A Nova Heroina escrita por Babyi


Capítulo 8
Tudo se acaba mas não é o fim




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 De manhã eu acordei normalmente, eu levantei com minha mãe abrindo as cortinas da sala. Ela me olhou normalmente, como se não soubesse de nada.

— Bom dia.- Ela me deu um beijo na bochecha. - Eu sabia que estava cansada, mas podia ter trocado essa roupa.

— Nossa, mãe. - Eu não me lembrava de nada ontem a noite. - Eu dormi feito uma pedra. Quando cheguei vocês já estavam dormindo, que milagre foi esse?

— Até Sophie, dormiu cedo. Ao que parece todos estavam muito cansados.

Tia Beatriz passou pela sala em direção á cozinha. Mas parou e me disse alguma coisa em linguagem labial: “Ela pediu para falar com você.” E me deu uma olhada de cumplicidade. “Que ótimo, ” Pensei “Vamos ver oque eu ganhei de presente de férias: Um visinho que quer me matar, um namorado meio estranho, uma espada mágica e uma tia que tem poderes para colocar a minha família para dormir. Esqueci alguma coisa?”  Meu estômago roncou derrepente. E então percebi o quanto estava com fome. Não comia uma refeição de verdade desde a reunião de família.

O cheiro do café era uma benção para o meu nariz. Deixei-me levar até o café da manhã, e então percebi que talvez esse seja o último momento seguro com minha família. “A batalha se aproxima.” A voz de Reyna reverberou pela minha cabeça.

—A batalha se aproxima.- Murmurei.

— O que foi?- Minha vó se virou para mim.

— O café está ótimo. - Disse tia Beatriz.

Mas, ei Reyna. Desde quando você tem o direito de invadir meus pensamentos?”Pensei. “Tecnicamente eu estou em você. Se esqueceu?” Ela perguntou em tom de deboxe. “Não me esqueci, você não me deixa esquecer.” Eu disse. “Que peninha.” Ela falou. “Ah Reyna, cala a boca.” Eu não acredito que estava brigando com minha própia consiencia!

Eu me esforcei para calar a boca de Reyna – pensando que os espíritos que habitam o seu corpo tem boca- e me concentrar apensas no café da manhã.

— Mas então, filha. Como vão os meninos?- Minha mãe perguntou.

— Bem, eu acho.

— E o Gustavo? Está sendo um bom namorado?- Ela disse. Eu olhei para ela, e coloquei um pão na boca.  

— Mas como você sabe?- Eu disse com o pao. Mas saiu alguma coisa como “Caa voca cabe?”

— Me responda quando sua boca estiver vazia.- Eu terminei de mastigar, e sai correndo para o quarto sem dar satisfações sobre minha vida amorosa. Eu me vesti, de acordo com o sol. Um camizeta branca, meu all star preferido e um shorts amarelo. Eu penteei o meu cabelo cuidadosamente e coloquei uma tiara amarela. Assim do geral não ficou tão mal. “Que moda desatualizada é essa?” Disse Reyna na  minha cabeça. “O corpo é meu e me visto como eu quizer.” EU respndi tentando ser grosseira.

Eu escorreguei pela sala, e cheguei a porta da frente.

— Estou saindo, ok? - Eu disse. Nem esperei resposta, fui logo me colocando para fora. Mais rápido que você pudesse dizer “tchau” eu já estava no elevador, a caminho do andar térreo.

Estava um silêncio estremo para o mês de julho, então andei até o solarium, mas parei atrâs da porta. O Calouro e o Gustavo estavam conversando, e pelo tom da conversa, não era algo bom ou sensato.

— Ela... garota. - Disse o Calouro.- forte, ...ão fraco e te ama...

— Eu... - Retrucou o Gustavo.- Mas será correspondido. E... é verdade.

As vozes estavam abafadas, e não pude ouvir direito oque eles diziam, mas tenho certeza que tinha algo a ver comigo. Eu abri a porta silenciosamente, na esperança de ouvir a conversa melhor um pouco, mas o Bruno me viu.

— Bom, vou deixar que conversem. - Disse ele, com uma cara emburrada. E antes de passar pelo meu lado, ele deu um olhar de “estou de olho em você” para o gustavo. Eu entrei, e o Gustavo virou de costas para mim.

— O que houve?- Perguntei a ele.

— Você. - Ele disse meio inseguro.

— Oque quer dizer?

— Eu não sei oque aconteceu ontem a noite, nem porque eu te dei aquele beijo. - Ele se virou para mim, e me viu acariciando a correntinha que ele me deu. - Só te dei essa correntinha porque... minha mãe gosta de você.

— Ainda continuo não ententendo. Porque essa mudança repentina?- “Oh, como queria ter ouvido aquela conversa.” Pensei.

— Nunca mudei. Nunca gostei de você. - Pela expressão, ele tentava convencer a si mesmo.

— E o beijo? E você pedir para não te esquecer nunca mais?

— Você foi só um passatempo. Estava tentando esquecer...- Ele parou por um segundo, e disse como se as palavras saissem dolorosamente de sua boca.- A Bianca. Então, obrigado por me ajudar, mas agora pode ir embora. Não preciso mais de você.

Ele passou por mim como se não me visse. E adentrou a porta com um leve olhar de tristesa escondido. Minha cabeça tinha certeza que as palavras não eram de verdade, mas meu coração...

De repente eu senti como se o prédio todo desabasse em minhas costas, e eu cai de joelhos.         Olhei para cima, não era nada. Só o peso de tristesa na minha alma. Mas antes que as lágrimas tomassem conta de mim,uma cena se criou diante dos meus olhos.

Naquele solarium, estavam uma mãe e seu filho pequeno. O menino estava vestindo um macacãosinho, com uma blusa listrada por baixo, oque o fazia parecer mais novo do que era. Deiva ter uns dois ou três anos de idade. Ele dormia, solene no colo da mãe. A mãe sentada em um banco, que era cor do marfim. Na frente da mesa de jardim. Eu dei a volta na mesa, tentando ver o rosto dela. Era alquem parecida com Muriel, mas só que mais nova. Ela usava um vestido vermelho e longo, bem verão, que a fazia parecer mais jovem.          Então eu percebi, era Navid quando pequeno, alquele garotinho que dormia no colo da mãe.

— Minha luz. - Muriel disse para o menino. Ela o embalou e se levantou, não deixando que o pequeno percebesse que estava ficando pesado. Sem pressa, ela foi até a entrada do hall dos elevadores, tentando aproveitar o momento com seu pequenino.

Depois que ela entrou, esqueci a minha tristeza e me sentei onde ela tinha ninado Navid. Em um impulso olhei para o lado e tnão percebi que tinham esquecido um brinquedo. Do meu lado, no banco de marfim, havia um coelhinho de pelúcia abandonado. Peguei o brinquedo e o abracei.

— Nós dois fomos abandonados. - Eu pus o animal junto do meu coração partido e comecei a chorar aquelas lágrimas que eu havia segurado. - Vou cuidar de você. - Disse ao bichinho, e comecei a embala-lo como se fosse um bebê.

O banco tomou novamente a cor branca, então eu percebi que voltei ao tempo normal, tendo ainda comigo, o bichinho de Navid. Eu não vi, mas pela porta do salão de jogos o Calouro estava entrando por trás de mim. Antes que ele pudesse falar alguma coisa eu perguntei.

— Porque ele fez isso? Oque vocês estavam planejando?- Eu solucei uma vez. Ele se sentou do meu lado, cauteloso... E me abraçou.

— Ele só não queria que você sofresse.

— Mas, eu estou sofrendo. Ele sabia que eu ia ficar desse geito, quase morrendo.- Eu não gostava muito de chorar, porque automaticamente eu ficava um pouco corada, com a pele sensível e com olheiras enormes, alem de dar vontade de dormir.

— Mas, devo admitir, ele foi inteligente. É melhor que você fique depreciva agora, do que em choque depois.

— Mas porque eu ficaria em choque? Oque vocês estão tramando? Tem a ver com  o Navid, não é?- “Ah, eu mato ele.” Pensei. “Bom, se você não o matar, ele te mata. E se ele não matar, eu te mato.” Reyna reverberou em minha cabeça.         Antes de eu poder ouvir os pensamentos dela, ela não era tão chata. “Obrigada, Reyna. Nada como um apoio moral, de alguem que vive na sua cabeça!”

— Ele só achou que por causa das mudanças, seria menos doloroso se você acreditasse que ele não te ama.

Eu fiquei sem palavras e ele

— Não foi a melhor forma, mas eu acho que, mesmo você não querendo admitir, ele te preparou.

— Mas oque vai acontecer com o Gustavo?

— Ele...- O Bruno parou por um momento.- Vai se mudar.

Eu não confiei no fato, mas com isso tudo se encaixava. Ter alguma coisa a ver com o Navid era só parte de uma neura de preocupação. Eu não sabia oque ele estava escondendo, nem o porque estava mentindo. Mas naquela hora eu não ia conseguir arrancar mais nada dele.

— Se me da licença...- Eu disse.- Eu vou para a área da piscina, brincar com objetos afiados.- Eu pensei “Preciso de você Raios.” então o facão apareceu na minha mão. Eu me dirigi á área da piscina, e me senteei onde tinha ficado na noite passada com o Gustavo.

Não vai fazer oque eu estou pensando que vai, não é?” Reyna disse. Isso já estava começando a me irritar, já basta eu não ter privacidade nenhuma, nem no meu quarto. O único refúgio que me restava era a cabeça, mas agora estava possuída por alguem que eu não sabia o quanto me  controlava.

Apontei a faca para o pulso. Eu nunca fora emotiva, mas talvez agora, se eu sentisse a dor do sangue saindo do meu coprpo, eu pudesse equilibrar com a dor no coração. Eu encostei a ponta no pulso, bem onde deveria haver uma artéria. Eu tentei me cortar, mas me surpriendi quando a ponta entortou antes de me machucar. Desse jeito fica difícil dar uma de emo.

O Calouro veio a mim, de novo.

— Olha, - ele disse.- Eu jurei quue não ia falar nada para você, mas é a vida do Gustavo que está em jogo.

— Pelo amor de deus, fale.

— Ele matará Navid no seu lugar. - Ele procurou palavras para continuar.- Naquele dia em que conhecemos a casa dele, Navid desafiou Gustavo a morrer no seu lugar. Deu a ele, vinte e quatro horas para se preparar, e então eles vão se encontrar no museu da independencia para lutar.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, eu já estava a caminho do meu apartamento. O elevador, por graças estava no térreo, pronto para me levar para a casa.

Cheguei anciosa ao meu lar e abri a porta, pensando “Não preciso mais de você Raios”

— Que bom que está em casa.- Minha tia disse.

— Já íamos te chamar.- Completou minha mãe.- Tia beatriz vai embora amanhã, mas antes ela quer conhecer o museu da independencia.

— Principalmente o jardim.- Ela piscou amigavelmente em minha direção, e o espírito de Reyna se mexeu dentro de mim. “A batalha está próxima” Ela disse. “A batalha está próxima” Respondi.

Eu entrei no meu quarto e acomodei o coelhinho no meu travesseiro. Olhei pela última vez para minha cama. “Sentirei saudade disso.” Pensei, e pela primeira vez eu senti que tudo oque eu havia passado era real. Me senti como se fosse viajar e não voltaria tão cedo. Uma viajem sem meus pais, sozinha e para sempre.

Um nó subiu minha garganta. Eu fui tentada a abraçar o meu travesseiro e ficar ali, chorando. “Não disista agora” Disse Reyna. “Eu estarei do seu lado.” Ela tinha razão, e então pensei nas consequencias se eu não lutasse: O caus do mundo, o fim da história, todo o resto de felicidade seria totalmente extinto e talvez até Gustavo morresse. O mundo seria consumido e... Oh. Não. Gustavo.

Eu corri pela sala, me lembrando do porque eu me encontrava ali. Por Gustavo. Na sala, minha mãe ainda se maquiava e arrumava a bolsa, e minha vó parecia estar longe de estar pronta.

— Tia Beatriz, por favor me ajude. - Sussurei.- Faça com que elas se arrumem mais rápido.

Não vi funcionando, mas sabia que ela tinha esse poder.

— Tempio civilez, aguno sade mio dijono.- Ela murmurou essas palavras, e então minha mãe ficou pronta e minha avó tambem. As duas esperavam no hall de entrada do apartamento olhando para mim.

— Queria que você me ensinasse a fazer isso. - Disse a ela.

— Talvez... Sobreviva e veremos. - Minha mãe abriu a porta do elevador insistindo que nos apressássemos. Eu apertei o passo e deixei que tia Beatriz passasse na minha frente. Naquela hora eu focalizei na minha mãe, procurando uma forma de lembrar da imagem dela quando eu morresse mais tarde.

O elevador estava tenso, pelo menos para mim. Por dentro eu estava inquieta, mas não queria deixar transparecer que eu estava nervosa e então eu virei para o espelho.

“Não é exatamente a roupa que eu usaria para a batalha, mas fazer oque?” Reyna falou em minha cabeça. Eu afastei o pensamento, ignorando- a e provavelmente a deixando muito brava.

O elevador, depois de um tempo, -que segundo meus cálculos se aproximam da eternidade- chegou ao subsolo. Fomos rápidas até o carro. Eu sentei, na janela de trás e coloquei o cinto. Minha vó sentou do meu lado no meio, para poder zelar por Sophie, que sentava no buster da outra ponta. Minha mãe dirigia, e tia Beatriz ia do lado dela, como navegadora.

Eu guardei aquele momento, na caixa de ouro, junto com as lembranças de meu pai. Era a última vez que seríamos cinco, mas sem meu pai. Minha mãe deu partida no carro.

“Reyna, estou com medo.” Eu pensei. “Tudo é muito novo. Há quatro dias atrás eu era corajosa, e aspirava aventura. Mas agora, eu não sei mas nem quem sou eu”

“Apesar de séculos de tentativas, eu ainda não me acostumei a sala amarela.” Ela respondeu.

“E você não tem muitas esperanças em mim.”

“Não vou mentir, eu tinha mais esperança no meu guerreiro Australiano, do que em você” Reyna riu em minha mente. O riso era quase histérico, mas eu não podia culpa- la, com todo esse nervosismo que partilhava- mos até eu riria desse jeito. “Tenho que ir a um lugar, agora. Vou deixar seus pensamentos em paz um pouco, mas não pense que se livrou de mim.” Então me perguntei, como ela teria liberdade para sair por ai, vagando sem um corpo pelo mundo moderno? A pergunta me parecia bem razoavel, mas ela já tinha saído.

Me distrai dos pensamentos um pouco, observei o caminho. É impressionante como quando você quer que o tempo passe mais rápido ele demora uma eternidade para passar. Mas comigo foi diferente. Quanto mais ansiosa eu estava, mais rápido o caminho seguia. Chegamos a um ponto em que passamos sete sinais verdes seguidos.

Eu estava com uma ansiedade incontrolavel, quase explodindo. Eu queria que o tempo passasse mais rápido, queria estar no museu com o Gustavo, matando Navid. Mas eu tambem desejava que o tempo desacelerasse e até parasse.

Minha mãe, mesmo inconscientemente, dirigia muito rápido. Eu não conseguia pensar em que velocidade estávamos. Intuitivamente eu olhei para tia Beatriz, e ela me olhou de volta como se estivesse cumprindo um desejo meu. Mas não era exatamente isso que eu queria. Para falar a verdade eu não sabia oque eu queria.

Pareceram segundos até poder avistar o jardim do museu. Minha mãe estacionou perto do posto de bombeiro. Bem onde tinham dois típicos flanelhinas de São Paulo. Ela separou dois reais para dar a eles depois.

Nós andamos até o lustroso portão lateral, de onde o museu se encontrava a nossa direita. Eu o olhei. Estava tão perto. O Gustavo provavelmente estaria ali dentro morrendo por mim.

— Mãe, quer que eu vá comprar as entradas?- Eu disse anciosa. - Talvez Sophie não pague.

Ela fitou o museu, e então sua expressão ficou vazia. Ela olhou para mim, como se não lembrasse de nada. E então sua expressão normal voltou.

— Vamos... primeiro conhecer o jardim.- Ela disse confusa para o nosso grupo.

Olhei melhor o Museu. Era uma construção amarela, com uma porta enorme de madeira. Grandes escadarias frontais levavam à entrada. Era bonito, mas quanto mais eu olhava, mais váziu parecia.

“Está vaziu. Perceba.” Disse Reyna. Eu fitei aquela construção imensa. Pelas janelas abertas não se percebia vida. Pela porta não entrava nem saia ninguém, e não havia ninguém em um raio de quinze metros das escadarias.

“Está fechado?” Perguntei a Reyna. E no segundo seguinte meus olhos se direcionaram para a placa de ABERTO do museu. “Que estranho” Completei meu pensamento.

Quando voltei a mim, percebi que minha mãe me chamva para um passeio no jardim. Eu não queria ir, mas tia Beatriz disse em linguagem labial que aqueles caminhos seriam essenciais para a minha batalha no museu.

Eu as segui. E então contornamos o museu até um bosque de árvores retorcidas e baixas. De repente, me veio uma lembrança distante, quase impossível de me lembrar. Eu devia ter uns três anos de idade e insistia ao papai.

— Por favor. Me deixe subir.

Apesar da idade, eu nem esperei resposta. Comecei a subir na árvore retorcida. Minha mãe quase deixou cair a câmera fotográfica ao perceber a altura que eu atingi em menos de um minuto. Meu pai me velava. Mas não precisei. Eu logo estava acima da sua cabeça.

— Essa é a minha árvore. - Eu disse quando ele começou a subir tambem. - O nome dela é Billy.

— Com certeza querida. - Disse ele descendo.- É a sua árvore.

Eu já estava a uns dois metros e meio do chão. E não tinha medo de cair. Estava subindo com cada vez mais destreza, como uma aranha. Eu cheguei até o menor galho que podia me aguentar.

— Olha mamãe. Olha papai. - Eu dizia.- Tirem uma foto minha.

Então minha memória se apagou, era só até ali que eu me lembrava.

Eu continuei andando, e tomei o lado da tia Beatriz para poder ver com mais clareza aonde elas estavam indo. Nós entramos mais profundamente por entre as árvores. E então, mais a frente, erguia- se uma árvore familiar. Já não era mais jovem, mas tinha um brilho especial. Era Billy.

Eu corri na frente de minha mãe e de Sophie. Hesitei por um segundo, mas depois retomei meu caminho.

— Billy. - Eu comecei a subir a árvore. Talvez dessa vez, graças ao meu novo peso, eu não consiga subir até onde eu subi quando tinha três anos. - Que bom reve-lo.

Peguei alguns galhos instáveis, até chegar a uns três metros do chão. Eu olhei para baixo, na esperança de que meu pai estivesse tentando subir na árvore. Mas só encontrei minha mãe, minha vó, tia Beatriz e Sophie paralisadas como estátuas.

Eu fiquei esperando algum sinal de vida delas, mas nada acontecia. Olhei ao redor, o resto do parque tambem estava parado no tempo. Havia até a clássica cena de um cachorro parado no ar, enquanto um frisbee voava em sua direção.

Ao redor do parque, a avenida seguia, movimentada. Mas o som era distante. Desse jeito eu até poderia ouvir o voo de uma borboleta, se todo o tipo de vida não estivesse atolada no tempo.

Na minha cabeça, só havia um tipo de explicação: Tia Beatriz.

— Não foi ela. Não percebe que ela tambem esta parada?- Uma voz de homem estava do meu lado. Num movimento súbito e suave eu virei a cabeça, mas quando eu olhei eu quase cai da árvore, pelo susto.

Era meu pai que estava do meu lado. Ele parecia igual ao como eu o vi da última vez. Com uma jaqueta de motoqueiro, uma blusa xadrez e calças jeans rasgadas, e tambem havia uma luz fraca mas significativa emanando ao seu redor. Era brega, mas era meu pai.

— Não vai se assustar?- Ele disse. Então eu percebi. Tudo aquilo que estava enfeitiçando o parque, devia ser obra de Reyna. Devia ser por isso que ela saiu da minha cabeça. Ela estava preparando o parque para que ninguém percebesse algo anormal, ou seja, a batalha.

— Aconteceram coisas tão estranhas nesses quatro dias, que nada mais é surpresa. Já sei oque esperar.

Eu comecei a descer. Mas meu pai me parou.

— Não faça isso. Não encoste seus pés no chão, senão ficará paralisada no tempo tambem.

— E então, como vou fazer para chegar na sala amarela?

Ele me estendeu a mão, e nada mais precisaria ser dito. Eu peguei. Para um morto, seu toque ainda era quente, ou eu estava gelada com toda essa paralisação rolando pelo parque.

Ele me puxou para fora do galho, e eu comecei a flutuar. A fraca luz tambem me envolveu, fazendo com que eu me sentissse mais leve que o ar. Depois de alguns segundos eu comecei a voar sozinha. Meu pai me soltou e acenou para mim. Já entendi, de novo eu teria que terminar sozinha.

 


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