- Ja chega – decidi por fim acabar com os olhares raivosos dos dois – e Percy, por favor, ja chega de criticar, Nico é experiente e sabe o que faz – completei, pude ver o mesmo revirando os olhos e repetindo o que disse, mas ignorei.

 Andavamos por entre a mata a procura de um lugar bom para acamparmos, ja que se ficassemos muito na rua algo poderia acontecer. Finalmente achamos um lugar bom, depois de andar mais alguns quilometros, decidi arrumar uma barraca quando olhei para os lados e os tres sorriam amarelo.

- O que foi? – perguntei.

- Ér que Annabeth, só você trouxe uma barraca, só temos simples sacos de dormir – respondeu Nico sorridente.

- E eu que nem isso eu tenho. – bufou Percy irritado, todos o olhamos como se ele fosse louco- Que foi? Não sabia que iriamos acampar no meio do nada – eu revirei os olhos com tamanha burrice.

- Tudo bem, você pode dormir na minha barraca junto com Grover, eu fico com o saco de dormir dele – disse.

- Bée! Como assim, Annie, você trouxe a barraca e vai simplesmente deixar que a gente durma nela? Não é justo – replicou Grover.

- É eu sei, mas tambem sei que o senhor ali – apontei o olhar para Percy- vai sentir nojo de ficar perto de alguém como eu – falei, deitando-me no saco- o primeiro turno decidam ai, ja fiz muito por hoje, estou com sono e vou dormir – completei fechando os olhos.

Quando fechei os olhos, demorou bastante tempo para eu dormir, infelizmente, por mais que morresse de sono, não conseguia dormir naquele saco, por isso tinha pegado um saco de dormir para ficar mais confortavel. Fiquei um longo tempo me revirando no saco para dormir, quando parei e fiquei calada, foi quando comecei a escutar cochichos.

“Nico ja dormiu e Annabeth tambem, agora você pode me explicar o que foi aquilo tudo?”

“Aquilo o que? Foi ela quem disse ter nojo de mim, não eu”.

“Não me refiro a isso, que ja era nitido uma resposta dessas, mas ao seu interesse repentino, em ficar na mesma barraca que ela”.

“Aquilo foi porque não queria que Nico ficasse com ela, diferente, aquele menino não me entra na garaganta eu não vou com a cara dele”.

Naquela hora Grover iria responder alguma coisa, mas ele olhou para tras reparando que eu não estivesse dormindo, então decidi finalmente fechar os olhos e para minha surpresa dormi rapidamente sem escutar a outra parte da conversa. Como não sou uma pessoa de muita sorte, longe disso sou azarada mesmo, o que é normal para uma meio-sangue, tive outro pesadelo. Estava numa sala onde Luke e Thalia, discutiam, o mesmo dizia que não podia liberta-la, caso, contrario morreria, ate que por fim uma mulher entrou e eles pararam de falar no, mesmo instantes.

“Lady Anfitrite, tudo esta sob controle aqui – Luke respondeu rapidamente.”

“Ótimo, logo, nossos chefes estarão presentes e você sabe que nada de errado pode acontecer, caso contrario, você juntamente com a pessoa que mais te importa nesse mundo sofrera as consequências- a mesma sorriu maquiavelicamente fazendo o garoto suar frio”.

Eu conseguiria escutar mais coisas, porem, fui, brutamente interrompida quando uma voz ecoava no meu ouvido, alguém me balançava pedindo para que eu acordasse, abri os olhos, ainda um pouco sonolenta, a pessoa sorriu.

- Bela adormecida, é hora de acordar, precisamos sair daqui o quanto antes – avisou Nico, só então notei que ainda era de noite.

- Mas ainda são – olhei no meu relógio- quatro horas da madrugada – argumentei.

- Não estamos num SPA, nem de férias isso aqui é uma missão e Grover acabou de sentir o cheiro de monstros vindos à nossa direção – chegou perto de nós Percy.

Revirei os olhos, levantando-me, não queria discutir com Perseu, já estava de saco cheio daquele jeito dele e nos últimos tempos o mesmo parecia mais diferente, quero dizer, nunca tinha entendido muito bem o fato dele só agir assim comigo, na verdade eu entendia, só não queria parar para pensar, a ideia era ate absurda para mim.

- Para onde iremos Annabeth? – perguntou Grover.

- Continuaremos a andar naquela direção – apontei para o leste- se não me engano estamos perto da cidade, o único problema é como chegaremos ate lá a pé – terminei.

- Eu tenho um jeito – Perseu sorriu travesso.

O mesmo olhou pros lados e assobiou, ficamos o olhando como se ele fosse algum tipo de louco, depois de alguns segundos quando já estava preste a dizer que ele era louco um cavalo-alado apareceu. Meus olhos se arregalaram porem nem Grover muito menos Nico parecia surpresos, tudo bem que por Poseidon ser criador dos cavalos, Percy também se daria bem com eles, mas não achava que seria ao ponto de existir esse tipo de cavalo, digo, talvez, seja ingenuidade da minha parte, já que na mitologia grega isso existia.

- Blackjack, onde esta a Liss? – perguntou, para o cavalo que estava ali, instante depois apareceu um cavalo ou seria égua? Mas ao contrario de Blackjack, que eu supus ser o cavalo de Percy, pela forma com o qual o mesmo tratava o animal, era branca e tinha os olhos claros, ao contrario de Blackjack.

Confesso que tinha gostado muito dos cavalos, me aproximei lentamente de Liss que para minha surpresa deixou que eu me aproximasse, comecei a acariciar seus pelos que instantes ela tinha relinchado, fiquei um pouco assustada.

- Ela gostou de você – disse Perseu.

- Também gostei dela – respondi acariciando-a- então posso ir nela, junto com Nico? – perguntei, o semblante de Perseu ficou meio estranho, mas ignorei.

- Ela esta dizendo que não quer que Nico suba nela, acho que é por ser filho de Hades - falou Percy, os cavalos relincharam e apenas dei nos ombros já que não sabia o que eles falavam, não tinha como argumentar.

- Tudo bem, então eu vou com Grover, venha menino-bode – sorri montando em Liss, juntamente com Grover.

Reparei que Perseu tinha bufado, mas não dei muita importância a isso, esperei que ele e Nico montassem em Blackjack, quando estes montaram, partirmos em direção a cidade. No caminho fiquei pensando, por que aquele idiota não tinha feito isso antes?

Não foi muito longa a viagem ate a cidade, mas para mim foi. Grover a todo o momento olhava para traz e começava a tremer, como se algo muito ruim estivesse próximo ou nos vigiando, eu confesso que também sentia isso, mas fazia de tudo para tirar esses pensamentos da minha cabeça. Chegamos por fim na cidade, onde decidimos procurar o hotel mais próximo para ficarmos, como já estava bem cedo.

- Vamos pegar só um quarto, só o tempo de a gente dormir mais um pouco, quando for de tarde voltamos à viagem – falei.

-Dorminhoca – cochichou Percy e eu fuzilei o mesmo com o olhar.

Fui a primeira a chegar ao quarto e dormir, ignorando os outros. Sabia que estava sendo egoísta, mas o que eu poderia fazer? Tinha sido acostumada a sempre estar em quartos luxuosos e viver no conforto, de uma hora para outra fui para um acampamento tendo que ser obrigada a mudar todo e qualquer tipo de habito que eu tinha antes. Quando deitei não demorou muito para dormir, assim como meus sonhos que vieram mais cedo do que eu esperava dessa vez, felizmente, era com minha mãe.

- Olá minha filha, hábitos antigos nunca mudam não? – falou rindo, com certeza se referindo ao fato de eu ter sido a primeira a correr para cama- Mas eu não vim comentar sobre isso.

- É eu sei – respondi um pouco constrangida.

- Não precisa ficar assim filha, sei que você não faz por mal, eles também sabem que você é assim e te aceitam, ate mesmo Percy – ela deu uma piscadela e eu abri o sorriso-, mas mudando de assunto você se precisa se preparar as respostas para todas as suas perguntas esta bem aqui – ela apontou para a cabeça e depois para o coração- mostre que é uma filha de Atena, seja esperta.

- Mas mãe, você não me pode me cobrar isso eu não sou tão inteligente quanto, outras filhas que você teve, eu não tenho todas as respostas – confessei.

- Já é um começo, já dizia um grande filosofo de Atenas “sei que nada sei” ninguém é perfeito minha filha, nem mesmo os deuses, admitir não saber algo só mostra o quanto você é inteligente para saber seus limites, agora só basta que os enfrente, tenho orgulho de você – dito isso ela se reduziu a pó.

Eu quis protestar, perguntar mais, porem meus olhos se abriram logo de cara. Grover e Nico dormiam tranquilamente, enquanto Perseu não estava mais na cama, fiz minha higiene pessoal e fui atrás dele, já que suspeitava onde o mesmo estava. Chegando ao local minhas suspeitas foram confirmadas a ver um garoto debaixo d’agua, que reconheci rápido.

- O que esta fazendo aqui? – perguntou grosseiramente saindo d’agua.

- Vim te procurar, mas deixa! Eu estou indo – quando ia saindo ele me puxou.

- Desculpa. Eu estou meio nervoso – falou se sentando pegando um cigarro e acendendo o olhei incrédula.

- Não acredito que você fuma – falei incrédula.

- Vai me impedir? Porque nada que você faça vai me fazer parar – respondeu dando nos ombros.

Fiquei um pouco sem fala, reparando o mesmo fumando, ele tinha um olhar perdido no horizonte o sol estava um pouco fraco, já era de manhã, mas não tinha ninguém por aquela área, o que estranhei já que não era tão cedo assim.

- Não irei te impedir, se você quer fumar que fume, agora quando ficar com os pulmões todo ruim, não fique resmungando por ai, sua mãe com certeza não iria gostar – completei sorridente ele revirou os olhos pegando o cigarro e jogando longe.

- Você é impossível – bufou sentando-se de pernas cruzadas.

- É eu sei que sou – levei como um elogio.

- Isso não foi um elogio – retrucou.

- Mas levei como um – respondi olhando para minhas unhas.

Desde que tudo isso tinha acontecido, nunca mais tive tempo para fazer qualquer futilidade que fazia antes, eu não ligava para maquiagem, mas isso não era dizer que não tinha minha vaidade, eu poderia não ser como uma filha de Afrodite, porem era mulher e toda mulher seja da mais masculina ate a mais feminina tinha um lado assim.

- Então o que vamos fazer? – ele perguntou me desviando completamente dos meus pensamentos.

- Por que acha que eu sei de tudo? Só porque sou filha da deusa mais sabia, não significa que eu tenha todas as respostas – argumentei.

- Calma – falou rapidamente sorrindo-, eu só acho muito estranho uma filha de Atena não ter todas as respostas, para solucionar nossos problemas – deu nos ombros.

 - Ninguém tem todas as respostas, nem mesmo minha mãe tem – respondi-. Muito menos soluções para tudo. Obvio que existe para quase tudo, mas, por exemplo, se existisse uma formula para o amor, com certeza nossos pais nunca estariam juntos – quando eu disse isso um raio cortou o céu e eu dei um risinho culpado- ate porque ambos não fazem o tipo de um – completei.

- Só que o amor é departamento para Afrodite não? – perguntou.

- Sim, mas isso não significa que esta fora da teoria quando ela é vista por um todo – respondi calmamente.

Ficamos por algum tempo calado, de certa forma Perseu estava certa, era muito estranho eu não ter todas as respostas, afinal de contas eu era a filha da deusa da sabedoria, deveria saber absolutamente tudo não?

- Não se culpe – o mirei rapidamente-, apesar de tudo, em minha opinião você é a pessoa mais inteligente e culta que eu conheço – ele disse e eu não pude deixar de corar fortemente- você é diferente de todas as garotas que eu já conheci com certeza – ele completou e eu ri.

- Você também é diferente de todos os garotos que eu conheci – confessei sorrindo.

- E sem duvidas temos muito em comum – confessou também.

Rimos por uns instantes, esquecendo-se completamente do mundo a fora, era a primeira vez que tínhamos uma conversa por mais de alguns minutos e eu devo dizer, que agora entendia porque Thalia tinha feito amizade com ele, ate que o mesmo era simpático.

- Então por que brigamos tanto? – perguntei- Digo, se nossos pais puderam se entender, por que nós não podemos trabalhar juntos?

- Talvez porque o destino nunca deixou que nos conhecermos melhor – falou.

Ele se aproximou de mim, me assustei com a proximidade, sentia meu coração bater em um ritmo nunca antes visto, a boca dele estava a milímetros da minha, meus olhos estavam praticamente fechados olhando fixamente para sua boca, ele tinha seus olhos já fechados e cada segundo mais perto da minha boca. Um beijo teria acontecido se naquele exato momento, uma voz não tivesse gritado nos chamando atenção.

- Gente, precisamos sair daqui agora! Grover sentiu cheiro de monstros de novo – disse Nico.