O Signo da Fênix escrita por TaisePeixoto


Capítulo 5
Capítulo 5 - Imperdoável


Notas iniciais do capítulo

Para a Robertaswan que está roendo as unhas do outro lado do monitor aqui vai mais um capítulo.
=P



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"Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados."

Burke , Edmund

***

- Tá Mione é sério, isso aqui já é masoquismo!

- O que é?

Não foi sem relutância que Hermione tirou os olhos do Profeta Diário para encarar o amigo por cima da mesa. Surpreendeu-se um pouco ao ver que Rony havia deixado de lado seu café da manhã pra espiar o horário dela que ainda estava ao seu lado na mesa, onde a professora McGonagall havia deixado. Rony se contorcia pra tentar ler o que estava escrito de cabeça pra baixo.

- Qual é? Nos outros anos eu até engoli aquele papo de aprender sobre os trouxas pela visão dos bruxos mas isso já é demais. Se é que você ainda não percebeu é a Aleto Carrow que vai dar essa aula! - Rony resolveu baixar a voz - Eu não entendo porque alguém escolheria passar duas horas por semana na companhia de uma psicopata quando se tem escolha.

- A Mione vai fazer o quê? - Até o Harry, que estivera ocupado demais conversando com a Gina sobre o cara da Corvinal que aparentemente a tinha chamado pra sair entrou na conversa.

- Ela vai cursar Estudo dos Trouxas! Com a Aleto Carrow!

Harry olhou interrogativamente para a garota. Hermione realmente tinha se irritado com aquela história, o problema era dela afinal de contas. E eles tinham mais com o que se preocupar como, por exemplo, destruir as horcruxes restantes de Lord Voldemort que eles não tinham ideia de onde estavam escondidas nem de como destruí-las.

- E daí que eu vou cursar Estudo dos Trouxas?

- E A questão não é e daí que você vai cursar, a questão é por que você vai cursar?

- Por que eu quero ver o que aquela maluca vai falar sobre os trouxas. Vocês não entendem não é? - Harry e Rony realmente estavam com cara de quem não estava entendendo nada - Há um motivo para Aleto Carrow estar aqui, ainda mais lecionando essa disciplina. Todo mundo sabe que Voldemort está no poder, ele podia simplesmente acabar com a disciplina. Eu quero ver o que ela vai dizer, quero entender a estratégia dele.

Os dois garotos se olharam preocupados.

- Se é isso o que você quer, mas não vai ser nada agradável acredite. - Harry comentou.

Por fim Rony deu de ombros.

- Então vamos logo pra aula. Quem vai querer chegar atrasado na incrível aula de Defesa Contra as Artes das Trevas? O Amico Carrow deve usar maldições Imperdoáveis como detenção, vai saber.

Amico Carrow já os esperava na sala quando entraram. Harry, Rony e Hermione escolheram os lugares mais ao fundo, o mais longe possível do professor. Foi com um frio na barriga que Hermione percebeu que a aula seria com a Sonserina, não tinha como aquilo ficar melhor. Hermione sentou e abraçou a mochila, tinha decidido que seria mais seguro carregar o diário com ela, para o caso de Snape resolver revistar o dormitório, agora tinha percebido o quanto tinha sido imprudente. Será que Amico poderia sentir alguma energia do diário, afinal de contas era a alma do seu mestre que estava ali. Mas Amico era tão grosso que dificilmente ele sentiria a presença de Voldemort, nem se estivesse atrás dele.

Olhando em volta a garota percebeu que não eram só os grifinórios que estavam tensos em ter aulas com um Comensal da Morte assumido. Os sonserinos também se remexiam desconfortáveis na cadeira. No fundo eles só falavam sobre sangues-ruins da boca pra fora, nenhum deles realmente estivera envolvido com Voldemort ou com Comensais da Morte.

- Então, já que estão todos aqui acho que podemos começar.

Amico falava de um jeito muito irritante, como se tudo fosse motivo de escárnio. Os alunos começaram a tirar os livros da sacola e abrí-los sobre a mesa. Amico esboçou um sorriso.

- Ah não, podem guardar esse lixo. Vamos fazer uma aula prática hoje.

Hermione engoliu em seco. Ele não ia torturá-los em plena sala de aula não é? Quer dizer, isso seria longe demais até pra ele. Se ao menos Dumbledore ainda estivesse aqui, se ao menos ela não tivesse sido tão burra a ponto de confiar no Snape...

- Hoje vamos falar sobre Maldições Imperdoáveis...

Ah por favor, não...

- Com licença professor, mas nós já aprendemos isso.

Por que o Harry simplesmente não conseguia se conter? Mas longe de ficar irritado Amico apenas sorriu ainda mais.

- Ah tenho certeza que sim Sr. Potter, mas hoje vamos aprender de um modo mais específico. Vamos começar com a maldição Imperius. Como muitos de vocês já sabem, ou vão ficar sabendo dentro de pouco tempo, essa maldição faz com que a vítima seja controlada pelo bruxo que lançou o feitiço. Vamos ver melhor como funciona, algum voluntário?

Ninguém se atrevia sequer a respirar.

- Foi o que pensei. Então acho que eu mesmo terei que demonstrar. Imperio.

Amico apontou para o Neville.

- Agora venha até aqui na frente Sr. Longbottom.

Com uma expressão martirizada, no entanto sem poder evitar, Neville foi até a frente da classe.

- Hoje o Sr. Longbottom será meu ajudante. Agora vejamos mais uma maldição. Ah sim, talvez essa você conheça Longbottom, não foram seus pais que os Lestrange torturaram até enlouquecerem. Ah sim, acho que foram eles mesmos. Uma pena, realmente. Eles eram bons aurores.

Amico falava de uma forma tão dissimulada que chegava a ser irritante. Lembrava a forma como Umbrige chamava todos de queridos.

- Agora me diga Longbottom, o que a Maldição Cruciatus faz?

Dava pra ver que Neville tentava se livrar do controle da maldição, mas não era forte o suficiente.

- Causa enormes dores físicas por todo o corpo da vitima. Não basta apenas pronunciar as palavras, é preciso querer causar dor e sentir prazer com o sofrimento do seu oponente. - Neville pronunciava as palavras entre os dentes, quase como se ele mesmo estivesse sendo torturado por elas.

E ele estava. Hermione sabia o quanto deveria estar custando para ele dizer aquilo.

- Ótimo Longbottom! Deixa ver, dez pontos para a Grifinória pelo seu enorme conhecimento do assunto. Mas também com a sua experiência... Agora vejamos um voluntário.

Amico passou os olhos pela turma até pousá-los em Harry. O ódio dele pelo garoto era óbvio. Harry levantou a cabeça e encarou o professor. Hermione sabia que Harry até queria ser chamado para poder desafiá-lo. Mas Amico apenas sorriu e levantou a varinha.

Imperio. Já sabe o que fazer.

Mas para a surpresa de todos não foi Harry quem foi enfeitiçado, e sim Rony. Aquilo era óbvio, Harry não se importaria em ser torturado, até acharia um desafio, mas ele não suportaria ver o melhor amigo sofrer daquela forma. Rony estava visivelmente apavorado. Amico o posicionou de frente para Neville.

- Agora Longbottom, eu lhe darei uma oportunidade única. Eu sei que durante todos esses anos você se perguntou por que os malvados Comensais da Morte fizeram aquilo com seus pais. Como pode alguém sentir prazer vendo pessoas se contorcendo de dor, implorando para morrer, implorando para que os mate sem se importar que tenham um filho pequeno para criar, apenas querendo escapar da dor. Você ainda chora durante a noite não é Longbottom? Ainda acorda assustado pensando como alguém pode fazer isso com outro ser humano não é? Pois agora eu lhe darei a chance de entender isso, de ver como é prazeroso, como é estimulante. Torture-o.

Hermione estava revoltada mas chocada demais para esboçar qualquer reação. Aparentemente Harry estava sentindo o mesmo. Dava pra sentir a tensão da turma inteira. Neville não queria fazer aquilo, mas a maldição era forte demais. Ele não conseguiria se controlar por mais que tentasse. Hermione sabia que a cada segundo Neville travava uma luta intensa dentro de si mesmo.

Aquela sim era a mais pura maldade que Hermione já tinha visto. Matar pessoas não era tão terrível comparado com aquilo. Hermione sabia e Amico também que Neville agüentaria qualquer tortura, ele suportaria pensando em seus pais que tão corajosamente haviam suportado todo tipo de maldição. Mas aquilo era mais do que ele podia agüentar, Amico estava fazendo algo pior do que matá-lo, ele o estava tornando a única pessoa que ele jamais suportaria ser: igual aos carrascos de seus pais.

Lágrimas escorriam pelas faces dele enquanto levantava a varinha. Por fim pronunciou em uma voz estrangulada.

- Crucio.

Rony caiu ao chão. Ele gritava e se contorcia de dor. Neville não parava, ele não podia parar, não até Amico dizer. Este por sua vez estava se deliciando com a situação.

A turma inteira estava em choque. Foi então que Hermione percebeu que os sonserinos em sua essência não eram maus, idiotas, ambiciosos e convencidos sim, mas não maus. Amico e os outros comensais haviam atingido um outro nível de maldade, um nível que não podia ser humano. Hermione nem sabia quanto tempo havia passado até a porta se abrir. Ninguém conseguira reagir, Neville porque não podia Rony porque a dor não o deixava pensar em nada, e o resto da turma porque estavam chocados demais para fazer qualquer coisa. Foi então que Hermione ouviu uma voz furiosa vindo da porta da sala.

- O que pensa que está fazendo?

Hermione poderia pensar em qualquer pessoa interrompendo uma sessão de tortura, menos ele. Amico se desconcentrou e imediatamente Rony parou de gritar e Neville caiu ao chão devido ao cansaço da luta interna que ele estava travando. Todos se viraram para encarar o rosto contorcido de fúria de Snape.

- Fazendo crianças se torturarem, isso passou há muito tempo dos limites Carrow.

Amico deu de ombros, como se a opinião do diretor fosse apenas isso: uma opinião.

- Estava apenas dando uma aula prática Snape. Está no meu plano de aula se você quiser ver.

Era óbvio que ele estava achando aquilo tudo uma piada.

- Você passou da linha, e não pense que ele não será informado disso.

Foi a resposta furiosa. Amico não se importou, aparentemente ele achava que tinha carta branca de Voldemort para fazer o que queria em Hogwarts.

- A turma está dispensada. Quero falar com você no meu escritório.

Snape se retirou. A turma hesitou mas como Amico não fez menção de continuar a aula começaram a guardar os materiais e sair da sala. Aparentemente Amico já tivera toda a diversão que queria. Harry se apressara a ajudar Rony a se levantar  enquanto Simas e Dino ajudavam Neville. Hermione apenas guardou o livro e saiu correndo. Precisava desesperadamente pensar.

Correu até os jardins do castelo onde repousava o túmulo branco de Dumbledore. O túmulo era alto, Hermione se posicionou atrás do túmulo de modo a não ser vista por ninguém.

Hermione nunca fora muito próxima de Dumbledore, tanto que ficara surpresa ao ser contemplada no testamento do diretor. Mas ela admirara Dumbledore e sentira muito a sua falta, além de se sentir culpada pela sua morte.

Hermione não achava que estava segura mas mesmo assim abriu a mochila e tirou o diário de dentro dela. Não contara aos amigos sobre as palavras que descobrira nele na noite passada, ainda não entendia exatamente porque fizera isso. Ela não entendera direito o que Dumbledore queria lhe dizer, mas de uma coisa estava certa, ele queria que ela salvasse alguém, alguém que era realmente mau.

Mas em cerca de uma hora Amico destruíra qualquer esperança que ela tinha de um dia conseguir realizar uma missão assim. A maldade dele não tinha limites. Era algo além do humano, além do natural. Não havia esperança para alguém assim. E de quem Dumbledore estava falando afinal?

Por um momento Hermione sentiu raiva do diretor. Harry era o escolhido, o menino que sobreviveu, era tarefa dele salvar o mundo, não dela. Era ele quem deveria estar preocupado com os enigmas de Dumbledore, não ela. Em um lapso Hermione pegou tinta e uma pena e escreveu no diário.

Por que eu?

As palavras brilharam e desapareceram. Hermione fechou os olhos e escorou a cabeça no túmulo branco, até que um brilho chamou sua atenção. Uma resposta. Hermione não podia acreditar no que estava vendo.

Por que você é a única que pode.

Hermione mal podia respirar. Ele havia respondido, Dumbledore havia respondido.

O senhor está vivo?

Era uma pergunta idiota visto que ela estava sentada no túmulo dele. Mas mesmo assim, mortos não respondem.

Não. Eu enfeiticei este diário para responder apenas algumas de suas perguntas. Certifique-se de fazer as perguntas certas.

A euforia de Hermione diminuiu um pouco. Mas é claro que ele não estava vivo, em parte por culpa dela mesma. Mas ele não havia deixado somente uma missão para ela, ele havia deixado ajuda.

O que eu devo fazer?

Hermione hesitou um pouco, será que havia resposta para aquela pergunta?

Acho que você já sabe.

E de fato ela sabia. Só não entendia como.

A quem eu devo ajudar?

Essa era a questão.

Eu enfeiticei este diário para responder apenas algumas de suas perguntas. Certifique-se de fazer as perguntas certas.

Então aquela era uma pergunta para qual ela não teria uma resposta. Ótimo.

Eu posso mesmo fazer a diferença cumprindo essa missão?

Ela precisava saber aquilo.

Se conseguir o que estou pedindo Senhorita Granger, pode salvar o mundo,

Ótimo, como se ela precisasse de mais responsabilidade.

Por onde devo começar?

Essa, Senhorita Granger, é a questão.

Hermione sabia que não tiraria mais nada daquele diário sem conhecer mais dados sobre o que teria que fazer. Ela precisava descobrir quem teria que salvar, só sabia que era alguém que realmente faria a diferença. Ela já ia fechando o diário quando percebeu mais letras surgindo.

Não se sinta culpada Senhorita Granger, você fez o que tinha que fazer.

Hermione não precisava de explicações para entender o que ele queria dizer. Dumbledore já sabia que ia morrer, e sabia que ela se sentiria culpada por isso. Mais do que nunca Hermione desejou cumprir aquela missão.


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Notas finais do capítulo

Esse foi um dos capítulos que mais me deu trabalho e ao mesmo tempo que eu mais gostei de fazer. Adoro essa "tortura psicológica".
Não deixem de comentar, se não estiverem gostando eu paro.



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