar um tempo sozinha para pensar sem ninguém a quem viesse me perguntar o que estava acontecendo. Por um lado estava cheia de pessoas que fingem se importar, mas ao mesmo tempo gostava quando mesmo que por falsidade se preocupavam um pouco.

Pov. Selena

Seria mentira se dissesse que fiquei triste com sua visita, a dor que sentia agora era basicamente insignificante perto da emoção que me proporcionara ao tocar em meus lábios outra vez.

Saberia certamente o que fazer se não estivesse tão confusa. Imaginei um reencontro sim, mas não com tais detalhes, não com as desculpas que eu pensei que nunca viria. Ela foi sincera, e tenho que admitir, foi forte. Tão forte que conseguiu terminar comigo e me ignorar todo esse tempo apenas para continuar a ver minha vivencia, sinceramente não sei se conseguiria ser robusta para fazer o mesmo.

Provou seu amor por mim de maneira absurda, mas ainda assim se tornara encantador o quão único era sua atitude, sofreu e agüentou quieta. Sentiu minha falta, porém esperou o momento certo para vir até mim. Me amou cada segundo, me ama, e me quer. O coração vencia qual quer outra concorrência que a coerência mantinha, que droga!

- Sel – a menina correu e me abraçou, abraçou forte tentando me passar segurança.

- Meu Deus, como pode doer tanto? – apertei-a forte.

Nós ficamos abraçadas por um bom tempo, eu não pedi que me soltasse ou que ficasse me abraçando, entretanto Laís permaneceu ali comigo, sem dizer nada, como se soubesse que agora não era o momento certo para se conversar sobre o motivo de meu choro.

 Não tinha muitas opções de amigos agora, mas se tivesse não desejaria contar com mais ninguém a não ser a baixinha que estava em minha frente, não queria alguém que me entendesse e soubesse de tudo, queria alguém que apenas me ouvisse sem precisar me compreender e nem conhecer minha historia, queria alguém a quem confiar e desabafar. Alguma coisa me dizia que mesmo se não me perguntasse nada eu poderia lhe dizer.