O Jogo da Vida escrita por Machene


Capítulo 2
Uma Nova Partida




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Cap. 2
Uma Nova Partida

Emília – Bem... A Talita veio apenas me passar um convite, mas antes de dizer qual eu gostaria de me desculpar por não contar sobre o parentesco dela com o meu ex-marido. Você devia saber, tem direito como minha filha.

Gabriele – Não tem problema, era algo sem importância até agora.

Emília – Com desrespeito à Natasha – a chata -, eu desconhecia a relação dos dois. Eu tinha apenas conhecimento sobre a filha dele.

Gabriele – Eles são muito parecidos. – rimos – O que ia dizer?

Emília – Talita me contou da vontade do seu irmão em fazer uma revanche. Ele acabou resolvendo agora convidar os times de todos os países do mundo para assistir o jogo que será transmitido mundialmente de Silja contra Braja. – eu não acredito! Vou surtar!

Gabriele – Como é? – mais três segundos e a casa cai – Estão nos desafiando? Mas isso não é convite, é ameaça! Chamaram o mundo pra ver justamente tentando evitar que a gente recue, porque eles sabem o quanto nossa imagem ficaria prejudicada! Bando de machistas sem escrúpulos! Eu gostaria de...

Emília – Minha nossa criatura, fique calma! Eu vou ficar tonta só de te ver correr pelo quarto. – é... Melhor eu parar de arrancar os meus cabelos!

Gabriele – Como nós vamos agir agora? Ficamos sem escolha!

Emília – Mas quem disse que eu ia recusar o convite?

Gabriele – É ameaça na verdade. E a senhora não vai?

Emília – Ou isso e sim, vamos jogar contra os machistas sem escrúpulos.

Gabriele – Está querendo dizer... – descruzo os braços – Elas aceitaram?

Emília – Sim, e como o desafio é para nós e o time Fuji, os rapazes também concordaram com a revanche. Segundo a programação, o jogo será daqui a exatamente duas semanas. – na véspera de Natal – Antes que fale alguma coisa, é melhor saber do principal. Em uma semana, Talita irá promover uma quermesse para anunciar ao mundo a revanche oficialmente. Todos nós iremos participar, mas houve uma votação às pessoas que vão nos representar durante a competição de talentos. A líder será você e...

Gabriele – Eu vou entrar em outra quermesse? – hora de gritar!

Emília – Oh menina, pare de gritar! – não posso – GABRIELE! – já calei!

Gabriele – De novo? Mas por que justo comigo? Eu não quero ir!

Emília – Gabriele Alves Monterrey; pare já com este drama! Está passando do tempo de superar o seu trauma com quermesses. Além disso, você vai manifestar em público as suas habilidades. Pense nas mulheres do mundo que irá representar. Sabe aquelas incapazes ainda hoje de dar a própria opinião, ou conquistar os seus direitos, e até as carentes daquela crença de potencial? Seria ótimo!

Gabriele – Vocês não podem me obrigar a ir; eu nunca irei!

Emília – MENINA, VOCÊ ESCUTOU ALGUMA COISA? – na verdade sim, mas te dar a satisfação de saber disso e começar um debate daqueles capazes de me convencer a fazer algo contra a minha vontade está fora de questão. Ela suspira enquanto continuo fazendo uma manha – Oh minha filha... Diz para a mamãe o que tanto te apavora. Eu quero entender.

Gabriele – É... – não dá; ainda engasgo neste assunto. Ela levanta da cama e me abraça – Desculpa mamãe... – retribuo o abraço quente.

Emília – Querida... Tudo bem se está assustada, o medo te ensina a recuar na hora certa, mas algumas vezes é preciso enfrentar aquilo te amedrontando. Existem certas experiências prazerosas na vida que você nunca conhecerá fechando tanto seu coração, meu amor! – olhamos uma pra outra – É bom escolher direito aquelas pessoas para quem se entregam as cópias das chaves do nosso coração, porque isso prova o quanto elas são especiais. Por outro lado, Gabi, você não abre a sua porta, apenas as janelas!

Gabriele – Então eu deveria fazer o quê? – tipo, trocar a maçaneta ou escancarar a porta vinte e quatro horas e comprar alarmes contra invasores domiciliares?

Emília – Apenas se abrir mais. – pode crer, é porta aberta e alarme ligado! Se bem que a ideia de sair toda arreganhada por aí não me agrada – Tenho certeza que nem tudo foi ruim naquela última quermesse. Aconteceu algo bom, não? – EU BEIJEI O HYUGA!

Gabriele – Bom... Talvez eu esteja exagerando um pouco...

Emília – E por que está escondendo o rosto assim? – POR ME LEMBRAR DAQUELE BEIJO COM O HYUGA!

Gabriele – Nada... Fiquei carente de repente... – SÓ SE FOR DO HYUGA! Nossa, eu sou escandalosa mesmo...!

Emília – Verdade? Isso é inédito! Quer que avise os outros?

Gabriele – Mãe! – saio de perto – Não ri, nem tem graça!

Emília – Ah tem! – cruzo os braços. A porta, sem ser do meu coração, está batendo; quem é logo agora?

Hyuga – Com licença treinadora, desculpe interromper. – tinha que ser!

Emília – Ora, Hyuga? Pode entrar. – qual o problema com a temperatura do meu corpo quando eu o vejo?

Gabriele – Isso é mais inédito técnica: o senhor Hyu sabe pedir com licença, por favor...! – mãe, nem me olhe torto; ele é grosso mesmo!

Emília – Oh Gabi... Mas você não aprende? – ele mal me olha, nem me responde.

Hyuga – Tudo bem treinadora. Eu vim a pedido da maioria; eles estão impacientes para saber o que está acontecendo, principalmente depois de escutarem os gritos. – ele subiu só por isso? E qual é a dos meus gritos?

Emília – Certo, eu vou descer e conversar com todos. A propósito Gabriele, os nossos representantes escolhidos, como dizia, serão Hyuga e você. – heim?

Gabriele – O QUÊ? – opa, eu gritei outra vez! Deixei alguém surdo?

Emília – Meu Deus garota, acabe com essa mania!

Gabriele – Não tenho culpa se a senhora me conta uma coisa dessas assim, a queima-roupa, sem avisar! Eu costumo alertar os outros quando fico prestes a esmurra-los! – tá rindo por que, Hyuga idiota?

Emília – Francamente... – suspira – Hyuga, você poderia tentar conversar com esta menina sobre a quermesse? Talvez tenha mais sorte.

Hyuga – Ok! – não concorde tão facilmente! Mãe; que é isso, tá indo sem mais nem menos e vai me deixar...?

Gabriele – Sozinha... – a porta bateu e ele tá me olhando; e agora?

Hyuga – Então Gabi, por que está gemendo e me olhando assim?

Gabriele – Não fale coisas com duplo sentido, idiota! – tô corada?

Hyuga – A culpa é minha se você tem uma mente pervertida?

Gabriele – Isso nem importa! – cruzo os meus braços – Eu resolvi não ir à quermesse e ninguém me convencerá do contrário!

Hyuga – Eu vou acabar te beijando de novo! – foi uma piada? Ele nem riu, mas...

Gabriele – Espero não precisar usar outro vestido justo quando for!

...

Gabriele – Qual é o problema com as blusas de mangas compridas e as calças de camurça bastante largas? Elas são lindas!

Molly – Você nunca gostou delas Gabi.

Gabriele – Mesmo assim! È melhor do que usar esse vestido com espartilho e com cor de vômito! – aponto para a monstruosidade sendo erguida à minha frente pela treinadora, a Inara e a Brigite – Coisa horrível!

Estamos no salão e eu estou sentada em uma cadeira no canto da parede que dá pra sala. Sou uma completa vítima de amostras ofuscantes de aberrações criadas por mãos humanas sem cérebro ou bom senso; traduzindo, virei juiz de um desfile sem modelo de vestidos feios! Todas as garotas ainda estão tentando me convencer a usar algum deles, cada duas segurando um de tão gigantes e pesados.

Roberto – O vestido não é tão ruim assim Gabriele. – me esqueci de dizer que ele também é juiz do espetáculo apavorante.

Emília – Sim! Imagine: estamos no baile das debutantes, eles chamam o seu nome e você aparece com isto. – elas erguem mais a feiura ambulante – Tarã! – mamãe sorri. Torço o nariz e ponho a língua pra fora, uma carinha de nojo.

Gabriele – Não mãe, desculpa, a minha religião não me permite usar babado. – levanto da cadeira e começo a subir a escada.

Emília – Mas como é que eu fui ter uma filha que fica jogando bola suja o dia todo? – ela abaixa o vestido, suspirando, e Inara leva a coisa.

Gabriele – Afinal, qual é o objetivo de fazer um baile de debutantes na noite seguinte ao jogo? – eu paro no quinto degrau – Todo mundo estava pensando até algum tempo atrás em comemorar o Natal todos juntos pela primeira vez com nossas famílias. Se as brilhantes rainhas do futebol não tivessem aceitado aquele convite, barra ameaça, ainda poderíamos estar enfeitando a casa e cantando Jingle Bell!

Rivaul – Nossa, que gritaria! – ótimo, os reis do futebol chegaram entrando pela porta – E pelo visto, ainda não conseguiram fazer a Gabi usar algum vestido...

Gabriele – E ninguém vai me forçar! O que estão fazendo aqui em casa? Deviam ter ido esperar a gente lá no casarão da praga do Hyuga.

Hyuga – Eu estou aqui, sabe? – claro, eu vi!

Gabriele – Que bom! – jogo os braços um pra cada lado do corpo. Ele emburra a cara.

Jun – O Roberto conversou com as nossas famílias. Geralmente a gente sempre saía de casa pra ir até a universidade e voltava no fim da tarde por conta dos treinos, mas agora que ela fechou pelo Natal e nós começamos a vir jogar na casa do Hyuga todo dia eles nos permitiram passar uma temporada com ele e a família até a revanche terminar. – maravilha, mais vizinhos!

Brigite – Isso me lembra da nossa dificuldade em chegar à universidade lá em Braja, no mesmo ritual. – ê, bando de retardada – Nossas famílias ainda estão transferindo os novos endereços pra muita coisa documentada, mesmo já tendo mudado para Silja.

Karl – Mas e então Gabi, não vai ao baile?

Gabriele – Pára de rir! Ninguém vai me obrigar a ir a esse evento de patricinha!

Inara – Gabi, como a gente vai se virar sem você? Vai, por favor!

Gabriele – Antes eu prefiro ser castigada caindo em um chiqueiro!

Hyuga – Você pode me beijar de novo. – ele disse isso em voz alta mesmo? Ah, mas esse cara é um filho...

Gabriele – Sorte sua eu amar sua mãe pra não completar a frase na qual estava pensando, criatura do meu ódio!

Roberto – Muito bem, já chega! Vamos deixar a Gabriele sozinha um pouco.

Shingo – É, antes que ela quebre o pescoço de algum de nós. – ri.

Gabriele – E o primeiro será você! – ele se esconde atrás do Oliver.

Hyuga – A minha mãe convidou todo mundo para almoçar.

Emília – Então vamos. – todos começam a sair – Gabriele?

Gabriele – O que é? – continuo parada, com uma cara emburrada e os braços cruzados.

Camila – Ah, nós esquecemos as chuteiras treinadora! – a gente esqueceu?

Emília – Certo, esperamos vocês lá. – ela fecha a porta e Camila me encara.

Gabriele – Nem diga nada! – interfiro na sua aproximação – Você vai me dizer que eu deveria tentar me divertir e contar do meu trauma pra mais alguém. – ela sorri – Mila, tá bom nós duas sabermos. A mamãe tentou me fazer falar... Já foi difícil te contar lá no sítio dos pais da Flora! – ela abre a boca – Ok, eu vou fazer um esforço maior! Mas não venha me pedir para me esforçar e ficar com o Hyuga! – ela fecha a boca e dá de ombros, fingindo não saber do que eu estou falando – Sua safada com cara de santa! – rimos.

Vamos pra casa da senhora Hyuga com a Camila ainda rindo atrás de mim. E olha, que legal, os irmãos mais novos do idiota rindo ali ao longe, junto do seu distraído e do meu alegre time, estão conversando com a "Perutasha"! Nojenta!

Gabriele – Mila, você pede para a senhora Hyuga ligar o forno; eu vou matar uma perua e volto já. – a Camila ainda tenta chamar a minha atenção, mas eu, francamente, nem escutei – Vocês não vão me dar um abraço? – sorrio.

– Irmãzona! – eles correm na minha direção e nos abraçamos.

Nossa, eu adoro tanto estes caçulinhas! Somos como irmãos super ligados mesmo! Quem dera eu tivesse nascido em uma família assim, como a do Hyuga... Mas, claro, com a Emília e as meninas, porque elas também são tudo pra mim! E é tão fácil tirá-los de perto daquela...

– Gabi, a gente vai treinar hoje? – ah, esta menina é tão linda!

Gabriele – Claro maninha, mas antes vocês precisam comer. Vão!

– Certo! – eles gritam juntos e correm para dentro da casa com o resto, apostando corrida, mas não sem antes cumprimentar o grande irmão. Eu sou a última a entrar.

Natasha – Ora, vejam quem está aqui. – algo está vindo. Eu não sei o que é, mas está vindo – Você é muito infantil, sabia? Dizer mentiras do meu pobre Hyu por ciúmes... – ri – Ele me contou toda a verdade ainda ontem. Senti tanta pena...!

Gabriele – Eu também. Se eu soubesse que era tão burra, não tinha ido tão longe com a brincadeira pra você nem precisar ouvir dele.

Natasha – Então a gordinha se acha muito esperta!... – gordo é o teu passado – Eu estava tentando ser boazinha, por que sua treinadora foi esposa do meu pai. É inútil te considerar uma rival, parece mais uma daquelas pragas incômodas. Mesmo assim, vou te dar um conselho: sou a última pessoa com quem vai querer se meter! – nossa, nós já estamos no salão? A cozinha é logo ali ao lado, e as minhas amigas estão reparando na discussão.

Gabriele – Não mesmo, é a primeira! – ela dá um sorriso incrédulo – Minha meia-irmã malvada... Você viu Cinderela, não viu? Olha direito; eu ganho! – ela dá as costas, fazendo pouco; vou me aproveitar – A propósito, aqueles quilos que você disse ter perdido quando eu cheguei, na verdade foram parar na sua bunda! – grito. Todos me encaram.

Emília – Gabriele! – tom de repreensão? Estou vazando!

Gabriele – Muito obrigada por me convidar – eu olho para a minha vizinha, vendo que seus filhos estão rindo tanto ou bem mais que alguns outros -, mas eu, infelizmente, perdi a fome de repente. Estou voltando pra casa.

Emília – Gabriele! Gabriele volte aqui! – agora tom de ordem.

Desculpe mamãe, eu tenho um orgulho a preservar e um ego maior que o do Hyuga! Eu abro a porta sem muita pressa, mas me preparando para correr.

Continua...


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