- Eu não o acho em nenhum lugar! – Falo desesperada para minha amiga Anne.

- Calma ele deve estar lá fora, você já procurou lá? – Porque não pensei nisso antes. Saio correndo, olhando para todos os lados em busca dele, abro a porta, e do lado de fora encontro ele beijando outra garota, e o pior de tudo era a minha melhor amiga Sophia. Sem dizer uma palavra, vou chorando em direção ao banheiro, mas acabo tropeçando e minha cabeça bate na arquibancada, ficou tonta e caio no chão.

Quando acordo estou deitada no que parece uma cama de hospital, estou muito tonta, minha cabeça esta latejando.  Quase não percebo que tem alguém no quarto, é o meu irmão Adam, que cuida de mim desde o acidente de carro aonde meus pais morreram.

-Felícia você esta acordada?! Que bom, estava tão preocupado! - Ele me abraça com força, mas de repente fica muito sério – Mana, agora me diga o que aconteceu.

Não me lembro de muita coisa, tinha algo a ver com o Jason e com a Sophia e de eles terem me magoado muito. Conto o que lembro a ele. TOCTOC. Alguém bate na porta.  É a enfermeira dizendo que tenho visitas.

- Quem é? – perguntou Adam.

- É um menino chamado Jason, deixo entrar?- Ao ouvir o nome Jason, começo a chorar e a me lembrar de tudo. Adam olha pra mim, e mexo a cabeça, fazendo que não. Quero desabafar, tento falar, mas as palavras não saem, tenho vontade de gritar e dizer que o Jason é um cretino, que ele me usou para chegar até a Sophia, que por falar é outra mentirosa, fingiu ser minha amiga.

A enfermeira sai e volta com um buque nas mãos, disse que pediram para entregar. Adam pega o buque e lê o cartão para mim.

“Desculpe minha flor, eu e a Sophia não queríamos te magoar, foi mais forte do que nós. Desculpa-me amor, beijos, do seu Jason.”

Estou com tanta raiva de Jason, sou mesmo uma burra, tola, que não percebe nem o que esta debaixo do meu nariz. Tentaram me avisar, mas eu não queria escutar, não podia ser verdade mais é. Sinto uma agitação conseqüência da raiva, mas logo depois sinto uma sonolência e durmo...

Quando acordo o médico esta no quarto falando com o Adam, ele esta com uma cara feliz, o medico termina de falar, vê que eu estou acordada e vem em minha direção, espero que traga boas noticias.

- Olá, como esta se sentindo? – Minha vontade é de dizer que me sinto um ninguém, dor no peito e coração partido pelas pessoas que mais confiava, mas sei que nenhum remédio pode curar isso.

- Estou bem, já não sinto mais nada, quando vou poder ir para a casa? – Não agüento mais esse hospital, não agüento mais essa vida.

- Você já pode ir para casa, estou te dando alta. – IRRA! Vou poder ir pra casa.

Preparo minhas coisas, e saio do hospital, por sorte meu irmão já tirou a carteira de motorista, então não terei que pegar ônibus, me imagina com esse lombo na cabeça, pegando ônibus, tendo a chance de ficar tonta, quase desmaiar, iria ser horrível. Queria tanto que mamãe estivesse aqui, seria tudo tão mais fácil, ela me faria carinho, diria que tudo iria ficar bem, fazer o chocolate quente do jeito que eu gosto e então eu dormiria mais calma, sem medo e sem preocupação, enfrentaria as dificuldades do modo certo, de cabeça em pé sem me deixar abater.

Estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebo  que Adam parou o carro, já chegamos em casa. Nossa casa já foi mais bonita, mas nenhum dos dois tem empenho de cuidar dela,então decidimos que vamos vende-la e comprar um apartamento com o dinheiro que ganharmos, assim não teremos tantas lembranças de nossos pais.