Um Musical para Recordar escrita por Ká Agron


Capítulo 3
Acertos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo on XD
Espero que gostem.
Muito obrigada pelos reviews.
Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150621/chapter/3

- A gente pode conversar, Rachel? – Quinn repetiu quando não obteve resposta.

A morena notou que a outra a chamara pelo nome, não por qualquer um dos inúmeros apelidos maldosos que costumava usar. Talvez fossem capazes de ter uma conversa civilizada só para variar, afinal. Ela levantou e encarou Quinn o melhor que pode.

- Estou ouvindo. – respondeu o mais segura que pode.

- Vem aqui.

Sem se dar conta do que fazia, Quinn pegou Rachel pela mão e a levou até o palco. Sentou-se na beirada e puxou a morena para se juntar a ela.

- Desculpe – falou soltando a mão que ainda segurava, envergonhada.

- Tudo bem – Rachel desconversou – Como me encontrou aqui?

- Não tenho muita certeza. Queria falar com você, e simplesmente vim até aqui. Foi o primeiro lugar que imaginei que estaria... Quer dizer... Estou tão feliz quanto você com o resultado do sorteio, e precisava relaxar – falou sarcástica – Não é muito segredo que o seu lugar preferido por aqui é o auditório então... – quanto mais tentava se explicar mais a loira se enrolava.

- Esquece, Quinn. O que tanto precisa me dizer? Vamos acabar logo com isso. – Rachel a cortou.

- Ok. É o seguinte: sei que gostou tanto da idéia quanto eu. Nós duas simplesmente não temos química e, convenhamos, nosso relacionamento nunca foi cordial – Quinn respirou fundo e continuou – Mas Rachel, é nossa última chance de fazermos algo juntas, e talvez, quem sabe, se a gente der uma trégua, até consigamos fazer dar certo.

- Acho que podemos tentar – Rachel afirmou tímida, olhando para os próprios joelhos.

- Sei que podemos. Se não por nós mesmas, pelo grupo. Vamos fazer dar certo porque, como o Mrs. Shue disse, vai ser nossa última lembrança boa do colegial e... De verdade, quero que tenha pelo menos uma boa recordação de mim, Rachel.

A revelação de Quinn fez com que Rachel voltasse a fita-la nos olhos. De repente a voz da loira ecoava em sua mente. De repente o mundo tinha virado do avesso e Quinn Fabray queria plantar boas lembranças na mente de Rachel Berry. O QUE?

Sem saber exatamente o que responder, Rachel apenas levantou, estendeu a mão para ajudar a outra a se levantar. Sem solta-la falou:

- Me convenceu, Quinn. Trégua – e riu, pela primeira vez se sentindo confortável ao lado da loira. – Pelo clube.

- Pelo clube. – Quinn apertou a mão que segurava, sentindo o coração apertar pela segunda vez com o som da risada da morena – Algum dia você imaginou que isso poderia acontecer? – perguntou enquanto se encaminhavam para a saída.

- Não. Mas nunca te odiei também, Quinn. – respondeu sinceramente, corando.

- Também não te odeio, Rachel – foi o que Quinn disse antes de se afastar, deixando Rachel completamente pasma no meio do corredor.

Não muito longe dali, no estacionamento, Blaine ainda tentava acalmar Kurt.

- Kurt, presta atenção. Por mais clichê que possa parecer, será que não percebe que não tem ninguém melhor para o papel do que você? – o encarava com sua familiar carinha de cachorro que caiu da mudança, tão fofa que sabia ser capaz de derreter Kurt.

- Por que eu sou o melhor, Blaine? Me dê um bom motivo pra não mandar essa idéia pro espaço. – Kurt perguntou cruzando os braços em frente ao corpo e erguendo uma sobrancelha. O bico maior que o mundo.

- Posso te dar mais de um motivo. – sorriu, sabia que a batalha estava ganha – Número um: sua voz é do personagem. Número dois: não imagino ninguém mais dramático para a última cena. E número três e mais importante: eu vou ser seu Collins. Precisa de mais algum motivo? Posso arranjar...

- Não! – Kurt gritou, batendo o pé no chão vencido – Ninguém pode fazer Angel melhor do que eu. Você tem razão – sorriu concordando – Mas Blaine, as roupas e as cenas... Acho que a gente já agüenta o suficiente nessa escola pra...

- Kurt, querido, vamos nos apresentar no fim do ano. Nunca mais teremos que ver nenhum dos perdedores dessa cidade. Nunca mais – se aproximou, encurralando o garoto contra o carro – New York, baby. – sussurrou.

- New York. – Kurt sorriu.

- x-

Rachel estava jantando quando ouviu o alerta de mensagem do celular tocar. Curiosa, pediu licença aos pais, levantou e foi ver o que era, pensando ser outra mensagem afobada de Mrs. Shue. Em parte estava certa, era uma mensagem afobada, mas se enganara com o remetente:

“Preciso falar com você. Urgente. Idéias, idéias... Posso ir até sua casa? Quinn”

Ainda mais surpresa do que ficara à tarde, respondeu de imediato.

“Claro. Rachel”

Mal mandara a mensagem, outra chegou junto com o toque da campainha.

“Ótimo. Abra a porta, por favor. XD Quinn”

Sentindo o coração acelerar no peito involuntariamente, Rachel correu até a porta e abriu. Deparou-se com uma Quinn agitada, de calças de pijama, regata e all star a fitando com um sorriso meio alucinado no rosto.

- Quinn, o que aconteceu? – perguntou preocupada, a puxando para dentro da casa – Você está bem?

- Sim, estou bem – respondeu ficando de frente para ela e parecendo voltar um pouco ao normal – Desculpe vir aqui há essa hora sem avisar... É que estava lendo o roteiro e vendo alguns vídeos no computador... Já que vamos fazer dar certo, quero que seja perfeito... Então tive idéias para nossa apresentação...

- Devagar, Quinn. – Rachel riu, divertindo-se – Está parecendo eu.

Quinn, pela terceira vez em dois dias, aquiesceu com a risada da morena.

- Respira. – ela mesma puxou ar para incentivar a loira, que a imitou – Isso. Agora com calma, eu sei qual a sensação de idéias escorrendo pela mente. A adrenalina é incrível, não é?

- Demais. – respondeu um pouco mais calma.

- Respira mais um pouco. Vou buscar um copo de suco pra você. Não sai daqui... – Rachel mandou, já saindo da sala.

Aquilo tudo estava ficando cada vez mais surreal, pensou. Quinn Fabray aparecer do nada em sua casa, exalando adrenalina pelos poros a deixou desnorteada. E de um jeito bom que não conseguia compreender ainda. E tinham três meses pela frente.

- Quem era na porta, estrelinha? – Hiram, o mais baixinho e careca, perguntou.

- Uma amiga da escola, pai. – a menina respondeu mecanicamente.

- Está tudo bem? – Josh, o mais alto e moreno questionou preocupado.

- Está sim. Ela só está agitada por conta de um trabalho da escola. Vou levar suco – respondendo enchendo um copo – e ir para o escritório. – já ia sair quando lhe ocorreu – Acho que ela veio sem carro, depois podemos levá-la pra casa?

- Claro – os dois responderam, ainda confusos.

Rachel saiu apresada da cozinha. Encontrou Quinn ainda sentada onde a deixara, mas notou que a respiração da menina já tinha normalizado e o olhar estava menos vidrado. Com certeza a descarga de adrenalina tinha passado.

- Aqui. – estendeu o copo – Vem comigo – e repetiu o gesto da loira no auditório, a pegando pela mão e puxando para o escritório.

O ambiente era pequeno, mas aconchegante. Uma mesa de trabalho com três cadeiras em volta. Duas poltronas do lado oposto, onde as garotas sentaram. Rachel pegou seu computador da mesa de centro e o ligou. Quinn terminou de tomar o suco e fitou a outra por um instante.

Como se estivesse saindo de um transe, piscou duas vezes e balançou a cabeça. Rachel notou que a loira ficara pálida.

- Hei, está se sentindo bem? – perguntou.

- Nossa, que estranho. Sei que estou aqui, e que aqui é sua casa. Mas parece que não sei como cheguei aqui – Quinn ria nervosa.

- Quinn, você tomou alguma coisa? Ou é sonâmbula? – a diva estava achando graça.

- Não, nem uma coisa nem outra. Mas... Parece que essa tal adrenalina é forte mesmo – riu, tentando relaxar na poltrona – Em um instante estava no meu quarto lendo e mexendo no computador e no outro... Estava saindo como louca pela rua, vindo pra cá. E pelo jeito a única coisa que me lembrei de fazer foi pegar o celular.

- É, parece que sim. – sorriu compreensiva – Bom, já que está aqui, que tal me dizer o que te deixou tão alucinada – incentivou-a.

- Ótima idéia. – levantou e foi na direção da morena, sentando novamente na mesa de centro na frente da garota – Pode me emprestar um pouco? – perguntou apontando para o computador.

Rachel o entregou a Quinn. Cada segundo mais interessada na garota a sua frente. Tudo ali a estava deixando confusa. Mas o mais estranho de tudo, é que o perfume da loira parecia estar tomando conta do lugar, e a percepção do fato perturbava Rachel a um nível jamais imaginado por ela. Ficou perdida com seus sentidos até que Quinn a chamou de volta, virando a tela do computador.

- Enquanto tentava decorar minhas falas, procurei vídeos das cenas que vamos ter que fazer... Pra ver como é... E encontrei essa versão. – explicou dando play no vídeo.

Assistiram em silêncio. Rachel prestando atenção em cada movimento na tela. Quinn sorria, olhando da tela para a morena e de novo para a tela. Quando acabou, a loira voltou a comentar:

- Sei que minha personagem só entra em cena no meio da peça... Mas quando vi essa cena achei que seria uma boa maneira de me mostrar antes – falou tirando sarro – e também de acrescentar algo. O que acha? – perguntou esperançosa.

- Muito bom, Quinn – sorriu realmente surpresa – Tirando a parte do egocentrismo – brincou – E acho que tenho uma idéia pra melhorar ainda mais a sua – comentou animada.

Quinn percebeu o brilho no olhar de Rachel. Ela realmente gostara da idéia, e aquele olhar dizia que idéias borbulhavam na mente da menina também.

Rachel tirou delicadamente o computador das mãos de Quinn e digitou algo, colocando outro vídeo pra verem.

- Dá uma olhada – virou a tela de volta – É a cena do filme – adiantou um pouco o vídeo – Nessa parte, podemos fazer assim. A gente estende a parte instrumental, você entra dançando com o Mike e a Brittany – aponta para a cena que rola na tela – Depois dança comigo e Finn, e volta para os dois – pausa o vídeo – E nós terminamos a música. – finalizou encarando Quinn a espera de uma resposta.

- É, eu tinha razão – falou triunfante, levantando, seguida por Rachel – Nós fazemos uma ótima dupla. – completou radiante, fitando a morena nos olhos.

- Com certeza. – concordou, fechando o sorriso repentinamente, assustando Quinn – Só tem uma falha nesse plano.

- Qual? – Quinn perguntou apreensiva.

- Quem vai ser o santo que vai fazer o Finn dançar tango? – e soltou o riso.

Quinn a acompanhou. As duas completamente à vontade na presença uma da outra. E era tão natural, pensou Quinn. Como se sempre fosse daquele jeito. Como se fossem amigas desde sempre. Talvez fosse mesmo o destino.

Depois de muito rir, conseguiram se controlar. Por um tempo ficaram só olhando uma para a outra. Recuperando o fôlego.

- Tem mais uma coisa – Quinn quebrou o silêncio – Será que pode me ajudar com o meu solo?

- Claro. A gente vai pensar em alguma coisa – Rachel respondeu calma.

- Obrigada. – agradeceu já levantando – Bom, preciso voltar pra casa. Nos vemos amanhã na escola. – já ia saindo do escritório quando sentiu a mão de Rachel a segurando.

- Você veio a pé.

- Sim. Não sei como agüentei, pensando bem agora – falou fazendo cara de pensativa – A tal adrenalina... Mas agora tenho um longo caminho de volta, SEM ela.

O sorriso de Quinn encantou Rachel pela primeira vez. E a morena se assustou com a sensação. Afinal de contas, trégua por trégua, aquela ainda era Quinn Fabray. Tentando calar os próprios pensamentos se forçou a sorrir e falar.

- Nada disso. Meu pai e eu te levamos de carro. Já está tarde. Não vou deixar você sair daqui sozinha há essa hora.

- Não precisa, Rachel. Não quero incomodar... – Quinn tentou recusar.

- Fabray, não foi uma pergunta – Rachel a cortou, com seu tom autoritário – Vou chamar meu pai, espera só um minuto.

E Quinn assistiu Rachel fazer mais uma de suas tão famosas saídas dramáticas. Não conteve um sorriso. Por mais bizarro que tudo aquilo parecesse, estava começando a gostar de estar com a diva. De trabalhar com ela. De ouvir a risada dela e sentir o coração apertar. Deus, o que está acontecendo? Pensou. Dois dias não podiam mudar tanto uma pessoa. Mas com certeza três meses poderiam. E as mudanças estavam só começando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?? Mereço?? XD
No próximo capítulo mais de Quinn e Rachel e o começo dos ensaios.
Ate o



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Musical para Recordar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.