Reencontrar escrita por kiryuu_ichiru


Capítulo 4
Capítulo 4




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- Acho que foi a ultima chance de ouvir a voz dele. Minha mãe me ligou ontem, já passava da meia noite, para falar que ele estava em coma. –ele pôs as mãos nos olhos e começou chorar.

Foi como se meu coração estivesse sofrendo com a notícia e ao mesmo tempo com a imagem de Tom chorando. Aquilo me fez partir em prantos. 

-  Tom, mas aí você... você decidiu encher a cara para tentar se conformar com o coma do seu irmão? Para fingir que tudo estava bem na festa que você estava dando? É isso? – perguntei.

- Eu não sei. Foi algo que a Carol me ofereceu, ela disse que era uma batida. Era boa, mas muito forte. Eu fui misturando tudo e acabei ficando daquele jeito. – ele falou, ainda chorando.

- Tom, eu não quero ver você sofrendo dessa forma. Você acha que Bill gostaria de ver você fazendo isso? – enquanto falava, voltei a chorar – você acha q...

Tom me abraçou, também chorando. Retribui o abraço e nós dois ficamos ali, sem nada dizer. Apenas chorando. 

Tom aproximou seus lábios de meu ouvido, ainda enquanto estávamos abraçados...

- Eu não sei o que faria sem você aqui. Obrigado... Yuuki.

Dito isso, eu fiquei sem reação, apenas continuei de olhos fechados. Senti Tom se afastando de mim. Eu queria continuar abraçada com ele. Ele se levantou, me deu a mão e me levantou também.

- Vamos para casa, não podemos ficar chorando em público, isso acaba com nossa popularidade.. –ele disse.

- SUA popularidade, não é? – corrigi.

- Não; nossa popularidade, porque quem anda comigo também é popular.  Afinal, você mora comigo e me ajuda quando chego bêbado em casa, te dar popularidade é o mínimo que posso fazer. – ele me deu uma piscadela.

Eu não entendi muito bem, mas concordei.

Voltamos para casa. Na sala estavam Caroline e Gustav. Eles pareciam atormentados. Enquanto eu entrava, Tom estava na garagem, verificando se nada tinha acontecido com o carro precioso dele.

- Yuuki, por favor, nos ajude! – Gustav se aproximou em desespero.

Ambos estavam pálidos.

- O que houve? – perguntei.

- Tom sumiu. Ele não está aqui. E ontem ele saiu da festa meio... meio... – Caroline tentou explicar.

- Ah, ontem ele saiu da festa em que você, Carol, o embebedou e você, Gustav o deixo sair sozinho de lá, não é? – falei. – Pois então; ele veio para casa e adivinhem, eu tive que cuidar sozinha deles – comecei gritar- você fazem merda e eu é que tenho que cuidar do menino, vocês nem ao menos se importaram com ele.

- Podemos explicar, Yuuki, calma – Gustav falou, tentando me acalmar.

- Calma porra nenhuma, Gustav. – falei. Apontei para Carol – Caroline, seu namorado vai saber disso. Você sabia que ele estava em coma? – falei

Ela ficou sem reação e se sentou.

- pois é, sua irresponsável. Vai lá embebedar seu cunhado quando ele está abalado. Afinal, o irmão dele não está aqui para cuidar do Tom, não é? Dois irresponsáveis, vocês dois. Gustav, eu pensei que você fosse alguém decente. Agora vejo que me enganei. – falei – Por favor, saia daqui antes que Tom entre.. –recomendei.

Tom entrou mais animado por não ter danificado o carro. Ele olhou e viu Gustav ali, em pé de frente para a porta. Caroline chorava.

 - Gustav, saia, por favor. Eu não estou bem e não quero conversar agora. – Tom disse, ficando sério.

Gustav não tentou nada, apenas olhou para mim e disse que falava comigo no outro dia.eu apenas afirmei com a cabeça.

Ele saiu pela porta e Caroline subiu para seu quarto, sem querer nem ao menos encarar Tom.

Horas mais tarde, Tom recebeu a ligação de Gustav se desculpando por não cuidar dele e deixa-lo beber sabendo que ele estava abalado pelo estado de Bill. Gustav também se desculpou comigo por me deixar cuidar sozinha de Tom, eu que mal conhecia o menino.

 O domingo passou rápido. Tudo passa rápido quando algo acontece.  A Segunda chegou e a aula também.

Aulas sempre são iguais, eu sempre soube muita coisa  antes de ouvir na faculdade. Eu nem sabia a razão de fazer letras, na verdade; eu até gostava, mas não sabia se seria aquilo que eu seguiria. Talvez fosse aquela promessa...

Bill e Gustav também faziam faculdade de Letras, eles se conheceram lá. Tom e Georg faziam engenharia, algo bem másculo, eu sei, muito a cara deles.  Caroline fazia faculdade de Biologia.

Durante aulas chatas, todos se dispersavam em conversas, menos eu. Pelo menos antes...

- Hey Yuuki... – Gustav sempre interrompia minha atenção.

- O que é?- perguntei em tom baixo.

- Me desculpe por deixar o Tom ir embora bêbado para casa. – ele disse.

- É sua consciência, Gustav; Agora, por favor, vamos prestar atenção em algo que preste.– respondi.

Gustav virou-se para frente, mas não durou muito, logo ele se virou para mim e ficou me encarando por longos minutos.

- Olha, eu odeio que fiquem me encarando. O que você tem, rapaz? – perguntei, perdendo a paciência.

- Nada, só estava te observando. Afinal, não é sempre que conhecemos uma pessoa certinha no campus, muito menos quando essa pessoa anda com Tom. – ele respondeu.

- Eu não vou nem te responder. Só peço para você me deixar em paz, tem tanta gente conversando, vá lá falar com eles. Que merda. – respondi, tentando voltar minha atenção à aula.

- Ele te incomoda? –uma outra voz se aproximou.

Virei meus olhos para ver quem falava comigo. Uma menina alta, um pouco gorducha, mas muito bonita, pensei. Ela parecia intrigada comigo, eu reparara, ela me olhava desde a primeira aula do meu primeiro dia na universidade.

- Não, mas às vezes ele é inconveniente. Só isso. – respondi.

- Ou talvez seja por ele não ter cuidado do Tom na ultima festa? – ela perguntou.

- Não tem nada a ver com isso. Eles são muito grandinhos e sabem o que fazem. Eu só não gosto de conversar muito na aula- falei.

Ela me encarou, confusa.

- E quem é você, que sabe sobre a ultima festa e do Tom bêbado? – perguntei.

- Ah sim, que distração, meu nome é Daniela. Eu estava na festa com Georg. – ela respondeu.

Ótimo, uma namoradinha de Georg para vir me encher o saco. Eu não merecia aquilo, pensei.

- Legal. Prazer. –falei, tentando ser simpática.

- Prazer também. Mas só quero te deixar avisada que, se você chegar há um palmo da boca do Gustav, eu mato você. Só isso. – ela falou isso e sorriu.

Fiquei perplexa. Uma menina que saíra com Georg na ultima fez agora estava me mandando ficar longe de Gustav. Meninas jovens sem cérebro, eu sempre odiei.

- Pode deixar, eu ficarei longe dele, mas você não é dona dele. Ele é amigo do Tom e eu me relacionarei normalmente com ele. Agora, com licença que eu quero prestar atenção na aula, pois ao contrário de você, eu venho para a faculdade para fazer algo que presta. – me levantei e mudei de lugar para sair de perto dela.

Eu sabia que ela tinha me odiado e que ela deveria ser amiga da Caroline.

A aula passou rápido naquele dia.  Após a aula, fui ao encontro de Tom, nós íamos ao shopping fazer compras de roupas. Eu não levara vestimentas de frio, e o inverno já estava chegando. Ficamos duas horas no shopping fazendo compras. Era a primeira vez que eu fazia compras com um menino me dando opiniões. O shopping era no mesmo quarteirão do campus, portanto, muitos alunos de lá frequentavam aquele shopping.  Eu andava com Tom e muitas pessoas me encaravam, eu não entendia a razão.

- Tom, por que tem tanta gente olhando pra gente?- perguntei.

- Ora, Yuuki, você está ao lado do menino mais popular do Campus, estão todos pensando que você está saindo comigo. – ele respondeu.

- Nossa, estamos na universidade e ainda tem gente com a mentalidade assim, agora eu me surpreendi. – falei.

Continuamos andando. Após as compras, fomos lanchar no McDonald’s. Pedimos nossos lanches e sentamos para comer.  Após lancharmos, voltamos para casa.

- Nossa, me sinto uma pessoa famosa. Todos me encarando, que desagradável. – falei.

Tom não soube o que dizer. Ele parecia gostar das pessoas nos encarando. Eu sentia, Tom gostava de muita atenção.

As semanas foram passando e as pessoas continuavam me olhando, mas com o passar dos dias, eu parecia ter me acostumado. As pessoas pareciam até me respeitar mais, não pela minha inteligência, infelizmente, mas pelo boato de eu estar saindo com Tom, o popular e cobiçado menino da universidade.

As avaliações semestrais estavam chegando e todos os alunos surtavam.  Época de avaliação semestral e todos os alunos ficam os finais de semana estudando como loucos.  Sem festas, sem bebidas e sem Tom embriagado precisando de um banho.

- Yuuki – Tom bateu à minha porta.

- Sim, Tom? – respondi – Estou estudando, não posso me desconcentrar.

Ele entrou no quarto sem nem pedir licença. Ele se aproximou e sentou na minha frente, em cima da cama.  Ergui os olhos para ver o que ele estava fazer, e ele me observava, inquieto.

- Diga, Tom, por favor. – falei, impaciente.

- Yuuki, eu sei que fazem apenas cinco semanas que você chegou aqui, mas preciso faalr com você. – ele falou.

- Sim, Tom? – eu odiava rodeios.

- Eu gosto de você.  – ele disse.

Fiquei sem o que dizer, eu estava congelada, fria.

- Eu sei que é cedo demais, mas eu gosto de você. Eu quero ficar com você. – ele continuou.

- Tom, você está confuso. Provas semestrais, seu irmão ainda em coma. Não force sua cabeça com essas coisas. Provas deixam qualquer um louco, vamos fazer o seguinte, eu finjo que não ouvi nada e você finge que nada disse, certo? –falei.

Ele ficou confuso e eu dei-lhe um breve sorriso. Ele se levantou e foi em direção ao seu quarto. Eu voltei minha atenção aos estudos.

O mês de avaliação foi a mesma coisa todos os dias, exceto pelo acontecimento de Tom dizendo que gostava de mim. Todos se esforçavam o máximo para irem bem na prova. Ao fim do mês, acabaram, também, as avaliações, e todos estavam livres pelo resto do semestre. Férias. Algo que todos esperavam ansiosamente, chegara.

- Hey, novata! –Caroline falara na saída da universidade.

- Oi, o que você quer? – perguntei.

- Como foram suas notas? E nas férias, o que você vai fazer? – ela perguntou.

- Fui a melhor da sala em notas, não se preocupe. Nas férias eu ficarei aqui, e você?- falei.

- Vou para o Japão com meu pai. É uma recompensa por eu ter ido bem nas provas.- ela respondeu

Parecia que ela queria jogar algo na minha cara, como o dinheiro que ela tinha. Eu não dei muita bola para ela. Com dois meses de convivência com ela, eu aprendi a ignorá-la. Dei de ombros para o que ela me dizia e saí andando em direção à casa.

Abri a porta e Tom já havia chegado. Ele não estava comemorando como eu pensei que ele estaria; estava sentado no sofá com as mãos no rosto.

- Tom? O que foi? –perguntei. – São férias, querido, arrume suas malas e vá viajar.

- Eu não vou. Minha mãe está tendo muitos gastos com meu irmão e não quero que ela gaste mais ainda. Ficarei as férias todas trabalhando na loja dos pais do Gustav aqui.- ele respondeu.

- Poxa, Tom.  Então você, Georg e Gustav ficarão aqui as férias inteiras? – perguntei.

- Sim. Eu gostaria de ao menos poder falar com Bill. Mas ele está em coma e nem ao menos vai me ouvir. – ele disse.

Aquilo me perturbou um pouco. Eu sabia que Tom esperara o semestre todo para poder ver seu irmão, e na esperança de que Bill acordasse. Nada do que ele esperara havia acontecido.

Pobre Tom, pensei.

Uma ideia passou pela minha mente naquele momento.

- Tom, você poderia me passar o número de telefone no qual eu possa falar com sua mãe? – perguntei.

- Sim, mas para que? – ele quis saber.

- Por nada, eu só queria falar com ela e dar a sua mãe uma força, pois ela deve estar arrasada, não? Um filho que está em coma por um mês e meio. – falei.

Tom pareceu acreditar e me passou o número de sua mãe. Eu dei um beijo na testa dele para agradecê-lo por me dar o número e subi para meu quarto.

- Alô. Poderia falar com Simone? – falei assim que a mãe de Tom atendera ao telefone.

- É ela mesma. Quem gostaria? É a Caroline?- ela perguntou.

- Sou Yuuki, colega de republica dos seus filhos. Desculpe-me o incômodo, mas gostaria de perguntar como Bill está... – falei.

- Ele ainda não acordou, mas ele já apresenta reações pequenas quando alguém fala com ele. – ela respondeu.

- Ótimo. Tom anda um pouco triste, eu tenho uma ideia, já que ele não pode ver o irmão...- falei.

Contei-lhe a ideia e ela aceitou. Não era nada demais, mas eu pensara que seria bom para Tom e para Bill.

Pedi que Simone esperasse ao telefone enquanto eu descia as escadas e ia falar com Tom.


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