Agora que a memória de Mayumi voltou definitivamente, ela se sente mais segura de si para seguir em frente com o relacionamento com a família, amigos e trabalho, porém apesar disso fica pé atrás com sua relação com Vagner.

Até o momento ele tem mostrado ser um cara muito legal, uma ótima companhia, mas ela teme que mais cedo ou mais tarde ele a descarte como Hugo fez.

Ela fala com Vagner todos os dias e ele não passa pra ela motivos para que fique assim, mas é mais forte que ela.

Por vontade própria Mayumi resolve procurar um psicólogo, mas não diz a ninguém. Ela marca a consulta e vai. O consultório fica em um prédio e assim que entra no elevador tem uma surpresa.

 - Vagner? O que você está fazendo aqui?

 - Estava ensaiando com o pessoal da banda. O estúdio é nesse prédio, sempre venho aqui. Eu que pergunto japinha, o que você faz aqui?

Mayumi não sabe o que dizer. Não queria dizer que estava indo ao psicólogo, mas também não conhecia mais nada no prédio para inventar uma desculpa.

 - Eu? Vim ver uma amiga que trabalha aqui!

 - Ah é? Que amiga?

 - Você não conhece...

 - Posso conhecer agora. Vou lá com você.

 - Não! – diz Mayumi surpresa.

 - Por quê? Dê-me um bom motivo.

Sem saída, Mayumi acaba cedendo.

 - Não tem amiga nenhuma Vagner. Eu marquei uma consulta com um psicólogo.

 - Psicólogo? Pra que isso?

 - Depois que minha memória voltou por completo eu tenho ficado confusa com algumas coisas e não sei com quem conversar, por isso achei melhor procurar um especialista.

 - Pára com isso japinha. Não sou psicólogo, mas pode conversar comigo se quiser. Sou bom ouvinte, pensei que soubesse disso.

 - Eu sei Vagner, mas não sei se você seria a pessoa certa pra eu ter essa conversa.

 - Posso saber o motivo?

 - Por que tem a ver com você.

 - Opa, se tem a ver comigo, mais um motivo pra falar não acha?

Mayumi não diz nada, apenas sorri sem graça.

 - Já almoçou japinha?

 - Ainda não.

 - Vamos comer alguma coisa, aí você me fala o que tem te incomodado tanto, se bem que acho que sei o que é.

 - Sabe? Além de baterista você é vidente?

 - Não, mas tenho quase certeza que isso tem a ver com neura de mulher, acertei?

 - Não diria bem neura, mas pode ser também.

 - Sabia! – diz rindo. – Vamos comer depois você me conta tudo.

Eles almoçam juntos e depois de um tempo de descontração, Vagner volta a toca no assunto.

 - Então japinha, o que tenho feito de tão ruim que fez você querer procurar um psicólogo?

 - Na verdade você não fez. Ainda, mas pode fazer.

 - O que? – pergunta ele confuso.

 - Vagner, na real, qual é a nossa?

 - Como assim?

 - Estamos ficando certo?

 - Certo. Por que a pergunta?

 - Se só estamos ficando, porque você me trata tão bem?

 - Não entendi japinha. Só porque estamos ficando eu devia te tratar mal?

 - Não é isso, mas você me trata bem demais, sei lá.

 - Você não gosta de ser bem tratada é isso?

 - Não é isso Vagner. Meu Deus, o que estou falando?

 - Começou agora termina japinha. Você acha que te trato bem por interesse ou algo assim?

 - Desculpa Vagner, mas acho. Parece que você me trata bem só até conseguir o que você quer.

 - E o que seria isso que eu quero? – pergunta olhando com um sorriso sarcástico para Mayumi.

 - Você sabe!

 - Não, não sei, prefiro ouvir você falar.

Mayumi fica sem jeito e não consegue encarar Vagner. Ela então respira fundo e diz de uma só vez:

 - Sexo! – diz dando um gole em seu refrigerante em seguida.

Vagner ri.

 - Não tem graça.

 - Pra mim tem. Você acha que sou assim Mayumi? Acha mesmo que preciso agradar uma mulher só pra ter sexo com ela?

 - Todo homem é assim.

 - Nem todos, eu não sou. Te trato bem porque me sinto bem com você, não por ter interesses. Mas de boa, até entendo você pensar assim.

 - Entende?

 - Sim. Você acabou de lembrar de um namoro que não foi muito bom pra você, normal achar que todos os outros caras são iguais.

 - Acha mesmo?

 - Claro. Mas isso já foi japinha, você tem que seguir em frente. Vai de você mesma fazer as comparações de agora em diante. Se quiser testar comigo, to dentro! – diz rindo.

 - Engraçadinho!

 - Sério japinha.

 - Vagner, você está me deixando confusa.

 - Não estou não e você sabe disso. – diz Vagner sério – Mas não encana por isso Mayumi, to de boa e é bom você ficar também.

 - Você está falando quanto à gente... Nós dois...

 - Você sabe que sim, mas já falei que to de boa, não vou forçar a barra e nem nada disso, pode ficar de boa. Só não sei o porquê você fica tão sem graça quando fala nisso. É uma coisa tão normal.

 - Normal pra você, não pra mim. Na verdade pra mim muito menos!

Vagner sorri e abraça Mayumi, lhe dando um selinho.

 - Uma hora sua cisma passa você vai ver! E quando essa hora passar, vamos nos divertir e muito! – diz rindo e dando vários beijos no rosto de Mayumi.

 - E se você não gostar?

 - Meu Deus japinha, pára com isso. Você ta esquentando a cabeça à toa. Não fica se cobrando, não quero isso.

 - Ta desculpa. – diz Mayumi sem graça.

 - Não tem que pedir desculpa, mas não quero que você fique se cobrando, se pressionando entendeu?

 - Entendi.

Eles se beijam e pouco depois Vagner deixa Mayumi em casa. Ela liga para Bel e Manu e pede para as duas passarem na sua casa. Ela precisava falar com as amigas, pois sentia que ia explodir. Ela estava sozinha, pois os pais haviam ido fazer as compras do mês.

Bel e Manu chegam e como de costume, as três vão para o quarto de Mayumi.

 - Bom, tenho certeza que você tem algo pra nos contar, pode começar que já fiquei curiosa! – diz Bel.

 - Na verdade não é algo pra contar, mas preciso de conselhos de vocês. – diz Mayumi.

 - Conselhos sobre? – pergunta Manu.

 - O Vagner e eu.

 - Hum, acho que sei que tipo de conselhos você quer... – diz Bel maliciosa.

 - Como você pode saber se nem eu sei? – diz Mayumi rindo envergonhada.

 - Então nos fala né May! – diz Manu.

 - Bom, o Vagner e eu estamos numa boa, gosto de estar com ele e tal.

 - Certo, e qual a novidade? Isso nós vemos! – diz Bel.

 - Calma, deixa eu falar! – diz Mayumi continuando – Então, estamos bem e tal, e ultimamente o clima entre a gente tem esquentado, mas esquentado mesmo!

 - Adiante May. – diz Manu.

 - Mas apesar disso tudo, eu não sei se devo seguir em frente.

 - Como não sabe? Por quê?- - pergunta Bel.

 - Bel, nós estamos ficando e não namorando.

 - Ta, e daí?

 - Como e daí Bel? Você iria pra cama com um ficante? – pergunta Mayumi.

 - E porque não? Se eu tenho uma química evidente com o cara, como é seu caso com o Vagner, porque não ir?

 - Bom, posso dar minha opinião? – diz Manu.

 - Claro né! – diz Mayumi.

 - Olha, eu, Manuela penso assim. Se fosse eu no seu lugar também ficaria meio pé atrás e tal, mas também concordo com a Bel. Você e o Vagner têm uma química, sei lá, uma coisa brota de vocês quando estão juntos, e falo isso porque já vi.

 - Ta Manu, mas só estamos ficando, não devia existir isso. – diz Mayumi.

 - Discordo May. Você está muito feliz desde que começou a ficar com o Vagner, na verdade já estava antes mesmo disso rolar entre vocês. Sabe o que está me parecendo? Que você quer ir pra cama com ele, mas tem medo do que ele mesmo vai pensar de você.

 - Tirou as palavras da minha boca Manu! – diz Bel.

 - Ele não vai pensar nada, vai é gostar! – diz Mayumi.

 - Com certeza May, que homem não gosta? Mas você está preocupada com o que ele pode pensar de você sim, te conheço.

 - Verdade May, você sempre se preocupou muito com a opinião dos outros, completamente diferente de mim. - diz Bel.

 - Ta, vocês não estão tão erradas assim. Eu me preocupo mesmo com a reação do Vagner quanto a isso. Não quero que ele me descarte logo depois como o Hugo fez.

 - Mayumi, vou te bater! – diz Manu brincando – O Hugo e o Vagner não tem nada a ver um com o outro. O Vagner é super mente aberta, não vai te julgar se você transar com ele agora e pelo o que o conheço, duvido que o tratamento dele com você mude.

 - Também acho May, e se mudar vai ser pra melhor, mas é a minha opinião. Agora quem tem que decidir isso é você. – diz Bel.

 - Não é errado você ter desejo por uma pessoa que te faz bem. Mas não esquenta amiga, deixa rolar e pronto. – diz Manu.

 - Vou pensar nisso tudo, prometo. – diz Mayumi sorrindo.

 - Faz isso sim, você não tem nada a perder, pelo contrário. – diz Bel.

 - É vocês podem ter razão. Podem. – diz Mayumi pra si mesma sem que as amigas notem.