Não se Esqueça. escrita por Alice e Cecília


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo saiu rápido... Espero que gostem!



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O capítulo foi feito por Cecília... Sem participações de Alice e/ou Luíza

Olhei para o meu corpo inerte. Olhei para meu irmão, Luke, que sempre demonstrara ser extremamente forte, se despedaçando em lágrimas.

Eu não podia ficar ali, parada, assistindo a tudo aquilo. Eu tinha de voltar ao meu corpo.

Lembrei de tudo aquilo. A menina que morrera, havia dito para eu me lembrar. Luke falou para mim “Não se esqueça, Lizzie”.

Resolvi não me desprender daquilo que ainda me segurava ali. Todas as lembranças e memórias.

Comecei a pensar na minha vida. Lembrei de tudo, pensei na minha família, revivi momentos tristes e felizes.

Eu voltei ao incêndio. Tive de reviver tudo aquilo.

Não sei quanto tempo se passou. Eu travara uma batalha com a vida, e eu havia de ganhá-la.

A luz ofuscante do sol machucou meus olhos. Pisquei-os várias vezes para me adaptar ao ambiente. Eu ganhara a intensa luta comigo mesma, eu conseguira sobreviver, eu estava viva.

Havia algumas pessoas em torno de mim. Eu estava deitada, em algo não muito confortável. Fechei os olhos e esperei que eu recuperasse o controle de meu corpo e mente.

Uma vez em sintonia comigo mesma, me levantei e me sentei. Uma mulher, vestida de preto, gritou ao me ver.Estranhei ao notar que um garoto estava chorando.Olhei em minha volta,e comecei a atinar:vi sepulturas e lápides,o que me levou a concluir que eu deveria estar em um cemitério.Eu havia morrido?

“Sim, eu acho que ressuscitei, ou acordei de algum coma” – pensei.

Antes que eu pudesse realizar qualquer movimento, alguém me abraçou fortemente. Senti um cheiro leve de perfume, mas também de álcool. Lágrimas caíram de seus olhos. Um garoto de cabelos loiros que me abraçara. Ele me soltou, e, com as mãos nos meus ombros, me encarou com seus olhos azuis. Ele era bonito, mas possuía um rosto muito familiar para mim.

- Lizzie... Lizzie, o que está acontecendo? – falou, com a voz rouca.

Não respondi. Somente o olhei nos olhos.

- Não me reconhece? Sou eu, Luke.

Comecei a me lembrar. Luke. Como eu me esquecera dele? Justamente ele, a pessoa que eu mais admirava. Meu irmão mais velho.

Não consegui segurar as lágrimas. Eu o abracei.

- Oh, Luke. Não me esqueci de você. Me leve embora deste lugar, por favor.

Ele me pegou no colo e me tirou de onde eu estava deitada. Luke me colocou no chão. Estremeci ao descobrir que eu estivera em um caixão.

Três pessoas nos olhavam: um padre, um garoto da idade de Luke (provavelmente um amigo dele) e uma senhora de uns 50 anos. O padre não parara de rezar desde que eu acordara; já o garoto não esboçara reação alguma e a senhora desmaiou.

Luke pegou minha mão, que estava gelada, e me puxou. Andamos até o garoto. Ele tinha cabelos castanhos escuros e olhos verdes. Ele me olhou e eu percebi o quanto era charmoso.

- O que está acontecendo, Luke? – disse ele

- Me pergunto o mesmo – respondeu

- Vocês podem ficar no meu apartamento o tempo que precisarem. Vou dormir uns dias na casa dos meus pais.

- Obrigado. Você é um grande amigo.

Comecei a sentir frio. Luke e seu amigo vestiam casacos grossos, e eu, um vestido preto.

- Lizzie, você se lembra dele? Este é o Ben.

Ben me olhou esperançoso.

- Me desculpe. Ainda estou confusa. Não estou entendendo nada. Em alguns dias, eu vou ficar melhor. Mas, agora, não me lembro de nada... – falei com a voz fraca.

- Não tem problema, Elizabeth – interrompeu Ben.

- Você deve estar congelando! Pegue o meu casaco – disse Luke, ao me ver tremendo de frio.

Meu corpo começou a se esquentar. Despedimos-nos de Bem e saímos.

Andamos, sem dizer nenhuma palavra. Nós dois estávamos absortos em nossos pensamentos.

Entramos em um prédio. Luke abriu o apartamento com a chave que Ben lhe dera.

Sentamos-nos no sofá. Luke se virou de frente para mim. Ele aprecia ter dormido mal, e estava com uma aparência doente. Também estava com olheiras, o que lhe dava um ar maior ainda de tristeza.

- Eu sabia que você não me deixaria. – disse, com um sorriso triste nos lábios.

- Onde está Lili?

Uma sensação amedrontadora tomou conta de mim. Minha irmã mais nova, onde estaria?

Luke não respondeu; apenas me encarou, com um olhar solidário.

- Onde está Lili? E papai e mamãe? Onde estão eles?

Minha cabeça já formulava mil explicações para tudo aquilo. As lágrimas já me chegavam aos olhos, e somente uma escorreu pela minha face.

- Nós estamos sozinhos, Elizabeth – disse ele, confirmando meus temores.

Foi como uma facada no coração; a dor da perda me tomou. Não chorei, pois ainda não percebera a falta que fariam.

- Como? Não me lembro de nada...

- Alguém colocou fogo em nossa casa. Ninguém sabe quem. Eu estava acordado naquela noite. Quando senti o cheiro da fumaça, sai correndo. Consegui te salvar. Mas tudo começou a explodir... Arrastei Lili para fora, e nós nos jogamos na grama do quintal. A fumaça que você inalou agravou sua asma, e você começou a passar muito mal... – pude ver a dor estampada em seu rosto enquanto ele me relatava o acontecido. – Lili estava inconsciente. Eu gritei para os vizinhos chamarem a ambulância e os bombeiros, mas eles já o haviam feito. Só me lembro das sirenes, e de acordar no hospital.

Não vieram palavras na minha cabeça, estava tudo claro, eu me lembrava agora. O fogo, a fumaça, a destruição de nossa casa. Era horrível, tenebroso, sombrio. Algo que eu deveria exterminar de minha mente.

- Oh, Luke – foi tudo que eu consegui dizer.

- Papai e mamãe não chegaram ao hospital. Faz somente cinco dias que este pesadelo aconteceu. Eu fui ao enterro – seu pesar ao dizer isso foi terrível de suportar – Três dias depois, recebi a horrenda notícia que Lili não... Tive de ir ao enterro também. Quando voltei ao hospital, descobri que você havia piorado. Meia hora depois, o médico me falou que você não... Não sobrevivera. Você se lembra do que aconteceu, do que eu te contei?

- Não, não tenho nem a mais remota idéia.

- Bem, não há muito há se dizer. O resto você já sabe. Você não pode imaginar a minha felicidade em vê-la acordar.

Eu o abracei, e ficamos assim por um tempo. Compartilhávamos a mesma dor. Eu o olhei nos olhos e falei:

- Tenho que te perguntar uma coisa...

- Claro, o que quiser.

- Você bebeu? No meu, hum, velório.

- Vou ser sincero... Desde o ocorrido, eu tenho procurado conforto no álcool.

- Não o critico por isso... Só não faça isso de novo, por favor.

Ele me lançou um olhar fuzilador e me deixou na sala. Sozinha.


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Notas finais do capítulo

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