Ela dançava. Sozinha, esquecida por todos que antes se moviam ao seu lado. Não parou para verificar o que lhes poderia ter acontecido. Não se importava realmente. A única coisa com que se preocupava no momento era dançar ao lado dele. Abraçada com ele, bem perto dele.

Sentia o cheiro do seu perfume se destacando dos outros odores do salão e aquela vontade tentava dominá-la. Aquela vontade de beijá-lo e ter certeza de que ele iria retribuir com a mesma animação. Ou maior...

Ele dançava cada vez mais perto, cada vez mais íntimo dela. “Não pare de se aproximar”, ela pensou, infinitamente. Seus corpos se tocando e ondulando à medida que ouviam a música do ambiente ficar mais e mais rápida.

A respiração descompassada sobre seu cabelo fazia cada pêlo de seu corpo se arrepiar e, mesmo que não ela estivesse cansada da atividade, seu coração e respiração estavam rápidos somente de estar na presença dele.

Acabou a primeira música. A primeira música deles. Temendo que ele se fosse, segurou-o pela nuca, tocando seus cabelos em cachos e o trouxe ainda mais para perto. Não estava pensando, não conseguia. Ele estava lá. Perto. Junto. Sua essência parecia tirar-lhe o ar, parecia impedir que ele chegasse ao cérebro e a permitisse ter algum pensamento coerente.

Tinha que beijá-lo, era uma questão de necessidade. Sua mente pedia, seus sentidos imploravam.

Mas então, quando ela finalmente resolveu acabar com a insuportável distância entre seus lábios, as luzes da festa começaram a piscar frenéticas, dando a impressão de flashes sendo disparados consecutivamente. Ora estava lá, ora não...

Claro. Escuro. Claro. Escuro. Claro.

Luzes acessas e não havia ninguém perto. A festa acabara; estava sozinha e esquecida como sempre estivera. Desde o começo.

FIM