Chama Branca escrita por kamis-Campos


Capítulo 5
Desnorteado


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap!



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Capitulo 5 – Desnorteado

POV Edward

Desembarquei em Atenas, depois de horas em aviões e aeroportos. Não estava nenhum pouco entediado, apenas queria vê a beleza do lugar. Com uma pressa que nunca senti antes, o que não é comum em mim, caminho me controlando para não parecer anormal.

Ao sair, sorrio olhando em volta. Tudo era um charme e de uma beleza que a própria natureza fez, talvez com uma pequena ajuda da humanidade, mesmo assim era uma paisagem pura. Encaminho-me para um pequeno táxi, colocando minhas malas no porta-malas e entro no pequeno veiculo.

Digo ao homem que queria ir para o cais e ele apenas sorri, esperando chegar em casa e vê como sua família está. Um simpático pai de família, como um dia eu fui, agora eu não sei o que eu sou. Um meio termo indefinido, não consigo me entender. Só minhas decisões vão definir o que eu serei realmente.

Tinha comprado um barco faz pouco tempo e, o senhor Pires, o homem que me vendeu-o, garantiu que ele estaria a minha espera. Ao que parece, uma família havia comprado ele, porém como não pagaram e eu ofereci muito mais do que o proposto, fiquei com o veloz e belo Kallisté.

Iria com o barco até o arquipélago de Santorini, que fica 200 km de Atenas e ficaria por uns tempos no vilarejo de Oia, em Thera. Podia muito bem ficar na capital, porém não teria a mesma sensação de liberdade. Queria me mover pra todos os lugares, visitar os mais inexploráveis, ser apenas um simples aventureiro.

Já era noite, o começo dela quando cheguei ao cais. Estava apenas iluminado pelos postes e a maré parecia agitada e escura. Tudo muito silencioso e vazio, paguei o taxista, porém ele me prendeu com o olhar preocupado. Ela estava realmente apreensivo por mim.

- Filho, tome cuidado. – disse em grego, sombrio. Em sua mente, ele temia por aquelas águas, ela estava com medo de algo que ele não queria pensar. – Não vá entrar em alto mar sozinho.

- Não se preocupe, eu ficarei bem. – sorri gentilmente, em um grego fluente e o agradeci. Ele ficou ali, observando me afastar, enquanto decidia se devia me acompanhar ou não. Então, viu que estava ficando tarde e acabou resolvendo partir.

Fiquei feliz por me sentir novamente sozinho, andando por aquele cais tão deserto e silencioso. Com os passos pesados andei para o lado mais distante, onde o senhor Pires havia me indicado. Então, senti uma pequena ondulação no ar e o cheiro de um vampiro bem conhecido me atingiu.

Ao ler sua mente, só pude constar a minha indagação. O que ele fazia ali?

- Benjamin. – digo e viro-me para dar de cara com o jovem vampiro sorridente. Ele me abraça afetuosamente e depois se afasta.

- Edward... – sorri e tira a sua mecha de cabelo do rosto. – O que faz aqui?

- Eu que te pergunto, rapaz... – o olho desconfiado, tentando vê em sua mente o que ele fazia ali, porém ele tentava a todo custo não pensar no assunto. Portanto, algo estava estranho, era como se meus poderes estivessem falhos. Em intervalos de segundos, tudo ficava absurdamente escuro e quieto em minha cabeça, incapacitando-me de ler os pensamentos dos outros ao meu redor. – O que faz aqui? Cadê sua companheira? E Amun?

- Ahh, meu amigo, é uma história muito longa. – ele abraçou meus ombros, divagando. – Resumindo, sai de casa! – deu de ombros, como se fosse à coisa mais comum.

- Como?

- É... Complicado.  – se afastou de mim, de cabeça baixa. Não pude vê em sua mente o que tanto o entristecia. Ele caminhou pelo o assoalho do cais, até um toco de madeira perto dos barcos atracados. Sentou-se derrotado, os ombros arriados e a cara em amargura.

Fui para o seu lado, sem hesitar. O que quer seja, devia ser muito doloroso. E isso me agoniava, tanto pelo fato de não puder ler seus pensamentos claramente, e por ter sentimentos o bastante para me solidarizar com ele. Era evidente que ele precisava de apoio... Era claro que ele precisa de um amigo.

- Minha mulher me largou. – soltou e eu arregalei os olhos, ele pensou quando Tia, sua companheira o deixou, alegando não amá-lo mais, mesmo ele demonstrando o contrário. Fui tudo que eu pude vê, até que a imagem ficou nublada, cheia de interrupções e não pude mais vê-la e nem ler o pensamento de Benjamin.

- O que? – exclamei inquietamente, ainda incomodado por não poder ler sua mente claramente, o que estava acontecendo comigo?

- Espere, ainda tem muito mais. – engoliu em seco e eu estava ainda mais desnorteado, não me sentia bem. - Meu pai, Amun, não aceitou isso e quis ir atrás dela, para matá-la. Ela é frágil, apesar de ser vampira e morreria fácil, então eu a protegi, escondendo-a... Mas, Amun descobriu. Não deu chance de ela fugir, e ele a matou... Mas, agora está atrás de mim, ele se sente traído.

- Sinto muito, Benja... – não consegui mais falar, minha cabeça girava sem eu puder vê mais nada. Incapacitado e desnorteado. Angustiado. Era assim que eu me sentia, sem os meus poderes.

Coloquei a mão na testa, tentando raciocinar. Estava fraco, me sentia muito vazio. Estava perdendo meus poderes? Mas como? Não poderia ser, nasci com eles e, é lógico que morrerei com eles. Então, o que realmente acontecia comigo?

Benjamin percebeu meu mal-estar e estreitou os olhos, analisando-me preocupadamente.

- Edward? – perguntou, colocando uma das mãos em minhas costas. – Você está bem? Não me parece...

- Não! – o cortei. Meu Deus! Estava sem foco, não conseguia sentir mais os pensamentos das pessoas, nem de Benjamin. Era um negror, como um grande paredão de fechando em minha cabeça. – Eu preciso chegar a Thera e... Ahhh! – minha cabeça latejou forte e eu segurei minhas têmporas.

- Edward. – segurou meu braço, impedindo-me de levantar. – Você não está em condições de viajar. Se quer tanto chegar em Thera, eu posso acompanhá-lo, se quiser. – propôs.

- Claro. – sussurrei ainda pressionando a lateral de minha cabeça. – O barco está logo ali. – apontei para uma bela embarcação em aço puro, branca e lustrosa, com o nome Kallisté gravado em uma caligrafia excelente na proa.

Benjamin assentiu em admiração e nós dois fomos em direção ao barco. Ainda estava em condições de andar sob meus próprios pés, mas a cabeça girava confusa. Entrei em um pulo no barco, com Benjamin em meu encalço. Ele seria uma boa companhia.

Logo nos acomodamos dentro do barco e mesmo assim não pude deixar de perceber que o barco em seu interior era mais belo. Era todo em mogno e couro preto. Podia-se dizer que era quase um Iate, porém um pouco menor.

Benjamin assumiu o comando do barco, o manuseando firmemente, concentrado no que fazia. Estava sentado no pequeno sofá ali, e mal esperava por ter um pouco demais. Ainda estava um pouco atordoado por causa de minha incapacitação. Só que, quanto mais me afastava da baia de Atenas, mais eu recobrava os sentidos e meus poderes voltavam gradualmente.

Depois de uma hora em alto mar, com alivio suspirei, ao vê que estava recuperado e bem. Não sabia o que havia me acontecido, estava preocupado. Seja o que fosse, não poderia ser bom.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews????? Comentem pessoal, poxa!