A Princesinha do Olimpo escrita por Phallas


Capítulo 3
Capítulo 3 - O Acampamento


Notas iniciais do capítulo

Gente, como eu já falei aqui, não sigo exatamente os padrões do Acampamento Meio-Sangue criados por Rick Riordan. Mesmo assim, espero que não se importem.

Beijos e boa leitura! ;)



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                  "Sou a única pessoa no mundo

             que eu realmente queria conhecer bem."

                                       Oscar Wilde

O caminho para o tal acampamento é curto e silencioso. Eu penso em tudo que acabei de ouvir e Físion parece preocupado com suas próprias coisas.

- Chegamos. - Ele diz, enquanto para o carro.

Abro a porta devagar e contemplo o Acampamento Meio-Sangue. Daqui onde estou dá para ver muito pouco, além de uma colina coberta por grama de um verde vivo e brilhante. Quando saio do carro, percebo que, perto das rodas, ele está contornado por sombras. Escuto passos apressados em ambos os lados, e sinto um pouco de medo.

- Ah, eu já ia me esquecendo. Seu celular. - Diz Físion, erguendo a mão.

Mesmo sem saber o que ele poderia querer com meu celular, o tiro do bolso e o entrego ao sátiro, que o joga no chão e pisa em cima dele, tranformando-o em pedaços.

- Por que fez isso? - Pergunto, ficando irritada.

- Celulares são a forma mais eficiente de chamar a atenção. E isso é ruim, se não quiser morrer.

- Ah.

Ouço mais passos perto de mim. Me abraço involuntariamente.

- Eles não podem te alcançar lá. - Fala Físion, e aponta para o grande portão do Acampamento Meio-Sangue.

Não quero perguntar quem são "eles". Já estou assustada demais. O sigo para dentro do Acampamento, passando pela colina. Fico maravilhada depois de ver como é lá dentro. Doze casas altas, em forma de um grande U ocupam o centro. À direita, vejo algumas ninfas, árvores frutíferas enormes, e um riacho. à esquerda, vejo alguns teatros de arena, provavelmente usados para treinos de batalhas.

- Você precisa conhecer uma pessoa. - Físion me diz.

Andamos pelo Acampamento e vejo muitos outros semi-deuses de armaduras gregas, que olham para mim, apontam e sussurram:

- É ela?

- Acho que sim, me disseram que ela era loira...

- Acha que ela vai ficar aqui conosco?

- Espero que não, tenho um pouco de medo...

 - O que será que ela pode fazer?

- Não sei, mas quero ver do que ela é capaz...

Tento me desligar dos comentários alheios e prestar atenção onde piso, parece que andei pisando em algo macio...

- Minhas uvas! - Alguém grita.

Olho para cima e reconheço Dionísio.

- Entrou agora e já começou a pisar em cima dos meus sonhos? - Ele me pergunta, mau-humorado.

Fico vermelha.

- N-Não, não é isso... foi sem querer...

- Ah, esquece. Só saia daqui e não pense em pisar em mais nada que não seja o chão.

- Ele é sempre assim. - Físion sussura. - Vamos.

- Por que ele fica aqui? Não devia estar no Olimpo?

- Sim, mas parece que Zeus ficou de saco cheio dele e o mandou para encher o nosso saco.

Contenho um riso depois de ver que Físion não acha engraçado. Andamos até algumas árvores mais perto das casas. Fico encantada quando chego perto delas.

- Quíron. - O sátiro chama.

Um enorme centauro aparece, saído das árvores.

- Ah, olá, Físion. Que bom que voltou bem. - Ele olha para mim. - Então essa é nossa mais nova moradora?

- É. - Físion responde.

- Seline Chevalier. - Digo, estendendo minha mão para o centauro.

- Sim, eu sei quem você é. - Ele aperta minha mão e sorri. - O Acampamento todo sabe.

Abaixo a cabeça, sem graça.

- Ela está aqui para ficar, Físion? - Quíron pergunta.

- Sim. Deve ficar por aqui algum tempo, até os deuses decidirem o que irão fazer com ela. - A voz do sátiro se torna séria.

O centauro morde o lábio inferior e eu sinto como se tivesse perdido alguma parte da conversa.

- Onde a poremos, Quíron? - Físion pergunta. - O chalé de Hermes está cheio.

- Eu sei, mas ela não vai ficar perto dos outros meio-sangues. Construímos um pequeno chalé para você, filha. - Ele olha para mim com afeto. - Coisa pequena, espero que não se importe.

Nego com a cabeça. Qualquer coisa será melhor do que a casa onde eu morava antes.

- Vou levá-la para o chalé dela então, Quíron, obrigado.

- Espero que possam ficar para nossa fogueira hoje à noite.

- Sim, estaremos aqui. - Físion diz.

Nós andamos e enquanto saímos de perto das árvores tento tomar coragem para perguntar mais da minha vida para o sátiro.

- Aqui está. - Ele diz, e me deixa em frente a uma casinha delicada de madeira.

- Físion... - Começo - o que você quis dizer com "decidirem o que irão fazer com ela"?

O sátiro suspira. Parece desejar nunca ter falado aquilo perto de mim.

- Não acho que eu deva te contar alguma coisa sobre...

- Por favor. - Interrompo-o. - Se é para eu ficar morando aqui, quero saber tudo sobre mim.

Ele arria os ombros.

- Olhe, quero que nunca diga a ninguém que eu te contei isso, certo?

Assinto entusiasmadamente para ele.

- Os deuses sempre tiveram muitas dúvidas em relação a você. - Ele começa. - No começo, a principal dúvida era como você seria, se seria má ou não. Se seguisse o caminho do mal, estaríamos todos perdidos. Graças aos deuses, você se tornou uma pessoa boa, então talvez, apenas talvez, não seja necessário que... destruam você.

Eu me assusto.

- M-me destruir? Você acabou de dizer que eu sou uma pessoa boa!

- Isso não quer dizer que não possa se tornar má daqui para frente. Não sabemos quais caminhos cruzarão o seu. Nem quais artifícios eles terão para te convencer que o lado deles é melhor.

- Mas...

- Não sei se os deuses vão querer te destruir ou não. Talvez não pensem mais nisso, uma vez que você já está crescida e conosco, e precisamos saber quem é o seu pai.

- Por quê?

- Para não existirem mais meio-sangues como você. A combinação desse deus com um certo tipo de humano pode ser letal a nós se vier a acontecer mais uma vez.

Não digo nada. Eu fui um erro. O meu nascimento contraria o bem-estar e a sobrevivência de ambos os mundos. - O humano e o divino.

- Você parece não saber nada sobre si mesma. Nunca desconfiou de que existia mais em você do que nos outros humanos? - Ele muda de assunto.

- Não...

- Nem mesmo o seu nome?

- Meu nome?

- Sim. Seline vem de Selene, que quer dizer 'Lua', em grego. Dizem que, quando você nasceu, foi noite durante um dia inteiro.

Eu arregalo os olhos levemente.

- E quem me batizou?

- Não sabemos, vai ser quase impossível descobrir seus parentescos. Além disso, você pode ser tanto filha de deuses quanto de deusas.

- Deusas? Como assim? Elas saberiam se tivessem me tido como filha!

- Não necessariamente. Veja bem, você não nasceu como os outros.

- Ah, é? - Começo a me estressar. - E como eu nasci, então? Simplesmente apareci no mundo, vinda do nada?

- Na verdade, é quase isso. - Físion contorce os lábios. - Não sabemos como você nasceu, só sabemos que, de uma hora para outra, você estava ali. Pode ter nascido do mar, ou do vento. Pode ter nascido da barriga de uma deusa, enquanto esta dormia. Elas têm dezenas e dezenas de filhos. Acha, sinceramente, que elas conhecem todas as crianças que ocupam seus chalés aqui? Será muito se os deuses souberem nome de cinco de seus filhos!

Não consigo responder. Os deuses não estão nem aí para os próprios filhos? Eles são deuses. Deviam fazer o impossível para proteger suas crias...

- E por que vocês simplesmente não fazem um... exame de sangue? - Pergunto.

Físion olha para mim como se eu tivesse dito a coisa mais idiota do mundo. Temo que tenha dito mesmo.

- Exame de sangue? Está louca? Não podemos furar um deus! E o que faríamos com as amostras de sangue depois? Jogaríamos na natureza, simples assim? Além disso, não saberíamos se alguém roubasse ou recuperasse o sangue de alguma forma. Não sabemos o que esse sangue poderia fazer, ou que poderes poderia dar à pessoa.

Vejo, com relutância, que ele está certo. Assim vai ficar muito difícil saber qual deus é meu pai...

- Mas... espere. Se vocês não têm ideia de quem é o meu parente, quem é aquela mulher que me criou?

- Não sabemos. - Físion abaixa o tom de voz. - Tivemos sorte de ela não estar do lado de Cronos.

- De quem? - Pergunto, mas esqueço o que quero saber quando reparo um menino de armadura grega, andando com mais dois garotos à minha esquerda. Possui cabelos pretos e olhos cinzas.

- Quem é aquele? - Pergunto a Físion.

Ele segue para onde estou olhando e solta um suspiro quase imperceptível.

- Logan Van Der Wouden. Um dos filhos de Ares. Tente ficar longe dele, certo?

- Por quê? - Pergunto, desapontada.

- Não ouviu? Ele é um filho de Ares. Filhos de Ares são volúveis, instáveis, traiçoeiros, imprevisíveis. Será melhor se não arrumar confusão com ele, está bem?

- Mas...

- Está bem, Seline? Sou seu responsável e não quero que você saia por aí provocando os outros semi-deuses. Venho te pegar à noite para irmos para a fogueira, tente ficar longe de confusão durante esse tempo.

- Tá. - Digo, relutante.

- Boa garota. - Ele fala, e vai embora antes que eu possa chutá-lo para dentro do riacho.

Viro para entrar em meu chalé, mas esbarro em uma menina branquinha, de cabelos lisos compridos e castanhos. Os olhos azuis brilham para mim quando ela levanta a cabeça.

- Desculpe. - Ela murmura, a voz fina e delicada.

- Tudo bem. Qual é o seu nome?

- Dominique D'Lembert. Sou filha de Afrodite. E você? - Ela estica a mão magrinha para mim.

- Seline Chevalier. - Respondo, apertando a mão dela.

- Ah. Você é a semi-deusa mais poderosa do mundo, não é? O Acampamento todo estava esperando você chegar. - Os olhinhos dela brilham ainda mais.

- Não tenho certeza do que sou ainda. - Digo, corando. - Mas é um prazer conhecê-la, Dominique.

- O prazer é todo meu. Vai na fogueira hoje à noite?

- Acho que sim. - Respondo.

- Então nos vemos lá. - Ela diz, e sorri para mim.

Eu sorrio de volto, e a observo ir embora.

Abro a porta do chalé, e percebo Logan Van Der Wouden, aquele filho de Ares que Físion me aconselhara a ficar longe, me olhando com interesse. Tenho a sensação ruim de que todo mundo aqui sabe quem eu sou. Encaro-o por um segundo, e depois entro.

O chalé é pequeno, mas não deixa de ser bonito. Há uma fonte d'água logo na entrada à esquerda e um banheiro à direita. Reparo que os guarda-roupas estão cheios, o que é bom, já que eu não trouxe nenhuma bagagem. No centro, há uma cama coberta por lençóis dourados. Um cheiro de madeira e rosa preenche o ar. Percebo que, acima da minha cama há um inscrição entalhada em grego, que, surpreendentemente, decifro com facilidade. As letras dizem: "Aquela que os deuses temem."

Acho que eles estão levando isso um pouco a sério demais... 


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