“E por que ela não veio?”

“Eu já disse, Tom, sua mãe foi visitar alguns parentes e por isso não pôde vir.” O homem observou enquanto o rosto do menino se contorcia em uma expressão de desconforto. “Ela virá da próxima vez.”

“Só no mês que vem.”

“Passa rápido.”

O garoto encarou o pai por alguns minutos, antes de voltar a olhar para frente, observando o gramado que se estendia nos terrenos do colégio e onde alguns outros garotos estavam aproveitando para ficar um pouco ao sol. Ele queria poder dizer ao pai que não, um mês não passaria rápido... Um mês em Eton era uma eternidade.

“Como estão indo as aulas?”

“Bem.”

“Falei com um de seus professores, ele disse que você está com boas notas.” O menino deu um sorriso sem graça. “Mas que está preocupado com o fato de você estar sempre sozinho.”

“Não sei porque... Não tem razão para ficar preocupado,” Tom murmurou.

“Você conhece aqueles garotos?” Seu pai apontou para um grupo de alunos que estava conversando e rindo perto deles, todos na sua faixa etária.

“Sim, eles estudam comigo.”

“São seus amigos?”

“Não.” A resposta saiu automaticamente de sua boca.

“E por que não?”

“Ahm... Não sei, eles simplesmente não são.”

“Você ao menos já tentou falar com eles?” o homem perguntou.

“Já.”

“E...?”

“E eles foram legais... Gostaram de estudar comigo, disseram que eu sou inteligente.”

“Viu? Não é tão ruim tentar se socializar.” Thomas sorriu, colocando uma mão no ombro do filho.

“Eu só não gosto de falar com eles.”

“Não tem razão para não gostar, afinal, como você mesmo disse, eles gostam da sua companhia...”

“Eu tenho razão para não gostar.” O Riddle mais novo falou, desvencilhando-se da mão do pai. “Eles ficam tirando sarro do jeito que eu falo.”

“Não há nada de errado com o jeito que você fala, Tom.”

“Tem sim.” O menino bufou. “Sotaque de Yorkshire... Eles dizem que só fazendeiros tem esse sotaque.”

O homem suspirou, voltando a colocar uma mão no ombro do mais novo. O garoto ficou em silêncio, mas não se mexeu.

“Yorkshire não é composto só de fazendeiros... E você nem tem um sotaque tão forte.”

Tom não respondeu, apenas encarou o pai por um tempo, antes de encostar-se nele, deixando com que o outro o abraçasse só com um braço.

“Eu não gosto daqui,” o menino murmurou. “Quero ir pra casa.”

“No Natal.”

“Mas...”

“Vai ficar tudo bem, Tom... Mas você precisa se enturmar,” Riddle falou. “Eton não é o lugar mais lindo do mundo, mas consegue ser muito pior se você não tiver ninguém.”

“Eles só vem quando precisam de algo,” Tom resmungou.

“Não carregue ninguém nas costas.”

“Pode deixar.” O menino sorriu, encostando a cabeça no ombro do pai.