Mao revirava-se na cama do hotel. Não agüentava mais dormir sozinho, sem algum carinho ou calor para fazer o seu sono vir mais rápido. Choramingou um pouco, batia com a cabeça no travesseiro e continuava na mesma.

Estava com lágrimas nos olhos, pensando no filho. Por que os Estados Unidos tinha que ser tão longe? Especialmente agora que Hiro estava morando consigo. Após o tsunami, terremoto, o filho ficou com a sua guarda.

O problema, era que aquela madrugada marcava o seu aniversário. Como reagir a isso? Estava ficando mais velho e parecia que perdia um pedaço de si a cada hora que passava no país estrangeiro.

Sabia o motivo disso no fundo: Kyo não havia dado sinal de vida desde que havia viajado. Isso era doloroso, mas sempre foi o jeito do mais velho. Só que era tão seco... Mesmo o namorando a tanto tempo, isso era cruel com seu coração.

Talvez Mizuki estivesse certo, Mao era muito carente. E Kyo não é uma pessoa apegada.

Pelo menos não há possibilidade de chifres. Ou talvez ele possa encontrar alguém que seja do mesmo jeito, daí acabe com ele quando voltasse. Claro que seria melhor viver com alguém quieto, que não precisasse de dieta constante e sem filhos para atrapalhar...

Aquilo deixou seus olhos cheios de lágrimas. Como poderia pensar isso de seu amado? Aquele que declarou seu amor nas mais belas palavras e o apoiou nos momentos difíceis e sombrios?

Quando perdia as esperanças, o seu celular tocou. Sem muita animação, atendeu a ligação.

-Alô... –Mao falou um pouco choroso.

-Mao-chan? –Perguntou a voz forte de Kyo.

O menor chegou a pular de susto! Seu namorado, ligando? Algo deveria ter acontecido!

-Kyo, o que houve? –Perguntou o moreninho.

-Nada... é que... –Era possível escutar Kaoru testando algumas notas ao fundo. –É seu aniversário... E... parabéns.

-Bri-brigado... –Mao corou violentamente.

-É... e... eu... bom... –Kyo estava corando também. –Faça um bom show aí e... dê o seu melhor e... Aishiteru.

O corpo do moreno se arrepiou todo com as palavras do namorado. Sorriu tão bobamente e apenas respondeu.

-Aishiterumo... –Falou Mao nas nuvens.

-ó-o-o-otimo. –Disse o mais velho. –Boa noite... Boku no Mao-chan.

-Bom dia pra você meu Kyo-chan... Isso foi tão... Kawaii...

-VAI DORMIR! –O vocalista mais velho desligou o telefone do estúdio com raiva.

Audácia daquele moleque lhe chamar assim! Ao voltar para onde os outros integrantes da banda estavam, achou-os no chão entregue as risadas. O outro telefone, que dividia a mesma linha, estava fora do gancho.

-ISSO FOI TÃO KAWAII!!! –Totchi gritava limpando as lágrimas.

-SEUS MALDITOS BISBILHOTEIROS! –Kyo gritou indo para a janela com o rosto completamente vermelho.

Olhou para aquele céu azul. Encostou a testa no vidro, deixou uma mão aberta e começou a cantarolar a música que havia composto para o amado, Higeki Ha Mabuta Wo Oroshita Yasashiki Utsu .

Mao deixou o telefone ao lado do travesseiro e suspirou. Com um sorriso no rosto, dormiu como um anjo.