As folhas laranjas amareladas caiam sobre o gramado de um modo gracioso. As árvores altas e exuberantes perdiam cada vez mais suas folhas, conseqüência marcante daquela época do ano. O outono chegara para enfeitar a cidade com folhas amarelas, laranjas e até mesmo vermelhas.

Vários homens de aparência cansada seguravam firmemente seus tridentes e afastavam as folhas do caminho pelo qual as pessoas costumavam transitar. Havia vários montes dessas folhas coloridas nos quais as crianças mais novas insistiam em brincar.

Já fazia alguns minutos desde que uma garota conhecida da vila estava sobre as pontas dos pés e puxava alguns galhos mais baixos de uma árvore. Ela não se importava com o sol fraco que brilhava sobre sua cabeça e muito menos dava a atenção ao seu vestido branco que estava começando a ser tingido de uma cor parecida com a da terra debaixo de seus pés.

- Frannie! Frannie! – Uma voz fina a chamou repetidas vezes. A garota que antes mexia nos galhos das árvores agora se virava para andar em direção à garota que a chamava. Enquanto andava enfiou seus dedos no cabelo loiro para tirar alguns nós que ali estavam.

- O que foi Ernie? – Perguntou. Sua voz soava doce a cada silaba, juntamente a seu sorriso que fazia qualquer homem se perder em amores.

- Seu pai. Vá buscar água para ele – A de cabelos escuros empurrou para Frannie um vaso de barro e esperou que ela pegasse. Quando o vaso não estava mais em suas mãos voltou para dentro da pequena casa.

Com passos lentos e calmos a garota andou por alguns minutos até chegar a nascente de um rio que ficava perto da vila na qual morava. Agachou-se e começou a encher o vaso com a água pura que fugia da nascente. Quando no recipiente não podia mais caber uma gota, Frannie se levantou com um pouco de dificuldade, o vaso estava demasiadamente pesado e seus braços não eram suficientemente fortes. Afastou-se dali com cautela, mas foi altamente assustada por um cavalo de cor escura que passou correndo perto de si, relinchando. Caiu para trás deixando a água do vaso derramar toda sobre seu corpo. Estava molhada desde o umbigo até o pescoço, além de ter agora as costas doendo levemente.

- Oh, desculpe-me, senhorita – Um homem alto de pele branca e cabelos negros disse. Só quando ele se abaixou que Frannie pode ver a cor dos olhos daquele homem de voz grossa. Eram castanhos. – Você está bem?

- Sim... – Falou num sussurro. Quando reparou nas roupas que o homem usava, levantou-se rapidamente e se afastou um pouco. Olhava para ele assustada. Ele vestia culottes.

- O que foi? – Ele perguntou, um sorriso surgindo no canto de seus lábios. Isso serviu para assustá-la ainda mais. Tentou correr dele, mas o nobre foi mais rápido e a segurou pelo pulso. – Calma, eu não vou te fazer mal.

- Não, eu... por favor – A garota se embolava em seu nervosismo, principalmente quando o homem afastou de seu rosto alguns fios loiros.