Talking Bird escrita por LiceWinchester


Capítulo 1
Piloto


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Já tinha algum tempo que o meu pai, Alaric, tinha se mudado para Mystic Falls. Desde a morte de minha mãe Isobel ele estava obcecado em encontrar o responsável por seu assassinato e o fazer pagar. O corpo de minha mãe nunca fora encontrado, mas tínhamos enterrado alguns de seus pertences em um caixão caro para dar fim ao caso.

Eu nunca fui ligada a ela. Vivíamos em pé de guerra por coisas fúteis, mas é como costumam dizer; só damos valor quando perdemos. Com sua morte, papai e eu tivemos de aprender a seguir em frente sozinhos, e no começo parecia impossível. As coisas pioraram no dia em que meu pai me deixou na casa de sua irmã e partiu para a estranha cidade em Virgínia. Isobel sempre falava deste lugar, assim como falava constantemente de vampiros. Depois dizem que adolescentes é que são obcecadas por coisas míticas.

Só que diferentemente de minha relação com Isobel, eu adorava a companhia de meu pai, e sentia muito sua falta embora não admitisse isso a terceiros. Foi pensando em passar mais um tempo com ele que embarquei naquele avião mesmo tendo medo daquele treco cair.

E foi assim que cheguei até a escola que ele trabalhava agora dando aulas de História. Desci do táxi na maior cara de pau, e me vi correndo feito criança que não quer tomar injeção, só que nesse caso, eu não tinha o dinheiro pra pagar a corrida até aqui. De onde estava ainda podia ouvir o velhinho que dirigiu me xingando de coisa feia, mas ignorei a ele assim como os alunos abestados que estão ali na entrada – devia ser intervalo porque tinha gente demais ali -, simplesmente liguei o FODA-SE e sai de cena.

Depois de pedir informações na secretaria, fui direto para a sala 18 e vi pela janela da porta fechada, meu pai. Sorri e empurrei a porta.

- Blair? – olhou-me surpreso – O que faz aqui? – sorriu, mas parecia preocupado.

Foi aí que me dei conta de que ele não estava sozinho. Tinha uma garota de cabelos e olhos castanhos, um garoto ao lado dela, e um cara de braços cruzados encostado na janela. Eles ficaram interessados em mim quando meu pai disse o meu nome. Por alguma razão, isso atraiu a curiosidade deles.

- Nossa, é bom ver que ficou feliz em me ver, Alaric. – eu o chamava pelo nome, e ele detestava isso. Cruzei os braços, insatisfeita.

- É claro que estou feliz em te ver, filha. – e estendeu os braços pra mim. Apertei-o forte contra mim e senti o seu cheiro. Era bom estar com ele depois de tanto tempo. – Deixe-me apresentar meus alunos; esta é Elena Gilbert – a menina devia ser meio pancada das idéias porque estava lacrimejando -, e este é Stefan Salvatore – ele estendeu a mão pra mim.

- Prazer em te conhecer. – disse ele enquanto eu batia em sua mão, o cumprimentando.

- Ah, e eu sou Damon Salvatore – o cara que estava encostado na janela se virou para mim e, puxa vida, tive que piscar algumas vezes para ter certeza de que ele era real. Era danado de bonito; pele branquinha, olhos azuis, cabelos pretos, sobrancelhas grossas, cara de macho mesmo, jaqueta de couro e um sorriso safado no rosto quando disse: – Seu criado!

Meu pai revirou os olhos.

Eu já conhecia esses tipos de cara... Eles sabem que são absolutamente charmosos e abusam de sua beleza para iludir tudo quanto é tipo de guria retardada. Com meus 16 anos, já tinha deixado vários infelizes desse passarem por minha vida. No final das contas, tudo o que eu ganhara era um coração partido. O pior era nunca ter ninguém disposto a curá-lo.

Não ia entrar na dele.

- Jura? Então, faça-me o favor de ir pagar o táxi que eu não paguei lá fora, porque to sem dinheiro. – sorri amarelo.

Ele soltou minha mão, a qual ia beijar, e semicerrou os olhos, me fitando.

- Eu tenho cara de quê? – sua voz soou como uma ofensa falsa.

- Eu não queria dizer, mas já que perguntou, tem cara de conquistador barato.

- E eu não queria dizer, mas você tem cara de patricinha mimada, uma rebelde sem causa. – ele disse em um tom brincalhão

Soltei a cintura do meu pai.

- Em hipótese alguma, dê a sua opinião sobre mim sem que eu peça. – sibilei.

- Gostei dessa sua filha, ela é nervosinha. - falou diretamente com Alaric.  

- Damon, não é porque agora estou me familiarizando com você que vou permitir que fique perto da minha filha – disse meu pai – Conheço você.

- To ofendido – fez biquinho – mas já que é assim, vai contar pra ela?

- Dá o fora, Damon. – pediu Stefan.

O bonitão de incríveis olhos azuis passou por nós e saiu pela porta. Mas eu estava intrigada; O que eles tinham para me contar? Como não tinham segredos entre meu pai e eu, relaxei. Elena e Stefan saíram dali um pouco depois, mas marcaram de ver Alaric na casa dos Salvatore. Ele me levou para conhecer onde estava morando agora, mas afirmou que era apenas temporariamente, e estreitou os olhos quando me perguntou onde estavam minhas malas.

- Acha que é fácil escapar da casa da tia Maggie? Era impossível conseguir minhas coisas, e é por isso que vamos comprar tudo novinho pra sua filhinha linda, não é?

Eu o convencia facilmente quando piscava os olhos freneticamente. Estávamos em seu minúsculo apartamento de apenas três cômodos quando o crepúsculo atingiu seu ápice no céu. Discutíamos sobre o único quarto; papai queria que eu ficasse com ele, enquanto ia dormir no sofá, mas isso era ridículo já que cheguei depois. Combinamos de terminar esta discussão quando chegássemos da casa dos Salvatore.

É claro que eu ia. Amava ficar sozinha, mas tantas coisas tinham acontecido nos últimos meses que eu prezava a companhia de qualquer um. Além do mais, tinha certa semelhança entre Elena e eu. O formato dos olhos, o ângulo do nariz. Eu só era mais pálida enquanto ela tinha uma pele bronzeada que devia fazer inveja em muitas garotas da cidade.

Achei que íamos a uma casa simples, mas caramba, essa era A casa. Não batemos na porta ao entrar, então meu pai devia vir muito aqui. O primeiro que vi foi Damon sentado bebendo alguma coisa. Ele deu um sorriso sarcástico pra nós.

Nunca fui recatada, tímida, e o sofá parecia tão macio que logo me joguei nele e fechei os olhos. Até onde sei, eles iam conversar e eu nem queria mais saber sobre o quê.

- Ela fica a vontade fácil, né? - - Damon disse – Stefan e Elena já estão vindo.

Quando abri os olhos, os vi saindo de uma porta de madeira do outro lado da sala. Estavam apreensivos. Tinha algo errado, mas nada que pudesse me envolver, então por que me preocupar? 

Mas recuei quando meu pai falou:

- Temos todos que conversar. – Que frase mais ameaçadora é essa?

Elena e Stefan se sentaram no sofá de frente pra mim, só que afastados de Damon. Sabia que esse cara de via ser uma peste.

Quando todos estávamos sentados, veio a revelação.

- Elena é sua irmã... – começou Alaric, e eu arregalei os olhos – Desculpe não ter te contado antes, eu a conheci quando vim morar aqui; Elena tinha descoberto que era adotada e tudo o que sabia sobre a mãe biológica era que se chamava Isobel e uma foto antiga. Eu a reconheci na hora.

Que choque! Não poderia dizer que estava triste porque este não era o sentimento certo. Só não conseguia acreditar que minha mãe tinha abandonado uma criança. Eles foram me explicando pouco a pouco enquanto eu voltava ao meu estado normal.

- Isso é muito estranho – raciocinei – mas beleza, eu nunca fui de reclamar da vida, é bom que talvez assim eu deixe de ser tão forever alone! – sorri esperançosa.

- Tem certeza de que está tudo bem? Fiquei meio paranóica quando soube... – disse Elena calma.

- To ótima. Eu não me espanto tão facilmente – balancei a cabeça – e não acho que você tenha perdido grande coisa com a Isobel, não que ela fosse uma péssima mãe, mas era desligada pro mundo, meio doidinha e se quer saber, ela falava demais.  – disse rápido, sem respirar, e eles riram.

- E você é igualzinha a ela nessa parte. – disse meu pai.

- Vou ter que concordar... – disse Damon, de repente.

Olhei pra ele.

- Conheceu minha mãe? – uni as sobrancelhas.    

  - Falei demais outra vez não foi? – jogou ironia. – Vou sair antes de dizer mais alguma besteira. – e foi em direção a outro lugar.

- Ele conheceu minha mãe?

Ninguém respondeu.

Blair Saltzman não está acostumada a ser ignorada. Levantei e corri atrás de Damon, que ia em direção a um carro, sem pressa alguma, como se soubesse que eu ia atrás dele. O metido nem se virou quando chamei por seu nome, então segurei em seu braço quando ele abriu a porta do carro.

- Espera. De onde conheceu minha mãe?

Seus olhos percorreram todo o meu corpo até chegarem ao meu rosto e por fim, se encontrarem com os meus. Senti-me intoxicada com este nível de aproximação; era a primeira vez que ficávamos tão próximos. Achei que fosse me esquecer do que ia perguntar enquanto ele me fitava daquela maneira tão única.

Paralisei quando ele aproximou seu rosto ainda mais do meu, fechou os olhos e inspirou profundamente. Quando os abriu, sorriu malicioso.

- Você tem o mesmo perfume que ela.

- Não diga bobagens – o empurrei e ele riu -, Isobel e eu, somos diferentes em tudo. A sua opinião sobre mim vai ser bem-vinda... se eu a pedir.

- Vamos descobrir isso então. Entra no carro.

- Não vou sair contigo. Nem te conheço; pode ser um desses depravados... Vou acabar estuprada e morta em um matinho perto da estrada. – cruzei os braços, falei séria, mas tudo o que ele fez foi gargalhar.

- Ta, se você não entrar, vou jogar você no porta-malas e aí sim vai acabar morta. – embora falasse em um tom brincalhão, tinha algo em seus olhos que me faziam acreditar nessa possibilidade.

Suspirei e entrei no lado do passageiro e logo ele já dirigia.

- Por que tem que ser tão malvado?

- Ninguém se lembra dos bonzinhos, por isso prefiro ser mal.

POV. Damon

É automático. Se alguém tenta me impedir de fazer alguma coisa, vou fazer, não por vontade em si, mas por teimosia.

No momento em que Blair passou pela porta, tive uma ótima impressão a seu respeito, e isso não se devia ao fato de sua beleza ser estonteante, ou por ser irmã de Elena e filha de Alaric – o cara que agora era bonzinho comigo ao invés de tentar me matar -, mas porque com poucas palavras que disse mostrou que tinha uma personalidade nada domável.

Era raro, muito remoto encontrar alguma mulher com um gênio compatível ao meu. Katherine era assim. Adorava fazer joguinhos com esse tipo. Sempre valiam a pena, e o modo como falava comigo – sem qualquer sinal de gentileza – deixava-me fascinado.

Blair tinha uma pele de porcelana, olhos verdes grandes e infantis, iguais aos de Elena e, como conseqüência, de Katherine. Um nariz arrebitado e lábios carnudos. Seus cabelos castanhos iam até o meio das costas, encaracolados. Baixinha, não passava de 1,70 m, e mesmo assim era  o rosto e o corpo que qualquer mulher venderia a alma para ter. Eu já conseguia imaginar a raiva de seu pai quando soubesse de meus planos para seu anjinho.

Estacionei meu carro em frente ao Mystic Grill e corri para abrir a porta do carro pra ela. Sua careta foi hilária, mas eu não entendia porque ela se zangava. Garotas gostavam de cavalheirismos, não gostavam? Vai ver ela só não está acostumada. Um pouco mais de charme e ela estará na minha; depois eu mostro minha verdadeira face.

A conduzi para dentro enquanto ganhávamos olhares especulativos e invejosos. Eu era um verdadeiro deus grego e ela parecia um anjo, era de se esperar que todos os olhos se voltassem para nós. Ela parecia gostar da atenção, assim como eu.

Pegamos uma boa mesa, em um canto mais isolado. Eu ia me sentar ao lado dela, mas ela preferiu o outro banco; o bom é que ficamos um de frente para o outro.

- Eu gostei disso. Você é uma garota difícil. – piscou pra mim. – Mas é importante que saiba que lutar contra o desejo não é uma boa escolha. – balançou a cabeça.

Eu ri.

- Olha, por mais que você queira alguém, não vale a pena a ponto de você deixar de se querer.

- Ah, então você me quer mesmo? Eu sabia! – sorriu vitorioso.

- Dá licença, vou ao banheiro vomitar o que comi no almoço.

Saiu apressada e ainda esbarrou em Matt Donovan, o qual só soube ficar olhando pra ela feito um bobo, até a mesma se desviar e ir ao banheiro. Meu celular tocou.

- Se encostar nela, juro que vou matar você! – Cuspiu Alaric.

- Calminha aí, perigoso. Eu só a trouxe pra jantar aqui no Mystic Grill. Sabia que ela estava faminta? – brinquei. – Sei que estamos nos dando bem até demais nos últimos dias, mas sua filha é uma tentação, de verdade. E eu não vou machucá-la. Vamos brincar e depois ela vai acordar de ressaca amanhã.

- Não saiam daí, chego em dois minutos. – desligou na minha cara.    

Uma maluca pulou pra cadeira e sorriu pra mim. Blair devia ser bipolar, não pode ser.

- Quem era no telefone? – perguntou.

- Seu pai, ta vindo aqui cortar nosso barato – levantei – Pega as suas coisas, vamos dar um perdido nele.

- Não tenho nada pra pegar, e to faminta!

- Come no carro, vamos.

- Está quebrando as regras do primeiro encontro – reclamou debochada.

- Não quebro regras – puxei seu braço – apenas as ignoro.

- Não precisa ser um ogro, ta legal? – começou a se arrastar – Se bem que eu gostei – admitiu – pessoas normais são chatas e me dão sono. Gosto de quem corre riscos; mete a cara.

- Entra no carro, coisa linda. – deixei ela em seu lado e já ia para o meu quando ela disse:

- Ué, não vai mais abrir a porta pra mim? Eu to quase magoada...

Hum, ela queria entrar no tipo de jogo no qual eu me recuso a perder. Dei meu melhor sorriso torto e entrei no carro. Ouvi o som de sua risada quando abriu sua porta e entrou.

Depois de um tempo de um silêncio insuportável e nada comum pra essa pequena tagarela, puxei assunto.

- Então quer dizer que não está nem um pouco zangada por seu paizinho não ter te contado que tinha uma irmã? – mantive os olhos na estrada.

- Não, não é bem isso. É claro que me aborrece ele ter esperado eu o procurar pra me contar uma coisa importante assim, mas ele sempre faz as coisas tentando me proteger e é isso o que me aborrece; ele tentar me poupar. Mas ele é a única pessoa que eu consigo perdoar apesar de tudo.

- Nossa! Como você é boazinha. Como consegue perdoar? – tinha uma evidente curiosidade em minha voz.

- Sou madura o suficiente para perdoar as outras pessoas também, mas não sou idiota o suficiente para confiar nelas de novo.

- HUM, isso ta me cheirando a romance adolescente que te deixou pra baixo. Quanto mais cedo entender que amor e dor estão no mesmo lado da balança, melhor será pra você. Tem que ter certeza de que vale a pena. E não vale.  – a incentivei a continuar.

- É uma longa história... – suspirou – a qual não sei se vou compartilhar com você.

- Porque não? Sou uma ótima companhia! – falei sério e ela riu.

- Você não me inspira muita confiança. – seus olhos brilharam quando passamos pela entrada de casa.

- Tudo bem, vamos ter amanhã, e depois, e depois e depois pra eu te mostrar que sou boa gente.       

Seus olhos esmeralda varreram o lugar.

- O carro do Alaric não está aqui... – disse ela.

- Ele foi atrás da gente na lanchonete, mais cedo ou mais tarde ele volta pra cá.

- Tudo bem, vou esperá-lo aqui fora. – resmungou depois que saímos do carro. Ficou encostada quietinha, parecendo uma menor abandonada.

Existem momentos que não faço a menor questão que os outros saibam o perigo que ofereço. Porém para Blair eu não era mesmo um perigo. Estava em uma missão com seu pai e não ia arruinar tudo. Ela seria apenas nossa protegida, já que em breve ia conhecer um mundo novo e cruel. Eu até poderia sentir pena por ter transformado sua mãe, Isobel.

Isso me lembrou que essa é uma das coisas que eu ia adorar contar pra ver sua reação, mas uma coisa de cada vez. Ia a convidar pra entrar, mas eu sou o tipo de homem que promove o desapego – neste caso eu nem queria me apegar, então disse indiferente:

- Você que sabe – e lhe dei as costas, indo até a porta. Ouvi o estômago dela roncar, e sem explicação, começou a chover forte.

- Já que você está pedindo com tanta educação, acho que vou entrar e esperar por ele. – sorriu amarelo.

Não sei o que aconteceu. Uma hora ela estava normal e na outra tinha tropeçado nos próprios pés e ido ao chão. Confesso que tive vontade de rir, mas mesmo assim corri para ajudá-la.

- Seu idiota! Eu caí por sua causa. – xingou.

- Ah, é. Eu te joguei, não foi? – me irritei – Deixa eu ver isso – tentei puxar seu pé, mas ela me empurrou – É a segunda vez que você faz isso hoje; eu não tentaria uma terceira.

A peguei no colo com facilidade e corri em uma velocidade humana – em outras palavras lenta – para dentro de casa. Ela se agarrou em meu pescoço e a outra mão segurava com força em minha camisa. A roupa dela tinha sujado toda, e estava encharcada, assim como a minha. Coloquei Blair cuidadosamente no sofá, mas ela protestou.

- Vai molhar o sofá todo

- É o Stefan que vai lavar. – expliquei.

Tirei minha camisa gola V e a joguei no chão do outro lado da sala. Blair babou por mim – literalmente.

- Você está... – começou.

- Lindo, sedutor, provocante, sexy...?

- Molhado... – nossos olhos se encontraram.

- Me deixa ver o seu pé. – pedi indo ao seu encontro.

- Não há nada errado com meu pé. Só doeu na hora. – Trovejou forte e ela deu um pulo, espirrando em seguida.

- Vou levar você pro meu quarto. Você toma um banho enquanto faço alguma coisa pra comer, coisa linda.

...

Sentei-a em minha cama e apontei a porta do banheiro.

- O banheiro é ali. Vou deixar alguma coisa pra vestir em cima da cama.

- Obrigada.

Fora de cena corri até a cozinha e comecei a preparar um lanche digno de ser do McDonalds. Nem sinal de meu irmãozinho e sua namorada. Queria devorar depressa o meu sanduiche mas estava ansioso pra ver como a princesinha do papai se portava comendo. Podia ser uma esganada ou fazer com jeitinho. Estava com a mão apoiada sobre o queixo, pensando nisso quando me toquei que já passara meia hora e o chuveiro já tinha sido desligado. Me esqueci de deixar a roupa para Blair.

Quando abri a porta de meu quarto tinha uma puta visão privilegiada. Aquela coisa linda estava usando uma camiseta bege enorme minha e uma cueca Box preta; secava seus cabelos com minha toalha branca.

Minha boca devia estar aberta em um O perfeito porque ela deu um sorrisinho sarcástico.

- Que pernas você tem, mocinha. – elogiei meio desconcertado.

- Você não deixou as roupas pra mim, então fui atrevida e vasculhei seu guarda-roupa. Peguei uma cueca e essa camiseta, mas não achei nenhuma calça de moletom.

- É porque eu não uso essa coisa brega. Olha só, vou abrir um vinho, enquanto isso porque não vai abrindo as pernas?

Ela atirou uma almofada em mim.

- Me respeita seu nojento. Eu preferia morrer do que dormir contigo.

- Coisa linda – fui me aproximando com as mãos a mostra para demonstrar que nem era uma ameaça e fiquei de frente a ela – ao invés de ficar usando essa boca pra ficar me insultando, me deixa te mostrar pra quê mais ela serve.

Colei minha boca a dela e antes que me empurrasse outra vez – e desafiasse a sorte – segurei seu rosto de uma forma que a manteria presa a mim. Marrenta, Blair se debatia e socava meu peito como podia. Me perguntei porque disso, já que eu era lindo. Aos poucos pude sentir ela amolecendo e se entregando.

Seu beijo era erótico, quente, me fez imaginar nós dois nas cenas mais ardentes possíveis. Transmitia paixão! Nunca tinha tido uma experiência dessas antes, tinha certeza disso. Eu a beijei com meu corpo todo. Queria ultrapassar suas fronteiras, e esta poderia ser uma de minhas maiores aventuras. Mas na menor brecha que lhe dei, só senti o leve impacto de sua mão se chocando em meu rosto.

- Não se faz isso com uma mulher, Damon. Você é ridículo. – passou por mim e pegou suas roupas molhadas no chão. – Devia se importar com o interior das mulheres; como eu disse, é um ogro.

- É claro que eu me importo. Estou sempre me metendo no interior delas.

Fui despreocupadamente até o guarda-roupas e tirei de lá duas calças moletons. Joguei uma para a esquentadinha e tirei minha calça molhada, colocando a seca e confortável. Pela minha visão periférica podia ver Blair me olhando estática.

- Sabe que não se deve cobiçar o próximo. – falei com ironia.

- Eu não cobiço. – bocejou.

- Tudo bem, tudo bem – deitei na minha cama – é tarde e eu acho que seu papai não vem.

- E agora? – arregalou os olhos.

Dei três batidinhas ao meu lado da cama.

POV. Blair

Cara estúpido! Me beija e ainda tenta me deixar acanhada. Isso não ia acontecer. Se meu pai ia me deixar com o amiguinho estranho dele, teria de arcar com as conseqüências. Que mancada...

Por outro lado, dormir na mesma cama não significa nada mais do que compartilhar a cama. Pulei pra de baixo do edredom e me encolhi toda. Fechei meus olhos esperando dormir em um passe de mágica, mas tudo o que ganhei foram dois braços fortes ao redor de mim e uma boca em minha orelha, deixando-me arrepiada.

- Você é muito safado! – tentei afastá-lo, mas ficou meio estranho, pois ele riu e disse:

- Não faz isso, não.Vai acabar de deixando excitado.. –  cheirou meus cabelos – Me chama de safado mas aposto que os meus banhos duram mais que seus relacionamentos.

- Me deixe dormir, infeliz. – disse meio grogue.

Pois é. Muita coisa tinha acontecido nos últimos meses. A perda da mamãe, um namorado da antiga cidade que passou de fofo para cretino em pouco tempo, um pai que se mudou pra longe... Seguir em frente agora parecia uma idéia bem mais fácil e atraente com um belo moreno colado a mim.

Parte de mim tinha um pé atrás com Damon, mas o outro só conseguia pensar: Que se dane! Ele tinha o jeito certo de ser errado, um sorriso torto magnífico. Pensando nisso foi que eu apaguei, e com sua voz em meu ouvido:

- Não disse que preferia morrer do que dormir comigo?

POV. OFF

Alaric se sentia um idiota correndo até o quarto de Damon com Stefan e Elena bem atrás dele, mas quando abriu a porta num rompante, tudo o que viu foi duas faces adormecidas, tranqüilas. Nada de impuro além dos braços de Damon ao redor de sua pequena Blair, mas a filha sempre teve o hábito de dormir com um amigo.

Esse dormir não tinha malícia alguma. Ted, era três anos mais velhos que Blair e sempre a protegera, mas tudo era fraternal mesmo. Ele brincava, fazia piadinhas maldosas, mas nem mesmo Alaric conseguia escapar delas. Eles dormiam na mesma cama e passavam horas em frente a TV vendo seus filmes prediletos. Ted era o irmão que ela não teve. Uma pena agora estarem afastados.  

O medo de Alaric era sua filha estar se apoiando justamente na única pessoa que não era 100% confiável. Damon havia melhorado nas últimas semanas. Não que tivesse parado de caçar humanos, mas era mais cuidadoso e não fazia isso na cidade. Ambos se tratavam de igual para igual.

Sua experiência já mostrara algumas vezes que existiam chances de uma mudança em Damon, mas o quê ocasionaria esta mudança? 


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Notas finais do capítulo

Quem quer um romance épico deixa um UP aê *-*
Tudo será carregado de veneno, eu já tenho a história inteira montada na cabeça. Conto com a colaboração de vocês.

No próximo:
• A descoberta de vampiros
• Conhecendo os outros personagens.