O crepúsculo se aproximava da grande e única casa daquele lugarejo hostil. O vento soava frio e acompanhava os primeiros pingos da forte tempestade. Havia um palácio a quilômetros dali. Era revestido de diamantes. O rei era Darcoid, um homem frio, egoísta e ambicioso; Trajava roupas feitas de pele de dragão e estava cochilando em seu magnífico trono de ouro, próxima a uma enorme lareira com detalhes esculpidos de grandes dragões folheados a ouro e rubi. Seu sono real foi interrompido com a chegada de um de seus soldados.

- Majestade, nosso exército recebeu informações preciosas de que o exército do rei Alceu de Yamazigué virá em breve atacar-nos.

- Como você obteve esta informação? – Perguntou Darcoid, com um tom de malícia na voz.

- Um informante de confiança senhor. – Respondeu calmamente o soldado.

O silêncio pairou no ar durante alguns instantes. Darcoid tomou a frente.

- Diga ao nosso exército para invadirem Yamazigué e não deixar ninguém do exército de Alceu vivo inclusive ele. 

- Sim majestade, irei imediatament...

- Não será necessário Darcoid.

As portas se escancararam de um modo estrondoso e um senhor alto, de barbas e cabelos longos e brancos, de vestes cor de vinho adentrou ao salão. Darcoid o encarou.

- Ao que devo esta grande honra? – Disse com deboche e medo na voz.

- Tratar de assuntos que cabe simplesmente a nós dois resolvermos… a sós.

- Soldado, retire-se, queremos que nossa visita sinta-se mais a vontade. – Disse com uma pitada de ironia.

- Sim majestade. – Disse o soldado, saindo rasteiramente.

- Então, o que é de tão importante, que como você disse, cabe a nós dois resolvermos? O que te fez vir aqui e adentrar meu reino assim sem permissão? – Disse num tom possessivo.

- Não quero guerras Darcoid, e muito menos sangue derramado por terras. Vim apenas propor um acordo para não haver nem guerras e nem sangue derramado; Mas… se você não aceitá-lo, serei obrigado a lutar pelo que é meu aqui e agora.

Darcoid riu.

- Você acha que irei abrir mão de um palácio que de direito é meu?

- Darcoid, seu pai e eu éramos grandes amigos, e ele confiou a mim o palácio de Yamazigué, pois sabia que eu iria fazer a coisa mais correta, pois, admita Darcoid, sou mais competente e sábio do que você.
Darcoid levantou-se de seu trono e desceu às escadas até ficar a alguns passos de Alceu. Alceu por sua vez, aproximou-se de Darcoid.

- Você pode ser mais competente e sábio que eu, mas você sabe que tudo que está naquele palácio, é meu por direito. - Disse com tom de ameaça.

- Mas você viu seu pai no seu leito de morte, dizendo que o palácio Oeste da cidade era meu e o Leste era seu. Eu não tenho culpa que você é muito fraco comparado a mim. Tenho mais sabedoria, como já disse; Sou mais vivido, tenho mais experiência de vida, e veja que seu pai tinha razão, eu lutei contra o caos na época de sua morte, e acabei com aquele exército e com Zunig de Yomossopi. – Falou calmamente Alceu.

Darcoid se encheu de cólera, sacou sua espada, e golpeou Alceu no estômago.

- E como disse meu pai, em seu leito de morte, o seu palácio só pertencerá a mim após a sua morte, e o meu, após a minha morte. Mas agora Alceu, você está morrendo, o palácio de Yamazigué agora é meu e você não irá mais tocar e nem sequer ver aquele palácio Alceu. Irei fazer daquela cidade um inferno a partir de hoje. – Riu-se.

E retirou a espada de Alceu, que caiu aos seus pés. Morto, sem vida