Livres En Cuir escrita por Alice Kingdom
Notas iniciais do capítulo
Eu ia postar na semana que vem, mas um acontecimento especial me fez mudar de idéia. Hoje, dia 15 de julho, é aniversário da Aiko, uma amiga minha! Então dedico este capítulo para ela!
Esquisito que eu não tenha achado essa aproximação estranha. Na realidade, eu achei. Mas por algum motivo, não me incomodei. Não sei se, caso fosse outra pessoa a me perguntar aquilo, eu me incomodaria. Se fosse outra entonação da voz, outro livro, outra expressão facial... Tudo transbordava tal inocência e espontaneidade que nem mesmo me passou pela cabeça considerar aquela pergunta como uma tentativa forçada de aproximação. Mesmo hoje, duvido muito que tenha sido forçada e pensada. Creio mais que ela foi como costumava ser: espontânea. O que importa é que, no momento em que ouvi a pergunta, eu só consegui responder "Não muito". Assim mesmo, lacônico.
O sorriso que eu achei que ia se desfazer nem mesmo se abalou. Ela apenas continuou: "E não quer tentar, sir?"
"O quê?", perguntei, meio desorientado.
"Gostar de ler", foi a resposta, dita sorrindo, em tom de brincadeira.
Pensei por um instante.
"Como se tenta isso?"
"Lendo, eu acho"
Lembro-me de ter me perguntado algo como "Como assim 'eu acho'?", mas não falei nada. Uma constância, nas conversas dela, era o "eu acho". Não tinha certeza de nada, e não via problema disso. Dizia que era bom, nunca entendi como ou porquê. Aliás, minto. Nunca entendi sozinho. Quando perguntei, e ouvi a resposta, entendi. Porém, já estou me antecipando.
"A histórias costumam ser chatas. Há obviedades demais" falei, sendo sincero quanto às minhas opiniões sobre histórias.
"Hm..." pensativa, ela encarou o livro amarelo, que se encontrava agora no seu colo. Parecia ter desistido de oferecê-lo a mim. "Depende do que você lê, eu acho. Não sei, o que me importa nos livros é mais o sentimento que eles passam"
"Como assim?"
Ela me encarou, surpresa.
"O sentimento, oras!"
Suspirei, em seguida perguntando "O que tem ele?"
"Não o sente, nos livros?"
"Não"
Na época, não entendi como uma resposta tão simples podia ter deixado-a tão apavorada. Ficou realmente aflita, como se eu estivesse com a pior das pragas do mundo. Talvez ela tenha achado mesmo isso. Pela primeira vez, a vi sem saber como prosseguir.
Ficou uns bons vinte minutos quieta, pensativa. Olhava a paisagem cinzenta da cidade pela janela, mas como se não a observasse realmente. Tinha, às vezes, esses ataques de introspecção. Eu nunca soube o que se podia sair deles. No entanto, como em toda a "primeira vez", eu não imaginei o que significava aquele silêncio.
Admito que achei que ela não voltaria a abrir a boca para conversar.
Ledo engano. Como muitos outros... Eu nunca soube muito bem o que se passava pela cabeça dela. Era uma mente quie dava saltos, pulos ornamentais, passos de ballet e ainda sambava. Tudo ao mesmo tempo e não necessariamente nessa ordem. Assim, sem sentido, mesmo.
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Espero que tenham gostado! Postei meio na pressa, qualquer erro é só me falar, também! PS: reviews são sempre bem-vindas :3 E feliz aniversário, Ai-chan! *-*