– Aya! Venha cá me ajudar a guardar as coisas! – gritou minha mãe na porta de casa

– Já estou indo mãe! – gritei – Então até mas Ichiro – falei dando as costas e indo em direção da cerca para pula - lá, quando de repente a mão de Ichiro segura gentilmente meu pulso, me virei para ver o que ele queria, e me assustei, nossos rostos estavam tão pertos que era capaz de escutar a respiração de Ichiro que agora ficava cada vez mas ofegante.

– Então até amanhã – disse ele sorrindo e virou o rosto para disfarçar a vergonha, mas logo em seguida me encarou novamente – Se você precisar de qualquer coisa é só gritar, estarei sempre aqui – falou mordendo os lábios inferiores – Então até amanhã – disse corando novamente, logo em seguida ele se aproximou de mim e me deu um beijo na testa, não era um beijo qualquer, era um beijo acolhedor que demonstrava carinho e amor

– Pode deixar que eu irei gritar – falei sorrindo

Ele sorriu e soltou o meu pulso, e eu o retribui sorrindo. Logo em seguida pulei a cerca e entrei na minha nova casa, eu ainda não estava acostumada com toda aquela mudança de vida, fiquei parada observando as paredes e a mobília que agora estava toda bagunçada e espalhada, ficaria ali por um bom tempo se não fosse a minha mãe

– Hm.. por que demorou tanto? Já tava dando uns pega no vizinho? – perguntou num tom muito provocante

–Claro que não – falei engolindo seco – A gente só estava conversando, você sabia que ele estuda na escola que você me matriculou – disse tentando desviar o assunto

– Hm que coisa não, então vocês vão estudar juntos? – perguntou dando um pequeno sorriso malicioso

–Para com isso mãe! Ele é meu amigo, que coisa – falei pegando as caixas que estavam nos degraus das escadas, logo em seguida sentei-me no chão e as abri

– Só “amigos”? – perguntou num tom provocante

– Mãe! Pelo amor de deus, você acha que eu sou o que? Eu acabei de conhecer o menino, a gente é amigo e nada mais! – disse nervosa enquanto desempacotava alguns quadros e objetos decorativos

– Desculpa filha – falou ironicamente – É que vocês de deram tão bem, e eu achei que, bem você é bonita e ele também então eu pensei que...

–Penso errado ! – gritei

– Ei mais respeito com a sua mãe – disse Kisuke me encarando – Posso saber o que esta acontecendo por aqui?

– Não precisa se preocupar meu bem são assuntos de mulheres – falou sorrindo maliciosamente, eu revirei meus olhos e voltei a desempacotar os objetos que estavam dentro das caixas. Logo em seguida minha mãe e Kisuke saíram da sala. Eu fiquei ali mesmo, sentada no chão de madeira. Fiquei o dia inteiro arrumando a mudança, organizando e limpando, era por volta de 20 horas, quando meu celular toca

– Baby talk talk talk to me

Let me love love love tonight

Baby talk Let me love

Na keudaemaneul yeah

Baby talk talk talk to me

Let me love love love tonight

Baby talk Let me love

Saranghalkke

Baby talk talk talk to me ♪

*Celular on*

–Alô, quem é? – perguntei de imediato

– Como assim quem é! – gritou

–Desculpa não estou reconhecendo a sua voz – falei fazendo algumas caretas, eu odiava essas pessoas que acham que eu era adivinha.

–Que vergonha, você não reconhecer a voz da sua linda amiga – disse – Ainda não sabe quem é?

–Desculpa, mais eu não tenho nenhuma amiga linda – disse sorrindo, parei por alguns instantes eu sabia que conhecia aquela voz de algum lugar..

–Kaori!! – berrou no telefone

–Tava na ponta de língua! Kaori, que saudades de você amiga!- falei extremamente contente

–Então você não tem nenhuma amiga linda, deixa você! – falou emburrada

–Para de fazer doce garota! Você é muita mas que uma mera amiga, é uma Irmã!

–A que bonitinho você falando assim! E ai como foi de viajem? – pergunta curiosa

–A fui bem...

–Não to falando disso! Tem menino bonito por ai? –perguntou sorrindo

–Sua tarada! – gritei – A tem uns aqui, bem o meu vizinho...

–A você já esta dando em cima do seu vizinho, que coisa não! E depois fala que eu que sou tarada!

– Claro que não! Você é loca, eu mal acabei de falar, e você já vem me julgando – disse sorrindo – Mas e você como esta?

– To bem! – falou, ouvi algumas vozes ao fundo, mais não conseguia identificá-las – Ah, eu to aqui na casa da Miho, ela quer falar com você, espera um pouco

– Ta bom – disse, depois de alguns segundos, Miho começou a falar comigo

– Ayaaa!! Como você ta?

–Estou bem melhor agora! E você como esta?

– To bem! Você não sabe da novidade!

– O que menina! Me conta! – disse empolgada

– Lembra da Yuri ?

–Sim, o que tem ela?

– Ela levou suspensão, você não vai acredita. Ela começou a brigar com o professor de física no meio da aula, chamou ele de todos os palavrões possíveis e disse que a aula dele é uma porcaria, ai o professor tacou os livros dele no chão com a maior força, e gritou “ Yuri sai da sala agora!” sabe o que ela fez, ela chutou os livros dele e cuspiu – dizia Miho quando foi interrompida, por uma voz autoritária e seria – Depois a gente se fala ! Beijos

–Ei Calma, eu to passada aqui! – falei com a boca aberta – Me conta mais!

–Outro dia eu te ligo com mais tempo, é que meus créditos estão acabando e ainda tem um ser chato e mandão que quer falar com você, então até mais Aya!

– Até – me despedi dela. Não acreditava no que havia acontecido, eu queria ver a cara do professor de física, e a Yuri aquela despeitada que dava em cima de todo mundo, bem feito pra ela, tava mas que na hora dela levar uma suspenção...

–Aya? – Uma voz triste e ao mesmo tempo feliz soa em meus ouvidos interrompendo meus pensamentos

–Junko – falei sorrindo, eu sentia falta dele – Você esta bem?

–Bem, eu só vou estar ao seu lado, mas eu tento levar a vida neah. E quanto a você, já arrumou amigos pelo jeito – disse ironicamente – Ou é mais que amigo? Qual é nome dele?

–Junko! Para com isso, a gente mal se conhece! – falei seriamente

–Desculpa, eu não quero ser chato, só quero que você seja feliz. E ai a Miho já te conto todas as fofocas da escola?

–Nossa não acredito que a Yuri vez aquilo, ela é tão cara de pau! Ela é ridícula – disse com um certo nojo

– A eu gosto dela até, ela é legal e bonita – falou num tom provocante

–Nossa Junko, você não presta – disse com os olhos cheios de lagrimas, por que ele vazia aquilo? Ele sabia que eu a odiava

–Há, você já ta ai se divertindo e eu tenho que ficar sofrendo aqui? Você já tem amiguinhos e eu tenho alguém? A única pessoa que eu amo é você, mas aonde você esta? Você me deixou aqui na hora que eu mais precisa do seu carinho.Eu cansei de sofrer por esse nosso amor, eu sempre luto, mas já não esta adiantando, a gente sempre volta nesse showzinho de amor!

– Então você quer dizer que vai desistir de tudo assim?

–Não é questão de desistir, Aya eu não quero brigar com você agora, eu estou cansado estou com saudades e não sei até quando vou suportar essa brincadeira de amor a distância, isso esta me matando por dentro ...

–Alô? – pergunto desesperada, a ligação havia caído, o credito da Miho devia ter acabado.

*Celular Off*

Meus olhos se encheram de lagrimas, como ele podia dizer algo desse gênero? Ele não era o único que estava sofrendo ali, ele não sabia o como eu lutava para que tudo entre nós desse certo, ele não imaginava o como eu o amava. Eu sentia muita falta de todos, sentia falta da forma com que eles agiam, as risadas que damos juntos, as brigas e brincadeiras, eu sentia muita falta de tudo aquilo. Respirei fundo, e continuei arrumar os objetos que ainda se encontravam jogados pela sala. Depois de organizar o que restava, subi as escadas e me direcionei ao banheiro, retirei minhas roupas e entrei de baixo do chuveiro, em seguida o abri deixando com que a água quente entrasse em contato com meu corpo, meus músculos se relaxaram.Queria esquecer o que Junko havia me dito, então fiquei ali por um bom tempo deixando com que a água caísse sobre mim, queria que ela levasse todas as minhas magoas embora. De repente minha mãe bate na porta

– Ta dormindo de baixo do chuveiro menina?! Já são 22:40, desliga isso logo, você tem que dormir, pois terá que acordar a manhã cedo! – disse nervosa

– Desculpa, me esqueci - falei desligando o chuveiro, peguei meu pijama e o vesti, sai do banheiro e fui em direção do meu quarto, deixei meus sapatos em um canto qualquer e me joguei em cima da cama. Minhas lagrimas dominaram o meus olhos novamente, eu lembrava dele...

– O colar – gritei, e saltei da cama, corri em direção ao meu guarda roupa e o abri,em seguida comecei a vasculhá-lo, a procura de um colar que Junko havia me dado no meu aniversario. Revirei todas as gavetas e finalmente o achei. Ele era prateado e tinha um formato de coração, eu o peguei e voltei para a cama, afundei minha cabeça no travesseiro. “Por que não consigo esquecê-lo?” “Por que tem que ser tão difícil assim?” me vazia essas perguntas diversas vezes a fim de encontrar uma resposta, mas a única resposta que eu entrava era..

–Eu o amo – falei deixando que as lágrimas caíssem sobre o meu rosto, peguei o colar e o pressione contra meu peito, fechei meus olhos e prometi para mim mesma, que eu ainda iria esquecê-lo, e que jamais iria sofrer daquele jeito por qualquer outro amor de adolescência...