Scarlett passou os dedos longos sobre a grade de ferro gelada e úmida. Estava calma, mesmo diante da morte. Não conseguia se arrepender das escolhas que a havia levado para a prisão de Askaban... De nem uma delas...

Ela nunca pensou muito em como iria morrer – mesmo que nos últimos anos tivesse motivos suficientes para isso – mas, mesmo que tivesse pensando, nunca poderia imaginar que seria assim

Antigamente, Scarlett Mary Malfoy, era uma sonserina que não honrava seu sobrenome, nem sua casa. Era irmã mais nova de Lucio Malfoy, mas o odiava profundamente, do mesmo jeito que odiava o resto de sua família sangue-puro

Scay, como gostava de ser chamada, sempre estudou com Lilian e os marotos, mas foi só no sexto de Hogwarts que começou a ‘andar’ com os mesmos.

Sirius havia se tornado algo como, seu melhor amigo. Ele lhe ensinara muito coisa, mesmo sem perceber... Amizades sinceras e verdadeiras, novos ideais e um amor quase eterno. Scay ate mesmo havia fugido de casa por causa do maroto

Lembranças vinham aos poucos na mente da loira. Algumas boas, outras nem tanto...

‘Faltava pouco tempo para a chegada da manha de domingo e Scarlett estava sentada ao lado da janela, olhando para o nada. Mais uma vez, não havia conseguido dormir... Tinha pesadelos terríveis, pessoas morrendo, uma guerra, sangue inocente sendo derramado, crianças chorando... Tudo girava em sua cabeça

A loira continuou olhando para o nada, ate ouvir um uivo vindo da Floresta Proibida. Ela estremeceu e se curvou sobre a janela quando viu três figuras passarem correndo sobre o gramado e entrarem na floresta.

Scarlett tinha a leve impressão que conhecia uma das pessoas que havia entrado na floresta. Curiosa, ela botou uma capa preta e saiu do salão comunal da sonserina, indo em direção a Floresta Proibida.

Ela olhou uma vez para o céu. Era noite de lua cheia

Conhecia muito bem a teoria que Snape tinha sobre os marotos, só não conseguia acreditar que Lupin era um lobisomem.

Scarlett ouviu mais um uivo alto, parecia estar perto. Por alguns minutos cogitou a idéia de Snape, mas não conseguiu pensar muito nisso, por que sentiu mãos fortes a segurarem. Pensou em gritar, mas afastou a idéia quando Sirius Black apareceu em sua frente

-O que esta fazendo aqui? – perguntou ele, com raiva

-Eu... hã...

-Não importa... Você vai embora. Agora! – ele com toda certeza iria dizer mais alguma coisa, mas olhou para algo na escuridão atrás da garota e o terror passou por seus olhos

Scarlett se virou rapidamente, ficando de costas para Sirius e sua boca se abriu em um ‘O’ perfeito

-Ah, meu Merlin! Meu Deus!

Sirius a empurrou no mesmo instante que o lobisomem atacava. Scarlett caiu no chão e as garras do lobisomem rasgaram o peito do maroto, o deixando inconsciente

A loira gritou quando o lobisomem estava a ponto de atacar o maroto novamente, aquilo fez com que chamasse a atenção de Lupin para ela. Scarlett engoliu em seco e levantou, caminhando ate Sirius em passos lentos e depois sentou ao seu lado, apoiando a cabeça do maroto em seu colo.

O lobisomem ergueu a mão, pronto para atacar e Scarlett e fechou os olhos, esperando por uma dor que não veio

Aos poucos, ela foi abrindo os olhos e viu um Remo Lupin caído no chão desacordado. Scarlett ouviu passos e James entrou em seu campo de visão, com Pedro logo atrás’

Por um momento a loira se lembrou de uma pequena briga que tivera com Sirius Black

‘-Você não sabe o que é amar, Malfoy – não era uma pergunta

-E você sabe Black?

Sirius não respondeu, o que fez Scarlett se virar para sair, mas foi impedida pelo maroto, que a puxou pelo braço e a beijou

-Você acredita em almas gêmeas? – perguntou o maroto, ainda de olhos fechados

-Acredito em você – respondeu Scarlett e voltou a beijá-lo’

•••

-O que é isso? – ela perguntou curiosa, olhando seu próprio nome no mapa

-Scarlett – disse Sirius sorrindo – eu lhe apresento o Mapa do Maroto

-Maroto? Por acaso, você tem algo a ver com isso?

Sirius apenas sorriu e voltou a jogar a capa de invisibilidade de James por cima deles.

-Si, você é um gênio

-Eu sei

-Nem se acha – ironizou ela

-Vindo de você é um grande elogio

Scarlett sorriu enquanto o maroto a guiava pelo corredor vazio. Ela o seguiu, sem questionar, ate chegarem ao banheiro dos monitores. Sirius puxou a capa e jogou no chão, depois deixou duas toalhas, o mapa e a capa ao lado da banheira – que mais parecia uma grande piscina – e abriu as torneiras

-Vamos tomar banho?

-Sim – respondeu simplesmente o maroto, tirando a camisa

-Gosto de tomar banho assim, hm... a luz do luar

-Eu sei – disse Sirius

-E como sabe tanto sobre mim?

O maroto a olhou por alguns segundos, analisando a garota. Não sabia responder, apenas sabia os gostos dela

-Pela primeira vez vejo Sirius Black sem fala

Sirius segurou o queixo da garota e botou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha

-Você é muito especial pra mim, Scalett. Não sei o porquê, mas é.

A loira desviou o olhar do dele e Sirius se afastou, entrando na água logo em seguida

-Ei, sonserina – chamou ele – Vai ficar ai ou vai entrar aqui? A água ta boa, isso eu posso te garantir

A loira deu um sorriso fraco e tirou a roupa, ficando apenas de calçinha e sutiã.

-Você é mais linda do que eu pensava – disse Sirius, a olhando com certa admiração.

-Ah...

-Fico coradinha! – brincou ele

Scarlett não deixou de sorrir, respirou bem fundo e entrou na água.

O rapaz foi rapidamente ao seu encontro, beijando seu pescoço e descendo um pouco mais.

-Por favor, querida, seja minha – suplicou o maroto

-Black...

-Deixe-me beijar e tocar você. Deixe eu te dar prazer e fazer você sentir coisas que nunca mais vai sentir por outro homem além de mim.

-Sirius...

-Por favor, Scay...

Scarlett apenas sorriu e voltou a beijá-lo. Quando rompeu o beijo doce, levou as mãos para tirar o resto da roupa intima, mas o maroto a impediu

-Não tire suas roupas. Quero despi-la eu mesmo. Tenho essa fantasia há muito tempo

-Então me faça sua, Black

•••

-VOCÊ NÃO VAI FICAR COM SIRIUS BLACK – gritou seu pai

-Eu fico com quem eu quero – rebateu a filha

-Não enquanto estiver na minha casa, sobre o meu teto

-Então isso não será mais um problema

Scarlett se virou, dando as costas a família Malfoy e foi em direção a porta

-Se sair por esta porta, esqueça que é uma Malfoy – rugiu o pai, com raiva

-Eu nunca fui – Scarlett bateu a porta quando saiu da casa dos Malfoy, saiu pra nunca mais voltar

•••

-Então, minha sonserina fugiu de casa – falou Sirius, passando os braços ao redor dos ombros da loira – Seguiu meu exemplo, é?

-Não to de bom humor hoje, Black

-Ah, meu amor, calminha ai. Você devia estar feliz, conseguiu se livrar da sua família, como queria.

-Não to assim por eles. É só uns idiotas ai da sonserina

-Quer conversar sobre isso?

-Não – respondeu Scarlett – Agora não

-Que bom – disse Sirius – Por que eu quero falar sobre nós

-Nós? Que nós?

-Bem, minha querida, você e eu somos dois fugitivos, renegados pela ‘família’... Maiores de idade... Podemos casar, ter filhos, construir uma família... E você ser tornara uma Black, a minha Black

-E por qual motivo eu casaria com você? – perguntou à loira, erguendo uma sobrancelha, fingindo indiferença

-Por que você me ama – disse o maroto, pegando a cintura dela e a virando para si

Scarlett olhou para os lados, não havia ninguém no corredor.

-Convencido você, hein? – perguntou rindo e tocando seu rosto com as pontas dos dedos.

Ele apenas riu

-E você, maroto? Me ama de verdade?

Sirius a prensou contra a parede e pressionou seu corpo contra o dela. Pegou o rosto da garota entre as mãos e olhou seus olhos.

-Ainda duvida minha sonserina? Mas se você quiser ouvir: ‘Eu te amo, loira. Te amo eternamente. Para sempre, sempre e sempre’

Scarlett passou os braços pela nuca do garoto, enquanto o mesmo levava seus próprios lábios ao encontro dos dela. Sirius a teria beijado, se não tivesse ouvido um grito vindo do começo do corredor e se viraram pra saber o que havia acontecido

-Pontas, o que esta acontecendo? – perguntou Sirius

-É, James, você me assuntou...

-Ela disse S-I-M – James gritou a ultima palavra, rindo

-Quem? Quem disse sim? – perguntou Almofadinhas

-Lílian – sussurrou Scarlett 

-É – respondeu o maroto, não contendo um sorriso – Ela disse sim, SIM! Eu finalmente vou sair com Lilian Evans! Nossa, eu preciso falar pros garotos

James saiu correndo e Scarlett se virou para o namorado

-Depois eu que sou louca

•••

-Tchau Hogwarts – disse Scarlett olhando a antiga escola, pelo vidro do tem.

-Ainda não acredito que estamos deixando Hogwarts, e dessa vez para sempre – comentou Sirius, abraçando a namorada pelas costas.

Scarlett continuou andando pelo longo corredor do trem que os levava diretamente para Londres, para uma nova vida. Os dois entraram em uma cabine vazia e se sentaram

-E eu passei! Ainda não acredito nisso – disse o maroto – Depois de tantos anos infernizando a vida dos professores e aprontando para todos... eu passei! Isso chega a ser uma ofensa pra mim.

A loira riu, antes de perguntar:

-Onde estão os outros?

-James esta com Lilian, Remo fazendo uma ultima ronda e não sei onde esta Pedro.

Ao mencionar o nome de Pedro, Scarlett ficou um pouco sério. Não gostava dele e sempre deixou isso bem claro.

-Você não confia muito nele – não era uma pergunta

-Não – confirmou a garota –  E você sabe disso

Sirius suspirou

-Scay...

-Não, tudo bem – interrompeu ela – Ele é seu amigo, eu entendo

Ela sorriu, se lembrando de um abjeto dos marotos que havia ficado com Fich, o zelador.

-Hei, vocês deixaram o mapa do maroto em Hogwarts

-Bem, sim... Eu e os garotos combinamos que iriamos deixar em Hogwarts, mas quando tivermos um filho, tomarei os cuidados necessarios para que ele descubra sobre o mapa.

-Você é louco, Black – disse Scarlett rindo

-Eu sei, mas... tenho algo pra você – responde Sirius, tirando uma pequena caixinha de veludo negro do boloso

Ele a abriu, revelando um brilhante anel de diamantes

-Scarlett Mary Malfoy, aceita se casar comigo e ser fiel a mim até estarmos velhos e cheios de rugas?

•••

Cerca de três anos depois, Sirius e Scarlett chegavam em casa depois de um long dia . Estavam cansados, sujos e com fome, mas a primeira coisa que fizeram, foi subir correndo para o quarto de Elizabeth, filha do casal

A pequena Elizabeth tinha apenas um ano e dormia tranquilamente, sem saber da guerra que acontecia fora de sua casa. Ela tinha cabelos negros e lindos olhos azuis. Todos achavam que era parecida com o pai.

Depois de darem um beijo na pequena, tanto Scarlett, quando Sirius, sairam do quarto da menina.

-Algum presentimento? – ele perguntou

-Muitos, nem um bom

-O que você achou...

-De Pedro chegar assim, derrepente, depois de termos ficado tanto tempo sem noticias dele? – Scarlett terminou a pergunta, e Sirius assentiu – Estranho. Devo confesar que deixar a vida dos Potter nas mãos sujas de Pedro Pettigrew não me agrada em nada.

-Vai dar tudo certo – disse Sirius, mas parecia estar tentando converser a si mesmo disso.

-Espero que sim

-Acho m,elhor eu ir até a casa do James ver se eles precisam de alguma coisa

Scarlett assentiu, antes de ficar na ponta dos pés de dar um selinho demorado em Sirius. Mal sabia ela que seria a ultima vez que veria o marido que tanto amava.

•••

Agora, pressa em Askaban por um crime que não havia cometido, ela se lembrava das aventuras que havia passado ao lado dos marotos e de Lily. Eram tantas lembranças, tantas alegrias... Havia descoberto um mundo diferente ao lado deles.

Scarlett havia sido condenada por ser cumplice de Sirius Black, seu marido. E as únicas pessoas que sabiam da verdade estavam mortas. Os Potter? Mortos. A verdade? Sirius Black e sua esposa Scarlett Black era inocentes e o verdadeiro culpado de tudo era o traidor, Pedro Pettigrew. Mas como iriam culpa-lo se todos achavam que ele estava morto?

E sua pequena menina, Elizabeth, havia sido arrancada de seus braços e entrege para os únicos parentes que lhe restavam – os Malfoy

Scarlett sabia que, de algum jeito, a filha iria querer vingança pelo que havia acontecido com os pais e tendo o sangue Malfoy e o sangue Black correndo em suas veias – as maiores e mais antigas familias de bruxos – ela iria conseguir.

A loira também sabia que a filha seria mau tratada na casa dos tios, mas não podia fazer mais nada. Elizabeth também sofreria por ser filha de quem é, mas Scarlett sabia que a garota seria uma otima pessoa, apesar de tudo.

Um pequeno ponto de luz entrou pela janela e Scarlett fechou os olhos, sentindo um pouco de calor. Sabia que havia chegado sua hora. Para sempre

Scarlett deu um últmo suspiro, abraçando a morte e deixando para trás as únicas pessoas que realmente importavam: Sirius e Elizabeth, os ultimos Black’s