Novos Começos escrita por Tenteitudo


Capítulo 2
Telefonema Quinn's POV


Notas iniciais do capítulo

N/A: Essa fic é sim uma continuação de O Convite, como já disse antes, será bem mais curta, mas pretendo que seja um pouco mais intensa e vou explorar certas coisas que já uso em minha outra fic na tentativa de dar um ar mais realista a historia. POV'S. Esse capitulo continha inicialmente o pov da Quinn e o da Rachel em lugares diferentes, mas mostrei para um amigo e ele disse que seria melhor se eu colocasse um pov em cada capitulo etão esse aqui é só o da Quinn e a reação dela ao telefonema.

Aviso: Morte de personagem.

Esse falecimento vai fazer com que a historia tome um novo rumo, tudo vai se desenvolver a partir dos acontecimentos que envolvem essa morte.

Depois teremos o nascimento da Valerie, a cena brittana, uma discussão Faberry e fim de verdade. Não devo passar dos 10 capitulos, logo, atualizarei a historia duas ou três vezes por semana.

Espero que gostem desse novo começo! A melhor parte da historia - a mais emocionante - vai vir no capitulo 3, espero não desapontar ninguém com esse...



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Quinn's future POV

Todo o final daquele ano estava sendo marcante para mim de todas as formas possíveis. Eu havia descoberto o que era realmente amar alguém e amar essa pessoa me fez questionar todos os princípios que eu tinha, princípios que meu pai impôs desde muito cedo. E foi tão fácil decidir o que eu realmente queria por que, por mais assustador que fosse, as pessoas ao meu redor me apoiaram e incentivaram a isso.

Santana, Brittany, Dave, Kurt e principalmente Rachel me fizeram despertar, me fizeram aceitar uma parte minha que nunca achei que pudesse existir.

O que pareceu terrível a principio – amar e desejar alguém do mesmo sexo – acabou se revelando o menor dos meus problemas. Era tão fácil (e ainda é) me entregar completamente à Rachel...

Uma das primeiras coisas ruins que aconteceram naquela época foi a confirmação do diagnóstico de Andy, sei o quanto é errado se envolver emocionalmente com o trabalho, mas o caso dele era especial e me deixou muito abalada. Ele não merecia passar por tudo o que estava passando e eu não conseguia evitar que as lembranças referentes à minha própria filha viessem à tona. Mesmo agora, depois de tantos anos, o assunto Beth ainda é muito delicado.

Então Michael resolveu aparecer em minha vida novamente e definitivamente abalou todas as minhas estruturas. Eu sabia, no momento em que decidi aceitar a minha sexualidade, que isso teria repercussões negativas. Eu já havia ouvido milhões de historias, mas nunca imaginei que poderia vivenciar algo assim. O brilho da insanidade em seus olhos ainda me assombra às vezes, mas então eu olho para a mulher ao meu lado e o sorriso dela faz tudo valer a pena.

Rachel é uma das pessoas mais compreensivas e amáveis que eu conheço e ela é minha, o amor da minha vida. Ela nunca desistiu de mim, em momento algum. Mesmo quando tentei afastá-la, ela se manteve firme ao meu lado e isso fez toda a diferença.

A questão de seu contrato com a Fox e o problema que estávamos enfrentando com a distancia acabaram se revelando muito mais difíceis do que esperávamos, mas Rachel parecia não se importar com isso. Lembro de uma conversa que tivemos por telefone aonde ela disse que tudo acontecia no momento certo. Por incrível que pareça, suas palavras se concretizaram alguns dias depois, quando o nosso relacionamento se tornou publico sobre as piores circunstancias...

Bem, acho que vou ir direto ao ponto agora. A memória daquele dia está gravada em mim e eu lembro como se fosse hoje, 11 de dezembro...

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Quinn's present POV

11 de dezembro – sábado, final da tarde.

Está chovendo. Muito. Normalmente eu gosto de chuva, mas hoje é um daqueles dias em que tudo parece te dar dor de cabeça. Sem contar que esse tipo de chuva é aquele que traz um frio terrível consigo. Os primeiros dias de inverno são sempre os piores, é uma droga ter que se acostumar ao clima e literalmente se empacotar em casacos para poder sair de casa.

Santana está no banheiro, de novo. Aparentemente, Valerie acha divertido cutucar sua bexiga a cada dez minutos... Eu estou sozinha na sala de estar, bem, na verdade, o Sr Branca de Neve está comigo. Ele se move preguiçosamente e eu realmente o invejo agora. Ele tem tudo o que qualquer pessoa poderia querer, as pessoas que ele ama estão sempre por perto, seu pratinho está sempre cheio de ração, ele pode dormir o quanto quiser e aonde quiser...

Deus, olhar para ele me fez perceber o quanto realmente estou cansada!

Essa semana foi tão cheia de coisas no trabalho e o julgamento de Michael quarta feira só serviu para me deixar ainda mais exausta. Ele foi condenado é claro, pena mínima de cinco anos e o processo que eu tenho sobre ele ainda está em andamento. Eu fiquei feliz que tudo finalmente estivesse terminado, pelo menos legalmente falando, e Kurt organizou um jantar para comemorar a justiça, mas eu simplesmente não consegui entrar no clima de comemoração. Uma parte de mim não acha certo comemorar a pena de alguém, mesmo que ela tenha feito o que fez...

"Q?" Uma voz chama do pé da escada e eu me viro para encontrar Santana sorrindo para mim. Ela parece tão bonita e feliz envolta em seu casaco de lã cor de rosa. Seus cabelos estão soltos e lisos, enfeitados por uma tiara cor de rosa também.

Sorrio de volta para ela, sua felicidade tem sido totalmente contagiante nesses últimos dias. "Eu já falei que você parece uma personagem da Disney?"

Ela ri de meu comentário. "A fada má da Bela Adormecida?"

Faço que não com a cabeça. "Está mais para uma Branca de Neve latina em um universo paralelo aonde tudo é cor de rosa..."

"Isso é bom?" Ela para a minha frente e apóia as mãos sobre a barriga.

"Significa que você está meiga..." Levanto-me do sofá e aliso a parte de trás do meu casaco marrom. "Pronta?"

"Você vai se comportar agora, não é?" San fala com sua filha com um sorriso carinhoso nos lábios. "Acho que agora sim..." Ela responde para mim, levantando os olhos. "Aonde você quer jantar hoje à noite?"

Essa é a nossa pequena rotina. Jantamos juntas todas as noites. Brittany está envolvida com a coreografia de um novo show que sua companhia estará apresentando em alguns meses e os ensaios são sempre à noite. Já faz algumas semanas que Santana parou de dar consultoria para o hospital e eu lhe faço companhia. Rachel está no Texas agora, fazendo audições com os milhões de candidatos para o American Idol. Nós nos falamos todos os dias, pelo menos uma vez, e ela conta histórias engraçadas e fala sobre todos os talentos fantásticos que ela nunca imaginava que pudessem existir nos Estados Unidos. Eu sinto saudades.

"Não sei... Minha afilhada tem alguma preferência?" Encosto a ponta dos dedos em sua barriga e sinto um movimento muito sutil.

"Acho que não, mas que tal se a gente não saísse hoje?" Eu pretendia sugerir isso, mas ela foi mais rápida. Tudo o que consigo fazer é sorrir. "Está chovendo tanto e vai esfriar ainda mais..."

Começo a desabotoar o casaco em concordância. "Quer pedir uma pizza?"

"Você leu a minha mente..." Ela abre seu casaco também e o pendura ao lado da porta. "Eu vou buscar cardápios."

Sinto que meu humor está começando a melhorar. Já faz algum tempo que não como pizza que não seja vegan. Santana volta e fazemos o pedido, ela senta ao meu lado e apóia a cabeça em meu ombro enquanto conversamos. É tão estranho que uma amizade tão forte tenha saído de um relacionamento totalmente imaturo durante o ensino médio.

"Eu sinto falta da Brittany..." Murmura ela, depois de alguns segundos de silencio. "Eu te amo Q, e você é loira e mais alta que eu, mas eu queria que fosse ela no seu lugar agora..."

Não consigo me sentir mal por causa de sua confissão, na verdade, entendo perfeitamente. S é pequena e morena e eu a amo também, mas se eu pudesse escolher, seria Rachel quem estaria ao meu lado agora. "Nós resolvemos nos apaixonar por mulheres realmente importantes..." Eu comento, brincando com a ponta de seus cabelos. "Agora temos que lidar com as conseqüências."

"Eu achei que ela também fosse diminuir o ritmo agora que a Valerie está quase chegando, mas ela parece cada vez mais absorta ao trabalho..." Sua voz diminui um pouco e meu coração parece pesar, posso sentir a tristeza em suas palavras. "Eu só... Sinto tanta falta da minha esposa." Santana não parecia mais ela mesma. Os comentários sarcásticos haviam parado e eu percebi que sinto falta deles, esse lado vulnerável e sensível me faz entrar em contato com o meu próprio lado mais fraco e isso é desconfortável...

"Eu acho que ela está com medo do que vai acontecer daqui para frente S..." Acaricio seus cabelos. "Vocês vão ter um filho e isso é um passo enorme para se dar."

"Eu sei, mas às vezes sinto como se estivesse tendo essa filha sozinha. Ela nem ao menos foi comigo no ultimo ultra som..." Eu sei disso, eu que fui com ela na semana passada. E eu sei o que Britt está sentindo, ela queria estar passando por essa experiência, ela deveria estar grávida e não Santana. Ela se sente excluída por não poder realmente sentir o que é ser mãe.

"Ela te ama muito San."

"Eu sei, mas eu queria que ela voltasse a demonstrar." Sua voz treme e eu sinto que ela vai chorar. Mas esse choro não vai ser igual a todos os outros que ela teve durante a gravidez, não vai ser algo histérico, mas sim puramente triste. Não sei se posso agüentar ver a minha melhor amiga assim, então a abraço desajeitadamente em função da barriga e beijo sua testa.

"Você vai ver que tudo vai melhorar... Brittany só precisa de tempo para se adaptar a ideia de que ela também vai ser mãe."

"Mas ela já teve oito meses Q..."

"Mas ela não sentiu tudo o que você está sentindo. Ela não está carregando uma vida dentro de si." Explico, olhando em seus olhos.

Ela abre a boca para responder, mas a campainha interrompe nossa conversa e eu levanto para receber a nossa janta. Quando volto para a sala, encontro uma Santana sorridente e parecendo bem mais feliz, o que é estranho por que as mudanças de humor não deveriam mais acontecer nesse estagio da gravidez.

"O que foi?" Pergunto, passando a sua frente e entrando na cozinha.

"Nada... Só... vamos falar sobre coisas felizes agora, OK?"

"Está bem..." Eu não vou contrariá-la, não quero saber o que pode acontecer se ela ficar realmente irritada.

"E volta aqui com essa pizza, eu não estou com vontade de levantar para comer!" Ela exclama e eu dou uma risada em resposta, minha Santana parece estar de volta. Pego pratos e guardanapos antes de me juntar a ela. Comemos e conversamos sobre assuntos bem mais leves. Trabalho, o quarto da nenê, a família dela que vai vir visitar em fevereiro. Em algum momento, chegamos ao assunto Rachel e a Fox e o que nós vamos fazer se eles não permitirem que a gente exponha nosso relacionamento de uma vez.

"Eu realmente não me importo mais com isso." Digo, tomando um gole de Coca.

"Por que não? Você não acha que vai ser simplesmente um inferno se ver cercada por fotógrafos e repórteres o tempo inteiro?" Ela tem a boca cheia e é um pouco difícil entender o que ela diz.

"Eu acho que vai ser difícil no começo, mas eles vão acabar cansando de nós eventualmente. Você sabe como o meu relacionamento com a Rach pode ser monótono..." Digo brincando e ela arqueia as sobrancelhas para mim. "Sem casos secretos e brigas violentas."

"Eu tenho certeza que Berry sabe como direcionar sua agressividade de uma forma muito interessante..." Ela pisca um olho e sorri maliciosamente. Sinto meu rosto esquentar. "Sério Quinn? Você está ficando vermelha?" Santana ri e se inclina um pouco para apertar minha bochecha com uma mão engordurada. Esquivo-me antes que ela consiga encostar em mim. "Por que você se sente tão constrangida em falar sobre sexo? É obvio que vocês duas..."

Ela faz um gesto que consegue me deixar ainda mais envergonhada. "Você se sentiria melhor se eu compartilhasse uma experiência? Bem, eu e B não fazemos sexo de verdade há algum tempo e esses malditos hormônios me deixam excitada praticamente 24 horas por dia, mas qualquer ângulo é estranho por causa da barriga e ela tem medo de machucar o bebê. Ou seja, estou em celibato até que Valerie tenha nascido e eu sei que vai ser realmente difícil fazer qualquer coisa com um bebê por perto."

Arregalo os olhos para ela o que a faz rir ainda mais. "Eu... Não é que eu me sinta mal falando sobre sexo S, é só que é um pouco desconcertante falar sobre isso com uma mulher grávida."

"Você tem medo que ela vá ouvir?" Pergunta minha amiga, olhando para a barriga. "Por que eu não..." Sou salva pelo meu celular, que começa a vibrar contra a minha coxa. "Aposto que é a Berry. Eu posso sair da sala se você quiser, eu tenho certeza que vocês fazem por tele..." Levanto uma mão e faço uma careta para ela. O identificador de chamadas mostra um numero conhecido e não é minha namorada.

Sorrio abertamente quando a foto que acompanha o numero aparece. Faz tanto tempo que eu não falo com ela...

"Oi Liv!"Cumprimento minha irmã animadamente.

"Olivia?" Murmura Santana, apontando para o aparelho em minhas mãos. "Diga oi por mim..."

"Quinnie?" A voz dela soa estranha do outro lado da linha, parecendo distante e estranhamente embargada.

Faço uma careta de preocupação ao perceber que ela está chorando. "Liv? Está... Tudo bem?" Sinto o ar se esvair de meus pulmões e meu coração parece parar de bater conforme ouço o que ela fala. Sinto frio e calor ao mesmo tempo e meus olhos ardem. Não consigo desviar o olhar de um ponto fixo na parede enquanto escuto as noticias que seu telefonema traz. Tenho a sensação de que a pizza vai permanecer em meu estomago por muito tempo, mas não consigo me mexer. Não sei como, mas palavras saem da minha boca automaticamente em resposta ao que acabei de ouvir. "Vou pegar o primeiro vôo para lá."

Ela se despede, mas mal consigo entender o que diz por causa da intensidade de seu choro. "Eu também te amo Liv..." Digo, antes de encerrar a chamada.

Não percebo que Santana estava falando comigo até que seu rosto se materializa em frente ao meu. "O que foi?" Ela pergunta, mas sua voz parece tão longe. Sua mão aperta meu ombro e finalmente encontro seus olhos, cheios de preocupação. "Você está tão pálida, aconteceu alguma coisa?" Ouço mais nitidamente agora e percebo gentileza em seu tom.

As palavras saem de meus lábios sem que eu perceba que estou falando. "Minha mãe. Aneurisma."

Ela arregala os olhos. "Cerebral?"

Faço que sim e meus olhos parecem queimar agora.

"Ela... Ela vai fazer cirurgia?" Pergunta minha amiga, hesitante.

"Ela morreu." Sussurro inaudivelmente e sinto meu lábio inferior tremer violentamente e lágrimas irromperem de meus olhos, amenizando a sensação de ardência. Meu peito parece se retrair e um soluço escapa de meus lábios. Cubro o rosto com as mãos enquanto a noção do acontecido penetra meu ser. Minha mãe... Dor, culpa arrependimento, amor, ódio, eu não sei o que estou sentindo, mas é horrível. É como se uma parte de mim tivesse sido arrancada a força, me sinto perdida. "Hoje de tarde San, ela..."

Santana me abraça pelo pescoço. "Eu vou com você..." Murmura ela, beijando minha bochecha.

"O-o que?" pergunto fungando.

"Eu vou para Lima com você."

"Santana, não..." Eu nem sei se ela pode viajar de avião estando com oito meses de gravidez, mas não consigo pensar em mais nada, fico tentando lembrar da ultima vez em que realmente abracei minha mãe, mas não consigo. Faz tanto tempo...

"Eu vou sim, só temos que avisar Brittany e Berry e eu vou ligar para o aeroporto." Ela beija meus cabelos antes de se afastar e alcançar pelo telefone sobre a mesa de centro.

O fluxo de lagrimas diminuiu um pouco e eu estou tentando assimilar o que aconteceu. De alguma forma, eu não consigo acreditar. Há alguns minutos estava tudo tão bem e minha mãe estava viva em Lima e agora... Eu não sei mais nada. "Eu não quero que a Rachel saiba, não agora." Consigo falar, levantando o rosto para encontrar os olhos de Santana com os meus.

"Quinn..." Ela começa, abaixando o fone do ouvido.

"Não. Ela já tem coisas de mais com o que se preocupar e não pode deixar o trabalho de qualquer forma." É claro que eu quero Rachel comigo agora, mas sei que o show não iria liberá-la para ir ao velório da mãe de sua namorada não oficial e bom, tantas coisas ruins parecem acontecer comigo, ela não precisa estar presente durante mais uma. Sem contar que meu pai vai estar lá e eu não quero ela perto dele.

Santana fecha a boca e concorda com a cabeça.

Aparentemente, estamos voltando para Lima...

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