Não se Esqueça. escrita por Alice e Cecília


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... REVIEWS *-* ♥



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Luke saiu e me deixou sozinha. Eu voltara do mundo dos mortos, e ele me deixara sozinha. Ele dissera que tinha algo importante para fazer. O que seria?

Resolvi aceitar o seu conselho e fui tomar um banho. Depois eu iria descobrir quem era aquele Ben.

Despi-me e entrei debaixo do chuveiro. A água caía, reconfortante. Decidi não pensar em nada, refletir sobre a minha vida seria doloroso demais. Eu perdera tudo. Sozinha, eu estava sozinha, exceto pela companhia de Luke, que no momento, não me alegrava muito.

Em meu peito, as queimaduras do desfibrilador. Eu não voltara a viver por causa daquele instrumento, que de nada adiantara, mas pela minha vitória na batalha da sobrevivência.

Me enxuguei na toalha que Luke trouxera na mochila, e coloquei minha blusa e calça favoritas. Não sobrara muita coisa; em breve Luke teria que sacar o dinheiro da conta de nossos pais para alugarmos um apartamento. Ambos começaríamos a trabalhar, agora nós estávamos por nossa conta.

Liguei o comutador. Era errado, eu sei, mas eu não tinha escolha. Olhei os arquivos pessoais de Ben. Abri uma pasta escrita “Fotos” e as vi.

Em uma das imagens, eu e ele estávamos abraçados. Na realidade, em várias fotos a cena se repetia.

Me lembrei dele.

Não éramos namorados,mas sim amigos. Todos na escola diziam que ele gostava de mim. Até mesmo Luke, seu melhor amigo, afirmava isso.

Uma palavra interrompeu meus pensamentos: escola. Eu estava no terceiro ano. Estava com boas notas, mas ainda não havia passado. Eu teria de voltar à escola.

Desliguei o computador e sentei-me no sofá, e, deitei minha cabeça no encosto. Fechei os olhos, tentando relaxar.

O celular da casa tocou. Eu deveria atender? Sim, eu deveria.Apertei o botão de gravar conversas, para Ben poder ouvir depois.

- Alô? – falei, ao pegar o celular

Ninguém falou nada, e eu esperei.

- Olá – disse a voz masculina, rouca, com um toque de malícia.

- Quer falar com quem? – perguntei. Era mania; eu sempre dizia isso quando ligavam lá em casa.

- Com você, Elizabeth. – eu me assustei. Ele sabia meu nome. – Ou devo dizer Lizzie? É assim que Luke te chama, não?

- Quem é você? Como sabe...

- Está gostando do apartamento de Ben? Soube que ele vai ficar um tempo na casa dos pais dele.

- Como...? – as palavras não conseguiam sair de minha boca.

- Como é, Lizzie? Como é perder tudo? Você só tem Luke; por enquanto. Ele te contou? Que falta de coragem a dele. – ele fez uma pequena pausa – Nos vemos muito em breve – e desligou.

Eu ainda estava muda quando a porta se abriu.

- Lizzie, cheguei – avisou Luke ao entrar. Ele carregava várias sacolas na mão. Ele foi até a cozinha, deixou suas compras em cima da mesa. – Vou tomar um banho. – disse ele.

Depois de meia hora, ele chegou e sentou-se no sofá, ao meu lado. Ele pegou a minha mão.

- Desculpe por eu ter saído. Mas eu tinha de resolver umas coisas.

Eu olhei para ele, e não falei nada.

- Qual o problema, hein? – pergunto ,afastando com os dedos uma mecha de cabelo de meu rosto.

Não respondi, apenas toquei a gravação. Ele pareceu meio preocupado.

- Sabe, Lizzie... – falou, de repente. – Hoje foi um dia agitado. Vamos pensar nisso amanhã, está bem?

Eu concordei com ele.

- Não se preocupe. Não vou deixar nada de mal acontecer com você – ele me consolou.

Estava intrigada com uma coisa : Luke teria mesmo algo para me contar, e o que seria?

- São quase sete horas da noite. – observou ele – Venha até aqui.

Segui-o até a cozinha, e o ajudei a guardas as compras.

- Eu sei que vai ser difícil, Lizzie – começou – Mas segunda você vai voltar à escola. Amanhã vamos comprar tudo o que precisarmos: roupas, comida e material escola para você.

- E você? – perguntei

- Eu vou arranjar um trabalho. Com o dinheiro de nossos pais compraremos um apartamento. Acho que, infelizmente, meu salário não será suficiente. Você completará a escola, e depois irá trabalhar. A faculdade fica pra depois. – ele disse, colocando a mão no meu ombro.

Nós comemos pão e tomamos chocolate quente. Escovamos os dentes e fomos até a sala.

Luke ligou a televisão e se sentou no sofá. Eu me deitei, colocando minha cabeça em seu colo. Ele passou a mão levemente em meus cabelos.

- Tente dormir, está bem? – disse, suavemente.

- Luke – falei, com a voz abafada – O que você tem para me contar?

Ele suspirou,e vi estampado em seu rosto a preocupação.

- Te conto amanhã. Você está cansada, e eu também.

E estava mesmo com sono Fechei os olhos, e respirei profundamente.

Adormeci. Eu não deveria ter dormido.

Sonhei com o incêndio. O fogo me queimava, e via no espelho eu e minha família morrendo. Ao longe, um homem sorrindo.

Eu comecei a gritar. Luke estava morto. Todos estavam mortos.

Ouvi a voz de Luke em meu sonho. Ele chamava meu nome.

Acordei. Eu estava ofegante. No relógio, já passava de meia noite. Luke me encarava.

- Elizabeth, você está bem?

Lembrei do meu sonho, e não consegui suprimir as lágrimas. Luke me abraçou, e eu percebi que ele também chorava. Ele me soltou, e se sentou novamente. Eu me deitei em seu colo, colocando minha cabeça em seu peito. Ele passou a mão em meu cabelo.

- Eu não queria que você me visse desse jeito – falou ele, com a voz fraca.

Eu ainda chorava. Agora eu percebera como seria a vida sem ninguém.

- Lizzie, não posso mais esconder isso de você... Eu tenho uma doença terminal, e vou morrer em seis meses. Não é a melhor hora de te contar isso, mas...

Me levantei e olhei nos olhos de Luke Eu me lembrava agora de tudo que acontecera np hospital. Me deitei novamente.

- Fico feliz que você tenha me contado – falei, transtornada.

Luke era tudo o que eu tinha, e eu iria perdê-lo em seis meses.

Ele me abraçou fortemente. Eu fechei os olhos, e comecei a respirar profundamente. Me acalmei aos poucos. As lágrimas em meu rosto haviam secado, e no ar reinava o silêncio.

Luke se levantou devagar.

- Vá dormir na cama de Ben. Eu vou ficar no sofá.

Eu fui até o quarto. Me deitei na cama. Luke me desejou boa noite e saiu.

Chorei até dormir. Daqui a seis meses, eu estaria sozinha. Completamente sozinha.


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