Lótus Negra escrita por Remmirath


Capítulo 33
Capítulo XXXII – Repugnantes




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Eram cerca de onze horas da manhã, já não havia muita gente tomando seu café, mas os desesperados pelo almoço já estavam na fila, entre eles Allen, é claro que ele já estava ocupando uma mesa, com suas montanhas de pratos doces, salgados e indefinidos. Sua busca pelo mestre idiota dera em nada, e agora ele estava ali afogando seu estresse na comida, ao seu lado Lavi e Lenalee conversavam sobre o assunto da manhã.

Que já havia se espalhado aos quatro ventos e sido distorcido de várias formas, é claro, quem acreditaria naquela história de Marian Cross retornando das cinzas para atacar a nova exorcista disfarçado de Kanda? Murmúrios e novas versões iam sendo produzidos pelos cientistas e finders, movidos a muito café. E então silêncio. E os exorcistas voltaram seus olhos curiosos para a direção que todos pareciam olhar.

O samurai andava pelo corredor com a expressão sombria, estava de braços dados com Serenhiel, que apoiava-se nele, a outra mão pressionava a testa, sua expressão era de dor. Andaram até uma mesa vazia, ele ajudou ela a se sentar e lançou um olhar fulminante à sua volta.

— Vão cuidar das suas vidas! – mandou Kanda, feroz. E abaixou o tom para falar com ela. – Eu já volto.

A elfa só balançou levemente a cabeça, concordando. Estava com os braços na mesa e a cabeça apoiada em cima, tentava abafar os murmúrios que recomeçavam.

— Está tudo bem, Seren? – perguntou Lenalee preocupada, aparecendo ao lado dela depois de alguns minutos. Fora praticamente jogada ali por Lavi e Allen, que não tiveram coragem de se aproximar, e olhavam com expectativa para ela.

— Eu só estou fraca, não se preocupe Lenalee – respondeu Serenhiel, sem nem mesmo levantar a cabeça para olhar a outra.

Que ia falar novamente, mas parou estupefata ao olhar para frente. Aquela sim era uma cena incomum. Kanda vinha com a típica cara neutra, carregando sua bandeja de sobá em uma mão, e na outra uma bandeja repleta de doces. Jerry quase tivera um infarto quando ele aparecera no balcão da cozinha pedindo aquilo. Lenalee sorriu ao passar por ele, antes de voltar ao seu lugar. Afinal, Seren está em boas mãos.

— Coma – mandou Kanda, empurrando a bandeja para frente da exorcista, que levantou a cabeça com um leve espanto ao olhar para os doces e fatias de bolos.

— Obrigada – agradeceu sincera, pegando uma fatia de bolo com calda de chocolate e mordendo. Mastigou em silêncio seus doces, tentando ignorar os sussurros à sua volta, mas alguns eram tão altos que seus ouvidos doíam.

Isso é só frescura.

Eu não me importaria de ajudar ela, até a carregaria no colo.

Aquele ali só ladra, é um cãozinho domesticado.

De anja não tem nada, daqui a pouco está agarrando o Papa.

Idiotas – rosnou ela, se levantando e levando a bandeja com metade dos doces que sobraram. Pelo menos suas pernas não falharam, nem queria imaginar o que diriam se ela caísse no chão.

— Tsk – fez Kanda, mal humorado. Uma nuvem negra pairava sobre sua cabeça, mas ele não deu o gostinho da vitória para aqueles malditos, continuou comendo seu sobá e ignorando os comentários.

Que só pioraram. Até mesmo os outros exorcistas se retiraram, lançando olhares de repulsa para os finders e pesquisadores. O samurai terminou seu sobá, e levantou batendo na mesa com força. Quem aqueles insetos repugnantes achavam que eram para falar de sua princesa desse jeito? Teria ficado ali e degolado alguns pescoços, mas tinha outra prioridade.

Andou pelos corredores, escadas e salões, passou pela biblioteca e até perto do laboratório, até que mudou a busca para o lado de fora, e encontrou ela no jardim, em um lado afastado. Estava sentada, apoiada em uma árvore desfolhada e com os galhos retorcidos para o lado, o tronco media mais de um metro de largura. O braço esquerdo inerte, entre o musgo no chão, e o direito segurava um bombom perto do rosto, sem expressão. Seus olhos cinzas fitavam o doce, ao mesmo tempo em que estavam distantes. Era uma cena lúgubre, em um dia nublado.

O samurai se aproximou cauteloso, e sentou no lado esquerdo, apoiando-se na árvore com os braços cruzados e olhando para cima.

— Eu sou patética, não é mesmo? – comentou Serenhiel, e mordeu o bombom, mastigando sem vontade. – Por mais que eu tente, não consigo ser igual a você, eu não consigo ignorar aqueles comentários. Se minha cabeça não estivesse uma bagunça, eu teria atacado todos eles sem pensar.

— Eu faria o mesmo – comentou Kanda, fechando os olhos. – Não se preocupe com aquela escória. Eles não merecem nem respirar o mesmo ar que você, minha princesa.

— Fazia tempo que você não me chamava assim – comentou,  nostálgica. Aquilo lembrara-a das vezes em que eles eram pequenos e quase se matavam, e no fim acabavam rindo juntos, apoiados em uma árvore.

— Voltamos aos velhos tempos – disse ele, enigmático. Ela sorriu, ele adivinhara seus pensamentos.

— Nosso passado nos persegue – comentou ela, com ar cansado.

E Kanda não soube o que dizer, em sua mente parecia que um quebra-cabeça começava a se completar, aquela frase encaixava perfeitamente. A tristeza que ela emanava estava deixando-o ruim, e ele não sabia o que fazer. Descruzou os braços, abriu os olhos e olhou para o ser angelical, de olhos fechados, cabelos cacheados emoldurando sua face, o perfume cítrico brincando com seus sentidos. Então passou sua mão direita por baixo da dela, que continuava inerte ao lado do corpo, entrelaçando seus dedos e pressionando levemente. Olhou para cima com cara de paisagem, quando viu um sorriso brotar nos lábios vermelhos de sua princesa.

— Eles crescem tão rápido! – fungou um ruivo com tapa olho, observando-os do alto de uma torre, com um binóculo.

— Lavi, você não devia fazer isso! – bronqueou Lenalee, pegando à força o binóculo dele.

— Lenalee–chan, não seja tão má! – choramingou Lavi, queria continuar espionando os dois pombinhos. E mudou para uma expressão séria, falando malicioso. – Até o Kanda já desencalhou, quando você vai me dar uma chance, em Lenalee?

— Do que você está falando? – perguntou ela sorrindo, fazendo-se de desentendida.

— Ahá! – gritou Komui, aparecendo do nada. – O que você estava fazendo aqui no telhado, sozinho com a minha Lenalee, seu tapa olhudo?

— Irmão! – gritou Lenalee, constrangida. – Não é nada do que você está pensando!

— Lenaleeee–chaaannnn, sua inocência ainda está intacta? – perguntou choramingando Komui, abraçando os pés da irmã. Que só revirou os olhos e saiu, após ele largá-la.

— Então... – começou Komui, já de pé, olhando para o ruivo que estava encurralado. Ajeitou os óculos, fazendo-os brilharem malignamente.– Já conheceu o Komurin Maximus?

E a torre explodiu, fazendo o som ecoar por toda a sede.


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