Fear Garden escrita por Lyssia


Capítulo 4
Capítulo 4




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Fear Garden

            Pessoas ligavam para a policia, a maioria sem sair de suas casas. Alguns corriam para fora, tentando ajudar ou por pura curiosidade. Os gritos de Teto estavam chamando a atenção das pessoas, mas ninguém tinha coragem de se meter, sem saber o que estava acontecendo. Quem poderia culpá-los? Devia existir uma razão para uma garota perseguir outra, não?

            Len só passou a correr um tempo depois. Ficou paralisado uns segundos e, antes de ir atrás de Rin, decidiu ligar para os pais e avisar onde estava. Viu as ligações do doutor Gakupo, mas não queria falar com ele agora, então simplesmente as ignorou e passou a correr. Não tinha ideia do que faria quando as alcançasse, só precisava correr até elas. Não podia deixar Rin matar mais uma pessoa. Principalmente essa pessoa sendo sua amiga.

           

            Teto não entendia bem o que estava acontecendo, quem era aquela garota, porque ela era tão parecida com Len e muito menos porque estava a perseguindo, porém, nem pensar em parar para descobrir. Seus pés, mesmo que já começassem a doer, não diminuíam a velocidade. Não podiam diminuir. Sabia bem o risco que corria.

            Infelizmente, o cansaço e o escuro não a deixaram ver um pequeno buraco no chão, e acabou tropeçando. Rin soltou uma risadinha e sentou nas costas de Teto para impedir que ela levantasse. A de cabelos vermelhos tentou achar algo no chão para ajudá-la, mas parecia que nem pedrinhas haviam por ali.

            “Isso é pra você aprender...” começou a dizer Rin, fazendo Teto parar de procurar e prestar atenção ao que ela dizia. “... que eu sou a única que pode ser aproximar do Len.” Teto fechou os olhos.

            Porém, um baque foi ouvido e o barulho da faca caindo ao chão logo em seguida. Rin teria ficado surpresa, mas desmaiou antes que tivesse a chance. Haviam batido em sua cabeça com um pedaço de madeira. A loira caiu sobre Teto, que as poucos foi se virando e empurrando-a para o lado.

            “Aqui, Teto-chan.” Com um pedaço de madeira na mão, Ted estendeu a mão para a irmã, com um olhar preocupado.

            Já estava trancada naquele lugar horrível e totalmente branco a três meses. Sentia falta de tudo. De ver o jardim, de conversar com as amigas, de falar com o irmão, até de ir para a escola. Continuou rabiscando qualquer coisa, até que Gakupo entrou no quarto, interrompendo-a.

            “Senhorita Kagamine?” chamou, ao perceber que Rin não o encarava. A loira ergueu a cabeça. “Você tem visitas.”

            “Não quero ver o papai e a mamãe.” Disse simplesmente, mas o medico negou com a cabeça.

            “Não são eles. É o seu irmão gêmeo.” Esclareceu o médico. O rosto de Rin se iluminou. Parece que Len finalmente havia convencido os pais a deixarem-no visitá-la.

            Gakupo saiu e logo Len entrou, com o olhar assustado e as mãos tremendo. Rin julgou como sendo nervosismo por vê-la. Ele costumava ficar nervoso por coisas assim. Estava tão feliz por revê-lo. Quando os olhos azuis do garoto se pousaram nela, se umedeceram e Len fechou-os por um tempo, para tentar parecer mais natural.

            Rin se levantou e começou a andar em direção ao irmão, que se assustou com o movimento da outra e recuou até bater contra a parede. Agora, Rin havia ficado paralisada, fitando o irmão surpresa, com os olhos arregalados. Empalideceu. Ele estava fugindo dela. Len estava... com medo dela... isso não era possível!

            Continuou andando, vendo Len se encolher contra a parede, até que parou bem na frente dele. Os dois estava nervosos e amedrontados, por motivos diferentes. Rin suspirou e abraçou sua outra metade, sentindo o cheiro gostoso que desprendia de seu gêmeo. Len ficou em choque por uns instantes, mas logo retribuiu ao abraço.

            “Estava com saudades, Len.” Disse a garota, sem soltar o abraço.

            “Eu também, Rin.” Respondeu ele, levando uma mãos aos cabelos da loira e acariciando-os. “Eu também...”

            Rin acordou, com a respiração agitada. Olhou para o teto por um tempo, confusa.

            “Foi... um sonho? Eu não fugi?” tentou se mover, mas algo prendia seus braços. Se remexeu um pouco, para logo depois sentar-se na cama. Tentava por tudo soltar os braços, mas era quase impossível.

            “Que merda é essa?!” perguntou para si mesma.

            “Uma camisa de força.” Ouviu uma voz cansada responder, do lado da cama. Virou-se.

            “Len! Por quê?! Por que eu tenho que usar isso?!” perguntou, nervosa. Len fez sinal para que ela diminuísse o tom.

            “Se ficar muito agitada, eles irão de fazer dormir.” Explicou aparentemente calmo.

            “O que...?” a loira olhou melhor o quarto. Era diferente do que estava acostumada a ficar. Este também era branco, porém era menor, tinha câmeras nas quatro pontas e as paredes eram acolchoadas. “Por que eu mudei de quarto?” Len apenas suspirou. “Por que estou usando essa coisa?”

            “Rin... você sabe o que fez?” aquela pergunto a atingiu como um tapa. Sim, sabia, havia matado duas pessoas... mas naquele momento, não parecia tão grave... “Isso foi tudo que o Gakupo-san pode fazer para evitar que você fosse para uma cadeia comum ou o hospício do governo.” Rin encostou a cabeça na parede.

            “Algum dia eu vou tirar essa coisa?” perguntou, referindo-se a camisa de força.

            “Não sei.” respondeu o loiro, estava sendo sincero. “Acho que não.”

            “MAS-!”

            “RIN! Eu disse pra você falar baixo!” interrompeu-a Len. “Foi difícil convencer os médicos a me deixar entrar aqui sozinho. Se você parecer agitada, vão me por pra fora.

            Rin olhou para a porta, vendo que estava entreaberta. Depois de olhar por uns segundos, um homem apareceu ali, olhou dentro do quarto, e depois saiu. A loira piscou os olhos repetidas vezes, tentando entender o porque de toda aquela segurança.

            “Que exagero.” Murmurou, tirando os olhos da porta para direcioná-los a uma das câmeras.

            “Você matou a Neru, arrancou o braço da Yowane e perseguiu a Teto! Ela ainda está viva por sorte!” foi então que Rin percebeu que não era só seu quarto que havia mudado, a atitude de Len com ela também.

            “Eu... não sei porque fiz aquilo! Não sei o que me deu! Só queria melhorar o meu jardim!” viu Len balançar a cabeça negativamente. “Você... vai parar de me ver?”

            “Não! Claro que não!” Len suspirou. “Mas agora só vou poder te visitar uma vez por semana.”

            “Que droga.”

            “É, eu sei.” os dois se encararam por um tempo.

            “O que houve? Sabe, depois que eu persegui a Teto.”

            “Eu cheguei lá um pouco depois. Mas o Ted disse pra mim que ficou preocupado com a Teto saindo de casa tarde e ficou na varanda olhando a rua, esperando ela voltar. Então viu ela passar correndo e foi atrás, com um pedaço de madeira. Quando chegou perto de vocês, você estava prestes a matar a Teto então ele te acertou na cabeça pra fazê-la soltar a irmã dele.”

            Rin teve vontade de passar a mão na cabeça, para confirmar o que Len dizia. Estava doendo um pouco, mas já havia se esquecido da pancada. Devia ter sido forte, já que foi o suficiente para deixá-la inconsciente.

            “O Ted ia te bater mais, afinal, ele não sabia de nada. Mas a Teto não deixou. Foi mais ou menos nessa hora que eu cheguei. Depois disso te levamos pra casa e de lá, queriam te colocar na cadeia, mas Gakupo estava lá e impediu.”

            “Entendi...” Rin suspirou. “Por que Teto não deixou?” perguntou por pura curiosidade. Bem, era de se esperar que quando alguém tenta te matar, você fica com raiva da pessoa.

            “Porque... não sei, Rin. Talvez tenha ficado com pena ou algo assim.” A garota fez uma careta.

            Um homem vestido de branco abriu totalmente a porta, olhando fixamente para Len.

            “Agora tenho que ir.” Disse o loiro, se levantando.

            “Já?!” perguntou, decepcionada. Havia percebido a segurança muito mais rígida e estranhado o fato de Len só poder ir visitá-la uma vez por semana, mas não esperava que as visitas fossem tão rápidas.

            “Você tem outras visitas.” Foi tudo o que Len disse antes de sair do quarto, deixando Rin sozinha.

            Não demorou nem um minuto para outra pessoa aparecer. Rin se surpreendeu ao ver quem era. Uma garota bonita, de rosto angelical e longos cabelos verdes presos em marias-chiquinhas. Os olhos verdes brilhavam entre preocupação e medo. Miku se aproximava da cama devagar, olhando fixamente para o rosto surpreso de Rin.

            “Tem um tempo, não é, Rin-chan?”

            “Miku! Onde esteve por todo esse tempo?!” Miku sentou-se na cadeira que antes Len ocupada, desviando os olhos.

            “Desculpe.... desculpe Rin!” pediu, com os olhos cheios de lágrimas. Ergueu os olhos para fitar a loira. “Eu... eu sei que devia ter vindo... m-m-mas... ficava com medo...”

            “Ficava com medo de mim?” teve vontade de gritar a pergunta, mas lembrou do que Len lhe disse e conseguiu se controlar antes.

            “Eu sei... antes de seus pais liberarem mais, ainda falávamos com ele, mas...”

            “Então... você parou de falar com ele?! Você e a Luka?!” perguntou a loira, perdendo parte do controle que tentava manter.

            “... Me perdoe...”

            “A CULPA É SUA! POR SUA CULPA LEN TEVE QUE PROCURAR NOVOS AMIGOS! ELE NEM DEVIA FALAR COM ESSA TAL DE TETO!” berrou Rin, respirando agitada. Quase agradecendo por estar amarrada.

            O homem de branco entrou na sala, segurando-a, enquanto Miku levantava da cadeira e a olhava com os olhos arregalados. Havia sido um erro ir ver Rin, sabia que seria, mas queria ao menos pedir desculpa. Saiu do quarto, apressada, se encostando na parede do corredor. Olhou para as outras pessoas paradas ali.

            Len estava sentado no chão, apoiando as costas na parede; Luka olhava para a porta com o rosto preocupado; Gakupo andava de um lado pro outro, parecendo ansioso; Ted estava encostado na parede do outro lado, encarando os próprios sapatos e Teto estava sentada ao lado de Len, acariciando os cabelos loiros do amigo, com calma.

            Os gritos de Rin finalmente pararam e agora só era possível ouvir a respiração agitada da garota. O homem de branco saiu e foi na direção de Gakupo, os dois se afastaram um pouco de todos e iniciaram um dialogo rápido. o doutor Gakupo não devia mais ser o responsável por Rin, mas ele havia alegado que mudar de médico poderia piorar o quadro da paciente (embora isso parecesse impossível).

            “Ela está dormindo, agora.” Disse Gakupo, voltando para junto dos jovens. Ainda não entendia porque os pais de Rin não iam visitá-la.

            “Quando ela acordar...” começou Teto, hesitante. Todos a encararam. “... e-eu... posso falar com ela?” um silêncio se instalou, ninguém tinha coragem de falar nada.

            “Teto...” quem se pronunciou foi Ted, com um olhar triste. “Não sei se é uma boa idéia. Essa menina não gosta de você.”

            “Eu sei...” Teto se levantou e soltou um longo suspiro. “Mas talvez eu consiga acalmá-la. Vocês sabem, sobre esse ciúme do Len.” Todos ficaram em silencio, outra vez.

            “... Kasane-san.” chamou Gakupo, com a voz baixa. A de cabelos vermelhos virou o rosto para ele. “A porta ficará aberta e você não deve se aproximar. Tudo bem?”

            “Claro!” exclamou a garota, com um leve sorriso no rosto.

            “E também... Você vê algum problema, Len?” perguntou. Não era de costume perguntar a um menor de idade, mas Len estava sempre com Rin, visitando-a todos os dias, sempre preocupado... parecia o justo a se fazer.

            O loiro hesitou um pouco antes de responder, olhou para Teto, sem entender bem o que ela queria. A ruiva se abaixou outra vez, para ficar no mesmo nível que ele e falou, calmamente: “Confie em mim, só quero ajudar.”

            “Ok. Mas não demore, Teto...” o loiro continuava hesitante, mas se havia deixando Miku entrar, qual era o problema de Teto entrar?

            Rin abriu os olhos com certa dificuldade. Não sabia o que haviam lhe aplicado, mas havia sugado suas forças. Piscou várias vezes para recobrar a consciência. Depois de uns cinco minutos, sentou-se na cama. Viu o doutor Gakupo parado perto da porta, ele a observou por uns segundos e depois saiu do campo de visão de Rin.

            A loira suspirou, pensando em deitar outra vez, ainda se sentindo sonolenta, mas antes que pudesse, outra pessoa entrou no quarto, deixando a porta aberta e ficando um pouco longe da cama. Rin demorou para reconhecê-la, sua mente estava meio confusa. Os cabelos bem vermelhos, presos em marias-chiquinhas, os olhos um pouco assustados, o rosto delicado... Teto!

            “Como tem coragem de entrar aqui?!” gritou Rin, possessa, bufando de raiva.

            “Vim te explicar uma coisa.” Começou a ruiva, dando um passo pra trás.

            “E o que seria?!”

            “Você está se confundindo sobre a minha relação com seu irmão.” Foi direto ao ponto, Len mesmo já havia lhe dito pra não demorar. Rin arregalou os olhos.

            “O que quer dizer com isso?” perguntou, quase com medo da resposta.

            “Somos muito amigos, Rin, mas é só isso, eu juro! O vejo quase como um irmãozinho!” a loira jogou a cabeça pro lado e estreitou os olhos. “Nunca vou querer que Len se afaste de você, nem nada assim. E também, não quero namorar ele! Seria muito estranho!” falava rápido, nervosa.

            “Estranho por quê?” Rin perguntou, um pouco mais calma.

            “Não consigo o ver desse jeito.” Falou a mais alta das duas, dando um sorriso logo depois. “Estava pensando... não quer que eu te conte os babados da escola?”

            “C-como?” Rin não estava mais com raiva, por algum motivo, estava mais calma. Teto pareceu realmente muito sincera quando disse que não queria namorar com Len.

            “É! Eu podia vir aqui as vezes, te contar as fofocas da escola!” a ruiva alargou o sorriso quando Rin soltou uma risadinha.

            “Agora que você tá falando... Len não é bom pra essas coisas, ele não se interessa por fofocas!” e, no corredor, ouvindo a conversa, Len soltou um bufinho baixo.

            “E também, posso te passar o perfil de qualquer garota que se aproxime do Len. Caso você não goste dela, eu mesma espanto!” falou, sorridente. Rin gargalhou.

            “Seria mais fácil assim! Agora não vou ver ele todos os dias...” comentou a loira. Teria colocado a mão no queixo, não fosse pela camisa de força.

            “Sim, sim!”

            “Ótimo, eu aceito, você pode vir aqui de vez enquanto.” Sussurrou Rin, não queria dar o braço a torcer logo depois da crise de ciúmes, mas ia precisar de uma informante agora e não tinha a mínima vontade de contar com Miku ou Luka.

            “Então... amigas?” perguntou Teto. Rin fez uma careta.

            “Amigas, não...” Teto deu um meio sorriso e logo Rin fez o mesmo. “Aliadas de Guerra, talvez!” a loira piscou o olho, fazendo Teto rir.

            “Então, aliada, estou saindo. Vou deixar você falar mais um pouco com seu irmão.” Disse a ruiva, já se virando pra ir embora.

            “Teto!” chamou Rin, um pouco incerta. “Quando tempo passou desde que Miku entrou aqui?” a ruiva deu um sorriso triste.

            “Umas duas horas, acho.” Rin abaixou a cabeça. “Mas não se preocupe com isso!”

            E, com o tempo, Rin realmente passou a não se preocupar mais com essas vezes que era dopada. Até porque, estas estavam cada vez mais raras. Sem Miku, Luka ou qualquer outra pessoa indesejada indo visitá-la, a garota foi deixando de ter ataques de raiva. Então, as câmeras e os guardar nunca iriam sair dali, mas Gakupo já pensava em tirar a camisa de força. Era triste, mas estranhamente... Rin conseguia ser feliz daquele jeito...

            Tudo parecia igual a antes, se as câmeras e os guardar fossem ignorados. Len havia conseguido fazer as visitas se tornarem diárias! Para ser o mesmo de antes, só falta mesmo a enfermeira chata que sempre mexendo no celular, a porta fechada durante as visitas e uma mudança de quarto. Bem... faltava bastante...

            E também... agora Rin tinha uma nova amiga que ia a visitar todos os dias, junto com Len. A única menina que Rin não tinha ciúmes. E, talvez, quem sabe, realmente fosse quem ela mais devia desconfiar...

            Porque podia ser que Teto estivesse tentando transformar Len em “propriedade Kasane”.

            Mas bem, Rin não precisa saber disso, não é mesmo?

Fim


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Notas finais do capítulo

Gente, é o final mais tosco que já fiz =/Não gostei, mas isso que dá criar uma fic sem ter a menor ideia de como ia terminar. E... não me odeiem fãs de LenxRin, saiu sem querer e eu até tentei criar outra versão, mas não deu XD’Desculpa T-TMas então... merece rw? =xSe sim... obrigada ^^~~Então... acho que é só XDJa ne ^^~~