Fim de Abril – Brittany e Santana – Fim de Tarde.

"Será que cinco fraldas é um exagero?" Santana perguntou distraidamente e em voz baixa enquanto tentava enfiar mais uma fralda dentro da bolsa já cheia de outros utensílios.

Brittany parou no meio do que estava fazendo e olhou para sua filha que pela primeira vez em dias estava acordada sem chorar dentro do bebê conforto em cima do sofá. "Só cinco?"

Santana ficou em silencio e encarou sua esposa que tinha os olhos azuis arregalados e voltava a escovar os dentes devagar. "É, você tem razão, é melhor levar um pacote inteiro em uma sacola separada." Disse ela, se levantando e marchando em direção ao armário que antigamente guardava toalhas e agora constituía um estoque vitalício de fraldas.

A loira entrou no banheiro e cuspiu a espuma na pia antes de enxaguar a boca. Ela se olhou no espelho, prendendo uma mecha de cabelos que havia escapado de seu coque atrás da orelha. Ela vestia uma blusa cinza com uma estampa quadriculada e uma saia vermelha brilhante. A perspectiva do que a noite lhe traria a deixava excitada e preocupada ao mesmo tempo e, pela primeira vez em anos, ela se encontrava em um estado de confusão remanescente do ensino médio.

Era um pouco desagradável, por que normalmente Santana fazia toda e qualquer confusão ir embora, mas Brittany sabia que sua esposa se encontrava em um estado semelhante ao seu.

Valerie já estava com três meses e meio, o que significava que fazia três meses e meio que elas não tinham tempo a sós. Por um lado, ela não se importava em sacrificar a intimidade pelo bem de sua filha, mas por outro, ela sentia tanta falta de sua esposa, do corpo dela, dos sons que ela emitia, do gosto que era só dela e de conversas que não envolvessem cólicas, fraldas e refluxo.

Claro que elas haviam tentado reestabelecer essa parte do relacionamento enquanto Valerie dormia, mas o universo parecia conspirar contra qualquer tipo de atividade sexual entre elas. Quando os beijos se tornavam quentes demais, e mãos viajavam para todos os lados, algo sempre as interrompia. (Normalmente a babá eletrônica emitindo o som do choro da nenê.) E depois de interrompidas por algo assim, era basicamente impossível retomar de onde haviam parado.

Essa seria a primeira 'noite de folga' desde o dia 11 de janeiro. Brittany estava, então, obviamente, ansiosa. Em parte por ter que deixar Valerie aos cuidados de outras pessoas (Não que ela não achasse Quinn e Rachel capazes de cuidar de um bebê, mas Valerie era sua princesinha...) e em parte por que, pela primeira vez desde sempre, ela estaria no controle do relacionamento.

Desde o ensino médio, Santana sempre fora quem tomara conta dela, sempre cuidadosa, sempre protetora e dominante. Mas não essa noite. Era a vez dela de guiar a latina, de tocá-la e de cuidar dela.

Brittany secou a boca com a toalha de rosto e voltou para a sala, aonde encontrou sua esposa brincando com os dedinhos da mão de sua filha. Santana segurava Valerie no colo e contava os itens que havia colocado dentro da pequena bolsa amarela. A menininha ria toda a vez que a latina beijava sua palma, fazendo barulho.

A loira sorriu imediatamente ao ver as duas pessoas mais importantes de sua vida parecendo tão felizes. De repente, a ideia de deixar Valerie com Quinn e Rachel pareceu dolorosa.

"E o bico..." Dizia Santana, beijando a pontinha dos dedos da bebê e recebendo um som agudo ininteligível em resposta. "E os lencinhos umedecidos e o talco..." Seus olhos castanhos encontraram os de Brittany e ela sorriu, piscando um olho e convidando a loira a se juntar a elas.

A dançarina se aproximou e escaneou a bolsa rapidamente. "Pomada para assaduras." Murmurou ela.

Santana abriu a boca e arregalou os olhos. "Pomada para assaduras! Eu quase esqueci... Viu só Val? O que seria de nós sem a mamãe?" Ela beijou sua mão mais uma vez antes de se levantar e passa-la para os braços da loira.

A latina beijou os lábios de sua esposa gentilmente antes de subir as escadas atrás da pomada. Brittany começou a balançar o corpo devagar, desviando do Senhor Branca de Neve que estava esparramado no meio da sala. Ela abriu a porta da geladeira com a mão livre e começou a tirar as mamadeiras que Santana havia preparado no decorrer do dia. Elas demoraram a manhã inteira para conseguir fazer com que a bomba de extrair o leite funcionasse.

Ela lançou um olhar para o aparelhinho em cima da pia. Na internet parecia muito mais fácil do realmente era, sem contar que ninguém avisou que poderia doer... Ela fez uma careta ao lembrar da expressão de dor que sua esposa havia feito mais cedo graças a bomba. Brittany não gostava de ver ninguém sentindo dor, muito menos Santana.

"Já está na hora..." A neurologista apareceu na porta da cozinha com a bolsa amarela pendendo do ombro esquerdo.

Brittany mordeu o lábio e passou uma mão pelos cabelos negros de sua filha, abaixando alguns fios arrepiados. Ela pressionou Valerie contra o próprio peito e a menininha encaixou a cabeça em seu pescoço, a loira podia sentir um pouco de baba atravessar sua blusa, mas não se importou, uma vez que a baba não era a única coisa que sentia e coraçãozinho de Valerie batia ritmadamente contra o seu.

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Quinn e Rachel

"Quiiiin!" Rachel levantava as almofadas do sofá e tateava o espaço entre as que não conseguia remover. "Quinn!" Ela chamou de novo, um pouco mais alto.

Quinn entrou correndo na sala e quase caiu no chão quando suas meias derraparam no piso laminado. "O que? Você se machucou?" Ela se apressou a perguntar, apoiando uma mão no armário perto da porta do corredor para conseguir equilíbrio.

Rachel riu do estado descabelado de sua noiva e se endireitou no meio da sala, olhando em volta e apoiando as mãos na cintura. "Você viu os meus óculos?" Ela coçou a testa e seus olhos pararam em Quinn mais uma vez.

A loira fechou a cara. "Por isso você estava gritando? Eu quase morri de susto, Rachel!"

Rachel arregalou os olhos. "Desculpa?"

Quinn bufou e cruzou os braços. "Eu achei que fosse algo importante, ou que você tivesse se machucado..."

"Meus óculos são importantes, eu sinto dor de cabeça sem eles, o que, tecnicamente, pode ser considerado um machucado, mais ou menos..."

"Se eles fossem realmente importantes você não os perderia com tanta frequência."

"Ah Quinn, você também vive perdendo as coisas." Disse Rachel, apontando um dedo para a loira e recebendo uma sobrancelha arqueada em resposta.

"Eu?" A sobrancelha subiu ainda mais. "Elabore, por favor."

Rachel engoliu em seco, sentindo um calor estranho percorrer o seu corpo. Ela umedeceu os lábios, esforçando-se para pensar em algo. "O seu... O seu crachá! Outro dia você não conseguia achar o seu crachá do trabalho!"

A sobrancelha que não estava arqueada se juntou a sua companheira. "Sim, por que você estava usando ele como marcador de paginas." Ela falou devagar.

A morena jogou os braços para cima em frustração. "Tá, sim, eu perco tudo, tanto faz, você pode me ajudar a achar os óculos?"

Quinn ficou parada analisando-a por um momento. "O que eu ganho se eu achar?"

Rachel sentiu seu rosto esquentar sob o olhar de sua noiva. "Um beijo?"

O canto esquerdo da boca da loira se contorceu em um meio sorriso quase malicioso. "Boa sorte procurando os óculos." Ela murmurou, se virando para voltar ao quarto onde estava finalizando relatórios.

"Quinn!" Exclamou Rachel, batendo o pé com força no chão. Quinn parou no meio do caminho, seu sorriso se expandindo e atingindo os olhos. Ela caminhou lentamente em direção a sua noiva e apoiou uma mão em seu ombro enquanto usava a outra para levantar o queixo dela. "O-o que você–"

A cantora foi interrompida por lábios suaves contra os seus, dentes perfeitos a morderam de uma forma não tão gentil e ela abriu a boca em surpresa, permitindo sem querer que Quinn aprofundasse o beijo. Suas mãos agiram por conta própria e deslizaram por baixo do tecido amarelo claro da blusa da loira, a pele ali estava tão quente e parecia queimar as pontas de seus dedos. Mas acabou rápido demais e antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, Quinn estava se afastando com um sorriso bobo no rosto.

"Negociamos o resto da recompensa depois..." Ela murmurou, prendendo uma mecha castanha atrás da orelha de sua noiva.

Rachel lhe lançou um olhar questionador.

Quinn não respondeu, apenas estendeu uma mão para o seu peito. A cantora seguiu o gesto e revirou os olhos mentalmente ao perceber que seus óculos estavam presos a gola de sua camisa.

"Por que eu sempre faço isso?" A morena perguntou, colocando os óculos no rosto e sentindo a pressão entre seus olhos diminuir instantaneamente.

Quinn deu de ombros e cutucou a ponta de seu nariz com o indicador. "Por que você é você?" Seu dedo deslizou para uma bochecha bronzeada. "E eu amo você, mesmo perdendo suas coisas... e as minhas..."

Rachel sorriu e abriu a boca para falar alguma coisa quando o interfone tocou.

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"Oh meu Deus, olha só essas bochechas!" Exclamou Rachel, estendendo os braços para a bebê que dormia no berço portátil e fazendo Santana recuar para fora do apartamento.

"Se acalma Berry!" Ela sussurrou exasperadamente. "Ela acabou de dormir e acredite, você não vai querer acordá-la agora."

Rachel ficou vermelha e Quinn sorriu, parando ao lado de sua noiva e a envolvendo em um meio abraço. "Aonde está a Britt?"

"Ela ficou no carro, é impossível encontrar um lugar para estacionar em pleno sábado à noite, sem contar no grupo de malucos com câmeras na mão que estão acampando lá embaixo." A latina voltou a entrar no apartamento e largou a mala amarela e a sacola de fraldas em cima do sofá antes de posicionar o bercinho ali também. "Sério, como vocês aguentam?"

A cantora deu de ombros e a expressão no rosto da loira dizia claramente que ela não aguentava. "Eu não sei. Acho que eventualmente eles vão se cansar da gente. Já faz dois meses que nosso vídeo passou no American Idol e o numero de paparazzi decaiu consideravelmente." Murmurou Quinn.

"Meg disse que alguns sites estão oferecendo uma boa recompensa por uma foto da gente se beijando." Rachel suspirou e descansou a cabeça contra o peito de sua noiva. "Nós estamos considerando a possibilidade de lhes dar o querem, talvez assim eles vão embora."

"Eu acho que vocês têm é que se mudar logo daqui. Você não tinha dito que os papeis do novo apartamento já estavam encaminhados?" Perguntou Santana, olhando para Quinn.

"Sim, mas nós não queremos que eles descubram para aonde estamos indo e se começarmos a descer com moveis e outras coisas agora, eles vão saber que estamos nos mudando. Por enquanto estamos esvaziando meu antigo apartamento..." Explicou a loira. "E então , o que são todas essas coisas?" Ela perguntou, olhando para a mala que Santana havia aberto. "Você sabe que ela vai ficar só por uma noite, né?"

"Você sabe que ela só tem três meses de idade, né?" Zombou a latina. "Sério Q, você já trabalhou como babá antes. Deveria saber que crianças dessa idade precisam de todo o tipo de coisas."

"Sim, mas um pacote inteiro de fraldas?" Perguntou a loira, levantando a sacola pela alça e balançando em frente ao próprio rosto.

"A filha é sua por acaso?" Santana se endireitou e cruzou os braços.

"Não, mas eu tenho certeza que um bico só já é mais do que o suficiente, pra que trazer três?"

"As vezes ela quer o roxo, as vezes o rosa e na duvida, usamos o amarelo, não se tem como saber essas coisas, Quinn e é melhor estar prevenido do que ter que passar horas ouvindo ela chorar por que o bico não é o certo!"

"Já chega vocês duas!" Rachel exclamou em voz baixa antes que Quinn pudesse verbalizar a resposta que estava na ponta de sua língua. "Essa discussão é totalmente desnecessária e tenho certeza que você quer aproveitar a noite com sua esposa tanto quanto eu e Quinn queremos passar um tempo com a Valerie, então, por favor, parem de agir como duas adolescentes!"

As duas mulheres ficaram em silencio, encarando a pequena morena por um momento. Santana apertou os olhos na direção da loira antes de falar. "Por mais que eu odeie admitir, Berry tem razão."

Rachel endireitou os ombros e quase sorriu ao meio comprimento.

"Vocês podem achar que eu estou exagerando e sendo chata sobre isso, mas Valerie é a minha filha e por mais que eu ame vocês, eu não confiaria ela a ninguém, nem mesmo a minha mãe." Explicou a latina, seu corpo pareceu relaxar um pouco e Quinn baixou a guarda visivelmente.

"Eu entendo." Murmurou a loira, abaixando os olhos.

"Então, Santana, quais são as suas recomendações para a noite?" Perguntou Rachel, com um sorriso brilhante que fez a latina revirar os olhos.

"Deixem ela acordar sozinha, o que vai acontecer naturalmente quando ela estiver com fome, o que significa que ela vai chorar. Ela mama de 4 em 4 horas durante a noite, mas dependendo da quantidade que ela tomar esse tempo entre mamadas diminui." Ela tirou as mamadeiras de dentro da bolsa e as colocou nos braços de Quinn. "Geladeira, pode ser esquentada no micro-ondas, mas só um pouquinho. Você sabe sentir a temperatura."

Quinn fez que sim e se dirigiu até a cozinha.

"Presta atenção, Berry. Esse é o travesseiro que usamos para dar de mamar, você o posiciona assim." Ela tirou do fundo da mala um travesseiro que parecia com aqueles que se usa no pescoço em viagens de avião, só que muito maior e parecia ser mais fofo. A latina fez Rachel sentar no sofá e posicionou a almofada sobre ela de forma correta. "É bem fácil e garante uma estabilidade maior para ela."

Rachel concordou e apoiou as mãos sobre o travesseiro.

"Quinn, você sabe trocar uma fralda, então não vou entrar em detalhes, ela não costuma ter cólicas e nem refluxo, mas caso aconteça alguma coisa, esse remedinho vai acalmá-la. Cinco gotas." Ela chacoalhou um frasquinho branco de tampa verde. "Três mudas de roupa se precisar, a almofadinha para trocar e um sabonete e shampoo caso precise dar banho." Ela indicou as coisas dentro da bolsa. "Brittany não me deixou trazer a banheira, então vocês vão ter que improvisar."

Quinn e Rachel trocaram um olhar antes de concordarem.

"Qualquer coisa que acontecer, qualquer coisa mesmo, liguem pra mim, vou ficar o tempo inteiro perto do telefone." Seu olhar era sério e um pouco assustador, até mesmo a loira sentiu um arrepio. "Vejo vocês amanha, ai pelas oito e meia, ok?"

"Sim." As duas murmuraram ao mesmo tempo.

Santana se inclinou por sobre a nenê e pressionou um beijo suave em seus cabelos. "As vezes o cabelinho incomoda, então vocês podem prender em cima da cabeça, mas com cuidado. Tem um amarradorzinho no bolso da frente. Ela não gosta de tiaras, sempre chora quando tentamos colocar." Ela suspirou e beijou a menina mais uma vez, se demorando contra sua bochecha. "Cuidem bem dela, por favor."

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"Será que ela está respirando? Ela parece tão quietinha, e se ela tiver parado de respirar, o que a gente faz? Oh meu Deus Quinn, o que a gente faz?" Fazia 30 minutos que Santana havia ido embora e Valerie ainda dormia tranquilamente, imóvel e em silencio. A loira havia voltado a fazer os relatórios do trabalho na sala e Rachel largou seu roteiro em cima da mesa de centro e puxou uma cadeira da cozinha, sentando em frente ao berço.

A cada pouco, Quinn olhava para cima e via que a morena continuava parada na mesma posição, ela mal piscava. Ela teve que se controlar para não rir quando a pergunta de sua noiva chegou aos seus ouvidos. Seus olhos se levantaram e encontraram os castanhos arregalados e cheios de preocupação. Orbitas escuras dissolvidas no mais puro pânico.

A loira sorriu carinhosamente e colocou o computador de lado, se levantando e parando atrás de sua noiva, se inclinando sobre ela e apontando para a nenê. "Olha o narizinho dela, está vendo como ele se mexe?" Rachel chegou mais perto para olhar e viu que as narinas da menininha se mexiam sutilmente conforme ela respirava. "Ela não vai parar de respirar, Rach, não se preocupa..." Ela disse, acariciando seus cabelos e beijando sua testa.

"Eu sei, mas ela é a filha da Santana e... bem, isso é uma grande responsabilidade, qualquer coisa que acontecer vai ser culpa nossa, Quinn. Ou minha, tenho certeza. Eu não sei se eu sei lidar com bebês, eu acho que sei o que fazer, mas e se for errado?" Ela voltou a sentar enquanto falava, descansando a cabeça contra a barriga da loira e envolvendo sua cintura com os braços.

"Não vai ser errado. E se for, eu estou aqui, eu te ensino. Cuidar de uma criança é mesmo uma grande responsabilidade, mas tem certas coisas que só se aprende na pratica e ser mãe é uma delas." Exalou Quinn, segurando Rachel contra si.

"Mas eu não sou mãe..." Murmurou a cantora, ainda preocupada.

"Mas você vai ser algum dia." Respondeu Quinn, fazendo com que a morena olhasse para cima.

"Vou?" Rachel perguntou hesitante. Elas já haviam falado sobre crianças, mas nunca com real seriedade. Rachel queria filhos, ela queria ter filhos junto com Quinn mais do que tudo.

"Eu quero que você seja." Sorriu a loira, se abaixando e ficando de cócoras em frente a cadeira, apoiando uma mão na madeira estofada entre as pernas da morena. "Você vai ser uma ótima mãe, Rachel. Um pouco estabanada e super protetora, mas também compreensiva e carinhosa..." Ela acariciou o joelho da diva.

"Nós vamos mesmo construir uma família?" Rachel perguntou em voz baixa, entrelaçando seus dedos por cima de sua perna e levantando os olhos para que encontrassem os da loira.

Olhos esverdeados brilharam em sua direção. "Você consegue imaginar um futuro aonde não haja crianças correndo pelo nosso novo apartamento?"

Rachel sorriu e chacoalhou a cabeça negativamente.

"Mas... Tem uma coisa que eu queria falar com você sobre isso, Rach, eu não acho que..." Quinn desviou os olhos e respirou fundo. "Eu não conseguiria engravidar de novo, Rach. Quero dizer, fisiologicamente sim, eu sei que ainda sou fértil e tudo o mais, mas... Depois do que eu passei com a Beth, eu... Eu já conversei com o Dr. Guardia sobre isso e ele disse que existem coisas com as quais eu nunca serei capaz de lidar e engravidar novamente é –"

Rachel soltou sua mão e levou seus dedos aos lábios da loira, efetivamente fazendo-a parar de falar. "Tudo bem. Nós não precisamos falar sobre isso agora. Eu não pretendo ter filhos antes do casamento e mesmo depois, nós vamos ter muuuuito tempo pra conversar, Quinn." A loira soltou a cadeira e sentou no chão, cruzando as pernas como índio, ainda de frente para a morena. A cantora deslizou da cadeira para o seu colo e envolveu suas pernas em torno da cintura de sua noiva. "E eu nunca disse que não queria engravidar. O único problema com relação a isso seria o fato de que você teria que lidar com as minhas mudanças de humor e desejos absurdos e você sabe que eu tenho uma tendência muito forte ao drama..." Ela esboçou um sorriso, encostando a testa contra a de Quinn.

A loira apertou sua cintura em resposta e beijou seus lábios suavemente em agradecimento. "Eu ainda vou ter pelo menos um ano para me acostumar com a ideia..."

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Brittany e Santana

O restaurante era lindo. A iluminação era baixa e as mesas estavam distribuídas de forma a deixar um espaço no meio para que as pessoas pudessem dançar. Tinha musica ao vivo também. Santana olhou em volta impressionada, ela não esperava por isso quando Brittany anunciara no dia anterior que a levaria para dançar. Normalmente, sair para dançar significava ir para uma boate ou um bar, mas o restaurante era perfeito.

Ela não se sentia preparada para realmente voltar a sair e já era difícil o bastante ter que deixar Valerie por uma noite. Por mais que ela gostasse de ir para festas no passado, depois de se ganhar um bebê, certos lugares pareciam perder a atratividade. Elas deram os nomes na entrada e um homem alto e elegante de cabelos grisalhos as guiou em direção a mesa, recolhendo seus casacos e puxando suas cadeiras.

Brittany andava o tempo inteiro com a mão na base das costas da latina, fazendo com que ela se sentisse segura e tranquila. Quando elas sentaram, seus dedos se entrelaçaram sobre a mesa e o garçom desapareceu sem dizer nada e sem deixar cardápios, o que Santana achou estranho, mas preferiu não comentar.

Elas não falaram nada, apenas aproveitaram o momento a sós para verdadeiramente absorver uma a outra pela primeira vez em meses. Brittany estava linda. Pensou Santana, sorrindo abertamente e acariciando as costas da mão de sua esposa com o polegar. Os olhos dela continuavam brilhando como sempre e a familiaridade era reconfortante. Ela sentiu uma urgência de se inclinar sobre a mesa e beija-la, mas o garçom voltou com uma garrafa e acabou roubando o momento.

O homem serviu um liquido escuro em seus copos e Santana lançou um olhar questionador para a loira.

"É suco de uva." Respondeu Brittany, levando a taça ao nariz e fingindo testar o aroma. "Eu sei que você não pode beber enquanto estiver amamentando, mas o 'vinho' faz parte de um encontro normal e eu decidi que poderíamos brincar de faz de conta." Ela provou um gole do suco como se fosse uma expert em enologia e faz um sinal afirmativo com a cabeça para o garçom que deixou a garrafa dentro de um balde de gelo sobre a mesa e voltou a desaparecer entre as sombras.

"É perfeito." Murmurou Santana entre uma risada, provando um gole do suco também. "Seco e encorpado, uma safra maravilhosa a desse ano." Ela continuou, entrando na brincadeira com um sorriso genuíno no rosto.

Brittany riu também e levou sua mão aos lábios, beijando as costas de seus dedos. "Você está preocupada."

Santana suspirou e a loira arrastou sua cadeira para perto, contornando a mesa circular. "Eu estou."

"Eu também. Eu já sinto tanta falta dela." A dançarina prende uma mecha de cabelos negros atrás da orelha de sua esposa e guia seu rosto para um beijo, sorrindo contra os lábios dela.

"Eu sinto essa necessidade de ligar para Quinn..." Murmurou a latina, se afastando um pouco.

"Elas vão ligar se acontecer alguma coisa. Essa noite é pra ser nossa, San." Disse Brittany lentamente e com seriedade.

Santana riu e balançou a cabeça antes de descansá-la no ombro da loira. "Eu nunca pensei que fosse ouvir você falando assim algum dia..."

A dançarina a envolveu em um meio abraço. "E isso é ruim?"

A neurologista fez que não e virou o rosto para beijar o pescoço de sua esposa. "É sexy."

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Quinn e Rachel

"Sua Pizza." Disse Quinn, estendendo um prato com uma fatia de pizza vegan para Rachel e sentando ao lado dela com sua própria versão da mesma coisa.

"Muito obrigada, eu estou morrendo de fome, cuidar de uma criança pode ser tão exaustivo..." Respondeu a diva, mordendo um pedaço de sua fatia e emitindo um som de contentamento ao sentir o gosto.

"Ela nem acordou ainda, Rachel." Riu a loira, lançando um olhar para o berço aonde Valerie dormia tranquilamente.

"Eu sei." Rachel falou com a boca cheia antes de engolir e continuar. "Mas a expectativa é tão exaustiva e você fica falando sobre o quanto vai ser horrível quando ela acordar..."

"Eu nunca disse que ia ser horrível."

"Não, mas você da a entender que será pior do que viver uma experiência pós apocalíptica."

"Eu acho que você tem passado tempo demais com Jesse St. James."

"Você gostaria se eu dissesse que você tem passado tempo demais com a Santana?"

"Essa discussão parou de fazer sentido há alguns segundos atrás."

"Eu discordo, mas não me oponho a parar por aqui."

Elas trocaram um olhar e começaram a rir. Discussões como aquela haviam se tornado comuns nos últimos meses, elas nunca evoluíam para uma briga de verdade e sempre terminava em risadas ou Rachel executando uma saída dramática antes de voltar dois segundos depois com um sorriso no rosto.

"Eu não quero te assustar com relação a Valerie, Rach, mas Santana e Brittany sempre falam que ela é terrível quando está acordada e eu estou tentando ser realista."

"Eu sei, mas todas essas coisas meio que contribuem para aumentar a probabilidade de que eu tenha um ataque de pânico quando ela de fato acordar, então eu apreciaria se você parasse de ser realista e cumprisse seu papel de noiva dizendo apenas meias verdades tranquilizadoras."

Quinn riu mais uma vez. "O que você quer que eu diga? Que na pior das hipóteses você e Valerie podem gritar juntas?" Rachel podia ouvir o riso contido em sua voz e bateu com o punho fechado no braço de sua noiva. "Ai!"

"Você pediu por isso Quinn." Disse a morena com a cara fechada, enfiando o ultimo pedaço de pizza dentro da boca.

"Você que pediu por meias verdades tranquilizadoras! Isso é violência domestica, eu sou assistente social esqueceu? Conheço muitas pessoas na delegacia da mulher." A voz de Quinn saiu um pouco mais aguda que o normal e ela esfregou o ponto dolorido em seu braço, Rachel era muito mais forte do que aparentava ser.

"E depois eu é que tenho passado tempo demais com Jesse..." Murmurou a cantora, levantando para levar o prato à cozinha.

Quinn a seguiu com seu próprio prato. "Eu praticamente nem vejo ele!"

"Você está sendo incrivelmente irritante hoje." Disse Rachel, virando-se contra a pia e encarando a loira. "Essa qualidade não estava no seu manual de instruções..."

A assistente social sorriu e largou seu prato junto ao de Rachel antes de prender a morena entre seus braços. "Você me ama mesmo assim."

"Talvez..." Respondeu a cantora, cruzando os braços e tentando manter alguma distancia entre elas, sem muito sucesso. Quinn se inclinou um pouco e a beijou alegremente. "Sim."

"Sim o que?" Perguntou a loira beijando a ponta de seu nariz.

"Você tem razão." Rachel repousou uma mão na lateral de seu rosto.

"Eu sempre tenho razão." Quinn semicerrou os olhos ao toque e sorriu abertamente.

"Eu te amo, mesmo que você seja chata e convencida." O sorriso no rosto da morena imitou o de sua noiva. "Mas agora nós temos uma criança para vigiar." Sussurrou ela, beijando o lábio inferior da loira antes de puxá-la de volta para a sala aonde parou abruptamente.

Os olhos das duas caíram sobre o bercinho aonde Valerie se mexia e bocejava, abrindo seus olhinhos e piscando algumas vezes. As duas mulheres se aproximaram cautelosamente e os olhos negros da nenê viajaram de uma para a outra.

"Ela não está chorando ainda..." Murmurou Rachel, mas aparentemente, falar não era a coisa certa a fazer.

O queixo de Valerie tremeu e sua boca se abriu e Rachel entendeu o a moral do apocalipse.

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