Livres En Cuir escrita por Alice Kingdom


Capítulo 2
A estranha do trem


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar na semana que vem, mas um acontecimento especial me fez mudar de idéia. Hoje, dia 15 de julho, é aniversário da Aiko, uma amiga minha! Então dedico este capítulo para ela!



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Esquisito que eu não tenha achado essa aproximação estranha. Na realidade, eu achei. Mas por algum motivo, não me incomodei. Não sei se, caso fosse outra pessoa a me perguntar aquilo, eu me incomodaria. Se fosse outra entonação da voz, outro livro, outra expressão facial... Tudo transbordava tal inocência e espontaneidade que nem mesmo me passou pela cabeça considerar aquela pergunta como uma tentativa forçada de aproximação. Mesmo hoje, duvido muito que tenha sido forçada e pensada. Creio mais que ela foi como costumava ser: espontânea. O que importa é que, no momento em que ouvi a pergunta, eu só consegui responder "Não muito". Assim mesmo, lacônico.

O sorriso que eu achei que ia se desfazer nem mesmo se abalou. Ela apenas continuou: "E não quer tentar, sir?"

"O quê?", perguntei, meio desorientado.

"Gostar de ler", foi a resposta, dita sorrindo, em tom de brincadeira.

Pensei por um instante.

"Como se tenta isso?"

"Lendo, eu acho"

Lembro-me de ter me perguntado algo como "Como assim 'eu acho'?", mas não falei nada. Uma constância, nas conversas dela, era o "eu acho". Não tinha certeza de nada, e não via problema disso. Dizia que era bom, nunca entendi como ou porquê. Aliás, minto. Nunca entendi sozinho. Quando perguntei, e ouvi a resposta, entendi. Porém, já estou me antecipando.

"A histórias costumam ser chatas. Há obviedades demais" falei, sendo sincero quanto às minhas opiniões sobre histórias.

"Hm..." pensativa, ela encarou o livro amarelo, que se encontrava agora no seu colo. Parecia ter desistido de oferecê-lo a mim. "Depende do que você lê, eu acho. Não sei, o que me importa nos livros é mais o sentimento que eles passam"

"Como assim?"

Ela me encarou, surpresa.

"O sentimento, oras!"

Suspirei, em seguida perguntando "O que tem ele?"

"Não o sente, nos livros?"

"Não"

Na época, não entendi como uma resposta tão simples podia ter deixado-a tão apavorada. Ficou realmente aflita, como se eu estivesse com a pior das pragas do mundo. Talvez ela tenha achado mesmo isso. Pela primeira vez, a vi sem saber como prosseguir.

Ficou uns bons vinte minutos quieta, pensativa. Olhava a paisagem cinzenta da cidade pela janela, mas como se não a observasse realmente. Tinha, às vezes, esses ataques de introspecção. Eu nunca soube o que se podia sair deles. No entanto, como em toda a "primeira vez", eu não imaginei o que significava aquele silêncio.

Admito que achei que ela não voltaria a abrir a boca para conversar.

Ledo engano. Como muitos outros... Eu nunca soube muito bem o que se passava pela cabeça dela. Era uma mente quie dava saltos, pulos ornamentais, passos de ballet e ainda sambava. Tudo ao mesmo tempo e não necessariamente nessa ordem. Assim, sem sentido, mesmo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Postei meio na pressa, qualquer erro é só me falar, também! PS: reviews são sempre bem-vindas :3 E feliz aniversário, Ai-chan! *-*