Além da Sedução escrita por forsyth


Capítulo 11
Capítulo 11




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***

Levamos quase 40 minutos para fazer tudo exatamente como ele desejava. Se alguém do lado de fora ouviu nosso barulho pelo menos foram discretos e nada comentaram. O problema mesmo foi Denilson que esperava em minha sala.

— Já deveria estar aqui sabia? — cobrou com ar ranzinza e olhar crítico para minhas roupas — Pelo menos arrume essa gravata e dê menos na vista que andou transando com subordinados durante o expediente.

Olhei e de fato, minhas roupas estavam meio zuadas. Ele continou alugando meus ouvidos e meu humor permanecia ótimo, depois de tanta ação meu corpo pedia um local macio para cair. Deitei no sofá e Denilson cruzou os braços.

— Você por acaso não se pergunta a razão dele resolver de repente voltar a te ver?

— Do que fala? — mas eu sabia o que ele insinuava e isso terminou com meu humor.

Denis ergue a sobrancelha de maneira irônica. Minha alegria acabou quando vi a pesquisa feita pelos investigadores contratados para o caso do vazamento de informações. As prévias indicavam que existia mesmo um especulador e provavelmente um dos executivos.

— Quando teremos certeza de quem é?

— Em breve.

O nome de Mauricio constava na lista de suspeitos junto com mais outros 9 executivos com acesso a arquivos confidenciais dos clientes. Denilson avisou mais uma vez sobre a necessidade de eu manter em segredo a investigação e o relacionamento amoroso com um dos supeitos. Ignorei novamente a insinuação de que meu namorado seria o culpado. Ele não poderia fingir estar apaixonado por mim. E o que parecia tão perfeito até minutos atrás se tranformou em algo duvidoso. Por que sempre acontecia essas coisas comigo?

***

— Está com essa cara de retardado por quê?

— Hein?

Olhei para Marcelo que invadia minha sala rindo da minha expressão que deveria ser de abobado mesmo. E quer saber? Pouco ligava. Estava feliz, tive uma noite intensa e maravilhosa com o homem que despertava coisas diferentes em mim e que topava realizar minhas fantasias, o que mais poderia pedir?

— Não diga que você..

Eu só afirmei rindo muito e ele se sentou pedindo para que eu contasse tudo. Tinha hora que eu achava que ele tinha um lado feminino sempre pronto para surgir do nada, o que era esquisito um sujeito grande como Marcelo.

— E é isso! Eu sou louco por aquele imbecil manipulador. Sinto essa coisa de querer ficar perto, abraçar e matar qualquer um que encostar um dedo nele — comentei sério e meu amigo zuou dizendo que era bom saber disso porque assim nunca enconstaria nem por acidente e comecei a rir de seu exagero. — Se fosse verdade aquele papo que vocês tinham transado eu te mataria agora.

Nós dois rimos e paramos quando a porta abriu e veio o homem responsável pela minha alegria. Marcelo saiu e por trás dele, fingiu que o abraçaria e só o olhei com raiva enquanto ele dava um tchau indo embora. Levantei para lhe dar um beijo e abraçar .

— Só estou aqui para avisar que não nos veremos nos próximos dias — dizia desviando o olhar.

— Por que? — indaguei o apertando mais de encontro ao meu corpo — Vai para onde?

Ele não respondeu de imediato e me afastei um pouco para fitar seu rosto. Vi em seus olhos aquela expressão neutra que costumava ter quando nos conhecemos. O soltei e mantive distância, esperando que respondesse.

— Negócios — pronunciou secamente.

— Ok.

Sustentou meu olhar uns segundos antes e aguardei pensando que ele diria algo a mais que explicasse sua atitude arredia mas então o vi voltar pelo mesmo caminho que veio. Alguma coisa não estava certa. Fui atrás e segurei seus passos, o abracei por trás e descansei o rosto no vão de seu pescoço. Não gostava da idéia de ficar longe dele, não depois de aceitar que era ele que eu queria comigo.

— Por que não me diz o que tá acontecendo? — sussurrei em seu ouvido o envolvendo nos meus braços sem querer soltar — Algo está errado, eu sei. O que posso fazer por você?

O silêncio me causava angústia e um aperto, como se este afastamento dele não fosse temporário. Fiquei em sua frente e segurei seu rosto com carinho e ele olhou de volta. Aqueles olhos azuis tinham um sinal de lágrimas que me deixou mais alarmado.

— Pelo amor de Deus diga o que tem de errado com você!

— Sério que você não sabe mesmo? Que não voltou comigo por interesse? Que você sente algo por mim? — e nisso ele já parecia chorar e fiquei confuso.

— Claro que tenho interesse! — disse irritado e Caê deu passos para ir embora mas segurei continuando a falar — Interesse em ter você do meu lado na cama todas as manhãs, abraçado comigo e reclamando que te acordo antes da hora. Mas que droga garoto! O que mais preciso te dizer? Que adoro o nosso sexo selvagem?

Fui agarrado assim do nada por ele depois disso. O beijo dele parecia aliviado com alguma coisa que eu não entendia o que poderia ser mas o abracei de volta, retribuindo sua paixão. Quando o ar ameaçou nos faltar ele me soltou.

— Agora vai me explicar?

— Não posso — falou com raiva — Eu bem que gostaria mas não posso.

—Vai ter segredos de novo comigo? — falei retirando suas mãos de cima de meus ombros e ficando longe — De novo?

— Não é com você, é sobre a empresa.

— Isso foi sobre a empresa? Ah tá bom. E sua viagem súbita também?

— Eu não vou viajar.

— Como?

— Só vou precisar ficar longe de você uns dias, nada de encontros e manter distância dentro do trabalho — explicou um pouco corado — É importante. Não posso mostrar ter nenhum tipo de ligação com você ou qualquer outro executivo. Principalmente os responsáveis pelo setor de ações.

A luz da compreensão me atingiu com essa ultima frase dele. Então era real a investigação comentada por Marcelo. E de repente comecei a entender tudo e não gostei do quadro que enxergava.

— É a investigação?

— O que? — ele saltou de leve e tive a certeza.

— Não acredito que você...

Nem consegui terminar a frase. Porque se disesse em voz alta o que acabava de entender eu surtaria. Ele acreditou que agiria como trapaceiro ou algo assim? Sério mesmo? Que me envolveria com ele a troco de que? Ações? Devo ser muito besta mesmo em pensar que ele se importava comigo. Claro que só o ego dele tinha importancia, precisava constatar que eu o queria sem nenhum outro motivo escuso.

— Mauricio, não é o que você..

— É extamente o que estou pensando — falei alto e com raiva — E quer saber? Acho melhor você ir embora agora — abri a porta e esperei que ele passasse para bater com força. Eu iria provar que ele estava errado.



***

— Vai durar até quando isso? — Marcelo perguntava observando os nossos olhares a distância.

— Não enche ! — falei, evitando mais conversa e sua mania de se meter nos meus assuntos.

Durante a semana toda tentei ignorar aquela saudade e vontade louca que sentia de ter ele de volta comigo. De beijar, abraçar e sentir o perfume gostoso que só ele usava. Mas eu precisava ser firme. Nunca havia dado motivo para que desconfiasse de meus interesses. Vê-lo de longe era torturante e manter a pose de ofendido também, ainda mais quando o que desejava era eliminar a distância entre nós e acordar com ele do meu lado.

De qualquer jeito Caê ficaria longe de mim mesmo que não tivessemos discutido. Contratei Muniz novamente e ele se mostrou competente pois levei um susto ao ver que tinha conseguido emprego dentro da Hoffman. Era um simples faxineiro mas impressionou. As reuniões de diretoria ficavam cada vez mais tensas para o lado de todos os executivos chefes e eu não fiquei de fora das suspeitas. Uma dupla de seguranças e mais alguns investigadores particulares da Hoffmann vinham na minha direção pelo corredor.

— Sr. Froes, precisamos que nos acompanhe.

— Motivo?

— Vazamento de informações privilegiadas.

— O que?

Quando já estava prestes a esmurrar o infeliz, Muniz vinha correndo vestido com seu uniforme de faxineiro seguido por Caê, que agitava folhas nas mãos. Ok, que merda é essa?

— Parem! É um engano. Tenho provas de que meu cliente é inocente.Não é ele quem procuram! — meu investigador gritava — É aquele! — gritou apontando para alguém atrás de mim.

— Prendam aquele homem! — Caê ordenava para guardas aturdidos mas suficientemente espertos para acatarem as ordens dele.

Virei para ver Marcelo que saiu de umas das salas de arquivo e olhou a bagunça ao redor com surpresa. Dois segundos depois acho que entendeu o que se passava porque tentou fugir. Os seguranças do prédio o deteram. O responsável pela investigação da empresa se reuniu com Muniz e Caê que explicaram tudo. Marcelo aparentemente usava meu terminal de acesso para encobrir suas ações, ficando claro que suas visitas a meu escritório nem sempre foram amigáveis. Um programa de pishing foi instalado no meu computador dando acesso a minhas informações e com isso, podia usar como queria para vender informações. Isso me deixou perplexo e revoltado.

— Por que fez isso?

— Negócios, apenas negócios — Marcelo disse friamente.

Minha vontade era de bater nele e desmanchar seu sorriso irônico. Os guardas o levaram para interrogatório enquanto curiosos se juntavam nas portas das salas.

— Como descobriu isso? — perguntei a meu investigador que acenou para Caê.

— Precisei de ajuda nesse caso e consegui graças ao senhor O'Donnell. Meu emprego aqui contribuiu para que pudesse seguir e investigar de perto qualquer um que entrasse em sua sala.

— Quando Muniz me procurou, disse que seria preciso acessar as contas de Marcelo, dei o que pediu e encontramos todos seus passos e suas tentativas de se livrar da culpa a jogando para você — Caê disse sorrindo.

Muniz nos deixou sozinhos com a desculpa de que precisava levar as provas contra o sujeito. Olhei para o homem que tirava meu sono há dias e um sentimento de alivio percorreu meu corpo quando sua mão tocou a minha com um leve aperto.

— Ainda bem que teve a idéia de contratar alguém para ajudar nisso, Denilson contava somente com os "homens de preto" de meu pai que apesar de competentes não costumam investigar a fundo se existir um suspeito compatível com suas conclusões — disse com ar culpado.

— Imagino...— murmurei incapaz de falar mais, pois sabia que o ônus da prova sempre ficava a cargo do acusado. E Denilson nunca foi meu fã de qualquer jeito.

A secretária dele o chamou convocando para uma reunião extraordinária e com uma expressão indecisa ele me olhava e eu soltei de sua mão permitindo que fosse embora. A nossa conversa ainda não tinha terminado.

***

Dois meses depois...

Quente. E muito macio. Gostava muito de ter como primeiras impressões da manhã, aqueles musculos firmes e pele macia sob meus dedos e que reagiam a meu toque. O cheiro delicioso dele perto e ao alcance de minhas mãos.

— Pare com isso ou perderemos a hora.. — Caê resmungava com um suspiro satisfeito enquanto eu o beijava do pescoço aos ombros, pressionando seu corpo de encontro a minha ereção matinal que era comum toda vez que amanhecia junto dele.

— Temos ainda uma hora ...

— Ah droga! — ele gemeu quando o mordisquei de leve sua orelha.

Continuei meus avanços, esfregando naquele traseiro tentador que correspondia a meus impulsos, movendo-se vagarosamente aumentando o desejo de invadi-lo. O virei de frente para mim estirando meu corpo sobre o dele, beijando sua boca e rapidamente as mãos dele em torno de meu pescoço puxavam mais para baixo. Nossas línguas trabalhando intensamente. Pressionei um pouco de meu peso em cima dele, levando um braço debaixo dele para pegar seus ombros e o outro trazia seu rosto para mais perto de mim aprofudando o beijo. A maravilhosa fricção de nossos corpos e a dura ereção de ambos provocava gemidos a cada vez que ele empurrava de volta, respondendo a meus estimulos.

— Ah, isso é tão.. bom .. — ele gemia mais do que dizia por entre nossos beijos, as pernas dele embrulhadas ao meu redor.

Apertei mais, movendo-me rápido e enterrando meu rosto em seu pescoço incapaz de conter por um tempo maior a explosão de prazer. Meu parceiro veio logo depois e sua respiração falha e cabelos molhados de suor o faziam mais atraente.

— O que foi isso? — indagou sorrindo.

— Maneiras gostosas de começar o dia.

Observei meu lindo homem levantar meio relutante e buscar o caminho do banheiro. Recusei acompanha-lo caso contrário a gente nunca sairia do banho. Eu me conhecia o suficiente. Escutei o chuveiro e sua voz que cantava algo em inglês com leve sotaque, herança irlandesa imagino. Inevitável sorrir. O celular dele tocou e ignorei. Tocou uma segunda vez e lancei um olhar para ver quem era a essa hora da manhã. Um nome desconhecido surgiu e minha curiosidade aumentou. Peguei para escutar o recado deixado.

— "Hey, vai mesmo recusar a oferta? É tudo o que você queria, cargo executivo, Wall Street e sem a sombra de seu velho. Pense bem, se cuida. Abraço." — e terminava com um riso. Saulo era o nome dele.

O nome parecia familiar. Fui até a sala ver fotos penduradas na aparede e então lembrei dele, um amigo de faculdade que assim como Caê, era recém formado e já com emprego fora do país no competitivo mercado norte americano. Nova Iorque era o sonho de dez entre dez corretores de ações da bolsa. Uma ótima chance que ele pareceu recusar.

— Não vai tomar banho não?

Os cabelos molhados de meu amante escovavam meus ombros e suas mãos percorriam minhas costas iniciando aquele formigamento que tanto conhecia. O abracei e o beijei ternamente, não se tratava somente de sexo, eu gostava de fato de ficar perto dele. E acredito que ele o sentia na maneira que o tocava.


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