- Na-Não. Por quê? – falei.

- O café não esta nem pronto. – ele observou.

- Eu me distraí. –respondi.

Fiz o café enquanto Tom esperava. Ele me observava com olhos tão atentos que eu fiquei até sem jeito.

- Me desculpa – Tom falou.

- Desculpar? – não entendi.

O café ficara pronto, eu o coloquei em nossas xicaras e sentei à mesa.

- Sim, por ter dito aquelas coisas para você ontem. Eu estava nervoso. – ele falou.

- Tom, já falamos disso. Eu te perdoo. Mas vou lembrar daquilo por algum tempo, não é de um dia para o outro que vou esquecer. – respondi.

Tom concordou com a cabeça e continuamos tomando nosso café.

Caroline não esperou que eu distraísse Tom e desceu as escadas. Ela passou na frente da cozinha e eu gelei. Se Tom a visse ali, acabaria o nosso dia e todo o esforço que fiz para que Tom melhorasse.

Se Tom virasse um pouco a cabeça, ele conseguiria ver Caroline.

- Tom. – falei.

- Oi? – ele se virou para mim.

Eu larguei meu café e meu pão e dei-lhe um beijo. Tom recebeu aquilo com surpresa, mas aceitou, ele gostava de surpresas. Ele ficaria até melhor depois desse beijo, eu sabia. Enquanto o beijava fiz um gesto para que Caroline aproveitasse e saísse logo. Ela fez um gesto de Obrigada para mim e disse que depois conversaríamos.

Logo que ela saiu, eu terminei o beijo. Eu odiava manipular as pessoas dessa forma.

- Nossa, o que me fez merecer esse beijo? – Tom falou, admirado.

- Eu pensei que depois de um dia tão ruim como ode ontem isso amenizaria um pouco a revolta. – respondi.

Tom suspirou.

Terminamos nosso café e eu fui tomar banho. Tom ficou no meu quarto conversando comigo aos gritos.

- Quero só ver Caroline voltar para cá. – Tom falou.

- Ela não virá por algum tempo. Ela já até pegou as coisas dela. – respondi.

Saí do banho e percebi que Tom estava sentado, com as mãos agarradas ao meu colchão, tentando não demonstrar revolta. Eu não soube o que fazer, nem me aproximei e não falei nada até que ele se expressasse.

- Àquela hora... – ele pensou.

- Tom, – sentei-me ao lado dele – entenda que você são pode ficar assim. Eu a ajudei porque você a mataria.

- É, mas não precisava fingir me dar um beijo para isso. – Tom respondeu.

- Você ainda vai ter que ligar para seu irmão e conversar com ele. Eu vou falar com ela sobre isso, mas você não precisa contar a ele sobre o que viu. – falei.

O dia passou tão rápido. Aquele dia fora muito cansativo, apesar de eu não ter feito muita coisa, ter que acalmar uma pessoa furiosa com a ex-cunhada era muito ruim. Ele queria matar os amigos, matar a Carol e se matar. Atmosfera pesada em casa.

Eu sabia que Tom estava morrendo de vontade de contar tudo a Bill, ele não gostava de esconder as coisas do irmão que estava longe e impossibilitado de qualquer coisa, mas também sabia que Tom não seria capaz de contar e quebrar o coração do irmão que gostava da menina que o traíra.

- Tom, você aceitou não contar ao Bill para não quebrar o coração do menino? – perguntei.

- Na verdade não. Eu só aceitei isso porque eu quero que aquela vaca assuma isso para meu irmão, quero que ela conte. – ele respondeu. – Bill nunca amou Caroline tanto assim.

- Não? Então por que ele está com ela? – perguntei.  – E o que você vai fazer sobre Gustav?

- Ele está com ela porque não consegue amar mais ninguém além de uma menina que ele conheceu há anos, não me lembro o nome dela, nunca reparei mesmo. Sobre Gustav eu não sei o que farei. Ele traiu nossa confiança. – Tom respondeu.

- É, mas você sabe que Caroline não estava traindo o Bill só com o Gustav, não é? – falei.

Eu não me aguentara. Após falar aquilo, eu me calei como quem havia dito algo errado. Tom me olhou perplexo. Eu não devia ter dito aquilo, mas falei como se fosse espontâneo.

- Com quem mais ela traia meu irmão? – Tom perguntou.

- Ela dirá. – respondi.

A conversa acabou ali, eu não queria continuar falando sobre ela, e nem ele queria também.

Tom trabalharia no dia seguinte, por isso ele não podia dormir tão tarde. Ele ligou para Bill antes de dormir, para falar com ele.

- Alô. Bill? – Tom disse.

Bill pareceu atender ao telefone, o que era sinal de que ele já estava um pouco melhor. Tom e ele ficaram  conversando por horas. Nada sobre Caroline. De repente, Tom assumiu um semblante preocupado e perturbado.

- E-Eu não sei nada dela. – Tom falou.

Tom me olhou me pedindo ajuda, ele tapou o telefone e me disse baixo “Ele esta perguntando sobre a Carol.”.

- Diga a ele que ela ainda não voltou de viagem. – falei sussurrando.

Assim, Tom respondeu para Bill.

- Ah, a Yuuki manda lembranças. – Tom falou.

Após isso, Tom sorriu para mim. Eu fiquei ali, prestando atenção no que eles diziam. Bill pareceu não insistir para saber sobre Carol, logo eles mudaram de assunto. Tom ficou empolgado com Bill, eles deviam estar falando sobre a recuperação de Bill e sobre o lugar que ele estava.

- Entendo Bill. Você é sortudo, assim que as aulas voltarem, você terá aulas com nossa querida e talentosa Yuuki. – Tom falou.

Após isso, eu percebi que Tom realmente não contaria a Bill sobre o acontecido. Eu sempre soube que podia confiar em Tom, mesmo que Bill fosse seu irmão, ele não faria isso, ele não quebraria uma palavra que me dera.

Tom desligou o telefone e sorriu para mim.

- Feliz por eu não contar nada ao Bill? – ele falou

Eu apenas sorri confirmando o que ele perguntara.

- Boa noite, Tom Kaulitz. – falei.

Tom me deu um beijo na testa e foi para seu quarto.

Naquela noite, eu dormi mais rápido, eu não entendi. Geralmente eu demorava a dormir, ou nem dormia. Dormir rápido era estranho para mim.

O dia seguinte chegou, quando acordei, Tom já não estava em casa. Ele saía muito cedo para trabalhar e não gostava de me acordar tão cedo assim. Um fofo, eu diria.

Levantei, tomei meu café e me sentei para assistir televisão. O telefone tocou logo que liguei a Tv.

- Alô. – atendi.

- Yuuki? – Uma voz falou. – Sou eu, Gustav.

Eu não podia acreditar. Gustav estava me ligando, eu não sabia o que ele queria.