A Nova Heroina escrita por Babyi


Capítulo 1
Querido Diário




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Meu Primeiro e Querido Diário,

Com amor no coração e a morte na alma.” é mais ou menos assim que eu me sinto ultimamente , - Eu vi essa expressão deliciosamente romântica em um livro chamado “A marca de uma lágrima” e adotei-a como minha.

As férias vão bem até aqui, não ocorreu nada de comprometedor até agora. Mas ainda estão na metade então a probabilidade de não acontecer algo embaraçador é quase zero. Tomara que o mico do século não ocorra na frente do Gustavo, eu morreria se isso acontecesse. As férias – é sempre culpa dela, as férias- vão monótonas, agradeceria se caísse do céu um pouco ou muito de aventura, eu acho que é como se estivesse ensosso, com todos os ingredientes e tudo, mas falta sal. Falta emoção.

Para mim a real emoção seria conseguir de vez conquistar o Gustavo,- Homem é tudo igual. Ele ainda nem percebeu que eu existo – E que sou o amor da vida dele- e se percebeu, nem demonstra isso. A quantidade de poemas fofos e letras de músicas românticas que eu já li em busca de uma que realmente colocasse em palavras oque eu sinto por ele, foi grande mas nenhuma, nenhuma mesmo, conseguiu. É como se todas as músicas juntas, se formassem uma só, não conseguissem expressar nem a metade.

A Bianca e a Camila ainda são minhas amigas, mas elas se afastaram muito de mim. Como se eu tivesse uma doença estranha e altamente contagiosa. As vezes o “Monstro de olhos verdes” chega em mim, principalmente quando nós vamos jogar vídeo-game na casa delas, e o pai delas sempre abre a porta animado para brincar com as filhas. Eu não tenho alguem para abrir a porta animando. Eu não tenho alguem para jogar vídeo- game nas horas vagas. Eu não tenho alguem para fazer tapioca de manhã. Eu não tenho mais pai.

Há um momento, um único momento, que eu me lembro da paz que ele trazia, um momento guardado em caixa de ouro na memória, que eu mantenho só para mim há cinco anos, e que pretendo manter até morrer: Nós estávamos em casa, era um dia frio de férias de verão. Meu pai e minha mãe mexiam com o aquário animadamente, se divertindo, como sempre acontecia nessas ocasiões. Sophie desenhava um coelhinho, e ás vezes me pedia ajuda. Minha avó fazia o bacalhau de domingo, e eu estava sentada á mesa vendo a cena.         Eu me sentia estranha, naquela época eu não sabia, mas eu me sentia em paz. Eu olhei em volta, a sala bagunçada e aconchegante era o cenário. Os peixes davam corridinhas animadas pelo aquário, enquanto algumas plantas eram enraizadas.         Estávamos em casa, todos os cinco. Eu, Sophie, minha mãe, meu pai e minha avó materna. Daí eu pensei “quanto tempo será que isso vai durar?” Naquela hora eu não sabia, mas aquele tipo de momento não iria se repetir. Três dias depois, meu pai morreu em um acidente de carro, então eu jurei a mim mesma que nunca iria perdoá- lo por nos deixar assim.

Ás vezes eu ainda abro a caixa em busca de um último e bom momento com a família completa, mas quando tenho que fecha-la cada vez me agarro mais, e mais forte a lembrança, e cada vez é mais difícil fecha-lo. Mas eu sempre fecho.

Hoje em dia, eu tenho um padrasto (o nome dele é Tadeu) com quem minha mãe se casou quando eu tinha dez anos. Ela não escolheu mal, o cara é legal, trabalha como professor de uma universidade, é bonito e gosta de mim como uma filha. Esse é o único problema.

'        Tadeu acha que pode substituir o meu pai, quer que eu o chame de pai. Quer me tratar como uma filha, me levar para passear como meu pai fazia. Mas eu não quero substituir meu pai, queria te-lo comigo- ainda tenho problemas para aceitar que ele morreu.

Se você olhasse para mim agora, me acharia uma louca muito estranha; mas não precisa olhar, é só saber que tem uma menina que chora quando escreve um diário e está encharcando as páginas com lágrimas. Eu sou aquela menina estranha que só o pai entende.

Minha mãe é legal e tudo mais, mas nós duas não temos exatamente uma relação mãe-filha muito próxima. As vezes eu acho que ela me esqueceu, ou que sou adotada ou coisa do gênero, mas já me acostumei com isso. Só não consigo aceitar que a única pessoa que me entendia morreu em um acidente de carro.

Não posso mais escrever, senão vou estragar as páginas com lágrimas molhadas de tristeza. Não quero perder mais algo que eu amo.

Boa noite!

Diana.

 


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