Além da Sedução escrita por forsyth


Capítulo 1
Além da sedução - Post 1


Notas iniciais do capítulo

Originalmente foi postado no orkut e com os posts vieram as músicas em várias partes do enredo mas se ficarem curiosos é só acessar minha comunidade a "Café com Keith". Lá tem outras historias de conteúdo homossexual entre outras categorias.



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***

Bolsa de valores de São Paulo - pregão

Olhando para todos ao redor, você jamais diria que neste ambiente muitos daqueles operadores lá embaixo passaram por minhas mãos.  Todos muito heteros e seguros de sua sexualidade mas que não hesitaram em ir para minha cama. Continuo minha ronda andando pelo andar superior na passsarela que circunda o local dando vista para o salão lá embaixo onde aconteciam os pregões. Esqueça o que você viu nos filmes de Hollywood e outros tempos de Brasil, o local agora é quase silencioso. Nada de gritos, gente exaltada a procura da melhor oferta de ações. Tudo é feito aos sussurros nos telefones exceto no dias de anomalia no mercado financeiro.

— Hey Mauricio, vai para o happy hour com a gente depois?

Virei para dar de cara com um dos que sonham em estar na minha cama mas que jamais estará sabem como é? Não faz meu tipo, muito alto e com tendências...femininas? Mas faz bem para o meu ego.

— Não, hoje tenho outros planos. Respondi continuando a andar e observar o movimento do ambiente. Hoje eu estava afim de uma noite quente, agitada e de preferência que terminasse com algo bem atraente me fazendo companhia sob os lençois. O que talvez não seria assim tão difícil...

Lótus Sexta -feira -22:30

A música não era algo que me atraía muito naquela boate mas sim o que eu via ali, muitos dos homens mais bonitos da cidade frequentavam aquele lugar e a grande maioria já tive um affair passageiro, uma noite apenas e um ou outro algo mais duradouro (este poucos agora me odeiam mas o que posso fazer?) e por duradouro digo que é um tempo entre um mês a três, no máximo. Sabem o que é mais legal quando se chega num lugar assim?

— Quero uma vodka com gelo — pedi ao bartender .

Mal retirei minha carteira para pegar o papel onde se assinaria o pedido dois caras bonitos  surgiram na frente do balcão e se ofereceram para pagar minha bebida. Isso não é interessante? Definitivamente amava ser desejado. Falo de sexo não amor, detesto homens carentes que se apaixonam em uma noite como  mulheres.

Aceitei a gentileza do primeiro e o outro somente sorriu, passando por mim e dizendo que ainda tinha a noite toda caso eu mudasse de idéia e eu apenas disse um discreto "por que não? " que o fez sorrir ainda mais e se afastar para a pista.

— Então qual seu nome? — perguntei não porque estivesse muito interessado, afinal com grande certeza nem recordaria depois mas o achei muito simpático e gostoso.

Sua aparência indicava ter uns 23 ou 25 no máximo, mesma idade que eu acredito. Sua conversa era agradável mas eu não queria falar muito portanto o peguei pela camisa e beijei sendo prontamente correspondido.  Obviamente não ficaria com ele a noite toda, estava somente "aquecendo". Quando interrompi o beijo ele me olhava da maneira que eu mais gostava de ver no jeito dos homens que eu escolhia : desejo.

— Obrigado pela bebida — agradeci, falando em seu ouvido e o deixei sozinho. Mesmo sendo lindo, não era o que eu procurava. Na verdade nem eu sabia o que estava procurando, sou da opinião de que quando ver saberei exatamente "quem é" . Andei um pouco por ali, ignorando algumas cantadas e desviando de algumas mãos mais afoitas com olhar no mar de pessoas adiante.

Quando tornei a virar para a direção de onde tinha vindo, foi que descobri o que procurava. Um rapaz loiro, de cabelos curtos e rebeldes, trajando um jeans simples e uma camisa negra justa parecia se divertir dançando ao que parecia sozinho. Era só impressão pois ao seu redor tinha uns três o cercando, pedindo atenção que ele não deu a ninguém. Após uns minutos que o vi se mover na pista, ele estava indo para o balcão de bebidas perto de mim  seguido de perto por alguns dos que tentavam a sorte a seu lado.

— Eu quero uma ice — pediu e não pude deixar de sorrir.

Isso para mim era bebida de criança mas ele me interessava e então, cheguei perto antes do outro que o seguia e ofereci pagar por sua bebida. Ele só me olhou surpreso, depois um sorriso meio sarcástico surgiu na sua boca.

— Não, obrigado. Ele vai pagar, não é?

Virou o rosto  para o lado e o outro cara que o seguia sorriu e sem hesitar, ofereceu-se para pagar. Ele voltou a me olhar encolhendo os ombros como quem diz "fica para próxima" e pegou a bebida saindo de perto com as mãos sobre os ombros do rapaz  de cabelos castanhos e olhos claros que o abraçou pela cintura, falando algo em seu ouvido que lhe causou um sorriso.

"Ok, isso dificilmente acontece comigo" , pensava já incomodado.  Não que eu todas as vezes me dou bem, mas digamos que quase todas as vezes sim ( principalmente se sou eu quem dá atenção). Meio contrariado mas achando tudo muito intrigante e divertido, fiquei observando o loiro na pista, que deu inesperadamente um longo beijo no rapaz da bebida.

— Conheceu o Caê e já tá interessado né?

Um moreno bonito e ar de surfista veio ao meu lado, escorando no balcão e olhando para  o mesmo que eu, a cena do loiro beijando o cara que agora colava o corpo dele ao seu, movendo os dois ao som da música.

— Não, eu não conheci.

Respondi meio seco e com leve mau humor por ter encontrado o que apreciar e ficar impossibilitado de levar. Não gosto da idéia de correr atrás demais, é dar importância muita grande ao que aparentemente nem é tão interessante.

— Pois se conhecer corre o risco de se apaixonar, cuidado — disse o rapaz, sorrindo e ainda olhando o loiro na pista com grande interesse.

— Não é do meu feitio me apaixonar, estou seguro — repliquei também voltando a olhar o rapaz que parou de dançar e beijava o outro.

O "surfista"desviou o olhar da cena para me encarar e sorrindo, abanou a cabeça. Pegou sua bebida e entornando tudo de uma vez falou antes de sair :

 — É o que todos pensam, eu também pensava mas veja bem: aqui estou eu, sem poder tirar os olhos dele e sem poder tê-lo de novo. É a vida!

Deu-me um tapinha nas costas e foi se  juntar aos dois na pista. O loiro o cumprimentou e ele disse algo em seu ouvido que o fez sorrir mas esboçar um "não" e largou dos dois indo para outro lado da pista onde foi novamente assediado mas por outros que o observavam ao longe. O surfista olhou para mim e de lá fez um gesto de "perdi" que me fez rir sozinho. Logo estava dançando com o rapaz dispensado pelo loiro.

— Rindo a toa Mau?

Meu amigo Rogério chegava e pegava uma bebida me acompanhando. Seguiu meu olhar e deu um assovio aprovador e perguntou porque ainda estava ali secando o cara e não amassando ele em algum canto.

— Aparentemente levei um fora, é isso — admiti sem rodeios o que o fez gargalhar alto e chamar atenção de alguns perto da gente e me fez ter vontade de socar sua cara.

— Sério? Isso é histórico...Marcelo precisa ouvir isso e..

— Ah, cala a boca! Disse irritado o fazendo rir  mais ainda e chamar Marcelo, outro amigo que saía de um canto escuro onde provavelmente pegava alguém. 

Contou e apontou discretamente o alvo. — Ah, o Caê? Eu já peguei e se pudesse eu pegava de novo — falou meio triste e isso me deixou puto.  — Que foi? O cara é gostoso poxa! — dizia se justificando.                                                                                  

    Olhamos para o Marcelo que notou a nossa atenção e daí comentou que o Caê jamais fica com quem chega nele porque gosta de escolher quem quiser. 

— Eu fui escolhido semana passada. — disse com um suspiro cansado — Uma única vez e tchau Marcelo..  — ele disse com ar ofendido.

— Ele dispensou o Mau, incrível não? — ainda repetia sem parar de rir o idiota do Rogerio.

— Incrível nada, ele não faz o tipo dele — afirmou com calma bebendo sua dose de uísque.

— Como assim?

— Olha Mauricio, ele não curte caras como ele entende? Que usa e joga fora. Ele mesmo disse isso para mim e sabem por que? Porque não sofrem, ele é sadico. Tem um "radar" para saber dos tipos como você, ele enfim.. é isso cara, desiste.

Fiquei pensando no que ouvia e decidi que conseguiria o que desejava. Afinal parecia valer meu interesse, nem que seja para provar ao tal Caê  que eu faço o tipo de todos, mesmo o dele.  Tomei minha vodka de um só gole e larguei o copo no balcão com um ruído que despertou meus amigos e os dois me olharam assustados.

— Wow, conheço essa cara Rogério...

— Uhum, eu também Marcelo.. — Hey, desiste é sério. Vai ser humilhado, ele pisará no teu ego. — gritou por cima do volume da música quando eu saí para a pista.

"É o que veremos.." , pensei certo de que esta noite sairia dali com o Caê, o famoso cara que ameaçava minha fama recusando meu convite.  Ele seria meu até eu dizer que não desejava mais, tinha certeza.

Cheguei perto dos caras que o cercavam enquanto ele dançava sem dar importância ao assédio descarado e esticando meus  braços afastei os outros  para ficar perto do loiro que estava de costas para mim.  Encostei nele passando meu braço em torno da sua cintura e o puxando para mim, nos movendo ao ritmo da música. Ele sequer olhou para ver quem era a pessoa que o abraçava. 

Mantinha os olhos fechados e um sorriso nos lábios, só parecia se divertir sentindo a música e eu era irrelevante. Não satisfeito com isso nem com os olhares de odio de alguns dos caras que investiram um bom tempo nele até eu chegar,  encostei meus lábios em sua nuca e passei meu nariz pela região e admito que gostei de seu perfume. Ele então riu alto e se virou para falar algo mas desistiu assim que me viu. 

— Ah, é você... — dizia com um tom indiferente mas sem tentar se afastar.

— Decepcionado? — perguntei camuflando minha súbita raiva com sua expressão ou falta dela.

— Não, só nem um pouco surpreso. — dizia sem sorrir mas voltando a dançar e sustentar meu olhar.

Acompanhei seus movimentos, grudando mais nossos corpos e ele não fez objeção alguma. Seus olhos azuis me encaravam e neles não vi o que estava acostumado desde sempre o que me irritou mas tentei disfarçar ao máximo.

— O que quer dizer com "nem um pouco surpreso"? — tentei mostrar indiferença perante sua opinião mas minha voz entregou meu descontentamento arrancando um riso baixo dele.

— Você ainda está inconformado com o meu não...— disse com o  mesmo sorriso sarcástico de antes. Suas palavras soaram como uma afirmação e não uma pergunta.

 Ele de fato parecia bem seguro do que pensava sobre mim. E isso também me irritou.

— Vamos dizer que isso não acontece com frequência — respondi enfrentando seu olhar indiferente — Me dê um motivo para você ter recusado.

 — Eu poderia citar mais de um motivo — falou ainda sorrindo e aproximando mais seu rosto do meu — Mas vamos dizer que seja pela mesma razão que se recusa o primeiro que te paga um drink na noite.

Apesar da voz dele sair baixa e provocante, pude ouvir  perfeitamente devido a nossa proximidade.  Esperei ele continuar a falar mas permaneceu quieto somente a fixar seus olhos azuis em mim, com um brilho de diversão pairando neles com os lábios ostentando o sorriso sarcástico.

Definitivamente meu charme não surtia efeito naquele rapaz que mantinha atitude indiferente em meus braços.

— Ainda não compreendi o motivo da recusa. Ele riu alto dessa vez, colocou os braços em torno de meu pescoço nos aproximando mais e colando seu corpo sem deixar de mover ao ritmo da música . Sua boca estava tão perto que poderia beijá-lo.  

— Ok, vou dizer mais claramente... — sussurrou sorrindo e passando levemente por segundos a lingua nos labios  — ... apesar de gostoso, bonito e aparentemente disputado, não é o que procuro nesta noite.

Dizendo isso, subiu uma de suas mãos em meus cabelos acariciando e rapidamente sem me dar conta do que ele fazia, senti seus lábios colados nos meus e automaticamente dei passagem para sua língua que tocava a minha com perícia, uma sensação deliciosa tomou conta de mim com seu toque excitante e forte. A música acabou e nosso beijo também.  Ele então me soltou e uma multidão já surgia na pista envolvida pela nova música que tocava  e alguns passaram e nos afastaram com empurrões ficando na minha frente e bloqueando minha visão.

Tentei atravessar e falar com o cara mas ele já tinha sumido.  Olhei pela pista toda e só enxergava aquele mar de gente dançando. Refiz meus passos até meus amigos que me olhavam com um imenso ponto de interrogação estampado nas testas. Fui até o balcão de bebidas e de lá, ainda tentei procurar.

— Perdeu ele? — perguntou um Marcelo sorridente — Ele sempre faz isso quando não tá interessado.

— O que? — perguntei bravo com suas piadinhas.

— Mentira dele cara, relaxa. Pelo menos ganhou um beijo. — Rogerio comentava com um tapinha nas minhas costas mas rindo também.

O bartender sorrindo, abanava a cabeça enquanto servia as bebidas.   Seu sorriso dizia que tinha informações que ninguém mais parecia ter no momento. E estava certo porque ele logo chegou perto da gente.

— Se bem conheço o Caê, a noite dele aqui no Lótus acabou. Deve ter ido para o Mirage, no final da avenida. Seu costume é esse, caso esteja interessado em saber  — disse me olhando com um sorriso.

— E você sabe disso tudo ...? — questionei, sem terminar a frase não botando fé em suas palavras.

— Porque sou o bartender — disse com convicção e um menear de ombros despreocupado.

Ok, o que o sujeito dizia fazia um imenso sentido.  De seu posto atrás do balcão ele poderia ver e ouvir muitas coisas interessantes e passar despercebido.  Subitamente me ocorreu que seria útil ter "amizade" com um cara desses,  sorri e lhe passei uma nota por cima do balcão que sumiu tão depressa quanto ele, que se deslocava para o  lado oposto atendendo outras pessoas.

— Tá generoso hoje hein? — Rogério zuou da minha cara mas optei por ignorar a piada.

— Desculpem mas estou de saída — anunciei terminando a minha bebida e caindo fora do bar.

— Wow! Espera! Marcelo me alcançou quase na saída da boate. Ficou dizendo que iria comigo para o Mirage porque sua curiosidade ficou demais e queria me ver levando outro fora.

— E quem te disse  que irei para lá?

— A qual é... pra cima de mim? — e riu alto, colocando seu braço em meus ombros — Vamos lá, te dou apoio moral. O Caê vale a pena a investida, digo por experiência própria.

Tirei seu braço de cima de mim e ele continuou rindo.  Pegamos um táxi, porque meu carro ficou na manutenção e o Marcelo jamais usa o dele quando saí para baladas. O trânsito e pedestres agradecem.


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