Sophie caminhava sobre as ruas de Stuttgart, cotidianamente saia para passear pela manhã. Andava sem se olhar a sua volta, tudo sempre estava tranqüilo, o mundo estava calmo, pelo menos até aquele momento, até àquela hora:
  - Sophie Maria Josephine Albina Chotek...

 Ela levantou o rosto para ver quem a chamava, enxergou uma pessoa a pouco metros a sua frente usando roupas escuras e apontando-lhe uma arma de fogo. Era uma arma estranha, pequena, parecia tão pequena comparada com as armas de caça, mais ainda assim era assustador. Sophie tremeu, apertou as mãos de nervosismo e permaneceu parada, todos ao seu redor foram caminhando cada vez mais lento ao perceberem a cena que ocorriam bem ao lado, não tardou para que a rotina de todos naquele lugar parassem. Sophie suava, a gola do seu vestido estava molhada agora, ah, como Sophie queria que fosse apenas o calor. O vulto de roupas escuras que segurava aquela pequena arma de ferro deu dois passos adiante, permanecia com a mão estirada em direção a Sophie:
 - Quem diria, até neste mundo você há de pagar pela existência daquele homem.

 Sophie não entendia o que aquela pessoa queria lhe dizer, afinal, de que homem aquela pessoa estaria falando? Nem casada era, não possuía irmãos e seu pai morrerá quando ainda era criança.
 - Mas como dizem, nada pode fazer, é o destino, não é mesmo querida Sophie, Duquesa de Hohenberg?
 - Mas do quê estás falando? Nem duquesa eu sou, deves estar me confundindo com outra pessoa. – Finalmente havia tomado coragem parar falar, o medo da morte estava desesperando-a.
 - Huhuhu, pobre Sophie, não sabe nem o título que carrega, contudo é aceitável, é uma pobre coitada nesse mundo, apenas mais uma na multidão.

 A platéia assistia a todos os fatos, porém sem ninguém intrometer-se. Sophie olhava para os lados pedindo socorro, mas poucos olhavam nos seus olhos, estavam mais preocupados com o espetáculo. Mais dois passos, Sophie sabia, iria morrer e nada podia fazer para evitar aquilo. Ouviu de longe a risada do seu algoz, não conseguia enxergá-lo muito bem, via seus cabelos longos e suas roupas escuras, nada a mais. A mão enluvada segurava o gatilho, a luva negra, Sophie sentiu uma dor no peito, por que logo uma luva negra?

 Sentiu o baque, Sophie soltou um gemido de dor, olhou para baixo e viu uma mancha escorrer do seu abdômen, colocou as duas mãos sobre o ferimento. Achou que tomaria o tiro no rosto, não viu quando o seu assassino abaixou a arma em direção ao seu tronco. Tossiu um pouco de sangue, o filete escorreu pela sua boca até o queixo. Levantou o olhar para olhar novamente o seu algoz. Viu-o rindo da sua situação, os dentes brancos brilhavam a luz do sol, mas seus cabelos não deixavam ver o seus olhos, Sophie não ouvia as risadas, apenas a pessoas gritando e correndo depois do tiro.

Mesmo com todo o barulho ela continuou com o olhar fixo, tinha ódio, não por ter morrido na flor da sua idade, mas por não saber por que havia morrido aquilo a consumia, havia morrido por quem? Por que logo ela? Pobre Sophie. Sua visão começou a escurecer, oh pobre Sophie havia morrido nem sabia por que... O destino é tão injusto, pelo menos para ela. A última Sophie Maria Josephine Albina Chotek havia morrido... A última.