03 de fevereiro – Segunda de Manhã - Carol e Quinn

"Você parece diferente." Carol aperta os olhos e analisa sua amiga do banco do passageiro. Quinn a ignora e acelera o carro para fazer uma ultrapassagem. A morena fica em silêncio por um momento, contemplando o rosto da loira antes de falar novamente. "Você sabe que se não me contar o que aconteceu eu vou ter que adivinhar, não é mesmo?"

Quinn desvia os olhos da estrada e encara a psicóloga brevemente. Ela adora Carol, mas sua amiga às vezes tem a mania de achar que consegue descobrir coisas sobre todos sem que ninguém diga nada. Seus olhos dourados brilham e um pequeno sorriso aparece em seus lábios. "Ok." Ela fala suavemente.

"Ok?" Carol arqueia as sobrancelhas.

Quinn não responde e continua dirigindo, entrando em uma ruazinha estreita em uma tentativa de fugir do trânsito. A psicóloga se endireita no assento e limpa a garganta.

"Está bem, er..." Ela passava muito tempo observando as pessoas e realmente sabia lê-las muito bem, mas Quinn Fabray era ótima em mascarar sentimentos com o oposto do que verdadeiramente sentia. "Você aparenta calma, como sempre, mas um músculo na sua bochecha direita treme a cada pouco, o que significa que você está preocupada." Ela aponta para o rosto da loira e como que em concordância, o músculo de sua face treme logo abaixo de seu olho. Quinn tira a mão do volante e esfrega o ponto inconscientemente. "Mas isso já era de se esperar, considerando-se que estamos indo para a casa dos Kellerman e nós duas sabemos o quanto Andy significa para você." Prossegue Carol. "Não se preocupe... De acordo com o ultimo relatório do Dave, a doença não progrediu..." Sua voz se suaviza um pouco e ela aperta o joelho da assistente social que por sua vez continua em silêncio.

"Quando estávamos no escritório você tamborilava os dedos," Carol imita o movimento batendo as pontas de seus próprios dedos contra o joelho de Quinn em um gesto que aquece o rosto da loira com familiaridade. "o que é um sinal de nervosismo ou ansiedade e, apesar de nunca ter visto isso em você antes, posso deduzir que está relacionado com a estreia do programa da Rachel quinta à noite e a oficialização do relacionamento de vocês aos olhos do público." Esse depoimento faz com que a loira arqueie uma sobrancelha e Carol sorri. "Mas não é por isso que eu acho que você está diferente..." Quinn chacoalha a cabeça para cima e para baixo devagar e aperta os lábios, fazendo Caroline rir.

"O que foi?" A assistente social para em uma sinaleira e se vira para a morena que ria ao seu lado.

"Nada, é só que... Você sempre faz isso quando está descontente com alguma coisa." Carol cobre a boca com a mão para esconder um sorriso.

"Isso o que?" Quinn chacoalha a cabeça, agora de um lado para o outro, e mais uma vez aperta os lábios.

"Isso." Carol aponta. "Chacoalhar a cabeça e apertar os lábios, é a sua marca registrada quando está contrariada ou descontente..."

A loira estava prestes a repetir o gesto, mas percebe o que está fazendo e suas feições se contorcem em uma careta. "Eu não..."

"Se você duvida, pergunte para a sua namorada, ela certamente já reparou nisso também..."

Quinn revira os olhos. "Tanto faz..."

"Ok, continuando, apesar da sua tentativa frustrada de parecer mal humorada, eu posso ver que os seus olhos perdem o foco basicamente toda a vez que paramos em uma sinaleira e os cantos da sua boca tremem para cima, como se você estivesse se controlando para não sorrir. Ou seja, você está feliz por algum motivo." Quinn arqueia as sobrancelhas e espia sua amiga pelo canto dos olhos. "Como estou indo até agora, Q?"

"Sinceramente, não me impressionou..." Responde a assistente social, mordendo o lábio.

"Huhum... Enfim, você está feliz e tem a ver com a Rachel. Mas isso sim é obvio, considerando-se que ela vem sendo o motivo da sua felicidade já faz alguns meses." Ela sorri e vira para frente, encarando o ônibus que parecia se arrastar a frente delas na estrada antes de continuar. "Agora, Rachel e felicidade me fazem voltar para o momento em que saímos da sua sala a meia hora atrás e em como você girou o anel - que pelo tamanho e formato só pode ser de noivado – três vezes no seu dedo antes de finalmente tirá-lo e guardá-lo cuidadosamente em uma caixinha dentro da bolsa."

Quinn abre a boca e aperta o volante, sem saber o que responder a isso, Carol apenas ri ao seu lado.

"Eu fico feliz que você tenha superado os seus medos em relação ao casamento, Quinn." A psicóloga empurra a armação dos óculos para cima no nariz e sorri para sua amiga quando elas estacionam em frente à casa dos Kellerman. "Mas não pense que eu não vou cobrar os detalhes na volta..."

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Brittany, Santana e Valerie – Início da Tarde.

Brittany chega do trabalho carregando uma sacola gigante de fraldas em uma mão e um unicórnio de pelúcia na outra, ela entra na sala e não encontra ninguém, o silêncio parece tão estranho e por um segundo ela sente uma pontada de preocupação em seu estomago. Valerie não é a criança mais barulhenta do mundo, mas como Rachel disse há alguns dias atrás, a bebê tem um excelente par de pulmões e sabe muito bem como usá-los para emitir os sons mais altos e agudos.

Ela sobe as escadas e encontra sua esposa balançando preguiçosamente na poltrona ao lado do berço, um montinho lilás cheio de cabelos pretos repousando em seu peito. Santana sorri para ela em meio a um bocejo e Brittany se aproxima, largando as fraldas em cima da cômoda e pressionando seus lábios contra os cabelos da Latina, o cheiro suave de bebê penetra em suas narinas e ela inspira profundamente.

"Oi..." Ela sussurra, não querendo acordar sua filha, sua boca desliza pela face da morena até encontrar seus lábios. Elas se beijam gentilmente por alguns segundos antes que a dançarina se afaste para olhar a bebê. Valerie tem os olhos fechados e respira tranquilamente.

"Ela acabou de mamar..." Comenta Santana quando Brittany passa o indicador pelos cabelos impossivelmente negros de sua filha. Ela boceja mais uma vez e a dançarina coloca o dedo em sua boca, ganhando uma mordida. "Você vai ter que voltar ao estúdio hoje?"

"Humm... Não, eles só precisavam que eu desse uma olhada na coreografia do Dan, mas ele é bom e vai conseguir finalizar o projeto sem mim agora." Ela da de ombros e senta no braço da poltrona, fazendo-a balançar e Valerie se mover. As duas mulheres param de respirar e observam a bebê abrir e fechar as mãos, Santana é a primeira a exalar quando a pequena permanece dormindo.

"Ela não chorou tanto hoje. Só quando estava com fome, ou quando eu fui ao banheiro..."

"Você está cansada." Brittany diz, percorrendo as olheiras de sua esposa com as costas dos dedos. "Vai dormir um pouco." Ela se levanta e coloca o unicórnio de pelúcia dentro do berço antes de estender os braços, solicitando a bebê. A latina não faz menção de levantar, apenas passa uma mão pelas costinhas de sua filha de forma protetora. "Não seja má San, você ficou com ela na barriga por nove meses, agora é a minha vez."

Santana boceja novamente e envolve a pequena menina com cuidado antes de se levantar e passá-la para os braços da dançarina com toda a delicadeza do mundo. Britt sorri e encosta o rostinho de sua filha contra o seu, beijando sua têmpora e balançando pra frente e pra trás, sem acordar a nenê.

"Onde foi que você arrumou esse?" A latina alcança pelo novo unicórnio, já haviam sete deles espalhados pela casa, nos mais diferentes tons e tamanhos.

"Naquela lojinha perto da farmácia. Eu gostei por que é pequeno e assim ela pode carregar ele quando ficar um pouco maior." Explica a loira.

Santana concorda com a cabeça, cansada demais para verbalizar qualquer coisa. Ela aperta o pelo amarelinho antes de soltá-lo de volta dentro do berço. "Eu vou descansar um pouco, me..."

"Chame qualquer coisa." Completa Brittany, descansando os lábios contra a testa de sua filha. "Você não precisa repetir isso sempre, ela se comporta melhor comigo do que quando você está por perto..."

A neurologista esfrega um olho com as costas da mão. "Eu sei B. E eu já disse que você é a melhor mãe do mundo, é só que..."

"Tudo bem... Eu também não gosto de ficar longe, mas você precisa dormir San. Se não vai acabar doente e a medica aqui é você, não eu." Ela sorri e se encaminha para fora do quarto. "Vamos para o nosso quarto, a gente fica com você até que você pegue no sono..."

Santana sorri e segue sua esposa, ela dorme assim que sua cabeça encosta no travesseiro. Valerie acorda logo em seguida e Brittany a leva para o andar de baixo, embalando-a e contando sobre o seu dia, seus olhos azuis fixos nas bolinhas pretas que brilhavam em sua direção, como se entendessem tudo o que ela dizia. Até um mês atrás, a dançarina não achava que pudesse amar alguém tanto quanto amava Santana, mas então Valerie nasceu e ela descobriu um novo significado para a palavra amor. Ela faria absolutamente qualquer coisa para proteger a menininha em seus braços e seus sentimentos por sua esposa evoluíram para um nível simplesmente incomensurável.

Nada que ela fizesse agora seria o suficiente para mostrar o quanto ela sentia, cada vez que seus olhos caiam sobre suas duas meninas era como se seu peito fosse explodir, por que o amor era tanto que não cabia dentro dela. E Santana se sentia da mesma maneira, ela estava tão diferente, mas de um jeito bom...

Brittany sentou no sofá e abraçou sua filha mais uma vez, beijando seu nariz, sua bochecha, sua testa, ela não conseguia parar de fazer isso, e então, algo mágico aconteceu, pela primeira vez, Valerie abriu a boca e lhe ofereceu um sorriso banguela, estendendo uma mãozinha para o seu nariz e a loira não pode fazer outra coisa se não começar a chorar de felicidade.

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Quinn e Rachel – Final da Tarde.

"Alô?" Quinn atende ao telefone sem tirar os olhos do papel em sua mesa. O balanço de atendimentos do ano passado havia acabado de chegar e ela fazia a comparação entre os números anteriores.

"Oi meu bem, pronta?" A voz de Rachel chegou aos seus ouvidos e ela sorri.

"Quase, só tenho que separar alguns papéis para levar pra casa. Como foi a reunião?" Quinn se levanta e começa a empilhar folhas dentro de uma pasta transparente, segurando o telefone preso entre o ombro e a orelha.

"Foi tranquila, mas depois eu te falo sobre isso, estou quase chegando na frente do seu prédio, você consegue descer em três minutos?" A loira ouve uma buzina através da linha e Rachel murmura um palavrão contra seu ouvido.

"Ok, até daqui a pouco." Responde ela, desligando o aparelho e se apressando em juntar suas coisas. Ela passa correndo pela recepção e acena para a secretária. "Não vou voltar hoje, mas me ligue se acontecer alguma coisa." A mulher concorda e ela entra no elevador lotado. Em dois minutos a loira se encontra na entrada do prédio procurando pelo carro prateado de sua noiva em meio aos demais. Ela gira o anel em seu dedo pela milésima vez, assegurando-se que ele continua ali.

O carro da diva faz uma manobra assustadora, cortando a frente de outros três para conseguir parar no lugar aonde Quinn se encontra e a loira sente seu rosto esquentar ao abrir a porta.

"O que foi isso?" Pergunta ela, se inclinando para um beijo rápido antes de colocar o cinto de segurança.

"Humm..." Os olhos da morena viajam do retrovisor para a frente e ela mais uma vez se enfia entre dois carros sem esperar por permissão. Ela costumava ser extremamente cuidadosa ao dirigir, mas isso foi antes de conhecer Nova York... "Eu acho que senti sua falta..." Ela responde com um pequeno sorriso e estende uma mão, repousando-a sobre a perna da assistente social com a palma para cima. "E eles nunca iriam me deixar passar se eu não me jogasse na frente deles."

Quinn entrelaça seus dedos aos de Rachel e leva suas mãos unidas aos lábios.

"Aconteceu alguma coisa?" A cantora arqueia as sobrancelhas, desviando os olhos do trânsito por um instante.

"Eu e Carol fomos visitar os Kellerman hoje." Ela suspira e aperta os dedos da diva com os seus. "Você lembra do Andy e da Lilly? Fomos juntas na casa dele da ultima vez..."

"Sim, a menina autista e o irmão com a doença degenerativa, certo? Síndrome de que mesmo?" Rachel lembrava muito bem, desde o casamento de Kurt quando Quinn havia falado pela primeira vez sobre seu trabalho e sobre o quanto era difícil não criar vínculos.

"Duchenne." Responde a loira.

"Como eles, como eles estão?" A morena pergunta com cautela, acariciando a pele das costas da mão de sua noiva com o polegar.

"Bem, eu acho... Andy ainda está andando e a doença parece ter estabilizado, mas ele cai muito e de acordo com a mãe é cada vez mais difícil para ele levantar sozinho... E Carol levou uma planilha de comportamentos para tentar identificar os gatilhos que levam Lilly ao surto. Ela vai fazer seis anos e é mais fácil identificar padrões agora..." Ela passa uma mão pelos cabelos curtos. "É tão complicado, Rach... Eles são tudo o que a mãe deles tem e um dia, Andy vai morrer e ele vai estar sentindo muita dor quando isso acontecer e provavelmente ligado a um monte de aparelhos. Não parece justo e Lilly não consegue compreender isso, ele é a figura calmante dela, a ideia de que ele não vai mais estar por perto em um futuro próximo é tão..."

"Sim, eu, eu... não sei o que dizer..." Murmura Rachel, resistindo a tentação de largar o volante e abraçar sua noiva.

"Tudo bem." Quinn força um sorriso. "Depois disso passamos na casa do Nathan, você lembra do menininho que perdeu a mãe está sobre os cuidados do tio? Começamos a estimulação precoce. Acho que ele vai ficar bem apesar da deficiência física. E então Caroline e eu almoçamos e falamos sobre você." Seu sorriso se torna genuíno.

Rachel arqueia as sobrancelhas.

"Ela descobriu sobre o anel e está feliz por nós... Eu gostaria que ela fosse uma das nossas madrinhas na realidade, se você concordar." Continua Quinn.

A cantora entra no estacionamento de um shopping e para em qualquer lugar, virando-se para encarar a loira com um sorriso enorme no rosto e os olhos brilhando impossivelmente. Ela aperta a mão de Quinn contra o próprio peito. "Quinn, nós vamos casar!"

Quinn ri. "É o plano, a principio..."

"É só que... Você acabou de trazer o assunto e, Deus, eu nem consigo acreditar! Nós temos que contar para as pessoas sobre isso e começar a fazer um cronograma, uma lista de convidados, vestidos, flores, bolo, Quinn!" Ela se inclina para a frente e segura o rosto da loira com a mão livre. "Nós vamos casar..." Ela sussurra antes de selar os seus lábios.

"Nós vamos..." Quinn sussurra de volta, respondendo ao beijo e partindo os lábios da diva com sua língua. "Mas antes de começar o planejamento, acho que teríamos que marcar uma data e escolher um lugar."

"Mhumm..." É a resposta que ela recebe, a ponta da língua de Rachel percorre o céu de sua boca, fazendo um pequeno gemido brotar de seu peito, uma de suas mãos desaparece entre um mar de cabelos castanhos enquanto a outra encontra seu caminho debaixo do casaco da morena, percorrendo a pele quente e macia com as unhas. A cantora se afasta depois de alguns minutos, um tanto quanto relutante, mas elas tem um compromisso e sexo em um estacionamento lotado, apesar de tentador, não parece uma boa ideia.

Quinn respira tremulamente e se endireita, pressionando sua palma fria contra o rosto superaquecido. "E a sua reunião? O que decidiram?" Ela pergunta quando Rachel volta à rua e segue em direção aos subúrbios.

"Oh, bem, acho que foi tranquila, como eu já lhe disse antes. O programa vai ao ar quinta e o que eles filmaram no meu aniversario também. Meg vai liberar uma nota para a imprensa quarta pela manhã, confirmando tudo antes da estreia..." Começa a diva. "Eu sei que já falamos sobre isso, mas eu quero ter certeza que você não tem problemas com relação a expor o nosso relacionamento, uma vez que o programa for ao ar, tenho certeza que os paparazzi irão reaparecer e a presença deles nunca é agradável. Sem contar a investigação que eles vão fazer de nossas vidas e..."

"... eles podem chegar a Beth ou ao meu pai, eu sei disso Rachel." Quinn completa, se virando para encarar a lateral do rosto de sua noiva. "Mas eu também sei que é inevitável, meu passado não vai mudar e eu não pretendo esconder nosso relacionamento só para que ele permaneça intacto."

"Você mudou tanto..." Murmura a cantora com um sorriso, seus olhos ainda fixos no transito.

"Eu só não sou mais tão fixada nas aparências, mas ainda me importo com o que as pessoas vão pensar, isso tudo vai ter uma repercussão no meu trabalho. Nem todas as famílias que atendo vão gostar da revelação, talvez ocorram alguns desligamentos e eu vou ter que passar mais responsabilidades para a minha sócia, mas vale a pena." Ela respira fundo. "Você vale tudo isso..."

Rachel morde o lábio, sua vida também vai sofrer um impacto tremendo com essa oficialização, mas... "Amar alguém significa aprender a abrir mão às vezes. Todos os relacionamentos trazem consequências e cabe aos envolvidos decidirem se serão capazes de lidar com elas... Amar além delas..." Ela estaciona em frente a casa de Santana e Brittany. "Eu sei ser egoísta quando me convém, mas me atrevo a dizer que seria capaz de abrir mão de toda a minha carreira por você."

Quinn sai do carro e envolve Rachel em um abraço assim que a morena sai também. "Você sabe que eu não permitiria." Ela sussurra contra os cabelos castanhos. "Eu te amo de mais para deixar que você desista de qualquer coisa por mim."

Rachel sorri contra seu peito, no fundo, ela não poderia estar mais feliz...

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Santana espia o berço de sua filha e suspira aliviada ao constatar que a menininha dorme tranquilamente, já faz quase uma hora e o silencio é muito bem vindo, bem como a privacidade de um momento a sós com sua esposa. Brittany para atrás dela e apoia o queixo em seu ombro, envolvendo-a em um abraço por trás e lançando um rápido olhar para Valerie antes de depositar um beijo no pescoço da latina.

A morena se vira nos braços da dançarina e lhe oferece um sorriso cansado. Ela espanta alguns fios loiros dos olhos dela e acaricia sua bochecha com o polegar. "Britt Britt?"

"San?" Brittany se inclina um pouco para baixo, apertando Santana contra si, a ponta do seu nariz bate de leve contra o dela.

"Eu te amo..." Sussurra a latina, guiando o rosto da loira um pouquinho mais para baixo e beijando seus lábios. As duas suspiram com o contato e relaxam totalmente, como se a proximidade fosse tudo o que elas precisassem. Santana estava prestes a aprofundar o beijo, aproveitando a folga que Valerie estava dando, quando a campainha toca.

E choro de bebê ecoa pela sala.

As duas mulheres não se movem por um momento, ambas fecham os olhos, tentando fingir que a interrupção não aconteceu, mas nenhuma delas seria capaz de ignorar sua filha e eventualmente elas se afastam, Santana pega Valerie no colo e tenta acalmá-la enquanto Brittany atravessa o aposento em direção a porta. Elas haviam esquecido totalmente que Quinn e Rachel tinham prometido uma visita.

"Awww, olha só Quinn, ela está acordada!" Exclama Rachel assim que entra na casa.

"Graças a você Berry..." Murmura a latina, andando de um lado para o outro e embalando a menininha em seus braços.

"Oh, a campainha... Nós a acordamos?" Pergunta a cantora, mordendo o lábio e se sentindo ligeiramente culpada.

"O que você acha?" Santana faz uma careta.

"Não seja má San..." Intervém Brittany, fazendo a expressão no rosto de sua esposa se suavizar e Quinn ri.

"Ela está tão grande..." Comenta Quinn, se aproximando de suas amigas e puxando Rachel consigo.

"Quatro quilos!" Exclama a dançarina com um sorriso bobo no rosto. "Nós fomos na pediatra sexta..."

As quatro mulheres ficaram paradas no meio da sala por uns bons cinco minutos, literalmente babando em cima da menina que mantinha os olhinhos abertos e piscava ocasionalmente. A primeira a quebrar o silencio foi Rachel, ela soltou a mão de sua noiva e se aproximou de Santana.

"Posso..." Ela faz um gesto com os braços e a latina arqueia as sobrancelhas. "Segurar ela um pouquinho?"

Santana aperta os olhos para ela, mas concorda, passando o montinho lilás para os braços da diva. "Segura a cabeça dela, Berry!" Ela exclama, ajeitando a mão de Rachel sob a cabecinha de sua filha.

A cantora sorri para a bebê, ajeitando-a em um só braço, cuidando com a cabeça dessa vez. "Oi..." Murmura ela, passando a mão livre pelos cabelos negros dela. "Ela é linda... Olha só Quinn, acho que ela gosta de mim!" Ela comenta, levantando os olhos para encontrar os da assistente social quando uma mãozinha pequena aperta seu nariz.

Quinn sorri para Rachel, imaginando pela primeira vez como seria construir uma família com a mulher a sua frente.

"Provavelmente ela acha que seu nariz é um brinquedo Berry." Santana fala com um pequeno sorriso nos lábios.

"Santana!" Quinn fecha a cara para sua amiga.

"O que? É verdade!" A latina cruza os braços, sentando-se no colo de sua esposa. Quinn revira os olhos antes de apoiar uma mão no ombro de Rachel e sorrir para Valerie.

"Ela tem a sua boca, San... E os seus olhos." Murmura ela depois de um tempo.

"E o cabelo também." Completa Rachel. "Eu acho que nunca tinha visto uma criança tão pequena com tanto cabelo..."

Santana se prepara para responder algo, mas Brittany a aperta contra si e começa a rir. "Ela é uma mini Santana!" Exclama ela, virando sua esposa de lado e beijando sua bochecha. "É tão bonitinho, até o mau humor é igual..."

"Deus nos proteja..." Suspira Quinn em meio a uma risada, ganhando um olhar maligno da latina.

Valerie se contorce nos braços de Rachel e começa resmungar. "Er... Isso é normal?" Pergunta a diva, arregalando os olhos quando a menininha agarra uma mecha de seu cabelo e puxa para baixo, começando a chorar. "Eu... Eu não fiz nada, ela... Ela estava bem até agora..."

Santana levanta do colo de Brittany. "Já são seis horas, ela está com fome..." Explica a latina, usando um tom de voz que Rachel nunca havia ouvido antes, parecia quase... gentil. Ela passa a nenê para sua mãe, parando ao lado de Quinn e observando a interação das outras duas mulheres. Ela nunca havia visto alguém dar de mamar ao vivo e não conseguia não encarar a cena a sua frente, seu rosto se tingiu de vermelho quando ela percebeu que estava olhando fixamente para o peito da Santana.

Quinn apenas sorri para ela e beija seus lábios rapidamente. Elas sentam no sofá em frente a uma TV ligada em um canal de propagandas, a morena alcança pela mão de sua noiva e entrelaça seus dedos. Será que algum dia ela e Quinn passariam por isso? Ela queria filhos, mas não sabia exatamente o que a assistente social achava disso, ela fez uma nota mental para não esquecer de perguntar.

Alguns minutos depois e Valerie estava de volta no berço, dormindo mais uma vez. Brittany e Santana se juntaram a elas e a dançarina contou sobre o primeiro sorriso da nenê, e Santana parecia genuinamente triste por estar dormindo na hora em que aconteceu.

Foi então que a latina percebeu que algo estava diferente em suas amigas. Não o modo como elas se tocavam o tempo inteiro, isso era normal, mas o olhar delas era diferente. Ela conhecia Quinn bem o suficiente para saber quando a loira estava guardando um segredo, o que definitivamente era o caso agora.

O celular de Rachel toca de repente, interrompendo o raciocínio da neurologista e a cantora se apressa em atender, sem querer acordar Valerie novamente.

"Alô?" O sorriso em seu rosto se transforma em uma expressão de surpresa ao ouvir a voz do outro lado da linha. Ela pede licença e desaparece no mesmo corredor aonde a bolsa de Santana estourou. Quinn franze a testa e olha em sua direção, ela passa a mão direita pelos cabelos e começa a se levantar quando Santana agarra seu pulso.

Ela puxa a mão de Quinn para perto do rosto e examina o anel em seu dedo. Como ela não havia percebido isso antes?

"Q?" Ela pergunta, levantando os olhos para encontrar o rosto de sua amiga. "Isso é novo?"

"É..." Responde a assistente social, mordendo o lábio.

"Foi a Rachel que..?"

Quinn faz que sim com a cabeça e os lábios da latina se curvam em um sorriso tão grande que chega a ser assustador.

"Eu sempre achei que você fosse fazer isso... Acho que o anão acabou de ganhar mais alguns pontos comigo..."

"Não a chame assim..." Quinn fala suavemente, começando a sorrir também, elas não pretendiam contar para ninguém sobre o noivado ainda, mas aparentemente, suas amigas eram mais perceptivas do que elas imaginavam.

"Do que vocês estão falando?" Pergunta Brittany, sem entender o que estava acontecendo.

"Berry pediu a nossa Q em casamento." Explica a latina.

A próxima coisa que Quinn sente é um corpo sobre o seu, espremendo-a contra o sofá. "Agora vocês vão poder dar um priminho pra Valerie brincar!" Exclama a dançarina, apertando a outra loira com toda a sua força. Quinn queria rir, mas seus pulmões estavam sendo esmagados no momento, então sua risada saiu mais como um grunhido.

"Quinn..." As três mulheres se viram ao registrar o tom de voz da diva que reaparecia na sala, sua voz parecia mais aguda do que o normal. A assistente social olha para ela enquanto se desvencilha de Brittany. Rachel morde o lábio.

"Quem era?" Quinn pergunta ao se levantar.

"Minha..." A cantora hesita por um segundo. "Shelby."

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