Conversar com Vicky era realmente uma tarefa fácil, em pouco tempo de conversas e as duas já trocavam altas risadas.

- E desse dia em diante, eu nunca mais tentei esquiar novamente.

Emily finalizava uma história cômica da primeira vez que tinha ido esquiar com a babá Anne. A conversa entre as garotas estava tão boa, que se assustaram diante da aproximação da professora McGonagall, arregalaram os olhos em surpresa, porém a professora não notou o susto das garotas.

- Aqui está os horários das aulas da semana, tratem de decorar ou pelo menos guardem- o para não perderem. As meninas se entreolharam, Emily notou pela segunda vez as feições sérias da professora, e sentiu um certo medo da forma como ela olhou para a menina. Não querendo ficar ainda mais nervosa com o início das aulas, preferiu pensar que estava vendo coisas aonde não havia nada, que foi pura impressão dela.

- Olha, nossa primeira aula será de Transfiguração, junto com o pessoal da Sonserina. Ouvi dizer que eles não são muito legais, vamos ver se é mesmo verdade, né?

Emily sempre soube pelo pai que os sonserinos podiam até parecer mal, mas tinha um coração bom e eram grandes amigos. Ela não quis falar para Vicky que o pai era diretor da casa, iria falar durante as aulas, ou a noite na sala comunal.

- Meu amigo Draco é de lá, e ele é muito legal. Nós somos amigos desde pequenos, eu acho que essas pessoas não têm mais o que inventar.

Vicky consentiu, e iniciaram outras conversa.

Logo após examinarem todos os períodos escolares, poucos minutos depois começaram a servir o café da manhã. As meninas comeram em meio  a altas conversas e risadas.

Logo após terminarem de comer, Vicky reorganizou seus livros, se preparando pra levantar.

- Vamos pra aula agora? Ou quer ficar mais um pouco?

Emily olhou para o relógio, ainda faltava alguns minutos para a primeira aula, mas a última coisa que ela queria era chegar atrasada. Pegou seus livros e sua mochila, e se levantou também.

- Claro, vamos.

Enquanto elas passavam pelos corredores, Emily notou muitos olhares questionados, alguns intrigados, outros parecendo querer falar alguma coisa, e outros olhares de pena. Vicky parecia não notar ( ou notou e não quis falar nada), então Emily deixou isso de lado.

- Hey, Vicky! Vem cá.

As duas olharam para trás, Emily não sabia quem era a garota, sabia que era da grifinória por tê- la visto no salão comunal, mas as duas estavam sempre juntas, não teria como Vicky conhecê-la e ela não.

Vicky andou em direção à menina, com Emily ao seu lado.

A garota desconhecida olhou para Emily com um olhar feio, e disse:

- Desculpe, é um assunto pessoal.

Vicky estava se preparando para falar alguma coisa, quando Emily disse.

- Tá tudo bem, eu vou indo para a sala, depois a gente se encontra.

Poucos passos longe das meninas, e ela já começou a escutar a conversa.

- Eu não seria amiga dela, na verdade ninguém na escola seria. Ela é filha de um dos professores mais odiado pelos alunos, exceto os alunos da sonserina, onde ele é direitor da casa. Se você continuar sendo amiga dessa garota, vai acabar sujando seu nome também.

Vicky ouviu tudo calada, pronta para defender a amiga. Ia começar a falar quando foi interrompida pela garota.

- A propósito, meu nome é Jennifer, e ela é a Lindsay. Qualquer coisa pode começar a andar com a gente.

Vicky não agüentou mais ouvir tanto besteira, e começou a falar em um tom alto.

- Não estou nem aí para o que você e toda essa escola pensa, eu sei que a Emily é uma menina muito legal, e uma ótima amiga. Não vai ser você quem vai mudar minha opinião. Agora eu vou sair daqui, não quero perder mais tempo com pessoas desprezíveis como você.

Emily escutava tudo do outro lado do corredor, e foi impossível conter as lágrimas que começaram a rolar dos seus olhos. Será possível que as pessoas realmente iam odiá- la sem ao menos conhecê-la? E por que seu pai era assim tão odiado pelos alunos, o que ele poderia ter feito á eles? A menina se apressou para que a amiga não soubesse que ela estava ouvindo a conversa, procurando um lugar vazio para pensar e poder chorar sem que ninguém soubesse. Estava uma bagunça de alunos no corredor, e ela passou por todos de cabeça baixa, se escondendo com os livros que carregava nas mãos.

- Hey, o que aconteceu?

Ela ouviu uma voz já conhecida, uma voz que ela ansiava desde o dia anterior para ouvir. Era Draco, e sua voz soava preocupada. Ele abraçou a menina, e a levou até um banco ali próximo, a maioria dos alunos já estavam entrando na sala e o corredor estava um tanto vazio.

- Você está chorando?

A garota secou as lágrimas na veste rapidamente, e olhou para ele com os olhos levemente marejados.

- Não, eu só estava pensando numa coisa, e acabei me emocionando um pouco. Vem, vamos para a aula, vamos ficar atrasados.

Draco achou estranha a atitude da menina, mas resolveu deixar o assunto para mais tarde, pois estavam realmente atrasados para a primeira aula, os corredores já estavam vazios, e eles apertaram o passo.

Chegando a porta da sala de Transfiguração, Draco deu uma batidinha leve na porta, e empurrou-a. Os dois olhavam para a professora, como se pedindo para entrar.

- Não acham que estão atrasados, não? Perderam-se no caminho?

Os meninos nada disseram, pois não sabiam mesmo o que dizer para a professora, abaixaram a cabeça e foram se sentar. Vicky fez um pequeno aceno com a mão, chamando a menina para se sentar do seu lado. E Draco se direcionou para sentar- se ao lado do amigo.

- Onde você estava?

Vicky perguntou baixinho, assim que a garota se sentou.

- Eu tinha ido ao banheiro, e depois encontrei Draco no caminho e ficamos conversando. Perdi a noção da hora.

Emily invetou uma desculpa rápido, nunca tinha se saído bem quando mentia, as pessoas sempre descobriam.

- Será que a Senhorita Snape gostaria de nos responder a pergunta? Pois se já chegou atrasada e aidna assim está conversando é porque deve saber tudo o que estou falando aqui na frente, né?

Emily escutou a bronca da professora e percebeu todos os olhares pra ela, sentiu o rosto corar.

- Me desculpe, professora.

A garota falou em tom baixo, totalmente envergonhada com a situação.

O resto da aula correu normalmente, Emily não tinha dito mais sequer uma palavra, mas estava prestando atenção na aula.

As próximas aulas passaram normalmente também, Emily ainda se sentia um pouco mal pelas duas coisas que haviam acontecido, em apenas poucas horas.

O que mais poderia acontecer durante aquele dia?