O Jogo da Vida escrita por Machene


Capítulo 6
Driblando o Destino


Notas iniciais do capítulo

Minna, desculpem a demora para postar este capítulo. ^^ Tava ocupada com a facul. e tb fazendo outras fics, mas aqui está o cap. 6 e logo eu estarei terminando a fic. Aproveitem!



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Cap. 6
Driblando o Destino


Emília – Gabi! Bem na hora! Sente-se. – o último lugar disponível tinha que ser ao lado do Hyuga – Gabriele... – ei, talvez eu possa me espremer com a Elaine naquela poltrona larga – Gabriele! Você pode sentar?

Gabriele – Ah, claro! Desculpe... – sorrio constrangida.

Desde quando Roberto tava atrás de mim e há quanto tempo o sorriso dele para a mamãe ficou tão amistoso? Bom, não importa...

Hyuga – Você sabe o que eles querem nos contar? – é impressão minha, ou desde aquela quermesse ele anda mais sério?

Gabriele – Não. – encosto no sofá de dois lugares, cruzando os braços e olhando para o lado – Ela ficou esparramada na poltrona pra impedir alguém de sentar no lugar do Lui? – eu sussurro indignada.

Hyuga – Disse alguma coisa? – evito olhar na direção dele.

Gabriele – Não. – este sofá é tão macio que eu escorrego todo o tempo – Ei, qual o tão importante aviso?

Talita – Bom... Na verdade, Emília e Roberto pediram uma força contando esta novidade para vocês, mas hoje cedo o Mark e eu avisamos que também queremos contar uma coisa. – opa, duas batidas na porta!

– Com licença, aqui está o café-da-manhã, como pediram.

Mark – Claro! Obrigado. Podem entrar. – os empregados obedecem e deixam as bandejas com pães-de-queijo, biscoitos amanteigados e frutas tropicais, além de frascos contendo açúcar, leite e tudo mais para enchermos a gosto as xícaras entre café ou chá frescos – Voltando ao assunto... – ela recomeça, bebendo um gole de chá – Quem vai falar primeiro? – ele não estava pretendendo continuar?

Roberto – Talvez seja melhor... – ave Mãe! A notícia é tão séria pra esses dois covardes nem conseguirem começar a anunciar?

Talita – Tudo bem, eu digo! – até que enfim – É o seguinte... Como todos já devem estar sabendo, meu irmão já renegou a minha existência quando descobriu que eu estava ajudando vocês a ensaiar, treinar e tudo mais pela Natasha. É óbvio: o reconhecimento dele pouco me importa! A questão aqui não recai sobre a minha mudança definitiva para Silja e nem na transferência oficial do Mark, que vai começar a morar comigo – parei geral; o pão-de-queijo pode esperar -, mas na nossa necessidade de fortalecer as relações do país.

Emília – Exato! Os comentários envolvendo o meu divórcio com Kelvin nunca tinham sido um problema, isso até ele dar a entender para o resto da população mundial que Talita havia ficado conosco por ter sido comprada. Agora todos acreditam no boato do campeonato mundial não ter passado de fraude desde a decisão dos presidentes em permitir a troca do time feminino de Braja para Silja!

Hyuga – E qual a notícia que querem nos dar? – a voz dele tá mais grossa?

Mark – Vejam... Não era nossa intenção dar no presente resultado, porém, a nossa presidenta, Kaori, se reuniu com o presidente de Braja, Carlo, e o ex-treinador do Hyuga e do Ken, Kira. Aparentemente, o técnico Kira resolveu aceitar o desafio de treinar os Filiam no lugar do Kelvin, após treinar o time Forni, onde Hyuga era capitão na época e ainda pouco famoso. Agora Kelvin está auxiliando o novo time feminino, Fever.

Deise – Você nunca comentou nada Hyuga. E nem o Ken... Por quê?

Gabriele – Pois é, por que não disseram nada sobre o seu ex-técnico? – olho pro Hyuga e ele pra mim. Clima tenso.

Ken – Nunca tinha sido importante até agora. – ele quebra o silêncio.

Roberto – Então... – solta um pigarro – O presidente Carlo não parece disposto a dar por encerrado as fofocas alheias, portanto, sabendo dessa nova informação sobre o técnico Kira, a nossa presidenta ligou ainda ontem e nos fez um acordo para limpar o nome do país e o nosso. – pausa – Durante a revanche, informaremos ao vivo todo o ocorrido dos fatos nos últimos meses entre os dez minutos antes do jogo. Nós teremos o estádio ao nosso dispor nesse tempo. E...

Emília – Com o intuito de assegurar que o mundo compreenda o mal-entendido e veja a nossa mudança como algo pessoal... – ela segura a mão do Roberto e o tio a da Talita – Anunciaremos o nosso noivado e a data do casamento duplo entre Roberto e eu e Mark e Talita!

O QUÊ? Oh, droga, o biscoito entalou no meio da minha garganta!

Camila – Gabi? Gabi, o que aconteceu? Gabi! – ela levanta.

Flora – Ela se engasgou! Rápido Hyuga, faça uma respiração boca-a-boca!

Gabriele – Morre Flora! – tusso.

Nojenta! Ela falou de propósito pelo riso! Mas ao invés de fazer essa cara de paisagem o Hyuga não podia ao menos considerar salvar a minha vida, mesmo de mentira?

Shingo – Você tá bem Gabi? – quando o ar voltar, eu respondo.

Gabriele – Viva... – pauso – Mãe, isso lá é jeito de contar algo importante assim! Já disse: prepara as pessoas antes de largar a bomba! – pego a xícara de café.

Talita – Nós pensamos que você ficaria feliz Gabi! Pelo menos é uma notícia melhor em relação ao namoro de Natasha e Justin. – ah! Eu mordi a língua – Não sabia?

Carlos – Nossa Gabriele, você cuspiu o café em mim! – quase todos riem.

Gabriele – Desculpa... – estendo um guardanapo pra ele, que segura – Então eles estão juntos... – sussurro e abro um sorriso – Hora da vingança!

...

Gabriele – Então, me explica melhor Takesu... Qual a do seu irmão? Ele sempre teve esse mau humor? – endireito o meu corpo pra frente da poltrona, olhando fixamente o segundo filho mais velho dos Hyuga.

Takesu – Ah não! O Kojiro é um irmão legal; vivia brincando com a gente quando tinha tempo! Antigamente, enquanto ele era capitão dos Forni, a gente ainda passava por algumas dificuldades, porque o salário da mãe era pouco, daí o meu irmão trabalhava em um restaurante pequeno. – tem mesmo muita coisa sobre o Hyuga que eu não sei...

Gabriele – Sei... – começo a brincar com os meus dedos – E o pai de vocês?

Takesu – Já morreu. – pausa, um pouco triste – A mamãe disse que era um bom homem e faleceu quando o Kojiro tinha cinco anos.

Gabriele – Cinco... – minha Nossa Senhora, o meu coração!

Takesu – Irmãzona? Você tá bem? – sorrio. Melhor tirar a mão do peito...

Gabriele – Sim... Eu sinto muito Takesu. – passo para o sofá e o abraço – Vocês devem ter sofrido tanto com a notícia, e devem sentir muita falta dele! – ele retribui o abraço – Eu sei como é a dor da falta de alguém a quem se ama.

– Irmãzona, você tá chorando? – afasto um pouco do Takesu para procurar o dono da voz.

Gabriele – Masaru? – ele e a irmã acabaram de entrar na sala – Ah, não meu bem! – sorrio, limpando os primeiros sinais das lágrimas – Apenas fugi um pouquinho do transtorno lá em casa pra vir visitar vocês. – ele retribui o sorriso e senta ao meu lado – Naoko, seu vestido é lindo! – seguro a barra de algodão – Onde comprou?

Naoko – Obrigada, mas eu não comprei. A mamãe que fez.

Masaru – Ela quase sempre faz os vestidos da Naoko.

O meu sorriso se alarga. Conversar com eles é mesmo reconfortante! Naoko é a filha única e a do meio entre Takesu e Masaru, o filho mais novo da senhora Hyuga. Essa mulher tem genes bons para gerar tantos filhos bonitos! Espero que os meus também sejam tendenciosos a isso assim, tanto para meninos quanto para meninas.

Naoko – Gabi? – pisco os olhos três vezes – Tá passando mal?

Gabriele – Não! – rio, alarmada com o tempo da minha divagação – Desculpem. É que, às vezes, eu me perco pensando em várias coisas... Ei Naoko, tome cuidado! – faço cócegas nela de repente e os três começam a rir – Oh, agora você é minha prisioneira! – engrosso a voz e abraço ela, passando-a para detrás de mim.

Masaru – Essa não Takesu, nós temos que resgatar a Naoko! – rimos com a nossa própria mudança de tom – Como vamos salvá-la?

Gabriele – Ninguém poderá resgatá-la! – começo a fugir deles e paro detrás do sofá, ainda com Naoko rindo e fingindo estar apavorada pelas minhas costas – Eu a libertarei somente se um tigre rabugento aparecer furioso atrás de mim neste instante!

Hyuga – Mas o que significa isto? – ah rapaz, ele apareceu!

Gabriele – Hyuga? Você me assustou! – reclamo com minha mão no peito – O que está fazendo aqui uma hora dessas?

Hyuga – É a minha casa! – rei do óbvio – Mas eu é que pergunto!... NÓS devíamos estar treinando para o jogo de amanhã, mas VOCÊ fez o favor de desaparecer no meio do treino!

Gabriele – Em primeiro lugar, será que pode fazer o favor de abaixar o tom da sua voz? – olho de relance para os seus irmãos, fazendo-o entender e se constranger – Pessoal, a gente vai para o treino agora. – volto-me para os três e massageio seus cabelos antes de começar a andar – Depois eu vejo se consigo voltar... – passo pelo Hyuga – Se o "Senhor Tigre Rabugento" deixar que eu volte. – eles riem e o irmão raivoso passa a caminhar atrás de mim – Tchau!

– Tchau! – eles acenam e sorriem de volta até nos perderem de vista.

Hyuga – Não diga isso na frente dos meus irmãos nunca mais! – foi uma ameaça?

Gabriele – Mas é o que você é, um tigre mal-humorado incapaz de pensar em outra coisa além de um futebol agressivo e impiedoso, como o seu comportamento! – viro-me para ele – O engraçado é que eu já sabia disso! – abro os braços, sorrindo de forma sarcástica – Nunca foi uma surpresa, não depois de ter te analisado todinho por tantos anos, mas a idiota aqui ignorou totalmente o seu instinto! Eu fiquei cega por todo esse tempo, prestando atenção apenas nas suas qualidades, porque desde quando nos conhecemos a sua casca nem era, aparentemente, tão difícil de quebrar! Porém, você – aponto pra ele -, Kojiro Hyuga, é muito mais duro do que eu pensei!... – abaixo o dedo e volto a sacudir a cabeça – Qual o problema com a sua família? Eles te idolatram, mas, bem provavelmente, de tão cego, focado na carreira e na Natasha, CARA DE BOLACHA, você nem percebe! – tomo fôlego; daqui a pouco caem as lágrimas – Quem dera eu estivesse no seu lugar com cinco anos, quando os meus pais morreram naquele maldito avião do acidente de treze anos atrás no antigo aeroporto de Braja! – seguro um soluço e o vejo arregalar os olhos – É, é onde hoje fica o estádio Byte. – respondo o que acredito ter sido uma pergunta muda – Eu sei da morte do seu pai e não posso falar por você o quanto deve ter sofrido... Mas ainda teve a sua mãe e os seus irmãos tão bondosos do seu lado. E quanto a mim, que sofri em silêncio enquanto passava pelas mãos de estranhos e por cinco orfanatos diferentes? – respiro profundamente. Ele não vai me ver chorar, isso nunca – Eu quase fui violentada várias vezes, sofrendo pra arranjar algum emprego fixo! Várias foram às vezes quando quis me demitir, mas como podia? Eu nunca sabia a hora da minha próxima refeição... – viro o meu rosto para cima, tentando impedir o choro – Hoje, graças à treinadora, que me achou e adotou, aquilo tudo não passa de tristes lembranças. Eu sou mesmo grata... – volto a encará-lo. Ele nem move um músculo – Por outro lado, é doloroso... Eu ainda lembro, como se tivesse sido ontem, da minha babá me acordando no meio da noite... Ela me sacudindo enquanto o meu corpo ficava todo dormente... E das lágrimas que finalmente vieram quando eu entendi a tragédia. Em um dia eu estava brincando junto do meu pai... No outro – suspiro pausadamente -, escutando a minha mãe cantar... De repente, soube que eles nunca mais iriam passear comigo naquela quermesse perto de casa, igual na noite do acidente.

A surpresa no rosto do Hyuga aumenta. Pudera... Ele acabou de saber o motivo do meu trauma com quermesses. É o segundo a descobrir isso, pois antes eu disse à Mila!... Ah, parece que os meus olhos voltaram a ficar secos! Bom, eu não choro desde aquela época, então nem tem razão pra começar agora. Além do mais, eu sei que o Hyuga não quer ser grosso, mas age feito idiota mesmo assim e isso me irrita bem mais se for comparar a chorar na frente de alguém!

Gabriele – Seria legal conseguir chamar a Emília de MÃE normalmente. Porém, é ainda difícil para eu falar essa palavra publicamente, por isso só digo às vezes. – dou as costas pra ele, mas logo viro de novo, sendo de banda – Um aviso: se pensar em contar para alguém tudo o que escutou agora, eu não vou pensar duas vezes em te castrar! Entendeu?

Hyuga nem respondeu. Devo ter chocado ele falando tudo de uma vez... Eu dou as costas e entro em casa. Graças a Deus ninguém mais me escutou!

Natália – Gabi! – ela sorri – Olha, aqui está, a camisa de malha do Gino como você pediu. – mostra a roupa ao seu lado na cama – Foi fácil pegar das coisas dele, mas eu não achei nenhum short, branco ou preto, do mesmo tecido, então eu pedi uma ajuda da Gisela.

Gisela – Pois é né, blusa tudo bem, mas short grande ninguém aguenta! – ri – Quando eu disse pro Pepe que queria tirar as medidas pra fazer um modelo para mim, ele nem contestou nem nada. – joga a roupa na cama – Deve ser do seu tamanho Gabi; malha estica.

Gabriele – É difícil imaginar que ele não disse nada, afinal, você é mais baixa e magra que ele com uma grande diferença! – ela dá de ombros, murmurando "Não é tão grande assim..." – A camisa preta e o short branco... Obrigada, mas por que estão no meu quarto?

Hannele – Elas estavam esperando por mim! – entra saltitando e fecha a porta – Toma Gabi. – pego a sacola vermelha das mãos dela – É uma peruca que o meu pai comprou no ano passado e só usou duas vezes. Como ele não quis mais depois que eu e a mãe o convencemos da beleza de ser careca, eu peguei pra você.

Gabriele – Valeu gente. – sorrio, tirando a minha blusa – Agora dá pra usar roupas além do uniforme masculino e uma peruca decente sem ser aquela do baú da mãe da Emília. – retiro a bermuda. Alguém bate na porta e a Natália abre.

Elaine – Gente, Roberto tá chamando. A pausa acabou. – as três se aprontam para descer com ela – Gabi, vai mesmo fazer isso? Você conseguiu driblar a técnica e todo o resto de nós na reunião de ontem, mas eu ainda acho que era melhor desistir da ideia de ir falar com a Natasha. – continuo pregando as sobrancelhas e as costeletas, olhando elas pelo espelho – Certo, nem digo mais nada! – ela suspira.

Gabriele – Ótimo! Não se esqueçam de me dar cobertura! Quero curtir a chance de saber que o Justin e aquela pé-no-saco da Natasha estão juntos e pôr em prática a minha vingança. Bye! – aceno sorrindo de ponta a ponta das orelhas.

Eu passo por elas e saio correndo para a casa do lado direito da nossa, onde, segundo o Hyuga, morava a Natasha junto dos pais antes do divórcio deles e o lugar em que o Filiam, as Fevers e seus técnicos grosseiros estão. Do lado esquerdo da minha casa é o casarão dos Hyuga e depois o da Talita; eles já devem estar planejando uma visita.

Continua...


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